segunda-feira, 26 de junho de 2017

VIROU BADERNA

Foto: Getty Images
"Mas o que é isso?" O gesto de Ricciardo diz tudo. Vou tentar explicar o que aconteceu na corrida de hoje baseado nos fatos da prova: aleatoriedade total. Posso afirmar que: Ricciardo, azarado na Espanha e em Mônaco ano passado, vê a sorte sorrir na Malásia 2016 e hoje. Enquanto isso, Max Verstappen abandonou pela quarta vez em seis corridas. O mais desavisado, o "analista de resultado", pode achar que o australiano está dando um banho no holandês (afinal, está 92 a 45 na classificação), mas não. Parece que todo o "azar" de Ricciardo passou para Verstappen, que não tem resultados que corroborem com seu desempenho em 2017. Até quando?

A corrida de hoje foi uma fiel reprodução do automobilismo norte-americano. Inúmeros acidentes, bandeiras amarelas, Safety Cars e até bandeira vermelha. Essa sequência de acontecimentos caóticos beneficiou Valtteri Bottas. De praticamente fora da corrida, mais de um minuto e meio atrás do primeiro carro a frente no início da prova, vítima de uma batida em Raikkonen na segunda curva, o Safety Car permitiu ao finlandês tirar a volta de atraso e voltar colado no pelotão, ultrapassando quase todo mundo (e contando com a "sorte", é claro) para chegar na segunda posição. Apesar do erro inicial, na minha opinião ele foi o piloto do dia.

Foto: Getty Images
É, temos que engolir Lance Stroll como o piloto mais jovem a conseguir o pódio no ano de estreia na F1. Não, ele não é o mais jovem a estar no pódio, esse é Verstappen, que atingiu o feito em seu segundo ano de categoria. Desde Alemanha 2001 que um canadense não subia ao pódio, com Jacques Villeneuve a bordo de sua BAR Honda. Deixando o momento PVC de lado, concluo que: pela primeira vez, Stroll apresentou um ritmo de razoável para bom em um final de semana. Superar Massa no treino livre e na classificação é um claro indicativo disso. Dizem que ele copia os setups do brasileiro desde o Canadá, o que pode fazer sentido. Enfim, méritos para o canadense que conseguiu quebrar a banca ao não bater na curva do castelo e sobreviver aos incidentes da corrida, sempre imprimindo um bom ritmo para conquistar o terceiro lugar. Poderia ter sido segundo, mas tirou o pé antes da linha de chegada e foi passado por Bottas. Ao menos um errinho tinha que ter, né? Senão não seria Stroll, hehehe. Parabéns ao garoto.

Foto: Getty Images
É quase unânime que "Massa iria vencer se não tivesse abandonado". Um abandono estranho, aliás. Um problema na suspensão logo depois da bandeira vermelha. Voltando ao assunto, acho um raciocínio muito simplista. É óbvio que ele fazia a sua melhor corrida no ano e tinha reais chances de pódio. Entretanto, vale lembrar que Bottas já estava escalando o pelotão e é muito fácil fazer esse tipo de previsão após o ocorrido com Hamilton e Vettel. Se for assim, os dois citados poderiam ter vencido "se", assim como a dupla da Force India, Raikkonen e Verstappen. Não existe. Azar para o brasileiro, que poderia ter, sim, conquistado um grande resultado. Não sei se a vitória, mas certamente o pódio no lugar de Stroll. Apesar disso, Massa segue a frente do jovem canadense no campeonato: 20 a 17.

A Force India não apaziguou os ânimos e perderam, outra vez, boa chance de conquistar um resultado espetacular. No início, achei que Pérez teve responsabilidade, mas depois me dei conta de que ele já estava quase no muro quando foi acertado por Ocon. Represália pelo jogo duro no Canadá? Bom, pior para o mexicano que abandonou e o francês, que poderia ter conquistado um pódio inédito, conseguiu se recuperar e chegar em sexto. O clima está fervendo entre os dois. Se não existir pulso firme, a equipe pode perder mais oportunidades de progressão, e a carreira dos dois pode ter a reputação abalada. Hora do puxão de orelha e evitar a auto-destruição de seus carros.

