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terça-feira, 29 de maio de 2018

A INEVITÁVEL COMPARAÇÃO

Foto: Getty Images

Fim de semana com as duas provas mais importantes do automobilismo, no mesmo dia e apenas separadas por algumas horas. Mesmo que sejam de estilos e abordagens diferentes, é impossível não colocar Mônaco e Indianápolis no mesmo pote e tirar como conclusão qual das duas é a melhor.

Mônaco: o charme, o príncipe Albert, as celebridades, andar nas ruas de Monte Carlo, tão estreitas e desafiadoras para um carro tão largo como o de um F1. “Andar de bicicleta na sala”, diz Nelson Piquet. Sinceramente, não sei o quem interessa isso, só os ricaços que ficam em suas hiates curtindo a vida adoidada que possuem. De resto, o que vale para nós todo esse glamour assistindo pela TV de manhã, com sono e remela no olho?

Praticamente todos os pilotos foram unânimes em descascar a corrida de ontem. "Extremamente chata. Quer dizer, essa provavelmente é a corrida mais chata da F1. Sem um safety-car, uma bandeira amarela... O esporte precisa pensar um pouco sobre o espetáculo, porque é bem decepcionante", foi o que disse Fernando Alonso. Lewis Hamilton: "A mais chata de todas. Foram as 78 voltas mais longas de todas, não foi uma corrida. Não teve qualquer emoção. Não houve nenhuma ação. Quando a prova acabou, apenas agradeci."

Tirando casos exceepcionais (chuva e acidentes diversos), Mônaco é sim diferente. Aproveitando o clima de cassino, qualquer coisa pode acontecer, mas isso tem sido cada vez mais raro. Qual foi a última vitória realmente surpreendente? A do Trulli em 2004, talvez? A culpa não é só do circuito. A F1 tem sua parcela de responsabilidade. Ela não se ajuda. Com regras complicadas e carros que são naturalmente difíceis de acompanhar por perto em circuitos, não é difícil entender que em um circuito de rua isso será ainda mais impossível de ser feito.


Vitória de Trulli foi a última "surpresa" de Mônaco, em 2004. Foto: Getty Images

“É preciso ter ultrapassagens”. Claro. Apenas não concordo com as ultrapassagens artificiais, aquelas com o DRS. Uma corrida não se torna boa só porque teve 3242 trocas de posição onde basta um botão e deixar o carro da frente sem defesa. A disputa também pertence ao espetáculo. Alonso e Schumacher em 2006 que o digam. A aerodinâmica precisa ser repensada, mas não pode ser no 8 ou no 80. É preciso ter disputa, com chances de atacar e se defender de uma posição, não uma procissão ou uma artificialidade. Mônaco e toda a F1, hoje, não tem nenhuma das duas coisas. Para valorizar o espetáculo, é necessário criar condições para isso. A Liberty já entendeu o recado. Agora é ver o que eles estão tramando para o ano que vem e as novas regras de 2021.



Na Indy, o novo kit foi traiçoeiro. Carros mais lentos e muitas escapadas de traseiras fizeram vítimas experientes. Também não foi uma corrida repleta de ultrapassagens, exceto nas relargadas e o show de Alexander Rossi, que largou lá atrás. A Indy é uma prova muito mais democrática. Ela respeita a tradição do Bump Day e sempre dá a oportunidade para algum underdog fazer história. Ontem, por exemplo, se a amarela se mantivesse por mais algumas voltas, Oriol Servià ou Stefan Wilson (irmão do Justin) poderiam ter quebrado a banca. Não foi possível. Takuma Sato foi o vencedor do ano passado. Alexander Rossi, recém saído da F1, teve uma vitória caída do céu.

O fato é que, nesse final de semana, as duas corridas deixaram a desejar. Por tudo o que representam, o público merecia algo melhor. Evidente que nem sempre é possível fazer a corrida dos sonhos. A Indy se aproxima mais disso com vencedores diferentes, muitas surpresas e histórias de vida. O caso da F1 é muito mais preocupante. Apesar do equilíbrio das três equipes em termos de números (duas vitórias para cada), as corridas dependem basicamente do imponderável, e não é sempre que ele acontece. E quando não se concretiza, as corridas não passam de uma procissão por Mônaco.

