sexta-feira, 15 de junho de 2018

O FUTURO DA FÊNIX

Foto: Reprodução
Na categoria que se resumiu a uma disputa entre os dois carros da Toyota, ao que tudo indica os nipônicos finalmente irão vencer na mítica Le Mans. O trio formado por Fernando Alonso, Kazuki Nakajima e Sebastien Buemi vai largar na pole na principal prova de Endurance. Tudo isso graças a grande volta do japonês no fim da sessão, desbancando os parceiros de equipe Kamui Kobayashi, Mike Conway e José Maria López.

No resto, André Lotterer, Neel Jani e Bruno Senna (remanescentes da Porsche) largam em terceiro. Outra novidade na prova francesa é a estreia de outro ex-campeão da F1: Jenson Button. pela SMP  Racing, vai largar em sétimo, formando um trio com os russos Vitaly Petrov e Mikhail Aleshin. Sem grandes perspectivas de vitória, o que vale é a experiência para o britânico.

O foco do post de hoje não é falar sobre Le Mans em si, mas sim de Fernando Alonso. Ao mesmo tempo em que é pole pela WEC, ele respondeu questões sobre sua continuidade (ou não) na F1 para o ano que vem. Em linhas gerais, tudo depende de qual será a importância do piloto no novo regulamento da próxima temporada. Se o espanhol sentir que seu talento não irá ser um diferencial para brigar por vitórias e pódios, provavelmente vai dar adeus a categoria, ao menos por um ano.

Ontem, ao mesmo tempo, Zak Brown deixava claro que é questão de detalhes para que a McLaren volte a equipe como equipe no ano que vem. As negociações avançaram nas últimas semanas. Michael Andretti esteve acompanhando o GP do Canadá provavelmente para negociar um acordo, apesar de alguns especularem que o americano estaria de olho em comprar a endividada Force India. A chegada de Gil de Ferran na equipe de Woking recentemente também é mais um indício da preparação para essa transição.

Considerando que Alonso tem ótimas chances de vencer Le Mans nesse final de semana, faltaria somente a Indy 500 para completar a tríade das principais provas do esporte a motor. Diante de uma McLaren incapaz de lhe dar condições de títulos e trânsito fechado nas grandes equipes pelos erros do passado, a escolha natural seria migrar para a categoria estadunidense, onde há mais disputa e teria a motivação extra de vencer a corrida que lhe falta para igualar Graham Hill.

Olhando por esse cenário, parece provável que Alonso fique seduzido a deixar a F1 e ir para a Indy. Seria o mais lógico, analisando a carreira esportiva. Entretanto, os valores financeiros são importantes para essa equação: brigar para ser campeão ganhando muito menos ou continuar recebendo um dos maiores salários do esporte para ficar no máximo em sétimo?

Em poucos meses, saberemos a decisão de Fernando. Podemos, em breve, estar presenciando a história sendo feita. Quem viver verá.

Até!


terça-feira, 12 de junho de 2018

QUASE MAIS DO MESMO

Foto: Getty Images
Novidade: mais uma corrida sofrível. E no Canadá. Tudo bem que o circuito de Montreal é um daqueles que na maioria dos casos só presta quando chove, mas a F1 desse ano tá transformando tudo em uma procissão impossível de se acompanhar sem dar uns cochilos. Se não fosse o Safety Car nas primeiras corridas, teria sido tudo horrível. Hoje, é uma temporada meio horrível.

Culpa da aerodinâmica, dos gastos e dos jogos de interesses. Tudo isso contribui para um espetáculo insosso, pífio e patético. Como atrair audiência se não acontece absolutamente nada? Nem sequer uma tentativa, uma perseguição, porque a aerodinâmica não permite carros próximos.

Os únicos momentos dignos de alguma escrita foram o acidente da largada e a bandeirada fail que poderia ter prejudicado a corrida. Hartley é um imã de acidentes. Pressionado na Toro Rosso, duvido que chegue até o final da temporada. Só fica lá porque não há opções melhores e os italianos receberam uma recusa da McLaren diante da possibilidade de pegar Lando Norris por empréstimo. Bom, o neozelandês já está no lucro: voltou pra categoria quando ninguém esperava e tem amplo mercado depois que levar o provável pé na bunda pela segunda vez dos taurinos. Stroll é isso aí. Nervoso no volante, não tem condições de estar na F1. A culpa maior é de quem se vende pra ele, literalmente. A Williams.