Foto: Getty Images
Juro que estava esquecendo. Aconteceu tanta coisa que acabei deixando o principal para o quase fim. A FIA concluiu que Hamilton não fez o que o estavam acusando, de break test intencional. Nas outras relargadas o inglês fez o mesmo. A questão é que Vettel, para não ser atacado, ficou colado, até demais. Espera. Hamilton foi irresponsável ao ficar a 40 km/h na saída de uma curva e início de uma reta. Já foi advertido várias vezes sobre isso. Vettel, por mais irritado que estivesse, não poderia ter feito o que fez, mesmo que a 40 km/h. É anti-profissional. Não houve punição, mas sim um arranjo político. Hamilton, com problemas na proteção do cockpit, foi obrigado a parar. Para que a situação não soasse injusta, Vettel foi punido com 10 segundos de stop and go por "direção perigosa", coincidentemente anunciado pela FIA após a parada do inglês. Foi brando. Os dois saíram no lucro nesse caso.

Foto: Reprodução
Hamilton foi o mais prejudicado. De uma vitória quase certa e uma diminuição na distância para o líder, acabou saindo de Baku com mais dois pontos de desvantagem. Pelo que foi o final de semana, Vettel foi o "vencedor", agora com 14 pontos a frente do tricampeão (153 a 139). O que era uma rivalidade relativamente cordial acabou incinerada. Mercedes x Ferrari. Hamilton x Vettel. Não tem reuniões nem nada para esfriar os ânimos. Vai ter muito jogo político, falcatrua e outros estranhamentos na pista. Como é bom ver duas equipes brigando pelo título. Que vença!

Para finalizar, coisas importantes que parecem não ter sido diante do que aconteceu hoje: Alonso marcou os primeiros pontos da McLaren no campeonato. Inacreditável ver os dois carros da equipe terem sobrevivido a reta de Baku sem a explosão dos motores. Não só isso, como também passaram as Sauber na reta! Enfim, os ingleses seguem na lanterna dos construtores. Wehrlein conseguiu mais um pontinho para os suíços. Será que vão demitir ele por estar atrapalhando o plano de Ericsson e seus investidores? Só com uma corrida de 10 carros para ver o sueco pontuar, pelo jeito.

Magnussen conseguiu bons pontos para a Haas. Está vencendo o teoricamente líder de equipe e especulado na Ferrari Romain Grosjean. O dinamarquês, dentro do que é possível, mostra seu valor, mostrando condições de se manter no pelotão intermediário da F1. Sainz se recuperou das barbeiragens e foi o oitavo.

Bastou especularem Alonso na Renault para que os franceses fossem a única equipe zerada do final de semana. Hulk cometeu um erro bobo. Palmer, quando não é ele é o carro, mas quem se importa? Está com os dias contados. Nico tem que aguentar sete anos sem pódio, enquanto Stroll conquista seu primeiro na oitava corrida da carreira. Síndrome de Heidfeld é inevitável.

Confira a classificação final do GP do Azerbaijão. A próxima etapa será o Grande Prêmio da Áustria, nos dias 7, 8 e 9 de julho. Até lá!




sexta-feira, 23 de junho de 2017

PONTO DE INTERROGAÇÃO

Foto: Reprodução

Hoje vai ser jogo rápido. Alguns pitacos para o treino classificatório para o Grande Prêmio do Azerbaijão.

A Red Bull surpreende ao liderar as duas sessões uma pista que é travada sim, verdade, mas possui a maior reta da F1 - cerca de 2 km -. Verstappen pode surpreender. Os taurinos mostraram bom ritmo de corrida nos stints. É possível que pela primeira vez na temporada tenhamos três equipes brigando pela vitória.

Mercedes e Ferrari seguem fortes. Os alemães ainda com problemas para atingir a temperatura ideal do pneu, especialmente Hamilton, superado por Bottas. Se o tricampeão não resolver seus problemas, pode perder mais pontos importantes na briga pelo título. Vettel, quase impecável nesse ano, agradece.

Foto: Getty Images

O circuito encaixa perfeitamente com as características de Force India e Williams. Impulsionados pelos motores Mercedes, é uma grande chance de ganharem bons pontos. Massa precisa se recuperar da urucubaca de não ter completado as últimas três corridas e estou ansioso para ver como a Force India irá se comportar depois do pequeno conflito no Canadá, o duelo entre Pérez e Ocon. O mexicano foi o primeiro a bater hoje. Efeitos da acirrada briga interna? Mesmo assim, foi mais rápido que o francês.

