quarta-feira, 22 de agosto de 2018

INSANO

Foto: Grande Prêmio
Estava ansioso para poder escrever sobre uma das corridas mais épicas dos últimos 30 anos. Teve tudo que certamente não existe mais na F1. Acidentes, drama e um desfecho surpreendente.

Pra começar, com a chuvarada que estava na hora da largada, nem teria corrida. Iam esperar o circuito secar. Bom, ainda bem que naquela época não tinha essa frescura. Em 1998, a briga pelo título tinha a McLaren de Mika Hakkinen, que tinha o melhor carro e começou aquele ano de forma dominante, contra a Ferrari de Michael Schumacher, que reagiu logo em seguida. Antes de Spa, a vantagem do finlandês era de sete pontos (77 a 70).

No sábado, com tempo bom, a lógica: dobradinha da McLaren na pole. Uma surpreendente Jordan de Damon Hill parou no terceiro lugar, deixando as Ferrari de Schumacher e Irvine em quarto e quinto.

No entanto, mesmo no seco, o treino de sábado deu uma palhinha do que viria, com os acidentes de Jacques Villeneuve, numa combalida Williams Mecachrome, e Mika Salo (Arrows).




No domingo, a largada com chuva era uma realidade. Depois de todo mundo sair da primeira curva, Coulthard foi tocado por Irvine e acabou batendo de frente, voltando para a pista. Diante da falta de visibilidade para quem vinha atrás (com a água subindo fica impossível enxergar), o que aconteceu em seguida foi um grande efeito dominó: a Ferrari de Eddie Irvine, a Benetton de Alexander Wurz, a Sauber de Johnny Herbert, as Tyrrell de Ricardo Rosset e Tora Takagi, as Stewart de Rubens Barrichello e Jos Verstappen, as Arrows de Pedro Paulo Diniz e Mika Salo e as Prost de Jarno Trulli e Olivier Panis bateram entre si, causando o maior engavetamento da história da categoria. O resultado só poderia ser um: bandeira vermelha para retirar os carros e a sujeira da pista.



Mais de uma hora depois, a corrida teve uma nova largada. Rubinho, Panis, Salo e Rosset não participaram da relargada porque não tinham um carro reserva. Nisso, Damon Hill largou melhor e pulou para a liderança. Hakkinen rodou e foi acertado pela Sauber de Herbert. Fim de prova para o líder do campeonato e caminho aberto para Schumi vencer e assumir a liderança. A outra McLaren, de Coulthard, também se envolveu em um incidente com Wurz e caiu para a última posição.


Algumas voltas depois, Schumacher finalmente ultrapassou Hill e arrancou para a vitória, o que lhe daria a liderança no campeonato. Com 40 segundos de vantagem para o rival, Schumi foi passar o retardatário Coulthard. O escocês freou demais quando o alemão estava bem perto, não conseguiu desviar e acabou batendo na traseira da McLaren. Schumacher chegou a levar o carro sem bico e com três rodas para os boxes, mas não tinha o que fazer. Fim de prova e a grande chance de virar líder ir por água abaixo (com perdão do trocadilho). Possesso, o alemão resolveu invadir os boxes da McLaren para tirar satisfações, mas acabou contido pela turma do "deixa disso".


Pouco depois, Irvine rodou sozinho e pôs fim a corrida da Ferrari justamente na etapa número 600 na categoria. Com isso, Hill pulou para a liderança e o irmão de Michael, Ralf, ficou em segundo. Uma improvável dobradinha da Jordan se formou. Pra deixar tudo mais apimentado, a Benetton de Fisichella bateu em cheio na Minardi do Shinji Nakano, fazendo com que o Safety Car entrasse de novo na pista.

Com apenas seis carros na pista, coube ao campeão mundial de 1996 segurar a pressão do companheiro Ralf para vencer pela última vez na carreira e a primeira da equipe Jordan, logo com uma dobradinha. Também foi o último pódio da carreira de Jean Alesi, em terceiro com a Sauber. Heinz Harald Frentzen (Williams) foi o quarto, o brasileiro Pedro Paulo Diniz (Arrows) foi o quinto e Jarno Trulli (Prost) fechou aqueles que completaram a prova.

