quinta-feira, 12 de julho de 2018

A F1 VAI VIRAR UMA DTM?

Foto: Daily Express
Desde o ano passado, a Liberty Media começou a falar do desejo em transformar a F1 nos próximos anos de sua gestão, não só na questão comercial mas também na parte técnica. Logo, layouts de transmissão, grid girls, marketing... tudo isso está sendo feito com resultados louváveis. Entretanto, a messiânica expressão da "F1 a partir de 2021" pode não ter passado apenas de um delírio otimista.

Por que tanto fetiche com 2021? É que seria o primeiro ano de um novo Pacto Concórdia que seria definido pelas equipes, dividindo o dinheiro entre eles e podendo chamar possíveis interessados para a categoria, entre outros. Com o acordo atual assinado desde 2013 e em vigor até 2020, não é possível fazer nada nesses dois anos. É manter as regras atuais do motor turbo e, aí sim, buscar mudanças para uma "nova era da F1".

A ideia de uma categoria mais justa e equilibrada, com as equipes recebendo valores não tão discrepantes e com disputas emocionantes na pista pode não existir. Apesar de receber Jaguar, Aston Martin e Porsche em reuniões sinalizando interesse em participar de uma nova F1 com motores mais simples e baratos, o fato é que não houve interessados de verdade, ainda. É claro que há tempo para se manifestar, mas quanto mais se demora, menor o tempo para a realização de um grande trabalho, principalmente para quem deseja adentrar a categoria.

Cada vez será mais impossível as empreitadas de Richard Bronson, Tony Fernandes e Gene Haas na categoria. Está tudo cada vez mais caro, e isso só para se manter funcionando, no máximo pontuando em algumas corridas e na sorte, como está sendo visto. Desde o início, Ferrari, McLaren e Red Bull se mostraram contrárias a essas mudanças. Afinal, elas que mandam e possuem boa fatia do dinheiro e é óbvio que não estão dispostas a ceder para as equipes pobres. Como sempre, houveram as ameaças de que se algo não ficar favorável aos seus interesses, são capazes de sair da categoria (principalmente a Ferrari) o que é improvável, convenhamos.

Status Quo da F1 não quer mudanças. Foto: F1i
Na própria questão das unidades motrizes, as atuais montadoras são contra as mudanças. Se o modelo atual é caro, um novo formato seria mais caro ainda, por todos os testes e estudos que deveriam começar a ser feitos nesse ano ou no próximo para que as unidades motrizes chegassem devidamente testadas e com bom potencial para ser explorados em 2021.

Mantendo-se tudo do jeito que está, a tendência é que a F1 vire uma DTM: equipes grandes e suas satélites. Ferrari, Red Bull e Mercedes na hegemonia, a McLaren e a Renault como segundo escalão e o resto sendo obrigado a ser equipe satélite das grandes para continuar existindo. A Sauber e a Haas fizeram bons acordos com a Ferrari. A Force India já é, de certa forma, um laboratório da Mercedes. A Williams vai precisar dar um jeito para sobreviver. Nem com Stroll a coisa vai bem (e não estou falando do mérito esportivo). Claire Williams já sinalizou que em 2021 o time de Grove pode acabar se as regras não mudarem.

Uma pena que, no momento, a Liberty parece não ter condições de enfrentar as poderosas e seus blefes. Quem perde é a categoria, cada vez mais cara, com menos audiência e certamente menos dinheiro no bolso de todos os envolvidos. Esperamos que tudo isso não vire uma utopia.

Até!

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