Foto: Humberto Corradi
A McLaren segue com a saga de buscar o melhor desempenho com um novo motor. Alonso testou uma nova versão cerca de 11 km/h mais veloz que a atual, mas a unidade motriz teve problemas (pra variar) e o espanhol irá utilizar a antiga. Os dois pilotos foram punidos pela troca de peças acima do limite do regulamento e irão largar na última fila. Com essa reta e esse frágil motor, até quando a McLaren irá sobreviver na corrida?

Palmer bateu também. Crescem os boatos de Kubica testar pela Renault em um treino livre em Monza, em Setembro. Contagem regressiva para a saída da F1.

Confira os tempos do TL1 e TL2 do GP do Azerbaijão:

Até!




GP DO AZERBAIJÃO - Programação

O circuito de rua de Baku, capital do Azerbaijão, irá receber a F1 pela segunda vez na história. No ano passado, foi com a alcunha de GP da Europa. Dessa vez, será como Grande Prêmio do Azerbaijão, portanto, o primeiro da história.

Um circuito urbano tão estreito como o de Mônaco, com retas tão rápidas como em Montreal, no Canadá, e com quase tantas curvas quanto o de Singapura.

O traçado é de autoria do arquiteto Hermann Tilke, responsável pelos desenhos de diversas pistas do calendário. A prova passará por diversos pontos turísticos, mostrando a mescla entre a arquitetura medieval e os modernos arranha-céus da cidade.

O traçado tem 6km, apenas menor que uma volta ao circuito de Spa-Francorchamps. A pista terá 20 curvas, perdendo apenas para Singapura, com 23, e Abu Dhabi, com 21.

Mas a grande característica do circuito é sua largura. Ainda que o regulamento exija que as pistas devem ter no mínimo 12m de largura, em Baku isso será consideravelmente menor, com o máximo de 13m e, em determinados pontos apenas 7,6m. Os carros atualmente têm 1,8m de largura.

A partida e chegada terá lugar na praça Azadliq, um dos principais pontos turísticos de Baku. A velocidade máxima deverá rondar os 340 km/h no final da enorme reta do circuito.

Foto: Wikipédia
ESTATÍSTICAS:
Melhor volta em corrida: Nico Rosberg - 1:46.485 (Mercedes, 2016)
Pole Position: Nico Rosberg - 1:42.758 (Mercedes, 2016)

ABITEBOUL DESCARTA, "POR ENQUANTO", KUBICA NA RENAULT

Foto: Getty Images

As redes sociais estão em polvorosa com o possível retorno de Robert Kubica para a F1, algo impensável até algumas semanas atrás, quando o polonês realizou um teste com a Lotus de 2012 em Valência. Ele andou 115 voltas e foi mais rápido que Sergey Sirotkin, piloto reserva da equipe francesa.

Entretanto, Cyril Abiteboul, chefe da Renault, freou as expectativas da mídia e dos fãs: "Neste caso precisamos ter um pouco de precaução, porque estamos falando de um indivíduo que todos amamos, com uma imagem fantástica, e que sofreu uma situação muito difícil de uma perspectiva pessoal. Então eu peço que, nesta ocasião, todos tenhamos um pouco de cautela", comentou.

Cauteloso, o chefe da Renault afirma que, no momento, Kubica não está na lista de alternativas da equipe para a temporada 2018, o que não quer dizer que ele esteja descartado. Ele sim descartou a possibilidade de troca de Jolyon Palmer, muito criticado pelo seu fraco desempenho até agora, zerado na temporada. Hulkenberg marcou os 18 pontos da Renault por enquanto."Em algum ponto teremos que rever as opções. Se até lá, Robert virar uma opção, então daremos uma olhada. No momento em que conversamos, ele não está na lista. Ele tem muitas coisas a atingir para que possa estar na lista", finalizou.