No fim das contas, pode-se dizer que os pontos que Schumacher perdeu fizeram falta na briga pelo título. Anos depois, Coulthard admitiu que fez um "brake test" na reta de Spa a pedido da equipe para beneficiar Hakkinen na disputa do título. Ralf, brigado com a Jordan rumo a Williams, também disse anos depois que, a pedido de Eddie Jordan e dos antecedentes da prova, não atacou Hill e se contentou com um segundo lugar.


Resumo da ópera: que insano! Será que Spa ainda é capaz de proporcionar essas emoções para a gente?

Até!

segunda-feira, 20 de agosto de 2018

NÃO PASSOU DE UM GRANDE SUSTO

Foto: Reprodução
Uma pancada quase frontal no alambrado, vários giros cinematográficos e destroços na pista. Na hora o impacto já deixou os telespectadores bem impressionados e apreensivos do ocorrido. Com o passar do tempo e a falta de informações oficiais, o estado de tensão aumentou. Quando um piloto sai de helicóptero do autódromo, não é bom sinal.

O canadense Robert Wickens, o melhor novato dessa temporada da Indy, estava disputado posição com Ryan Runter Heay quando se precipitou e, sem espaço, acabou batendo na Andretti e foi catapultado para o alambrado na curva 2 do circuito de Pocono, no mesmo ponto onde Justin Wilson acabou falecendo em 2015, quando destroços do carro de Sage Karam acertaram a cabeça do piloto inglês.

Também se envolveram no acidente James Hinchcliffe e o brasileiro Pietro Fittipaldi, que teve uma lesão bem no tornozelo fraturado meses atrás no acidente de Spa Francochamps. Os dois e Hunter-Reay passaram por avaliação médica e foram liberados logo em seguida.

Uma hora depois, Wickens foi retirado de helicóptero para um hospital da Pensilvânia que fica a 70 km da pista. A informação inicial era de que estava "consciente e alerta". No fim da noite, um relatório mais detalhado: lesões nas pernas, no braço direito e na coluna vertebral. Wickens também sofreu uma contusão pulmonar e vai passar exames de imagem e provavelmente por cirurgia no hospital.

De acordo com uma publicação em uma rede social, o ex-piloto e comentarista Paul Tracy escreveu que Wickens quebrou os dois tornozelos, o braço direito e possivelmente fraturou a vértebra. Ainda, disse que o compatriota estava acordado e esperando a cirurgia.

Preciso ou não, sabemos que o canadense vai ficar um bom tempo longe das pistas. Precisa se recuperar com calma para quem sabe voltar no início da próxima temporada.

A corrida demorou duas horas para recomeçar porque precisavam consertar o alambrado. No fim, ficou algo bem porco e perigoso. Caso houvesse outro acidente, poderia existir uma boa chance do carro sair mato afora. Outra questão é que acidentes graves como esse em um oval (de novo em Pocono!) abre margem para que sejam excluídos dos próximos anos, em prol da "segurança". Um calendário só de mistos seria um fim lento da Indy. Outros já querem colocar o Halo nas terras do Tio Sam. Esquecem que automobilismo é um esporte de risco e sempre vai ser, por mais moderno que seja.

Bom, que Wickens se recupere bem das múltiplas lesões que teve e volte as pistas quando estiver pronto. Uma pena que a temporada do rookie acabe dessa forma, talvez até ganhe o prêmio de novato da temporada. Ainda bem que foi um susto, pra ele e para Pietro Fittipaldi.




sexta-feira, 17 de agosto de 2018

ENCAIXANDO AS PEÇAS

Foto: Motorsport
A notícia da saída de Alonso da Fórmula 1 me abalou tanto que afetou o meu sistema imunológico. Ainda não estou 100%, por isso hoje tentarei ser um pouco mais breve nas palavras:

Dois dias depois do anúncio de um espanhol, a McLaren anunciou o compatriota Sainz como piloto da equipe para as próximas duas temporadas. É evidente que essas negociações iniciaram meses atrás. Estava tudo entrelaçado. Alonso não vai tirar seus patrocinadores do time de Woking. Ele e Sainz têm o mesmo empresário. Coincidências? Arranjos? Acordos?