Rossi foi um dos poucos ousados a fazer grandes ultrapassagens ontem. Foto: Autoweek

Até!

segunda-feira, 28 de maio de 2018

MARCHA LENTA

Foto: Getty Images
Dois anos da decepção, a redenção. Finalmente Daniel Ricciardo venceu no Principado. Pela primeira vez na carreira a vitória veio largando da pole, o que quebra uma "tradição" de vitórias em atuações espetaculares, repletas de ultrapassagens, ousadia e reviravoltas. Bom, se considerarmos que o motor de sua Red Bull perdeu 160 cv devido a um problema e fez com que o australiano usasse apenas seis marchas durante mais da metade da corrida, pode-se considerar que foi uma vitória épica. Depende da boa vontade de quem julga. Segurar o pelotão com um carro 20 km/h mais lento na reta em Mônaco é ou não é um feito louvável? Eu acho. Uma bela vitória da Red Bull em sua corrida número 250, que teve de David Coulthard de Super Homem até o Shoey de Ricciardo no pódio de Monte Carlo.

O parágrafo está bem longo. É muito difícil escrever mais do que isso. Todos sabemos o que Mônaco representa no glamour e na parte esportiva. Bem, hoje não teve esporte. Foi um passeio, corroborado pelos próprios pilotos. O problema é da pista ou da aerodinâmica? Ou os dois? Na F2, há ultrapassagens. Hoje, apenas Max, que fez outra bobagem e saiu em último, ousou porque é de sua índole e porque nada podia piorar. Agora, tem metade dos pontos de seu companheiro e 2 x 0 em vitórias na temporada. Situação difícil.

Os carros da F1 não ajudam a ultrapassar. Ficar muito atrás gera turbulência. Soma-se isso a um circuito de rua e boom... confesso que dormi 16 voltas. O resto do grid ficou quase igual. Vettel, Hamilton (que estranhamente parou cedo e queria parar de novo; ia cometer uma bobagem tremenda e perder muitas posições), Raikkonen e Bottas completaram o passeio urbano.

Foto: Getty Images
Depois de Ricciardo, o piloto do dia foi Ocon. A primeira boa corrida do ano. Um ótimo sexto lugar para a Force India que cresceu nas últimas semanas. Outro que foi bem foi Pierre Gasly, marcando mais pontos para a Toro Rosso em sétimo. O motor nipônico é frágil, então aproveitar um circuito de rua e um carro com razoável aerodinâmica torna-se quase obrigação para quem deseja ganhar alguns euros a mais nos construtores. Hulkenberg, Verstappen e Sainz completaram o top 10.

Alonso teve um problema no câmbio e passou zerado pela primeira vez no ano. Agora, só os líderes que foram os únicos a serem presença constante nos pontos (a vantagem de Hamilton para Vettel caiu para 14 pontos). Correndo em casa, Leclerc perdeu o controle do carro e bateu em Hartley na saída do túnel. Depois, foi comprovado que havia um problema no freio de sua Sauber. Faz parte do aprendizado do jovem prodígio. Como escrito antes: muita calma nessa hora. Ademais, o mesmo de sempre: Grosjean e Williams agonizando no fim do grid.

Foto: AOL
O domingo foi dos australianos. A Indy foi proporcionalmente decepcionante. Escreverei com maior afinco sobre isso amanhã. Para dar uma maior emoção e imprevisibilidade, Sato, o vencedor do ano passado, bateu em James Davison. A partir de então, a dinâmica seguiu com mais acidentes.

O novo kit da Indy também fracassou. Poucas ultrapassagens, o que é ruim, e muitos carros saindo de traseira, proporcionando dificuldades, sobretudo aos experientes. Danica Patrick se despediu batendo. Ed Jones (esse nem é tão experiente), Bourdais, Hélio Castroneves e Tony Kanaan se envolveram em batidas. Uma pena para o baiano, que vinha para brigar pela vitória, mas teve um pneu furado e mudou a estratégia. Helinho quer voltar no ano que vem. Muito bacana ver o carinho do público americano com ele.

Alexander Rossi largou em penúltimo e deixou um show. Ultrapassagens por fora, arriscadas. Mereceu mais vencer hoje do que em 2016. Mas não se trata de merecimento, é fazer tudo certo na hora certa e contar com a sorte e competência. Ed Carpenter tinha tudo para ganhar. Perdeu relargando mal. Oriol Servià e Stefan Wilson, irmão de Justin, quase protagonizaram zebras históricas. "Sobrou" para Will Power, com fama de não andar bem em ovais, vencer pela primeira vez a prova histórica, que teve Scott Dixon em terceiro. O gaúcho Matheus Leist fez o que pode. Discreto com sua A.J. Foyt, foi o 13°. Uma corrida de sobrevivência. É o que vale, sendo um rookie em um ano tão desafiador com a mudança do kit.

Esse é o texto introdutório de algo mais amplo que tentarei escrever amanhã. Confira a classificação final do GP de Mônaco e das 500 Milhas de Indianápolis:



Até!