sexta-feira, 24 de março de 2017

MATANDO A SAUDADE

Foto: Sutton Images

Às 22h em ponto, a F1 voltou. A goleada do Brasil nas Eliminatórias fez o tempo passar tão rápido quanto a velocidade desses carros na pista que bastou apenas trocar de canal que estava tudo pronto. Finalmente voltamos a escutar o ronco dos motores.

Apesar da Mercedes despistar, as flechas de prata dominaram o treino, com Hamilton e Bottas fazendo 1-2, meio segundo mais rápido que as Red Bull, que ficaram em terceiro. Entretanto, não sabemos a quantidade de combustível que cada carro utilizou, então nada pode ser descartado. Será despiste ou é a vantagem real? Vale ressaltar que a Mercedes utilizou o pneu ultramacio, o mais rápido, enquanto os outros não.

A Ferrari em quinto e sexto pode ter desapontado alguns, mas penso que foi apenas uma escondida de jogo. No TL2, os italianos mostraram suas credenciais da pré-temporada e estão empolgando a todos. Finalmente teremos uma rival a altura da Mercedes depois de três temporadas?

Massa em sétimo evidenciou a hierarquia da F1: Mercedes-Ferrari-Red Bull-Williams, embora acredite que a linda Force India rosa (carro fofo, parece um danoninho ou uma bala de iogurte) tenha condições de brigar com o pessoal de Grove. Stroll foi o 13° e conseguiu boa quilometragem. Só pelo fato de não bater, é possível considerar que tenha feito uma boa sessão.

Ademais, Haas, Toro Rosso e Renault vão brigar no tapa por dois ou três lugares na pontuação. Evidente que o primeiro treino não mostrou nada ainda e que muitos times irão evoluir não só no final de semana, mas também na temporada. Dizem que a Renault conseguiu ganhar alguns cavalos a mais na potência de seu motor. Hulkenberg conseguiu andar bem no top 10. O alemão irá carregar os franceses, pois Palmer claramente não tem condições de pilotar uma equipe de fábrica. Sua permanência é o erro mais gritante dessa temporada.

Por fim, a McLaren e a Sauber ocupam os últimos quatro lugares. O time de Woking conseguiu aguentar mais ou menos bem. Vandoorne mal andou, com problemas no carro. Alonso fez uma boa classificação. Será mais um ano de muita luta e batalha para tentar conquistar heroicos pontinhos. A Sauber apenas completa o grid, com Ericsson e Wehrlein duelando para definir quem será o penúltimo.

Confira a classificação do TL1:


Foto: Reprodução

A Ferrari mostrou a que veio no TL2. Hamilton liderou a sessão, Vettel o segundo e os dois finlandeses logo atrás, na ordem Mercedes e Ferrari. Tudo indica que alemães e italianos disputarão centésimo a centésimo a pole position e irão ficar próximos na corrida. É o que o mundo da F1 torce, por uma competitividade maior. A Red Bull ficou com a quinta e sexta posição, de Ricciardo e Verstappen, mesmo o holandês tendo andado menos de dez voltas.

Foto: Reprodução

Entretanto, o treino ficou marcado pela primeira porrada no muro da temporada, e só poderia ser do Palmer. Contrariando o favoritismo de Stroll, o carro número 30 perdeu o controle na entrada da reta dos boxes e bateu de frente na proteção de pneus, paralisando o treino por quase 10 minutos. Pouco depois do reinício da sessão, o azar de Massa apareceu rápido demais: um problema no câmbio forçou a abandonar o treino. Problema de confiabilidade justo agora é uma questão delicada de se resolver. Espera-se que não haja punições para o brasileiro pela troca do equipamento. Sejamos francos: Melbourne nunca foi um lugar de sorte para Felipe, tanto é que seu melhor resultado foi um quarto lugar, em 2013.

                       
                                         Foto: Reprodução
No fim, Ericsson não conseguiu frear e o carro rodou, parando na brita, logo na curva do final do setor 1. Olhando essas coisas é que bate uma saudade do Nasr... imagina o brasileiro olhando isso de muito longe? Deve bater uma tristeza e uma sensação de injustiça muito grande. Enfim, é o mundo da F1, que só quer saber de dinheiro.
Foto: Reprodução

A grande novidade na transmissão foram espécies de "pontinhos" que sinalizavam cores diferentes. A cada 500m, sensores captavam o tempo de volta dos carros. Se aparecesse a cor verde, sinalizava o melhor tempo pessoal do piloto. Se fosse roxo, era o melhor da sessão. Se fosse cinza é porque o tempo estava abaixo do seu próprio melhor. Além disso, do lado aparecia a estimativa de posição que o carro estaria ao completar a volta. Impressionante essa tecnologia, mas também tira a graça e o suspense de acompanhar a volta inteira sem saber o que ia acontecer, apenas se baseando nos tempos dos dois setores. Com certeza será algo a ser trabalhado durante o ano, mas gostei muito da novidade.