A tal modelo ativista quase avacalha a corrida porque não soube a hora de dar a bandeirada. Ela diz que só seguiu ordens. Que várzea. A Liberty, que deseja tanto aproximar a F1 de seus fãs, poderia fazer uma promoção para algum fã local dar a bandeirada do que botar alguém ali que está claramente cagando e andando pro evento e provavelmente sequer conhece a categoria e os pilotos. Não é com Halo e corridas medonhas igual essa que vai ter esse boom... por falar em Halo, o Hartley bateu a cabeça ali no acidente e foi pro hospital. Vão colocar um halo pro halo? Ele salva vidas, dizem.

Diante de todo esse cenário catastrófico, uma coisa boa: o campeonato está mais equilibrado do que nunca. Em uma corrida, a Mercedes domina. Na outra, a Ferrari. Depois, a Red Bull. Domingo, Vettel passeou e assumiu a liderança, um ponto a frente de Hamilton, que não teve um bom dia, justo no circuito onde já venceu seis vezes! Se não fosse a inconfiável Red Bull/Renault, Ricciardo poderia estar no páreo. Raikkonen mais uma vez patético e mais uma vez terá o contrato renovado, ao que tudo indica.

Leclerc pontuando de novo com a Sauber. Regular e veloz, com erros naturais de jovem estreante. Muito provável que esteja no lugar de Grosjean na Haas ano que vem. Alonso abandonou no seu GP 300. Diz ele que vai tomar uma decisão importante depois das férias de verão na Europa. Não duvido uma migração para Indy, pois a McLaren busca participar da próxima temporada.

Ademais, sabemos que as corridas serão uma porcaria, mas a disputa do campeonato está equilibrada, só não diria emocionante porque emoção não há nas disputas. Resta saber o que o retorno de Paul Ricard reserva. É uma incógnita para todo mundo, depois de tanto tempo fora.

Só espero que não seja mais do mesmo. Está todo mundo de saco cheio disso.

Até!

quinta-feira, 7 de junho de 2018

GP DO CANADÁ - Programação

O Grande Prêmio do Canadá foi disputado pela primeira vez em 1967, sendo disputado até 2008 nos circuitos de Mosport Park, Mont-Tremblant e Montreal (atual), retornando a categoria em 2010.

Foto: Wikipédia
ESTATÍSTICAS:
Melhor volta em corrida: Rubens Barrichello - 1:13.622 (Ferrari, 2004)
Pole Position: Lewis Hamilton - 1:11.459 (Mercedes, 2017)
Último vencedor: Lewis Hamilton (Mercedes)
Maior vencedor: Michael Schumacher - 7x (1994, 1997, 1998, 2000, 2002, 2003 e 2004)

TRÊS NOMES DE COMPOSTOS... E OLHE LÁ

Foto: Sky Sports
A Pirelli anunciou que a partir do ano a nomenclatura dos pneus da F1 vai ter alterações. Ao contrário dos inúmeros tipos apresentados esse ano, a situação vai ser resumida: voltam a ser os tradicionais macios, médios e duros, onde em cada corrida será esclarecido qual é a rigidez do composto.

“Entendemos que para alguns espectadores é difícil identificar os sete compostos que temos no leque. O importante é que não percamos a mensagem de que não estamos indo para diferentes corridas com o mesmo composto. Então, ficamos felizes em chamá-los de duro, médio e macio, definir três cores e utilizar as mesmas cores e os mesmos nomes em todas as corridas”, afirmou Mario Isola, diretor da Pirelli, em um evento de mídia em Londres.

A ideia é fazer com que os pneus também tenham melhora significativa dentro da pista, sendo a diferença de compostos visível a todos, forçando novas estratégias de consumo e desgaste para as equipes. “Idealmente, devemos ter seis compostos, mas com melhor espaço [entre eles]. Este ano uma das questões é que macio, super e ultra estão muito semelhantes, então, no próximo ano, estamos trabalhando em diferentes compostos para ter uma lacuna maior”, explicou Isola.

O objetivo é evitar com que todas as equipes façam a mesma estratégia de uma ou duas paradas, cabendo a Pirelli traçar estratégias para fazer pneus que permitam essa variabilidade de opções para as equipes e os pilotos.