Bom, o fato é que uma "grife" foi parar em outra. Fora da Renault e sem espaço na Red Bull, Sainz está sendo derrotado sem grandes dificuldades por Hulkenberg. Como recompensa, virou primeiro piloto da gigante McLaren. Ela, que teve Prost, Lauda, Senna, Hakkinen, Fittipaldi, Alonso e Hamilton agora será liderada por alguém que mostrou nada além do que a média até aqui. Isso mostra a decadência que se encontra a McLaren. Uma Williams 2.0., desde 2012 sem vencer e desde 2014 sem ir ao pódio. Antes, restava a grife dos campeões mundiais Alonso e Button. Agora, nem isso. A decadência sem a elegância.

Bom, quem vai estar com a outra vaga? Muitas especulações. Vandoorne, antes visto como carta fora do baralho, parece que voltou ao jogo, em tese. Lando Norris? Apadrinhado da equipe, parece que não depende do resultado da F2 para subir (atualmente, é o vice-líder). Um plano C seria Pérez e seus 15 milhões de euros como aporte. Falaram até de Ocon também. Loucura total. Pela tendência, apostaria no apadrinhado de Zak Brown, embora torça para que deem mais uma chance para o belga, apesar de gostar do mexicano, que provavelmente sairá da Force India e está caçando equipes para que contem com seu subestimado talento.


Bom, se Sainz está acertado com a McLaren, isso significa que Gasly será o parceiro de Max Verstappen na Red Bull. Anúncio indireto. Helmut Marko e cia tem um ou dois problemas agora: contratar um ou dois pilotos para a próxima temporada, pois é possível que Brendon Hartley não permaneça. Existe algum outro jovem da Red Bull pronto para tal missão? Se não tiver, vai ter; ou serão obrigados a pegar alguém emprestado. Quem toparia? A bola da vez é Dan Ticktum, de 19 anos, piloto Red Bull atualmente vice-líder da F3 Europeia. Precisa ser campeão para obter a superlicença necessária para correr na F1. Caso não consiga, quem será?

Em suma, Sainz e McLaren hoje podem casar. Grifes que não se sustentam, mas que podem realizar um bom trabalho na parte média da tabela no longo processo de reestruturação já citado por Zak Brown em diversas entrevistas desse ano.

Até!

quarta-feira, 15 de agosto de 2018

O MILAGRE DE ENZO FERRARI

Foto: Getty Images
1988. Primeiro ano da disputa direta entre Alain Prost e Ayrton Senna. A McLaren sobra. Vence todas no campeonato até o momento das férias de verão. Com Williams, Lotus e Ferrari muito atrás, o confronto foi praticamente mano a mano.

Itália, 14 de agosto de 1988. Com insuficiência renal, morria aos 90 anos em casa, na cidade de Modena, o Comendador Enzo Anselmo Ferrari, dono e criador da Scuderia Ferrari e também da fábrica de automóveis mundialmente conhecida.

A morte do Comendador foi anunciada para a imprensa mundial somente dois dias depois, após a realização do funeral. O motivo? Ele nasceu no dia 18 de fevereiro de 1898 e foi registrado dias depois, devido a uma forte nevasca na região. Portanto, "compensou" os dias a menos do registro.

Adicionar legenda


Um golpe duro para a equipe e os torcedores. Sem vencedor o título mundial desde 1979 e o de construtores em 1981, a Ferrari estava muito longe de suas concorrentes históricas. Pra piorar, o mito Enzo falece justamente três semanas antes da corrida em Monza. Ou seja: a primeira pós-morte.