Resumindo: Ferrari e Mercedes muito próximas, seguidas de Red Bull, Williams e Force India. Haas, Toro Rosso e Renault disputam a tapa a zona do pelotão intermediário, com McLaren e Sauber no fim do grid. Ansioso pelo treino e a disputa das flechas de prata com o cavalinho rampante. Será que teremos briga ou tudo não vai passar de uma doce ilusão?

Confira a classificação do TL2:



Até!



quinta-feira, 23 de março de 2017

GP DA AUSTRÁLIA - Programação

O Grande Prêmio da Austrália entrou no circo da F1 em 1985. Foi disputado nas ruas de Adelaide até 1995, quando foi substituído pelo circuito de Albert Park, que é palco do GP até os dias atuais, sempre abrindo a temporada da F1 nos últimos 21 anos (exceção de 2006 e 2010).

Foto: Wikipédia
ESTATÍSTICAS:
Melhor volta em corrida: Michael Schumacher - 1:24.125 (Ferrari, 2004)
Pole Position: Sebastian Vettel - 1:23.529 (RBR, 2011)
Último vencedor: Nico Rosberg (Mercedes)
Maior vencedor: Michael Schumacher - 4x (2000, 2001, 2002, 2004)

PADDY LOWE: EMPOLGOU

Antes rivais, agora colegas. Foto: Portal Race
Recém chegado como novo diretor técnico e acionista minoritário da Williams, Paddy Lowe declarou que sua nova equipe está mais forte em algumas áreas do que a Mercedes, seu antigo local de trabalho. 

O desafio é saber extrair o máximo do que você tem à disposição para obter os melhores ganhos. Isso não é diferente se você trabalha em uma determinada estrutura, como eu tinha em outra equipe, ou no que temos aqui. O processo é o mesmo e há coisas na Williams que, sem dúvida, já são muito melhores do que a Mercedes tem”, disse Lowe ao Motorsport.com.

Lowe está de volta a escuderia onde começou há 30 anos. Apesar da declaração, ele descartou "milagres" para essa temporada e projeta que a partir de 2018 o pessoal de Glove irá evoluir: com dinheiro de Stroll e reforços na equipe técnica, talvez seja possível. Entretanto, tudo terá que ser feito a médio/longo-prazo. Por enquanto, a prioridade é brigar pelo quarto lugar nos construtores, posição essa perdida na temporada passada para a Force India, de orçamento muito inferior. Veremos o que a Williams, que aos poucos se reestrutura, irá fazer nesse ano.

PROCURA-SE MOTOR

Tempo que a McLaren era respeitada... Foto: This Is F1
Uma obviedade: a McLaren não está nada satisfeita com a parceira Honda. Prestes a entrar no terceiro ano como fornecedora de motores da escuderia de Woking, a impressão é que o MCL32 regrediu aos tempos de 2015. Diante da baixa potência e dos problemas de confiabilidade, é natural que surjam especulações em torno do futuro dessa união. A imprensa europeia noticia que os ingleses teriam procurado a Mercedes para o retorno da parceria que durou quase 20 temporadas, o que foi rechaçado por Toto Wolff.

Mesmo que os alemães tivessem aceitado a oferta, certamente a potência da unidade motriz seria inferior as utilizadas pela equipe-mãe. Ser um time cliente certamente impediria a McLaren de retornar aos tempos áureos, por isso a aposta na exclusividade da Honda, que até aqui deu longe de dar certo. Talvez se uma parceria com a Sauber para 2018 fosse oficializada (isso se os suíços durarem até lá)... 

Entretanto, os japoneses despejam cerca de R$ 80 milhões para os ingleses, inclusive pagam os salários de Alonso. Então, por mais que não exista resultados, também não é possível descartar os japoneses, pois o custo de rescisão de contrato é exorbitante. A McLaren, para voltar a ser grande, precisa seriamente pensar em construir seu próprio motor no futuro. Dinheiro e estrutura eles têm, a McLaren Technology Group é um exemplo disso. 

Os ingleses não tem mais tempo a perder.

PILOTOS E EQUIPES DA TEMPORADA 2017:

MERCEDES - LEWIS HAMILTON #44 e VALTTERI BOTTAS #77
RED BULL - DANIEL RICCIARDO #3 e MAX VERSTAPPEN #33
FERRARI - SEBASTIAN VETTEL #5 e KIMI RAIKKONEN #7
FORCE INDIA - SÉRGIO PÉREZ #11 e ESTEBAN OCON #31
WILLIAMS - FELIPE MASSA #19 e LANCE STROLL #18
McLAREN - FERNANDO ALONSO #14 e STOFFEL VANDOORNE #2
TORO ROSSO - CARLOS SAINZ #55 e DANIIL KVYAT #26
HAAS - ROMAIN GROSJEAN #8 e KEVIN MAGNUSSEN #20
RENAULT - NICO HULKENBERG #27 e JOLYON PALMER #30
SAUBER - PASCAL WEHRLEIN #94 e MARCUS ERICSSON #9

TRANSMISSÃO

Foto: Arte Globoesporte.com


terça-feira, 21 de março de 2017

VÍDEOS E CURTINHAS #27 - O ÚLTIMO INÍCIO?