Normal a postura de Abiteboul. Nunca que ele publicamente iria admitir a contratação da polonês e, consequentemente, a incineração de Palmer, que já podemos dizer que não permanecerá para o ano que vem (aliás, sua renovação para esse ano já foi sem sentido). A questão interessante que fica é: se Kubica não foi descartado e Alonso está de saída da McLaren e com as portas fechadas nas três principais equipes da F1, a opção natural seria a terceira passagem pelos franceses, não? Estariam Kubica e Alonso brigando pela vaga de companheiro de equipe de Hulkenberg para 2018? Um dos dois (ou ambos mesmo) têm alguma carta na manga? (leia-se Williams, Sauber, Indy, etc) Saberemos em breve...

"LEICESTER DA F1"? IMPROVÁVEL

Foto: Daily Mail
É o que acredita Felipe Massa. Fã de futebol, o são-paulino mora em Mônaco e acompanha esporadicamente os jogos da equipe do Principado, que nessa temporada sagrou-se campeã francês após 17 anos de jejum e conseguiu chegar nas semi-finais da UEFA Champions League, eliminada pela vice-campeã Juventus. Tá, chega de futebol hahaha

O brasileiro da WIlliams disse ser difícil que uma equipe pequena consiga encarar as grandes fábricas numa disputa de campeonato. Para ele, a situação só poderia mudar a partir do fim do atual Pacto de Concórdia, que se encerra em 2020. É bem difícil ver no futebol um time que não tem dinheiro vencer todo mundo. É difícil, sabe? Mas talvez seja mais fácil no futebol do que na F1”, ponderou.
Massa acredita que a F1 precisa de grandes mudanças se quiser ver uma equipe média/pequena bater de frente com Mercedes, Ferrari e Red Bull, por exemplo.“Todos querem mudar, todos querem ajudar, mas a política precisa parar e vai levar um pouco mais de tempo”, opinou.

Antes que perguntem sobre a Brawn: Era o espólio da Honda com um motor Mercedes de última hora. Portanto, um grande investimento. É evidente que equipes pequenas e garagistas já surpreenderam, mas isso foi até os anos 1970 ou 1980. Hoje, em tese, quem gasta mais sempre irá estar na frente. O "em tese" é frisado pelos casos distintos de Force India e McLaren, onde um, com o orçamento limitado, consegue andar na frente e beliscar um pódio, enquanto a outra está fracassando há três anos e não vence há cinco.

É a velha história: a F1 precisa atrair os investidores. Para isso, é necessário baratear os custos que ficaram exorbitantes na última década e parar de mudar o regulamento a cada três anos, o que gera mais despesa ainda. Se a Mercedes, atual tricampeã, teve prejuízo no último ano, imagina as equipes médias? Só mudando que, quem sabe, uma Force India possa brigar pela Ferrari por um título, algo como foi a Jordan do Frentzen em 1999 contra Hakkinen e Irvine. Sabemos que isso tudo é política e as chances de ocorrer são mínimas. Espero que a Liberty Media também perceba isso e tente fazer alguma coisa nos próximos anos.

CLASSIFICAÇÃO:
1 - Sebastian Vettel (Ferrari) - 141 pontos
2 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 129 pontos
3 - Valtteri Bottas (Mercedes) - 93 pontos
4 - Kimi Raikkonen (Ferrari) - 73 pontos
5 - Daniel Ricciardo (Red Bull) - 67 pontos
6 - Max Verstappen (Red Bull) - 45 pontos
7 - Sérgio Pérez (Force India) - 44 pontos
8 - Esteban Ocon (Force India) - 27 pontos
9 - Carlos Sainz Jr (Toro Rosso) - 25 pontos
10- Felipe Massa (Williams) - 20 pontos
11- Nico Hulkenberg (Renault) - 18 pontos
12- Romain Grosjean (Haas) - 10 pontos
13- Kevin Magnussen (Haas) - 5 pontos
14- Pascal Wehlrein (Sauber) - 4 pontos
15- Daniil Kvyat (Toro Rosso) - 4 pontos
16- Lance Stroll (Williams) - 2 pontos

CONSTRUTORES:
1 - Mercedes - 224 pontos
2 - Ferrari - 214 pontos
3 - Red Bull TAG Heuer - 112 pontos
4 - Force India Mercedes - 71 pontos
5 - Toro Rosso Renault - 29 pontos
6 - Williams Mercedes - 22 pontos
7 - Renault - 18 pontos
8 - Haas Ferrari - 15 pontos
9 - Sauber Ferrari - 4 pontos

TRANSMISSÃO










quinta-feira, 22 de junho de 2017

O ACERTO QUE DEMITE

Foto: Independent
Hoje a Sauber anunciou uma notícia que poderia ter sido veiculada há alguns anos. Monisha Kaltenborn foi demitida da equipe e, portanto, não é mais a chefe da escuderia suíça, cargo que ocupou durante cinco anos. A indiana entrou para a história como a primeira mulher a ocupar o cargo de chefe na história da categoria. Hoje, resta Claire Williams, que assumiu o posto pouco depois de Monisha.