Azar?

11 de setembro de 1988, quase um mês. Como era de se esperar, o autódromo prestou emocionadas homenagens ao criador. Também como era de se esperar, a dupla da McLaren largou na frente e disparou na disputa particular que travavam, Prost em primeiro e Senna em segundo.

O script de sempre. Peraí: era uma data diferente. Não é possível que não aconteceria algo anormal em uma data não normal. As preces dos tifosi foram atendidas na volta 35. Com problemas na ignição, Prost começou a perder ritmo,foi ultrapassado por Berger e Alboreto, que estavam na terceira e quarta posições, respectivamente, até abandonar. O burburinho aumenta (A PARTIR DE 7:30).


O único problema da McLaren em toda a temporada. Senna na frente, seguido de Berger e Alboreto. Dois ferraristas no pódio. Já é algo. Os dois descontam a vantagem. O brasileiro, preocupado com o que aconteceu com o rival, tira o pé. A vantagem é perigosa. Duas voltas para o final. O brasileiro estava dando uma volta em cima de "Jo" Schlesser, que substituía Nigel Mansell na Williams, ausente do final de semana em virtude de uma catapora. Eis que... (A PARTIR DE 4:00)





Foto: Grand Prix 247

O imponderável acontece! Dobradinha da Ferrari, com Gerhard Berger e Michele Alboreto chegando em uma diferença de meio segundo! A única vitória de uma "não McLaren" no histórico ano de 1988. Histórico em vários motivos: a disputa de Senna e Prost e o "Milagre de Enzo Ferrari", a despedida definitiva do Comendador diante da massa. Nada mais simbólico e épico do que isso.

Foto: Grand Prix 247
O americano Eddie Cheever, com a Arrows, ficou em terceiro, seguido pelo companheiro de equipe, Derek Warwick. Ivan Capelli (March) e Thierry Boutsen (Benetton) completaram o top 6. Maurício Gugelmin (March) foi o oitavo, enquanto Nelson Piquet (Lotus) abanonou na volta número 11, com problemas na embreagem.

E assim, o mundo e a F1 deram o adeus definitivo a Enzo Anselmo Ferrari, o Criador da marca de carros mais querida do mundo. Viva o Cavalinho Rampante! Que isso sirva de inspiração para o atual momento da Scuderia.

Até!

terça-feira, 14 de agosto de 2018

A ÚLTIMA JORNADA

Foto: Fox News
Inevitável. O início e o final. Havia indícios de que o fim estava próximo de chegar, mas não seria tão rápido. Em decisão tomada há meses e só anunciada hoje, Fernando Alonso anunciou que se aposenta da F1 no final do ano.

Por mais que nos últimos tempos o espanhol tenha se preparado - e também os fãs - para isso, a notícia caiu como um choque, uma surpresa. Até o momento, o bicampeão não anunciou que vai para a Indy, o que deve ser um de seus destinos para o próximo ano, além de terminar a temporada no WEC.

O piloto Alonso merecia muito mais do que dois títulos. O personagem Alonso, durante o auge, não. Ele construiu todo o enredo e se viu sem saída. As politicagens, as declarações polêmicas e a pose de vilão enquanto antagonizava com Schumacher, Vettel e Hamilton lhe custaram o fim da linha na categoria.

Não pela falta de qualidade ou um declínio técnico e físico. Pelo contrário. Saiu brigado da Ferrari, construiu um ambiente bélico com Hamilton na McLaren e, na F1 de hoje, dificilmente terá dois grandes pilotos duelando na mesma equipe, tanto é que Ricciardo foi esperto para garantir a Renault como sua, ao menos por dois anos.

Fernando Alonso. O homem que "aposentou" Michael Schumacher e parecia ter construído o início de uma nova dinastia. Apenas não esperava o surgimento de Sebastian Vettel e Lewis Hamilton. O maior personagem da F1 nos últimos 15 anos. Para o bem e para o mal. Ame ou odeie. Ame e odeie, ao mesmo tempo. Mude de conceitos. Conquistou fãs não só nas Astúrias, mas no mundo todo.