Voltando para os nomes, quanto mais simples melhor. Antigamente (dez anos atrás já é antigamente!) eram os macios e os duros, os slicks, os intermediários e os de chuva. Agora, acrescente o tal pneu médio e tá pronto. Façam três cores diferentes para cada composto mais a diferenciação natural dos pneus intermediários e de chuva e tá feita a festa. Às vezes, os fãs só precisam de algo simples para entender o todo ao invés de nomes e opções que o deixam mais confuso e menos atraído as questões técnicas da já desafiadora F1.


SAUBER TEM NOVO ACIONISTA MAJORITÁRIO

Foto: Divulgação
Dois anos atrás, a Longbow Finance comprou as ações que pertenciam a Peter Sauber. Na terça-feira (05), Pascal Picci, presidente da Sauber, anunciou que a Islero Investments é a nova acionista majoritária da companhia.

Segundo o semanário suíço "Handelszeitung", uma delegação da equipe vai para Maranello se reunir com a Ferrari, o que seria mais um indício da aquisição definitiva da Sauber pela Alfa Romeo, marca que pertence a Ferrari. Hoje, a parceria é comercial. Entretanto, os laços com os italianos estão cada vez maiores. Além da contratação do talentoso Charles Leclerc, que pertence a Ferrari, ultimamente a Sauber contratou Simone Resta, que estava na Ferrari, para ser designer-chefe da equipe.

A Islero Investments é uma empresa sediada em Hinwil, mesma cidade da Sauber. Seus administradores são membros da equipe, como por exemplo o próprio presidente Pascal Picci e Frederic Vasseur, atual chefe de equipe. Isso, aliado a parceria com  a Ferrari e o controle majoritário do grupo de Picci indicam que em breve a Alfa Romeo vai adquirir a Sauber, embora isso seja negado pelo presidente da Sauber.


Sozinha, a Sauber quase faliu. Se não tem teto orçamentário, a solução é se aliar aos grandes. A F1 virou uma grande DTM, repleta de equipes satélites. Posso escrever sobre isso com mais calma nos próximos dias. Repito: não é o ideal, mas é o que tem para hoje.

CLASSIFICAÇÃO:
1 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 110 pontos
2 - Sebastian Vettel (Ferrari) - 96 pontos
3 - Daniel Ricciardo (Red Bull) - 72 pontos
4 - Valtteri Bottas (Mercedes) - 68 pontos
5 - Kimi Raikkonen (Ferrari) - 60 pontos
6 - Max Verstappen (Red Bull) - 35 pontos
7 - Fernando Alonso (McLaren) - 32 pontos
8 - Nico Hulkenberg (Renault) - 26 pontos
9 - Carlos Sainz Jr (Renault) - 20 pontos
10- Kevin Magnussen (Haas) - 19 pontos
11- Pierre Gasly (Toro Rosso) - 18 pontos
12- Sérgio Pérez (Force India) - 17 pontos
13- Esteban Ocon (Force India) - 9 pontos
14- Charles Leclerc (Sauber) - 9 pontos
15- Stoffel Vandoorne (McLaren) - 8 pontos
16- Lance Stroll (Williams) - 4 pontos
17- Marcus Ericsson (Sauber) - 2 pontos
18- Brendon Hartley (Toro Rosso) - 1 ponto

CONSTRUTORES:
1 - Mercedes - 178 pontos
2 - Ferrari - 156 pontos
3 - Red Bull TAG Heuer - 107 pontos
4 - Renault - 46 pontos
5 - McLaren Renault - 40 pontos
6 - Force India Mercedes - 26 pontos
7 - Toro Rosso Honda - 19 pontos
8 - Haas Ferrari - 19 pontos
9 - Sauber Ferrari - 11 pontos
10- Williams Mercedes - 4 pontos

TRANSMISSÃO



Atenção: hoje começarei uma viagem e só irei retornar na semana que vem. Prometo, na medida do possível, abastecer o blog com a análise da corrida e outros pensamentos aleatórios sobre a categoria.

Até mais!


quarta-feira, 6 de junho de 2018

ALONSO 300

Foto: Auto Racing
O título é auto-explicativo. Neste final de semana, em Montreal, Fernando Alonso irá participar de sua corrida número 300 na F1. É o mais longevo do grid. Na F1 desde 2001 (assim como Raikkonen, que ficou dois anos fora; Alonso ficou fora apenas em 2002), não faltam momentos de brilhantismo na grande carreira do bicampeão mundial.