A indiana trabalha na Sauber desde 2000, quando advogava para o banco suíço Credit Swiss, que passou a patrocinar a equipe em 2001. Ela atuava na área legal das atividades do banco e do time. Aos poucos, foi subindo na empresa até assumir, de forma surpreendente, o comando da Sauber, substituindo o dono, Peter, que se aposentou. Ela ficou com 33,5% das ações da equipe até o ano passado, quando abriu mão após a venda da Sauber para os investidores suíços.

Sua gestão na F1 foi um desastre. Um erro atrás do erro. Equívocos de contratação e, pasmem, com sérios problemas financeiros e jurídicos, sua área de formação. O ano de 2015 foi emblemático. Ela contratou Nasr e Ericsson, assim como havia assinado com Giedo Van der Garde, Adrian Sutil e até Jules Bianchi, dizem as más línguas. Van der Garde entrou na justiça e causou embaraço para toda a organização quando ganhou o direito de correr pela equipe. Lá estava o holandês, de macacão, esperando seu carro. Monisha teve que pagar R$ 56 milhões ao piloto para resolver a situação, piorando ainda mais a caótica situação da financeira da equipe, que culminou com a venda para investidores suecos no ano passado.

Foto: Getty Images

A Sauber obviamente nega, mas o motivo da demissão de Monisha nem é sua incompetência na gestão da equipe nos últimos anos, mas sim uma desavença nos rumos que a equipe deveria tomar. Ano passado, Ericsson foi alçado a piloto número 1, uma exigência dos donos da equipe, suecos ligados a ele. O que aconteceu? Com a possibilidade financeira de apenas melhorar um carro, todas as atualizações iam para Ericsson, e Nasr ficava com a sobra. Óbvio que o mediano sueco passou a andar na frente do brasileiro, que mesmo assim, passando por cima de ordens da equipe, conseguiu pontuar e salvar os suíços da falência, mas que indiretamente decretou o fim da Manor.

Para esse ano, a estratégia é a mesma: foco para Ericsson, Wehrlein que se exploda. Acontece que, mesmo duas corridas ausente, o alemão conseguiu um heroico oitavo lugar, o que Ericsson jamais terá a capacidade de alcançar, por ser menos piloto. Monisha, dessa vez, recusou a "orientação", pois obviamente percebeu que isso seria uma burrada colossal, afinal, o futuro da equipe está em jogo.

Foto: Auto Sport

Resumo da ópera: Monisha é demitida talvez na sua única decisão acertada em cinco anos de Sauber, que seria no mínimo a igualdade de condições entre Wehrlein e Ericsson. A indiana entra na história como uma estatística interessante de quebra de barreiras e preconceitos, assim como também entra na história pelo trabalho que quase afundou a Sauber, equipe simpática do meio do grid que hoje luta para sobreviver, é o pior carro da F1 e ganha a antipatia dos fãs em virtude do protecionismo a Ericsson. E ano que vem terá a Honda como fornecedora de motores. Que dupla, hein?

Óbvio que o investimento só está sendo feito porque Ericsson está lá. Do contrário, a F1 teria hoje nove equipes. Colin Kolles, ex-Hispania, é o favorito a assumir o cargo. Para esse final de semana, o gerente do time, Beat Zehnder, e o diretor técnico Jorg Zander ficarão responsáveis pelas operações do time no GP do Azerbaijão, em Baku. Uma coisa é certa: Wehrlein vai sofrer. Será difícil fazer mais do que já fez, e não verei como um fato normal se ele passar a ser constantemente batido pelo companheiro e ter problemas no carro, bem como estratégias de boxes equivocadas.

Até!



quarta-feira, 21 de junho de 2017

VÍDEOS E CURTINHAS #32 - TROCA-TROCA?

