terça-feira, 13 de junho de 2017

CULHÃO E DESOBEDIÊNCIA

Foto: F1Fanatic

O que chamou a atenção na corrida do último final de semana foi a disputa caseira na Force India entre Sérgio Pérez e Esteban Ocon. Os dois formam uma das melhoras duplas da F1, onde ambos aproveitam quase todas as oportunidades para marcar o máximo de pontos possíveis (não pontuaram apenas em Mônaco), consolidando o quarto lugar da equipe nos construtores, com 71 pontos. A Toro Rosso, quinta colocada, tem apenas 22.

Muito já foi debatido sobre Pérez não ter carro para atacar Ricciardo, enquanto Ocon, com pneus mais novos, poderia tentar beliscar um pódio para equipe, o que seria o primeiro da carreira. Pérez bateu o pé, mesmo diante da insistência do francês no rádio. Pérez é o líder da equipe, está na sua quarta temporada na Force India e a sétima na F1. Ocon ainda não completou um ano na categoria, uma ascensão relativamente rápida. Como líder, Pérez não quis dar o braço a torcer e ceder o lugar para o novato. Se é mais rápido, que me ultrapasse na pista então.

Foto: GP Update

O que não faltou foi tentativa. Ocon insistia, mas Pérez se defendeu de forma bastante contundente. Ocon teve que recolher para evitar o desastre que seria se os dois colidissem no final da prova. Resultado: Ricciardo fugiu e Vettel chegou, passando os dois. Detalhe: o alemão ultrapassou facilmente o mexicano, o que deve ter irritado demais Ocon.

Pelo entretenimento, Pérez ganhou pontos. Não se rendeu ao jogo de equipe e proporcionou um belo espetáculo. Conseguiu sustentar a posição e mostrar a força do piloto mais experiente e dono do pedaço interno da equipe. Por outro lado, faltou espírito de equipe e pulso firme da Force India. Óbvio que, diante das circunstâncias, não tinha como obrigar Pérez a deixar Ocon passar. Na cabeça do mexicano, uma atitude dessas significaria a perda de espaço no ambiente interno e o fortalecimento de Ocon. Vale lembrar que a Red Bull, em 2015, adotou estratégia semelhante: Ricciado passou Kvyat para tentar o pódio. Não conseguiu, e no final os dois retornaram as posições originais, sem drama e sem a "clara demonstração de quem manda na equipe".

Foto: F1Fanatic


Ao mesmo tempo em que sua "rebeldia" custou a manutenção do status quo na Force India, Pérez pode ter fechado as portas para as equipes de ponta, que costumam utilizar desses artifícios, definindo claramente o piloto 1 e o piloto 2 (ou 1A e 1B, como preferirem). A Ferrari pode não ter visto com bons olhos a falta de envolvimento com o espírito coletivo. Imagina se o mexicano não deixa Vettel passar? Numa situação dessas, poderia até ser demitido na hora pelos italianos.

O que se pode concluir desse caso é que: Ocon sai fortalecido pela grande corrida que fez. Pérez pode ter vencido ontem, mas as consequências tanto na Force India quanto no futuro da sua carreira em uma equipe maior podem correr riscos. Há também a possibilidade de seu ato ser considerado como de extrema personalidade, de quem não irá se rebaixar para atingir seus objetivos. A guerra interna está só começando.

Aguardemos os próximos capítulos. Até!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Olá, esse é o espaço em que você pode comentar, sugerir e criticar, desde que seja construtivo. O espaço é aberto, mas mensagens ofensivas para outros comentaristas ou para o autor não serão toleradas.