Sem mais delongas, vamos rever algumas delas?

A PRIMEIRA POLE - Logo na segunda corrida como piloto da Renault, o jovem Ferdi foi o primeiro espanhol a fazer uma pole position e o primeiro a chegar no pódio, em terceiro. Além disso, foi o mais jovem da história a largar da posição de honra.


A PRIMEIRA VITÓRIA - Veio ainda em 2003. Pressionado por estar atrás de Trulli na tabela, o jovem Alonso foi novamente pole na Hungria e venceu de ponta a ponta, chegando a dar uma volta no então pentacampeão Michael Schumacher, que brigava ponto a ponto pelo hexa com Juan Pablo Montoya e Kimi Raikkonen. Na época, foi também o mais jovem da história a vencer na F1.



UM DOS GRANDES - 2005 começou promissor para Alonso. Com o novo regulamento, a Renault passou a ser a grande favorita ao título. Depois do companheiro Fisichella vencer na abertura da temporada, na Austrália, o espanhol venceu duas vezes seguidas na Malásia e Bahrein. Em Ímola, segurou o ímpeto de uma renovada Ferrari de Schumacher, em uma das disputas mais belas da história da categoria. Tudo o que precisava para provar ser um piloto de ponta.


O PRIMEIRO TÍTULO - Bastando um terceiro lugar para ser o mais jovem campeão da história da categoria, Fernando Alonso foi o primeiro campeão em um GP do Brasil. Entrou para a história como o primeiro espanhol a ser campeão e o homem que quebrou a hegemonia da Ferrari e de Michael Schumacher. A Fênix das Astúrias já estava na história da F1.


A PRIMEIRA EM CASA - Atual campeão, faltava a vitória em casa. Largando na pole e "comboiado" pelo companheiro Fisichella, Ferdi fez a festa da AlonsoMania em plena Catalunha para vencer pela primeira vez em casa.


O BI - Precisando de apenas um oitavo lugar, Alonso não deu chances para o azar e terminou em segundo para celebrar o seu segundo título mundial, em final de semana dominado por Felipe Massa, que quebrou o tabu de 13 anos sem vitória brasileira em Interlagos. Alonso, "o homem que aposentou o heptacampeão Michael Schumacher".



A GUERRA ESCANCARADA - 2007 não foi um ano fácil para Alonso. Na McLaren, esperava o tri e a continuação de sua dinastia. Entretanto, viu o jovem Lewis Hamilton chamar a atenção do mundo. O espanhol insinuou favorecimento da equipe inglesa ao compatriota. No Q3 do GP da Hungria, Alonso ficou parado nos boxes mais tempo do que precisava, evitando que Hamilton pudesse voltar para a pista e fazer uma nova tentativa. Com isso, Alonso foi pole. Entretanto, a FIA o puniu por atitude antidesportiva e perdeu cinco posições. Depois disso, ficou inviável a permanência do espanhol, que voltou para a Renault no ano seguinte.



CINGAPURAGATE - Na primeira corrida noturna da história, Alonso aproveitou a batida de Nelsinho Piquet no início da prova para entrar nos boxes durante o Safety Car e voltar na liderança da corrida. O espanhol também aproveitou o infame erro na mangueira de Felipe Massa e venceu pela primeira vez no retorno à Renault, que estava pressionada pela direção a vencer, do contrário iria se retirar da F1, logo no GP n° 800 da F1. No ano seguinte, veio a tona que Nelsinho bateu de propósito para favorecer o espanhol, que nega envolvimento no caso.


FASTER THAN YOU - No primeiro ano na Ferrari, Alonso brigava pelo tri contra a Red Bull e a McLaren. Na Alemanha, Massa liderava exatamente um ano depois de seu grave acidente na Hungria. Pressionando o brasileiro na pista e no rádio, a Ferrari cedeu e obrigou o brasileiro a deixá-lo passar, num remember da Áustria no histórico "Fernando is father than you". 




SHOW EM VALÊNCIA - Largando em 11° na corrida nas ruas de Valência, Alonso deu verdadeiro show para vencer em casa e dar um passo importante para o tri (que não veio). Essa corrida também ficou marcada como o último pódio da carreira de Michael Schumacher.