Foto: Wikipédia
Desde 1996 a Austrália abre a temporada da F1 (exceção 2006 e 2010, quando o circo começou no Bahrein). É, sem dúvida nenhuma, uma das corridas com maior ansiedade e expectativa, obviamente por ser a primeira do calendário. É o momento em que deixamos de ficar órfãos de fotos e vídeos amadores da pré-temporada para apreciar a primeira amostragem dos novos carros.

Esse ano tem um componente especial: a radical mudança de regulamento. Os primeiros resultados da pré-temporada indicam a Ferrari mais próxima ou até superior a Mercedes, a Red Bull envolta de mistérios, a Williams com um projeto bem nascido e a vergonha da McLaren em mais um ano que promete ser caótico.

Foto: Pinterest
Esses jovens rapazotes são o tema do post. Kimi Raikkonen e Alonso estreavam na F1 há incríveis 16 anos. Com a aposentadoria de Button, os dois passaram a ser os mais antigos do grid na categoria (considerando que o finlandês ficou duas temporadas ausente, em 2010 e 2011, assim como Massa em 2003). Com isso, a fênix tem mais GPs disputados.

Kimi na Sauber, com 21 anos e Alonso na Minardi, com 19 eram os novatos estreantes daquela época. Peter Sauber teve que prometer desempenho do finlandês para a FIA lhe conceder a superlicença, pois Raikkonen "pulou" a F3000 e chegou direto na F1, a exemplo de Max Verstappen. Alonso sempre foi uma aposta de Briatore e acabou "emprestado" a Minardi para pegar experiência, tendo como companheiro de equipe o brasileiro Tarso Marques e também o malaio pagante Alex Yoong mais para o fim do ano.

Confira (ou relembre) como foi a estreia dos jovens no longínquo GP da Austrália de 2001, que também tinha como destaque a chegada de Juan Pablo Montoya a categoria, depois de muito sucesso na Indy. A corrida, no YouTube, pode ser conferida clicando aqui . O resto, vocês sabem o que aconteceu...


Os dois também já venceram em Albert Park. Alonso foi o primeiro, em 2006 (ano do bi), onde Raikkonen foi o segundo, na terceira etapa da temporada. Recentemente, o retrospecto do espanhol não é dos melhores: não correu em 2015, quando se recuperava de uma lesão sofrida num acidente na pré-temporada e ano passado acabou se envolvendo em um acidente cinematográfico com a Haas de Estebán Gutiérrez, o que impediu sua participação na corrida seguinte, no Bahrein. Relembre:




Já o IceMan, por sua vez, conquistou duas vitórias em solo australiano. A primeira foi em 2007, ano do título, justamente na estreia pela Ferrari. Sua segunda e até então última vitória na carreira foi em 2013, ainda pela Lotus.





O blog relembra a trajetória dos dois pilotos porque existem grandes possibilidades de ambos se aposentarem no fim da temporada. Com Alonso cada vez mais desgostoso com os problemas da McLaren Honda e Raikkonen já com 38 anos, pode ser que seja o último ínicio de temporada dos dois, juntamente com Massa, a tríade mais longeva da atual F1 que deve se retirar no fim de 2017, representando o fim de uma era na F1 (como eu escrevi no ano passado, clicando aqui). É melhor aproveitar e desfrutar dessas lendas!

OFF TOPIC: Não postei nada sobre a nova cor da Force India. O carro rosa é lindo, embora pareça uma bala de morango. Gostei que a F1 está ficando menos monocromática, com predominância de preto e cinza. Viva o laranja da McLaren, o rosa dos indianos, o vermelho Ferrari, o azul Sauber, o branco Williams, etc. Só faltou a Renault manter o amarelo que remete a Jordan mas enfim, variedade de cores sempre é muito bem vinda para os olhos do espectador.

Foto: Divulgação
Até!





sexta-feira, 17 de março de 2017

HOMENAGEM

Foto: Goodwood/Dominic James
Faz uma semana que John Surtees, o único campeão em duas e quatro rodas, faleceu. Ele tinha 83 anos e estava internado desde o mês passado, em decorrência de problemas respiratórios.

Antes de ingressar na Fórmula 1, John foi tetracampeão das 500cc, atual MotoGP (1956, 1958, 1959 e 1960) e tricampeão da 350cc, categoria já extinta (1958, 1959 e 1960), com incríveis 38 vitórias em 49 corridas.

