segunda-feira, 23 de julho de 2018

PARA LAVAR A ALMA

Foto: Getty Images
No sábado, quando Lewis Hamilton abandonou o treino depois do Q1 com problema hidráulico , jamais poderia ter imaginado a volta que a F1 daria 24 horas depois. Largando atrás e vendo o rival Sebastian Vettel disparando na frente com a Ferrari, que aparentemente possui o melhor conjunto da F1 atualmente, tudo parecia encaminhado para que a vantagem do alemão aumentasse no campeonato. Até que a chuva caiu.

Escalando o pelotão e chegando no quinto lugar, distante do pelotão, Hamilton estava se contentando com os 23 pontos de vantagem que Vettel abriria com aquele resultado momentâneo. Com a chuva, muitos apostaram parando antes. Alonso, Leclerc e Verstappen, por exemplo. Dois pits errados e viraram carta fora do baralho. Sorte para Max que a distância para o restante do grid era gigante e, mesmo assim, conseguiu ficar em quarto. Entretanto, poderia ter brigado pela vitória, diante da pista estar afeita ao seu modo de pilotagem "selvagem", digamos. Por falar em sorte, parece que essa abandonou Ricciardo depois de Mônaco. Mais um abandono, logo no início da prova.

Na frente, Vettel liderava sem sustos. Bottas e Raikkonen na sequência. O finlandês da Ferrari parou nos boxes antes. Se deu bem, deu um undercut nos dois e era líder. Era claro que faria duas paradas, ao contrário do compatriota e do companheiro de equipe. O campeão do mundo de 2007, que todo mundo sabe que virou um "capacho com grife" de Seb, teve que ouvir um "faster than you" glamourizado, para não atrapalhar as pretensões do único piloto da Ferrari com chances de piloto.

A chuva. Muitos carros deslizavam pela pista, outros tentavam o pulo do gato e pararam antes. Na segunda curva após a entrada no antigo estádio, o tetracampeão mundial escapou à la Zonta em 2000. Justo na corrida em casa, quase literalmente falando (Hockenheim fica bem perto de Heppenheim, onde Seb nasceu). Mais um erro bobo. Inacreditável. Todo o domínio do final de semana ficou na brita. Não é de hoje que Vettel parece fraquejar e cometer erros inadmissíveis para um piloto de seu calibre justo na hora decisiva. Se não for campeão, certamente a imagem dele socando o volante após bater vai ser o símbolo da derrota, igual quando Massa rodou na Malásia ou a mangueira presa em Cingapura. O maior erro da carreira de Vettel.

Foto: Getty Images
Por outro lado, Hamilton fazia a maior atuação da carreira. Durante o Safety Car, Bottas e Raikkonen foram novamente para os boxes. O inglês faria o mesmo. No meio do caminho, decidiu permanecer na pista, cortando o caminho onde estava na entrada dos boxes para voltar ao traçado. Mais uma vez a Mercedes ia comer mosca e o inglês, no feeling, corrigiu o que seria mais uma burrada do time alemão. Isso deu polêmica e eles tiveram que se explicar para os comissários da FIA, que apenas fez uma advertência depois da corrida. Quando o SC saiu, Bottas ousou atacar Lewis, para desespero de Toto Wolff. O óbvio veio depois: um "pára-te quieto" para o #77 sossegar em segundo, sem encher o saco. Afinal, foi para isso que seu contrato foi renovado: ser o capachão das flechas de prata. E assim a corrida seguiu até o fim.

O que poderia ser uma desvantagem gigante virou uma considerável vantagem de 17 pontos de Hamilton para Vettel. Os pontos de hoje podem fazer muita falta. Entretanto, a Ferrari parece estar mais forte e com motor mais potente. Em circuitos de alta isso pode fazer a diferença, no que antes era o trunfo da Mercedes. A Red Bull pode roubar pontos na próxima etapa, na Hungria, e também em Cingapura, por exemplo. Uma coisa é certa: mais fácil Ricciardo e Verstappen desencantarem de novo do que os finlandeses submissos conseguirem algum brilho durante a temporada, do jeito que as coisas andam.

Foto: Getty Images
A chuva, que deu as caras pouquíssimo tempo na pista (caiu um toró daqueles de dar bandeira vermelha depois da prova) deixou tudo mais caótico. Por exemplo, Hulkenberg "o melhor do resto". Incrível como isso só acontece quando não há mais esquisitices lá na frente. Grosjean pontuando pela segunda vez no ano: isso já diz tudo. A dupla da Force India voltando a mostrar a consistência que é a marca registrada e, o melhor, de tudo: Ericsson e Hartley nos pontos. Sim! Viva a chuva!

Note, caro leitor, que nem assim a Williams é capaz de marcar míseros pontinhos. Nem eles e nem Vandoorne, há um bom tempo deixando a desejar. No caso do belga, não dá para desistir do talento que já mostrou. Está sendo sacrificado pela McLaren em prol de Alonso. Ano passado foi assim e será sempre com qualquer um que dividir a equipe com o espanhol. Faz parte do pacote, mas poderia estar mostrando mais, de fato.

Confira a classificação final do GP da Alemanha:


Até!


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