A ÚLTIMA VITÓRIA? - Largando em quinto, Alonso deu mais um show em casa, na Catalunha. Administrando melhor os pneus Pirelli, chegou a ponta com facilidade e venceu sem mais sustos, naquela que pode ter sido sua última vitória na categoria, em 2013.



Esses foram alguns momentos que eu achei marcantes da carreira do espanhol na F1 até aqui. Concorda? Discorda? Acrescente, comente!

Até!

terça-feira, 29 de maio de 2018

A INEVITÁVEL COMPARAÇÃO

Foto: Getty Images

Fim de semana com as duas provas mais importantes do automobilismo, no mesmo dia e apenas separadas por algumas horas. Mesmo que sejam de estilos e abordagens diferentes, é impossível não colocar Mônaco e Indianápolis no mesmo pote e tirar como conclusão qual das duas é a melhor.

Mônaco: o charme, o príncipe Albert, as celebridades, andar nas ruas de Monte Carlo, tão estreitas e desafiadoras para um carro tão largo como o de um F1. “Andar de bicicleta na sala”, diz Nelson Piquet. Sinceramente, não sei o quem interessa isso, só os ricaços que ficam em suas hiates curtindo a vida adoidada que possuem. De resto, o que vale para nós todo esse glamour assistindo pela TV de manhã, com sono e remela no olho?

Praticamente todos os pilotos foram unânimes em descascar a corrida de ontem. "Extremamente chata. Quer dizer, essa provavelmente é a corrida mais chata da F1. Sem um safety-car, uma bandeira amarela... O esporte precisa pensar um pouco sobre o espetáculo, porque é bem decepcionante", foi o que disse Fernando Alonso. Lewis Hamilton: "A mais chata de todas. Foram as 78 voltas mais longas de todas, não foi uma corrida. Não teve qualquer emoção. Não houve nenhuma ação. Quando a prova acabou, apenas agradeci."

Tirando casos exceepcionais (chuva e acidentes diversos), Mônaco é sim diferente. Aproveitando o clima de cassino, qualquer coisa pode acontecer, mas isso tem sido cada vez mais raro. Qual foi a última vitória realmente surpreendente? A do Trulli em 2004, talvez? A culpa não é só do circuito. A F1 tem sua parcela de responsabilidade. Ela não se ajuda. Com regras complicadas e carros que são naturalmente difíceis de acompanhar por perto em circuitos, não é difícil entender que em um circuito de rua isso será ainda mais impossível de ser feito.


Vitória de Trulli foi a última "surpresa" de Mônaco, em 2004. Foto: Getty Images

“É preciso ter ultrapassagens”. Claro. Apenas não concordo com as ultrapassagens artificiais, aquelas com o DRS. Uma corrida não se torna boa só porque teve 3242 trocas de posição onde basta um botão e deixar o carro da frente sem defesa. A disputa também pertence ao espetáculo. Alonso e Schumacher em 2006 que o digam. A aerodinâmica precisa ser repensada, mas não pode ser no 8 ou no 80. É preciso ter disputa, com chances de atacar e se defender de uma posição, não uma procissão ou uma artificialidade. Mônaco e toda a F1, hoje, não tem nenhuma das duas coisas. Para valorizar o espetáculo, é necessário criar condições para isso. A Liberty já entendeu o recado. Agora é ver o que eles estão tramando para o ano que vem e as novas regras de 2021.



Na Indy, o novo kit foi traiçoeiro. Carros mais lentos e muitas escapadas de traseiras fizeram vítimas experientes. Também não foi uma corrida repleta de ultrapassagens, exceto nas relargadas e o show de Alexander Rossi, que largou lá atrás. A Indy é uma prova muito mais democrática. Ela respeita a tradição do Bump Day e sempre dá a oportunidade para algum underdog fazer história. Ontem, por exemplo, se a amarela se mantivesse por mais algumas voltas, Oriol Servià ou Stefan Wilson (irmão do Justin) poderiam ter quebrado a banca. Não foi possível. Takuma Sato foi o vencedor do ano passado. Alexander Rossi, recém saído da F1, teve uma vitória caída do céu.