Foto: Motorsport
Vítima de suas próprias ações, a Fênix se viu encurralada em um último suspiro: o retorno para a McLaren e a aposta com a Honda. Um fracasso. No meio tempo, de saco cheio de ser apenas mais um no grid, tratou de se reinventar. Uma nova motivação: A tríplice coroa. O encantamento com a Indy. Alonso mostra para todos que sim, há vida fora da F1, e talvez seja muito melhor e emocionante, fugindo da grife e do glamour.

Respirando aquele ambiente, voltou para a enfadonha F1 para cumprir contrato, esperançoso de uma última cartada: chutar a Honda e, com a Renault, tornar ele e a McLaren grandes de novo. Definitivamente não é o caso, ao menos a curto-prazo. Alonso não tem mais tempo e nem paciência para isso.

E a McLaren? Como fica? Parece ser inviável ter dois jovens como Vandoorne e Norris tão rapidamente. Sainz tem peso para liderar o time? Raikkonen pode voltar para ocupar a lacuna de Alonso? Tudo isso será destrinchado em outro texto, nos próximos dias.

Agora, Alonso. Forçado a seguir em um caminho alternativo, o espanhol reencontrou a felicidade, o prazer e a motivação para andar na frente e seguir sendo protagonista pelo presente, e não pelo passado. Deixou de ser aquele cara carrancudo, irritante e prepotente dos tempos áureos e vestiu a faceta carismática e divertida para os fãs e virando memes, sem deixar de criticar e ironizar a Honda e a categoria nos últimos anos.

A recuperação de sua imagem, talvez, tenha sido o grande título dos últimos anos para o espanhol. Ame ou odeie, você vai sentir falta desse piloto, personagem e personalidade fantásticas. Está na história da F1 por todos esses motivos. Que siga encontrando a felicidade e o prazer da vitória no WEC e, provavelmente, na Indy (esperamos todos nós). Que isso não o faça perder o carisma dos últimos anos. Assim ele deve partir para a última jornada da carreira, rumo a tríplice coroa do automobilismo.

Obrigado, Don Alonso. Vamos aproveitar essas últimas corridas para apreciar, agradecer e valorizar o seu legado.

Foto: Pinterest

segunda-feira, 13 de agosto de 2018

ANÁLISE PARCIAL DA TEMPORADA - Parte 2

Foto: Divulgação

Olá, pessoal! Agora, a segunda parte da análise do que vimos até aqui nessa temporada 2018 da F1. Vamos com o resto: Williams, Toro Rosso, Haas, McLaren e Sauber.


WILLIAMS

Foto: LAT Images
Lance Stroll – 5,5 – O carro é ruim e o piloto é ruim, ou então o menos pior da Williams. O problema aqui nem são os pilotos. Ou melhor, são as causas deles. Ao optar pelo dinheiro de ricos sem talento, não há perspectiva de melhora no futuro próximo. Virar uma Mercedes B é uma realidade, a única para que a equipe ainda exista. Depois de sugar toda a energia vital da vítima, parece que Stroll vai se alimentar da saudável porém quase falida Force India no ano que vem. O piloto cliente vai seguir sendo bancado até o papai cansar da brincadeira. Ao menos pontuou uma vez nesse ano, o que não diminui a falta de qualidade que existe como piloto.

Sergey Sirotkin – 5,0 – Carro ruim e piloto inexpressivo, ignorado pelas transmissões por motivos óbvios. Quando não está com problemas, está atrás de Stroll e raras vezes a frente. Pegou uma bucha de canhão. E o pior: pagou caro por isso. Espera que tenha valido a pena dar uma volta ao mundo para correr com os melhores porque vai ser difícil que esteja por lá como titular no ano que vem. P.S.: torcendo para que vença Stroll, embora saiba que é difícil.

