segunda-feira, 23 de julho de 2018

VENDENDO A ALMA PARA O DIABO

Foto: Daily Mail
Diante de uma categoria caríssima dominada pelas montadoras e bilionários que desejam colocar seus filhos ali como diversão, a única solução é juntar-se a eles para sobreviver. É o que a Force India está fazendo. Fadada a falir desde que o imbróglio envolvendo o ainda (?) dono Vijay Mallya, a equipe entrou em administração (quando alguém administra no lugar dos donos até surgir um comprador). Segundo o jornal alemão Auto Bild, o comprador é justamente Lawrence Stroll. A intenção já seria colocar o rebento na equipe ainda indiana a partir de agosto, com o retorno das férias de verão na Europa.

Hoje, a Force India já é uma espécie de Mercedes B. Usa o motor alemão e tem lá Ocon faz duas temporadas como forma de pagar menos o uso dos motores. A princípio, o francês estaria a salvo. Iria sobrar para Pérez. Hoje, o mexicano traz uma boa quantia de dinheiro para a equipe, além de ser um grande piloto, claro. No entanto, com a chegada dos Stroll, a grana já não seria necessária, o que faria Checo sair do time, agora ou no ano que vem.

Não pretendo me alongar muito nessa questão agora, mas isso com certeza teria mais desdobramentos na categoria. Se todas essas mudanças acontecem agora, como ficaria a Williams? Pérez iria para lá ou então Kubica (!) assumiria como tampão até o fim do ano? A situação da equipe já é crítica, nada é capaz de piorar, ao menos dentro da pista. Pelo contrário. A parte financeira sim sofreria um duro golpe.

Com a Martini indo embora para o ano que vem e sem o aporte dos Stroll, a Williams estaria ferrada, digamos assim. Somente com o dinheiro do russo Sirotkin (e sem resultados), a condição financeira do time de Grove ficaria mais catastrófica ainda. Claire Williams já disse que se os gastos não diminuírem, a equipe fecha em 2021. Diante do que está acontecendo, não duvido que isso aconteça antes.

Esse é o preço que se paga ao se prostituir para um bando de bilionários clientes que podem ir embora de uma hora para a outra. A lendária equipe de Frank Williams levou uma previsível invertida. A Force India vai se salvar até o momento que Lawrence se cansar. Não é uma parceria. É a contratação de um serviço. Se em determinado período os resultados não vierem, adeus. E mais uma equipe vai entrar em falência ou respirar por aparelhos.

 O rendimento técnico vai cair consideravelmente, mas quem se importa? Se o teto orçamentário não entrar em ação, a tendência da categoria vai ser essa: equipes satélites das principais e bilionários colocando seus filhotes. Muito em breve podemos ter mais Strolls: Gelael, filhos de xeques, etc. É trocar o sofá de lugar e vender a alma pro diabo. No fim, ele vai te sugar tudo, e com juros.

Ah, a Claire poderia aproveitar e pedir pra sair enquanto dá tempo, a exemplo do que fez a Monisha na Sauber. No fundo, sempre me pareceu que estão esperando apenas a morte de Frank para matar definitivamente a sua criação.

Até!

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