segunda-feira, 9 de julho de 2018

JOGAR (E NÃO JOGAR) PARA A TORCIDA

Foto: Getty Images
Depois de uma corrida disputadíssima e repleta de emoção até o final, Hamilton conseguiu salvar o acidente da primeira curva com Raikkonen e saiu de 17° até chegar em segundo, pressionando Vettel. Com pitada de sorte (Dois Safety Cars consecutivos), a estratégia permitiu que pudesse trocar de pneus e recuperar posições distantes - o pódio estava fora de cogitação. Uma grande atuação, um dos destaques da corrida.

No entanto, ao sair do carro, a expressão de Hamilton era a irritação, a impaciência. Estava prestes a explodir com algo. Saiu do carro e foi direto para o pódio, sem participar da entrevista com Martin Brundle como os demais, tampouco saldou seu torcedor, que sempre lota Silverstone para acompanhar o ídolo, que por pouco não venceu pela sexta vez (a quinta consecutiva) no autódromo.

No pódio, a cara fechada, sem sorrisos e com poucas palavras contrastou com a alegria da Ferrari - principalmente Vettel - líder com nove pontos de vantagem. Algo estava por vir. Na coletiva e na zona mista saíram as bombas: a acusação de que a Ferrari mandou Raikkonen bater nele de propósito. Tese essa que foi endossada pelo chefe Toto Wolff, logo na sequência.

É perfeitamente compreensível não estar satisfeito com o resultado. Afinal, o incidente da largada foi sim preponderante para o resultado final da prova. Ainda assim, é muita irresponsabilidade fazer esse tipo de acusação grave de forma pública. Hamilton e Wolff, representando a Mercedes, são duas instituições muito pesadas e com muitos fãs. Qualquer declaração deve ser feita com cautela. A partir do momento em que você joga para a torcida, os fãs mais radicais sentem-se no direito de fazer ataques virtuais e ofensas a Ferrari e seus pilotos. Afinal, se Hamilton e Wolff, que são lideranças do time acabaram de fazer isso, por que eu não poderia?

Hamilton poderia ter, no mínimo, ter um pouco mais de afeto pela sua torcida local depois da bandeirada. Mesmo que o resultado não tenha sido o esperado, foi uma grande corrida que deixou todos seus fãs orgulhosos. Valorizar o apoio e seus esforços para estar em um fim de semana onde a seleção inglesa estava fazendo história na Copa, ao invés de ser deselegante nas declarações e distante de quem o apoia.

No entanto, ainda bem que ele e Wolff viram que estavam equivocados e deram vários passos atrás. Hamilton disse que Raikkonen se desculpou pelo incidente e o conflito acabou ali, sem mais ressentimentos. Ambos justificaram o "calor do momento" como justificativa para tais acusações. De novo, é compreensível o sangue quente. Que bom que ambos se retrataram. Fim da história. Fim da polêmica.

Sobre ter ignorado a entrevista, o inglês disse que estava muito exausto depois da corrida por ter perdido muitos quilos. Lá é verão, Hamilton disse ter perdido três quilos porque teve que andar no limite o tempo todo. Sem margem para administrar como está acostumado, parece ter sentido o desgaste físico que o restante do grid tem nos finais de semana.

Foi feito a tempestade no copo d'água. As coisas se resolveram. Vida que segue, com aprendizados. Por mais que a raiva e a frustração possam estar presentes, pilotos e dirigentes precisam refletir sobre quem são, quem eles representavam e o peso que possuem antes de qualquer declaração forte. Qualquer coisa fora do tom pode inflamar tanto o paddock quanto os fãs, e isso é muito perigoso.

Até!

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