Foto: Badger GP
Fala, galera! Semana do "inédito" GP do Azerbaijão chegando e vamos falar sobre um assunto que domina as especulações na Europa: Williams, McLaren, Honda e Mercedes.

A história é a seguinte: é pública e notória a insatisfação da equipe de Woking com os japoneses. Não preciso relembrar a vexatória passagem da Honda até aqui. Pois bem. Com a paciência esgotada, a McLaren estaria negociando um retorno de parceria com a Mercedes para o ano que vem e rescindir com a Honda. No início, parece difícil, afinal os japoneses injetam alta quantia na equipe e pagam o contrato de Alonso. Depois, foi especulado que o contrato com os alemães seria apenas por um ano, com a Honda retornando em 2019, com testes, experiências e knowhow adquirido durante essa "ausência" da McLaren (pois estarão com a Sauber, de toda a forma).

A curto-prazo, parece ser a decisão mais correta. Uma equipe repleta de investimentos e reputação a zelar não pode ter mais um ano pífio. A McLaren teria total razão em seu ato. Entretanto, estaria abrindo de mão de poder brigar como equipe de ponta devido ao fato de aceitar os motores atrasados dos alemães, tal qual Williams e Force India, tornando-se uma coadjuvante de luxo. Nesse contexto, é muito melhor que ficar zerada e em último na tabela, não é? Mas e o futuro, seria se contentar com o fornecimento de motores atrasados? A McLaren está em uma encruzilhada.

Foto: Pinterest
Aí que a Williams entra na jogada. De olho em um possível rompimento da McLaren com a Honda, os ingleses estariam dispostos a retomar uma parceria de sucesso nos anos 1980 com os japoneses, onde sagraram-se campeões em 1983, 1986 e 1987. Para a Williams, seria uma jogada arriscada para o longo-prazo. Claire já negou, afirmando preferir "ganhar pouco, ter um bom motor e ficar em quarto nos construtores" do que "ganhar milhões e ficar em nono".

Pois bem Claire, a Williams ganha razoavelmente bastante para ficar em sexto nos construtores por ter um novato ruim e um semi-aposentado quando poderia ser quarto, então não faria muita diferença, não? E outra: seria uma oportunidade da Williams retomar um protagonismo perdido desde o final da parceria com a BMW. Lógico que o processo poderia ser beeem lento, quase inexistente igual com a McLaren (imagina Stroll de Honda??? Desastre total, isso até anteciparia a segunda aposentadoria de Massa), mas melhor arriscar com uma garantia financeira (ou, no pior dos casos, complementar com Stroll) do que viver no vermelho sendo coadjuvante da F1 e da Mercedes, ao meu ver.

Para completar, também já se noticia uma possível parceria entre McLaren e a Alfa Romeo. Seria benéfico para os dois: os ingleses gastariam menos e os italianos teriam menos custos para o retorno da marca à F1, sem a necessidade de criar uma equipe. Entretanto, isso já é quase uma fanfic... Deixemos assim.

Resumindo: A troca seria benéfica para ambos, por motivos diferentes. No curto-prazo, melhor para a McLaren. A longo-prazo, a Williams poderia se dar bem. Aguardemos.

Foto: F1
A FIA lançou o calendário provisório da F1 em 2018. Como sempre, Austrália (25/03) abre e Abu Dhabi (25/11) fecha o ano, com o Brasil como penúltima etapa, no dia 11/11. As novidades são o fato de o calendário ter 21 corridas, o que pode significar a temporada mais extensa da história da categoria, com o retorno dos GPs da França, em Paul Ricard (ausente desde os anos 1980) e o GP da Alemanha, ausente desse ano. Por falar nisso, esse calendário já não contempla mais a Malásia, que se despede do circo após 17 anos na F1 e algumas mudanças pontuais. Outro grande destaque: três corridas consecutivas entre o fim de junho e julho, totalizando quatro provas em cinco semanas, algo absolutamente inédito na F1. Confira:


F-E EM SÃO PAULO: A Fórmula E também lançou o calendário provisório da temporada 2017/2018. A novidade seria a realização de um ePrix em São Paulo, dia 17 de março de 2018, no circuito do Anhembi, onde a Indy realizou suas edições alguns anos atrás. A etapa da Alemanha não tem local definido e uma outra data aguarda a confirmação de um outro país. Veja:


Para finalizar, tentei encontrar algum vídeo com nexo e histórico aqui, mas falhei. Para não deixar sem nada (e não mudar o título do post hehehe), aqui vai um Fast Facts rapidinho do GP do Azerbaijão para que você aprenda e conheça algumas curiosidades sobre o circuito, a cidade e o país. Até!





segunda-feira, 19 de junho de 2017

FIM DO JEJUM

Foto: Getty Images
A última vitória brasileira em Le Mans havia sido em 2009, com Jaime Melo Jr. No entanto, esse tabu acabou hoje. Daniel Serra, a bordo da Aston Martin Racing juntamente com Jonny Adam e Darren Turner, na classe LMGTE-Pro. A batalha não foi fácil e foi apenas resolvida nas voltas finais. A disputa estava acirrada com o Corvette de Jan Magnussen, Antonio Garcia e Jordan Taylor.

Faltando menos de cinco minutos para o fim, Adam e Taylor estavam a menos de um segundo de distância. O Aston Martin tentou passar, mas o Corvette defendeu bem a posição. Entretanto, na volta final, Taylor não resistiu a forte pressão e acabou ultrapassado por Adam, que conduziu a Aston Martin a vitória. Daniel Serra encerra um jejum brasileiro logo em sua primeira participação na tradicional prova, na edição que mais teve brasileiros: oito (seria nove, caso Di Grassi estivesse presente).

O incidente causou um furo no pneu do Corvette, que se arrastou na pista nas últimas voltas, o que possibilitou uma dobradinha brasileira: a Ganassi Ford GT #67, com Pipo Derani, Andy Priaulx e Harry Tincknell. Um dos estreantes em Le Mans, Tony Kanaan, que substituiu de última hora Sébastien Bourdais, foi o sexto na categoria, 23° no geral, também pela Ganassi, juntamente com Dirk Müller e Joey Hand.

Foto: Porsche Motorsport
Na classficação geral, foi uma prova dramática, repleta de reviravoltas e emoções. Como de praxe, a Toyota, que largou na pole, teve um problema na embreagem e abandonou. A liderança caiu no colo da Porsche 919 Hybrid #1. Todavia, uma falha no óleo logo na manhã de domingo estragou os planos dos alemães. A corrida teve, por algumas horas, o inimaginável: um LMP2, de Jackie Chan (!!!!) na liderança.

Na primeira parte da prova, o Porsche #2, encabeçado por Timo Bernhard, Earl Bamber e Nick Tandy teve um problema híbrido e ficou durante um bom tempo nos boxes, voltando na 57a e última posição. Com o carro no modo classificação e em um ritmo espetacular, rapidamente acabou tirando a vantagem em relação aos restantes e, contando com a sorte dos abandonos das Toyotas e da outra Porsche, acabou ultrapassando na hora final o Oreca-Gibson #38 do chinês Ho-Pin Tung para vencer as 24 Horas, o 19° triunfo dos alemães em 85 edições de Le Mans.

A corrida foi tão caótica e imprevisível que apenas dois dos seis carros da LMP2 terminaram as 24 Horas. A Toyota TS050 Hybrid #8, de Sébastien Buemi, Kazuki Nakajima e Anthony Davidson, com problemas durante a noite, terminou em oitavo na classificação geral, sem qualquer chance de brigar na ponta. É meio constrangedor ter apenas duas montadoras disputando a classe principal. Saudades da Audi...

Quem se deu bem foram os carros da LMP2, que mostraram o seu valor. Beneficiada pela série de quebras da LMP1, a equipe de Jackie Chan com Tung, Oliver Janis e Thomas Laurent venceu na categoria e ficou em segundo na classificação geral. A Rebellion teve um final frustrante. Após liderar boa parte da prova, o carro de André Negrão, aniversariante do dia, teve uma falha no freio e abandonou, possibilitando a Nelsinho Piquet, Mathias Beche e David Heinemeier-Hansson um pódio improvável no geral. Mais um pódio em categoria diferente para Nelsinho. Impressionante!

