terça-feira, 15 de outubro de 2019

MESTRES E APRENDIZES

Foto: Grand Prix
Aproveitando o gancho do dia do professor aqui no Brasil (rá!), o tema do post de hoje é a incerta Renault, comandada por Cyril Abiteboul.

Desde o retorno como equipe, em 2016, a proposta era clara: crescimento ao longo dos anos para, em 2019 ou 2020, brigar por vitórias ou campeonatos.

Como sabemos, nada disso aconteceu. A Renault patina. É claro que houve evolução, mas o motor continua com problemas de durabilidade e potência, o que causa incerteza para parcerias. Red Bull caiu fora e a McLaren vai voltar para a Mercedes em 2021. Sem parceiros para desenvolvimento e quilometragem, a situação fica cada vez mais incerta.

Não só isso. O chassi é deficitário. Por incrível que pareça, os melhores resultados da temporada vieram em circuitos rápidos (Canadá, Itália e Japão). Mesmo investindo um caminhão de dinheiro.

Cyril Abiteboul é o grande comandante. Alain Prost, que já teve uma equipe não muito bem-sucedida, de simples consultor virou dirigente dos franceses. Já tomou algumas providências: a saída de Hulkenberg e a chegada de Ocon, francês e mais jovem, para o ano que vem. Será que realmente Hulk era o maior dos problemas? Bom, o alemão parece não ter o "timing" e hoje é meio complicado de defendê-lo, mas...

E Daniel Ricciardo? Saído da Red Bull para tentar brilhar em uma equipe de fábrica, provavelmente vai usar a Renault para ganhar muito dinheiro. O que será do australiano em 2021? Vai ter vaga na Ferrari? Difícil. Mercedes? Impossível. Mais um que pode ter perdido o "timing" por não haver tantas vagas competitivas na Neo F1.

Com o professor Prost e o "aprendiz" Abiteboul, a Renault dá três passos e cai dois. Patina. Pelo investimento que faz, deveria estar mais próxima da Red Bull. Nesse ano, está sendo surrada pela então deficitária McLaren com os mesmos motores. Com o alto custo, as poucas melhoras e um regulamento incerto, os franceses impacientes irão permanecer na F1 ou irão pular fora igual no passado?

Uma equipe de fábrica dar certo não é fácil, ainda mais agora que não existem mais recursos ilimitados para testes e tudo mais. A Renault da década de 2010 se encaminha para repetir outras grandes montadoras que habitaram a F1 e fugiram para nunca mais voltar após a crise de 2009 e o fim dos patrocínios tabagistas: Jaguar, Toyota, Honda... não dá para dizer que foi um fracasso, mas poderiam ter feito mais.

O que a Renault precisa para voltar a ser de ponta? Mais dinheiro ou uma abordagem competente? Há investimento, equipe qualificada, infraestrutura, bons pilotos mas falta gestão, seja ela do Abiteboul, o cabeça da F1, seja de quem está por trás disso na grande fábrica. O brasileiro Carlos Ghosn, contrário a isso, até autorizou, mas hoje vive outros problemas bem mais graves com a justiça japonesa. Será Prost, de novo como "mestre dos magos", o professor que irá ensinar o aluno Cyril a fazer os franceses grandes de novo?

O tempo (e o dinheiro?) está acabando.

Até!

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