terça-feira, 3 de julho de 2018

UM MÊS PARA SOBREVIVER - Parte 2

Foto: The Drive
Se os indianos conseguiram se sustentar nos últimos meses, talvez a história da Force India pode ter um final definitivo no fim desse mês. São as informações que circulam no paddock.

Como já relatado no texto de março, a equipe indiana segue com gravíssimos problemas financeiros, agravados diante dos altos custos da F1 e a falta de receitas. A negociação com uma empresa de bebidas não prosperou, e a situação continua periclitante.

Caso não haja um comprador, a Force India pode fechar as portas no fim do mês, porque a partir daí não vai ter mais nada nos cofres. No fim de semana, o CEO da Liberty e da F1 Chase Carey se reuniu com Bob Fenrley, chefe administrativo do time. Nos últimos meses, a equipe não está conseguindo pagar os fornecedores e nem o transporte dos equipamentos para os GPs. Situação semelhante a que viveu a Lotus em 2015, antes de ser comprada pela Renault.

Nos últimos anos, a Force India já recebia a premiação antecipada da temporada durante o ano. Entretanto, desde a chegada da Liberty Media ao comando da categoria que os indianos não recebem mais esse dinheiro adiantado. Agora, para fazer esse adiantamento, é necessária a aprovação de todas as equipes. Os indianos chegaram a pedir no início da temporada. Apenas a Williams vetou a ação.

A solução óbvia é a venda da equipe. Aí, entretanto, o buraco é mais embaixo. Vijay Mallya, o dono, está preso na Inglaterra e há anos se arrasta um processo para ser extraditado para a Índia. Uma das formas de compra da equipe é através das regras do compilance, que ficou mais rígida nos últimos anos ("é o conjunto de regras para que as normas legais e regulamentares, as políticas e as diretrizes estabelecidas para o negócio e para as atividades da empresa sejam cumpridas, bem como evitar, detectar e tratar qualquer desvio ou inconformidade que possa ocorrer", segundo explicação da reportagem do Voando Baixo no globoesporte.com)

Vijay Mallya, dono da Force India, onde acumulou dívidas e problemas com a justiça. Foto: Zimbio
Outro problema é a suspeita de que a Force India tenha dívidas ocultas, o que sempre é um risco para futuros investidores. A melhor possibilidade para que saia um negócio rápido seria Vijay pedir concordata para a Force India. Assim, a justiça britânica ficaria sob administração e evitaria justamente que algum possível interessado fosse surpreendido com essas tais possíveis dívidas ocultas.

Segundo a imprensa europeia, existem três interessados na equipe: um americano que tem ligações com John Malone, da Liberty Media, um russo e Andreas Weißenbacher, dono da BWT, empresa especializada em tecnologia de águas e atual patrocinadora principal do time. Um tempo atrás, chegou-se a cogitar que a Mercedes poderia entrar no negócio e transformar a Force India em uma "Mercedes B", a exemplo da Sauber com a Ferrari e da Toro Rosso com a Red Bull (se bem que Ocon está lá como forma de baratear o custo dos motores alemães no time).

É o primeiro pepino que a Liberty Media tem para lidar na sua administração. Ela, que pensa tanto em 2021, quando acaba o Pacto de Concódia, precisa dar um jeito de pensar e agir no agora, para evitar que a F1 tenha 18 carros a partir da segunda metade do ano. Do jeito que os custos estão e as equipes se movimentam, é cada vez mais real a "DTMtização" da categoria, com equipes de fábrica (Renault, Ferrari, Red Bull e Mercedes) e suas equipes satélites (Williams, Force India, Haas, Sauber, Toro Rosso) e a McLaren como uma "meia-satélite, meia-fábrica".

A Williams já disse que se as coisas não mudarem, vai pular fora também. A McLaren não está em situação confortável também. Ou seja, são mais do que necessárias medidas para baratear os custos e tornar a categoria suscetível de interesse para outras montadoras, que aguardam o que vai se desenrolar para 2021, adentrar na categoria. Não é a toa que o interesse de todas é a Fórmula E, mais barata, moderna e rentável.

Em suma: salvem a F1, por favor!

Até!


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