O fato é que, nesse final de semana, as duas corridas deixaram a desejar. Por tudo o que representam, o público merecia algo melhor. Evidente que nem sempre é possível fazer a corrida dos sonhos. A Indy se aproxima mais disso com vencedores diferentes, muitas surpresas e histórias de vida. O caso da F1 é muito mais preocupante. Apesar do equilíbrio das três equipes em termos de números (duas vitórias para cada), as corridas dependem basicamente do imponderável, e não é sempre que ele acontece. E quando não se concretiza, as corridas não passam de uma procissão por Mônaco.

Rossi foi um dos poucos ousados a fazer grandes ultrapassagens ontem. Foto: Autoweek

Até!

segunda-feira, 28 de maio de 2018

MARCHA LENTA

Foto: Getty Images
Dois anos da decepção, a redenção. Finalmente Daniel Ricciardo venceu no Principado. Pela primeira vez na carreira a vitória veio largando da pole, o que quebra uma "tradição" de vitórias em atuações espetaculares, repletas de ultrapassagens, ousadia e reviravoltas. Bom, se considerarmos que o motor de sua Red Bull perdeu 160 cv devido a um problema e fez com que o australiano usasse apenas seis marchas durante mais da metade da corrida, pode-se considerar que foi uma vitória épica. Depende da boa vontade de quem julga. Segurar o pelotão com um carro 20 km/h mais lento na reta em Mônaco é ou não é um feito louvável? Eu acho. Uma bela vitória da Red Bull em sua corrida número 250, que teve de David Coulthard de Super Homem até o Shoey de Ricciardo no pódio de Monte Carlo.

O parágrafo está bem longo. É muito difícil escrever mais do que isso. Todos sabemos o que Mônaco representa no glamour e na parte esportiva. Bem, hoje não teve esporte. Foi um passeio, corroborado pelos próprios pilotos. O problema é da pista ou da aerodinâmica? Ou os dois? Na F2, há ultrapassagens. Hoje, apenas Max, que fez outra bobagem e saiu em último, ousou porque é de sua índole e porque nada podia piorar. Agora, tem metade dos pontos de seu companheiro e 2 x 0 em vitórias na temporada. Situação difícil.

Os carros da F1 não ajudam a ultrapassar. Ficar muito atrás gera turbulência. Soma-se isso a um circuito de rua e boom... confesso que dormi 16 voltas. O resto do grid ficou quase igual. Vettel, Hamilton (que estranhamente parou cedo e queria parar de novo; ia cometer uma bobagem tremenda e perder muitas posições), Raikkonen e Bottas completaram o passeio urbano.

Foto: Getty Images
Depois de Ricciardo, o piloto do dia foi Ocon. A primeira boa corrida do ano. Um ótimo sexto lugar para a Force India que cresceu nas últimas semanas. Outro que foi bem foi Pierre Gasly, marcando mais pontos para a Toro Rosso em sétimo. O motor nipônico é frágil, então aproveitar um circuito de rua e um carro com razoável aerodinâmica torna-se quase obrigação para quem deseja ganhar alguns euros a mais nos construtores. Hulkenberg, Verstappen e Sainz completaram o top 10.

Alonso teve um problema no câmbio e passou zerado pela primeira vez no ano. Agora, só os líderes que foram os únicos a serem presença constante nos pontos (a vantagem de Hamilton para Vettel caiu para 14 pontos). Correndo em casa, Leclerc perdeu o controle do carro e bateu em Hartley na saída do túnel. Depois, foi comprovado que havia um problema no freio de sua Sauber. Faz parte do aprendizado do jovem prodígio. Como escrito antes: muita calma nessa hora. Ademais, o mesmo de sempre: Grosjean e Williams agonizando no fim do grid.

Foto: AOL
O domingo foi dos australianos. A Indy foi proporcionalmente decepcionante. Escreverei com maior afinco sobre isso amanhã. Para dar uma maior emoção e imprevisibilidade, Sato, o vencedor do ano passado, bateu em James Davison. A partir de então, a dinâmica seguiu com mais acidentes.

O novo kit da Indy também fracassou. Poucas ultrapassagens, o que é ruim, e muitos carros saindo de traseira, proporcionando dificuldades, sobretudo aos experientes. Danica Patrick se despediu batendo. Ed Jones (esse nem é tão experiente), Bourdais, Hélio Castroneves e Tony Kanaan se envolveram em batidas. Uma pena para o baiano, que vinha para brigar pela vitória, mas teve um pneu furado e mudou a estratégia. Helinho quer voltar no ano que vem. Muito bacana ver o carinho do público americano com ele.