TORO ROSSO

Foto: Sky Sports
Pierre Gasly – 7,5 – A Honda ainda segue como um motor instável e com muitas falhas, mas é inegável também que está evoluindo. Não é absurdo escrever que, talvez, esteja no mesmo nível da Renault. Diante disso, o francês pontuou “só” três vezes, mas foram resultados expressivos: um quarto e dois sextos lugares. Gasly vem agradando a alta cúpula da Red Bull e talvez possa ser recompensado com uma até então improvável ascensão à equipe mãe de forma tão rápida. Para que isso seja possível, basta manter a regularidade e aproveitar as chances que aparecem.


Brendon Hartley – 5,0 – Veio para tapar buraco de Kvyat e ganhou a vaga para esse ano. Só não saiu ainda porque a Toro Rosso não consegue substituí-lo (tentou Lando Norris). Conseguiu ser recontratado pelo grupo que o chutou quando jovem. Vencedor em Endurance, estava pronto para ir a Chip Ganassi pela Indy. Muitos problemas no carro, acidentes e pouquíssimos pontos, sempre mais lento que Gasly. Não pode reclamar. Sabe que está no lucro e parece estar se divertindo nesse mundo que parecia tão irreal nos últimos anos.

HAAS

Foto: Autosport
Romain Grosjean – 5,0 – Acidentes e oportunidades desperdiçadas. Tirando o erro de pit stop na Austrália, tudo foi culpa dele. Acidente na Espanha, batida em Baku e outras diversas barbeiragens. Perdeu a confiança do Gunther Steiner. Será trocado no final do ano. Também não pode reclamar. Acho que seu tempo na F1 acabou. Até que foi bastante. A não ser que aquele Grosjean da Lotus ressurja. Não parece ser o caso.

Kevin Magnussen – 7,0 – Poderia estar mais na frente na tabela. O carro da Haas oferece essas condições. No entanto, está fazendo a sua parte. Veloz e constante. Também, basta não bater para ser suficiente a superar Grosjean. Para garantir sua vaga de vez na equipe americana, é preciso continuar somando pontos valiosos para os construtores, o que é também dinheiro valioso para Gene.

McLAREN

Foto: Motorsport
Fernando Alonso – 7,5 – Estávamos enganados. O problema não era só a Honda. O chassi também é ruim. Assim, nem mesmo a potência da Renault fez a McLaren andar muito para frente. Apesar disso, Alonso parece estar disposto a ainda ser melhor que o MCL33. Aparentemente desmotivado da F1 e mais preocupado em completar a Tríplice Coroa, a categoria virou mais um hobby do espanhol, também focado no WEC. A McLaren vai ter mais algumas corridas para lhe convencer a ficar. Na F1, é o único espaço disponível. Do contrário, foi um prazer ter visto Fernando Alonso correr por aqui. Espero que o espanhol e a equipe de Woking façam suas partes.


Stoffel Vandoorne – 5,5 – Difícil de defender. Até começou razoável, depois foi ladeira abaixo. Segue com problemas na McLaren e sempre muito abaixo de Alonso, que continua fazendo milagres. No entanto, isso parece ser a tônica de todos os companheiros do espanhol: serem piores do que realmente são. De um lado, Lando Norris, apoiado pelo chefe Zak Brown. Do outro, Pérez e outros abutres de olho na sua vaga. Parece improvável que permaneça para 2019. Precisa ser um pouco Alonso para convencer a cúpula de Woking a seguir acreditando no seu potencial e histórico vencedor na base.

SAUBER

Foto: F1i
Marcus Ericsson – 6,0 – Com o carro um pouquinho melhor, pontuou algumas vezes. Ainda assim, vai ser dominado por mais um companheiro de equipe. Ao menos, dessa vez, Leclerc não será chutado da categoria como recompensa. O acordo com a Alfa Romeo nos faz ter dúvidas quanto ao poder do sueco frente a equipe. Talvez não apite mais nada por lá e esteja com os dias contados. Giovinazzi deve substituir Leclerc. Vários estão de olho na outra vaga. Haja dinheiro para continuar na F1.

