segunda-feira, 6 de setembro de 2021

PASSOS ATRÁS

 

Foto: Getty Images

Na dança das cadeiras inaugurada na semana passada, já estamos no segundo ato, outra vez finlandês. Raikkonen anunciou a aposentadoria no fim do ano e, o que seria surpreendente ou sem sentido algum meses atrás, foi confirmado: A Alfa Romeo anunciou Valtteri Bottas como um dos pilotos do time a partir de 2022, com contrato de vários anos.

Isso vai de encontro com notícias das últimas semanas, quando Frederic Vasseur falou sobre a capacidade de investimento da equipe para o futuro e a necessidade de usar o novo regulamento para tentar construir uma equipe em prol de um nome. Bottas também disse nos últimos tempos que gostaria de um contrato maior, sem o estresse de renovar anualmente na pressão da Mercedes. É o reencontro desses dois, vencedores da GP3 em 2011 pela ART.

A consequência dessa mudança é óbvia: Bottas deixa a equipe heptacampeã do mundo e junta-se para uma que hoje é a penúltima nos construtores. É evidente que a grande aposta é o novo regulamento, onde a experiência e a qualidade do finlandês será fundamental para guiar o time suíço no caminho certo.

Bottas fez o que era esperado quando foi contratado até de forma surpreendente após a aposentadoria de Nico Rosberg, visto que Ocon e Pascal Wehrlein eram alternativas muito mais aceitáveis. Longe de ser um Kovalainen, ficou no meio do caminho. 9 vitórias e 17 poles, algumas vitórias maiúsculas e, desde o ano passado, o finlandês foi murchando e sendo incapaz até de competir com Max. É claro que a ascensão de George Russell acelerou o processo, mas nem mesmo o papel de escudeiro fazia sentido para Bottas.

O finlandês, tratado como um segundão na Mercedes, agora vai ser pela primeira vez na carreira um protagonista, talvez a única, pois já não é mais um garoto. Será a prioridade e tem sim qualidade pra isso. Não devemos nos esquecer do que ele fez na Williams, embora seja verdade que a Alfa Romeo seja o maior desafio da carreira. 

Esse movimento lembra muito quando outros segundões do passado, como Coulthard, Barrichello e Fisichella foram para equipes menores serem o centro de um projeto de longo-prazo. É exatamente a situação de Bottas, com uma "vantagem": o companheiro de equipe será jovem e inferior tecnicamente. Não deverá ter perigos em ser surpreendido por performances fora do comum.

Bottas dá vários passos atrás na carreira, mas talvez não houvesse outra opção para continuar nessa F1 onde não há vagas. A Mercedes espremeu o que podia, agora está na vez da Alfa Romeo usar o que sobrou. Bottas aposta no longo-prazo, onde o novo regulamento e o desenvolvimento da Alfa Romeo possa lhe permitir alguns pódios ou vitórias em corridas malucas. É o que tem para o futuro.

Até!

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