Foto: Reprodução/FIA
Rubens Barrichello, estreante em Le Mans aos 45 anos, foi o 12° na LMP2, 14° na classificação geral. A Racing Team Nederland, com o chassi Dallara em fase de desenvolvimento e inferior aos Oreca, teve em sua companhia Jan Lammers e Frits Van Eerd. O Oreca-Gibson #13 da Rebellion Racing de Bruno Senna foi apenas o 15° (17° no geral). Apesar de liderar no início, o carro sofreu com problemas no câmbio na segunda metade da prova, o que explica a queda de rendimento.

Por fim, na LGTE-Am, vitória fácil da Ferrari 458 Italia da JMW Motorsport, formada por Robert Smith, Will Stevens (ele mesmo, ex-F1!) e Dries Vanthoor. Largando na pole, o Corvette #50 do brasileiro Fernando Rees, pole position pela Larbre Compétition, foi apenas o 15° na classe.

Por hoje é isso. Durante a semana, teremos mais posts para abordarmos o primeiro Grande Prêmio do Azerbaijão de F1. Até!

terça-feira, 13 de junho de 2017

CULHÃO E DESOBEDIÊNCIA

Foto: F1Fanatic

O que chamou a atenção na corrida do último final de semana foi a disputa caseira na Force India entre Sérgio Pérez e Esteban Ocon. Os dois formam uma das melhoras duplas da F1, onde ambos aproveitam quase todas as oportunidades para marcar o máximo de pontos possíveis (não pontuaram apenas em Mônaco), consolidando o quarto lugar da equipe nos construtores, com 71 pontos. A Toro Rosso, quinta colocada, tem apenas 22.

Muito já foi debatido sobre Pérez não ter carro para atacar Ricciardo, enquanto Ocon, com pneus mais novos, poderia tentar beliscar um pódio para equipe, o que seria o primeiro da carreira. Pérez bateu o pé, mesmo diante da insistência do francês no rádio. Pérez é o líder da equipe, está na sua quarta temporada na Force India e a sétima na F1. Ocon ainda não completou um ano na categoria, uma ascensão relativamente rápida. Como líder, Pérez não quis dar o braço a torcer e ceder o lugar para o novato. Se é mais rápido, que me ultrapasse na pista então.

Foto: GP Update

O que não faltou foi tentativa. Ocon insistia, mas Pérez se defendeu de forma bastante contundente. Ocon teve que recolher para evitar o desastre que seria se os dois colidissem no final da prova. Resultado: Ricciardo fugiu e Vettel chegou, passando os dois. Detalhe: o alemão ultrapassou facilmente o mexicano, o que deve ter irritado demais Ocon.

Pelo entretenimento, Pérez ganhou pontos. Não se rendeu ao jogo de equipe e proporcionou um belo espetáculo. Conseguiu sustentar a posição e mostrar a força do piloto mais experiente e dono do pedaço interno da equipe. Por outro lado, faltou espírito de equipe e pulso firme da Force India. Óbvio que, diante das circunstâncias, não tinha como obrigar Pérez a deixar Ocon passar. Na cabeça do mexicano, uma atitude dessas significaria a perda de espaço no ambiente interno e o fortalecimento de Ocon. Vale lembrar que a Red Bull, em 2015, adotou estratégia semelhante: Ricciado passou Kvyat para tentar o pódio. Não conseguiu, e no final os dois retornaram as posições originais, sem drama e sem a "clara demonstração de quem manda na equipe".

Foto: F1Fanatic


Ao mesmo tempo em que sua "rebeldia" custou a manutenção do status quo na Force India, Pérez pode ter fechado as portas para as equipes de ponta, que costumam utilizar desses artifícios, definindo claramente o piloto 1 e o piloto 2 (ou 1A e 1B, como preferirem). A Ferrari pode não ter visto com bons olhos a falta de envolvimento com o espírito coletivo. Imagina se o mexicano não deixa Vettel passar? Numa situação dessas, poderia até ser demitido na hora pelos italianos.

O que se pode concluir desse caso é que: Ocon sai fortalecido pela grande corrida que fez. Pérez pode ter vencido ontem, mas as consequências tanto na Force India quanto no futuro da sua carreira em uma equipe maior podem correr riscos. Há também a possibilidade de seu ato ser considerado como de extrema personalidade, de quem não irá se rebaixar para atingir seus objetivos. A guerra interna está só começando.

Aguardemos os próximos capítulos. Até!