Charles Leclerc – 7,5 – A revelação do ano. A Sauber, novamente com o apoio da Ferrari, voltou a crescer, o que deu condições para o monegasco se destacar. É evidente que o talento do campeão da F2 no ano passado é maior que isso. Tão maior a ponto de ir direto para a Ferrari? As chances são boas, mas ainda não sabemos. Se continuar mágico assim, junto com a evolução do C37, a resposta pode ser positiva. Em todo caso, se algo der errado, já vai ter garantida a “pequena promoção” para a Haas.

Pessoal, essas foram as minhas análises. Gostaram? Discordaram? Comentem! Até o retorno da F1. Fui!

quinta-feira, 9 de agosto de 2018

ANÁLISE PARCIAL DA TEMPORADA - Parte 1

Foto: F1

Quando a Fórmula 1 está de férias, você já sabe: é na hora de analisar como está a temporada até aqui, com 12 das 21 corridas disputadas. Hoje, irei escrever sobre Mercedes, Ferrari, Red Bull, Force India e Renault. Vamos lá:

MERCEDES

Foto: Mercedes
Lewis Hamilton – 9,5 = O começo não foi bom. Andando atrás de Bottas e vencido por Vettel, contou com a sorte e a regularidade para vencer pela primeira vez no ano, em Baku. Desde então, deslanchou. Tirando o abandono na Áustria, seguiu regular e com grandes atuações, evidenciada na histórica vitória do GP da Alemanha, onde aliou a sorte com a oportunidade e o talento para chegar em primeiro. Se mantiver a consistência e a Mercedes ter um ritmo melhor tanto nas classificações quanto nas corridas, vai ter grandes chances de fechar o ano com o pentacampeonato.


Valtteri Bottas – 8,5 = É o segundão do Hamilton. Até começou, mas o azar com problemas no carro e o estouro do pneu em Baku, onde iria ganhar, lhe fizeram perder pontos importantes. Apesar dos pesares, já tem contrato garantido com as flechas de prata para o ano que vem. Somando pontos e atrapalhando Vettel: essa é a receita para o finlandês seguir na equipe. No entanto, precisa ser mais rápido e consistente – está zerado no ano – até as Red Bull já venceram se quiser continuar a médio e longo prazo em uma equipe de ponta.

FERRARI

Foto: LAT Images


Sebastian Vettel – 9,0 = Até a França, tinha um ano perfeito. Mais rápido e veloz nas corridas, o alemão poderia ter uma vantagem bastante sólida no campeonato se não fossem os azares e suas barbeiragens em Paul Ricard e principalmente em Hockenheim, quando estava com a corrida ganha. Diante desses momentos, Seb parece mostrar maior instabilidade emocional do que Lewis, que demonstra isso fora do carro. O que poderia ser uma boa vantagem virou uma incômoda situação de 24 pontos atrás na tabela. É quase uma corrida de diferença. Muito. Vettel não pode mais errar. Precisa estar no limite e guiar o máximo que pode para tirar aos poucos a vantagem de Hamilton. Um pouquinho de sorte poderia cair bem também, mas não se pode depender apenas disso.

Kimi Raikkonen – 8,5 = Cinco anos sem vitórias (sendo quatro na Ferrari) e largando atrás do companheiro em todas as corridas até aqui. É possível acreditar que Raikkonen ainda está na Ferrari? Não só isso, mas também não é impossível que permaneça mais um ano por lá. Vejamos: se os italianos mantiveram o finlandês depois de três anos fraquíssimos, é natural que renove com o IceMan depois de temporadas medianas para boas que ele vem realizando desde o ano passado. É o segundo com mais pódios na temporada. Apesar de ser o segundão de Vettel, está faltando maior constância e velocidade. Entretanto, a imaturidade de Charles Leclerc pode lhe permitir adiar por mais um ano a aposentadoria. Vai que a vitória finalmente saia até lá? Poderia ser a chave de ouro do até então último campeão pela Ferrari.