Alexander Rossi largou em penúltimo e deixou um show. Ultrapassagens por fora, arriscadas. Mereceu mais vencer hoje do que em 2016. Mas não se trata de merecimento, é fazer tudo certo na hora certa e contar com a sorte e competência. Ed Carpenter tinha tudo para ganhar. Perdeu relargando mal. Oriol Servià e Stefan Wilson, irmão de Justin, quase protagonizaram zebras históricas. "Sobrou" para Will Power, com fama de não andar bem em ovais, vencer pela primeira vez a prova histórica, que teve Scott Dixon em terceiro. O gaúcho Matheus Leist fez o que pode. Discreto com sua A.J. Foyt, foi o 13°. Uma corrida de sobrevivência. É o que vale, sendo um rookie em um ano tão desafiador com a mudança do kit.

Esse é o texto introdutório de algo mais amplo que tentarei escrever amanhã. Confira a classificação final do GP de Mônaco e das 500 Milhas de Indianápolis:



Até!

sexta-feira, 25 de maio de 2018

TORCEDORES, CALMA

Foto: Getty Images
Com os pneus hiper-ultra-master-blaster macios (vamos chamar de pneu rosa), a Red Bull dominou os dois treinos. Ricciardo liderou ambos, mas Verstappen não ficou muito atrás. O australiano foi o primeiro na história a fazer uma volta abaixo de 1:12 (1:11.841).

A tendência é que esse tempo seja baixado ainda mais amanhã, no qualyfing. A princípio, os taurinos parecem favoritos em Mônaco. Entretanto, todos sabemos que ninguém ali mostrou realmente seu potencial, sobretudo Ferrari e Mercedes, que tem o famoso "party mode" como trunfo no Q3 e podem descontar essa diferença. Tem tudo para ser um grande treino, onde, como todos sabem, a posição de largada praticamente define tudo nas ruas do Principado.

No pelotão intermediário, a McLaren encontrou dificuldades e problemas na primeira sessão, mas depois conseguiu chegar ao top 10. A Haas parece estar enfrentando dificuldades. A Renault, por sua vez, virou a quarta força.

O grande destaque desses dias de treinos são, sem dúvida nenhuma, os capacetes. Que coisa linda essa versão Mika Hakkinen que o Bottas vai desfilar no domingo! Bacana a homenagem de Charles Leclerc, primeiro monegasco a correr em casa desde 1994, para seu pai e Jules Bianchi, falecidos ano passado e em 2015, respectivamente.

Foto: Reprodução
Foto: Getty Images
Confira a classificação dos dois treinos livres para o GP de Mônaco:



TRISTE SINA

Foto: Reprodução
Depois de uma desclassificação em Baku e um abandono na Espanha, Mônaco era o momento para a retomada de Sérgio Sette Câmara na temporada. O quarto lugar no qualyfing parecia um bom sonho. Entretanto, logo em seguida, virou um pesadelo. O brasileiro bateu forte na Saint Devote. Falando com a equipe no rádio, disse que sentia muitas dores e achava que tinha quebrado a mão. No hospital, ficou constatada uma luxação. Sette Câmara teve sua participação nas duas corridas vetada pelos médicos e já retornou para Barcelona, onde mora, para realizar tratamento, pensando no retorno na próxima etapa, na França, no mês que vem.

O brasileiro perde grande oportunidade de recuperar terreno no campeonato, pois Lando Norris, seu companheiro de equipe e líder do campeonato, bateu e largou dos boxes na corrida 1, que teve a vitória de Arlem Markelov, da Russian Time. Menos mal para Sette Câmara que dois de seus adversários (Alexander Albon e Nyck de Vries) baterem entre si. Mesmo largando em último e com punições, Norris conseguiu um ótimo sexto lugar, aumentando a vantagem no campeonato. Agora são 88 pontos, Albon com 71 e George Russell com 62. Markelov é o quarto 61, seguido de Jake Aitkes com 49 e Sette Câmara empatado com De Vries com 46.




Depois do acidente do Pietro, mais essa agora... os pilotos brasileiros precisam se benzer. Que fase! Que façam uma boa recuperação e retornem rapidamente as pistas.

Até!