RED BULL

Foto: Getty Images
Daniel Ricciardo – 8,5 = Começo de ano mágico, aproveitando duas oportunidades para vencer (China e Mônaco). Não é possível brigar com Ferrari e Mercedes, apenas com Max. Juntos, bateram em Baku. Depois de Mônaco, o sorridente australiano perdeu desempenho e passou a ser batido pelo holandês, que se aproximou na tabela. As constantes quebras da Red Bull acabam criando distâncias ilusórias entre os dois pilotos. Mais experiente e o que menos errou, os taurinos sabem que podem confiar em Ricciardo quando algo diferente acontecer na pista. A questão é: Ricciardo não parece mais confiar na equipe. Como serão as últimas nove corridas do australiano pela Red Bull?


Max Verstappen – 8,0 = Começo de ano horrível, medonho,  bisonho. Batendo e errando em todas as corridas. Não parecia honrar o carro que pilota. Como todo talento temperamental, é oito ou oitenta. Depois, melhorou aos poucos e conseguiu a vitória na Áustria e alguns pódios. O carro é um limitador, e Max já deixou claro a sua irritação com os franceses. Não há muito o que fazer nesse ano. O grande desafio da carreira de Max é o amadurecimento. Se parar de fazer bobagens na pista e dar declarações ridículas, focado é um dos melhores, e já vimos isso. Do contrário, vai ser apenas mais um piloto veloz e inconstante.

FORCE INDIA

Foto: LAT Images
Sérgio Pérez – 7,5 = Começo de ano da equipe foi bem abaixo do padrão das últimas temporadas. O mexicano sofreu com isso até “achar” um pódio em Baku. Dali em diante, as coisas melhoraram. Entretanto, Ocon parecia mais veloz e constante. Mesmo sem um pódio, estão novamente empatados na pontuação. Diante da incerteza que vive a equipe, difícil fazer um prognóstico para o segundo semestre, se é que irão correr em 2018. No entanto, a eterna certeza é que estão sempre fazendo mais do que é possível, diante das dificuldades apresentadas.

Esteban Ocon – 7,5 = Não tem um resultado exuberante igual ao de Pérez, mas conseguiu regularidade na segunda metade da primeira metade do campeonato, entendeu? O francês é um talento que promete nos próximos anos, mas se imaginava que pudesse estar na frente do mexicano, o que não está sendo possível pelo segundo ano seguido. Pode ser também uma das justificativas para a Mercedes seguir com Bottas. Faltando maturação e uma grande atuação, resta para o francês terminar o campeonato na frente de Pérez, caso a Force India ainda exista.

RENAULT

Foto: Autosport
Nico Hulkenberg – 7,5 = O maior acumulador de pontos da F1, mas segue sem pódio. Com a Renault sendo a quinta força, é difícil cobrar algo. Se até Pérez consegue tirar um coelho da cartola, por que o alemão nunca conseguiu até hoje? Apesar disso, sua temporada é boa. Finalmente teria um companheiro de equipe para duelar, e vem tirando Sainz para nada. Numa equipe de fábrica que aos poucos vai se estruturando, resta para  Hulkenberg esperar pelo futuro que talvez não tenha, além de se preparar nesse semestre para enfrentar Ricciardo no ano que vem.


Carlos Sainz – 7,0 = Abaixo do que poderia render com a Renault. Teve bons resultados, mas isolados. No geral, pode e deve conseguir melhores resultados. Apesar de o futuro reservar diversas possibilidades, tudo ainda é uma incógnita. Essa pressão pode ou atrapalhá-lo em seus objetivos ou então o alavancar rumo a uma Red Bull. McLaren como prêmio de consolação. Toro Rosso nem pensar! Pra isso, precisa pilotar. Até rimou.

E essas foram as primeiras impressões sobre os pilotos nessa primeira metade da temporada. Concorda? Discorda? Comente!

Até a parte 2, fique ligado!