John correu quatro provas da F1 pela Lotus em 1960, tendo três abandonos e um segundo lugar no GP da Inglaterra. Ingressou de vez na categoria no ano seguinte, na Cooper, quando completou apenas três corridas de oito disputadas e marcou quatro pontos. Em 1962, conseguiu engatar cinco corridas consecutivas na zona de pontuação, incluindo dois segundos lugares, na Alemanha e Inglaterra, sendo o quarto colocado do campeonato daquele ano.

A famosa "Ferrari azul". Foto: Pinterest


Em 1963, se transferiu para a Ferrari. Novamente ficou em quarto, mas conquistou a primeira vitória na categoria, na Alemanha. Sagrou-se campeão em 1964, com duas vitórias (Alemanha e Itália), dois segundos lugares (Estados Unidos e México) e um terceiro lugar (Inglaterra). Surtees permaneceu na Ferrari até 1966, quando foi vice-campeão, perdendo para Jack Brabham. Depois, passou pela Honda, onde venceu pela última vez na categoria, Owen Racing e em 1970 fundou sua própria equipe, a Team Surtees, onde correu até 1972.

Foto: Pinterest

Surtees guiando a sua criação. Foto: Pinterest
Na F1, Surtees participou de 111 GPs, com 6 vitórias, 8 poles e 24 pódios. Agora, o campeão mais velho é Jack Stewart, com 77 anos.

Impossível citar o momento mais trágico da vida de John: há oito anos, seu filho Henry morreu numa prova de F2 em Brands Hatch após um pneu acertar sua cabeça. Acabou criando a Fundação Henry Surtees, que auxilia pessoas que sofreram lesões na cabeça.

Existem três certezas na F1: NUNCA MAIS alguém vai ser campeão em um carro construído por si mesmo ou até mesmo correr na categoria, ninguém nunca mais vai ser campeão em duas e quatro rodas e dificilmente alguém conseguirá vencer Le Mans, Indy e Mônaco na carreira. John é o único autor da segunda proeza e um dos poucos da primeira. Que Big John descanse em paz. Aqui vai o mínimo do meu reconhecimento a esse grande campeão:



Até!

segunda-feira, 13 de março de 2017

CHEIRINHO

Foto: Motorsport


A pré-temporada da Fórmula 1 encerrou-se na sexta-feira com resultados impactantes mas difíceis de saber se serão relevantes para o começo da temporada. Diria que a maioria dos tempos é apenas um "engana-bobo", onde não sabemos quais eram as condições dos carros no momento exato da melhor volta e, portanto, as equipes provavelmente estavam em estágios diferentes durante os testes.

O inegável é que a Ferrari fez os melhores tempos utilizando todos os tipos de compostos possíveis. Na sexta-feira, Raikkonen foi o autor da volta mais rápida dos oito dias: 1:18.634, três segundos e três décimos mais veloz que o tempo da pole position de Hamilton no ano passado (1:22.000). Ou seja, confirmou-se as informações de que os carros de 2017 seriam mais velozes que os de 2016, e tudo para ser mais rápido ainda, pois estamos ainda em fase inicial de desenvolvimento dos bólidos. Os técnicos com certeza irão encontrar novas soluções, buscando o melhor rendimento possível dos carros.

Foto: Getty Images
Embora o discurso desse ano seja de humildade e pés no chão, Raikkonen deixou claro: se pudesse, faria um tempo melhor ainda. Ou seja, teoricamente a Ferrari não mostrou ou quer que não acreditamos que tenha mostrado o seu potencial máximo. Vettel, na quinta, também tirou o pé. A própria Mercedes parece "concordar" com o poderio da Ferrari nesse início de ano. Hamilton e Lauda, no discurso ensaiado, dizem que os italianos são favoritos e que estão cerca de dois décimos mais velozes. Balela. É evidente que a Ferrari evoluiu, mas os próprios profissionais da F1 ainda apostam que os alemães estarão dominando quando as coisas realmente estiverem valendo na Austrália, daqui duas semanas. Hamilton disse que "deu o máximo", mas não se sabe em quais condições ele entregou o seu melhor. É nítido que a Mercedes esconde o jogo e deixa a responsabilidade para a Ferrari, que por sua vez evita assumir o papel de protagonista, mas que deixa bem claro: vamos brigar dessa vez.


Pelos tempos, teoricamente a Red Bull é a terceira força, mas ainda é um grande mistério. Claramente não mostrou o seu potencial, assim como a Mercedes. Entretanto, parece estar atrás das duas equipes, muito pelo motor Renault ainda ser menos potente que os outros. Adrian Newey pode ser o diferencial durante a temporada para tentar tirar a leve vantagem que a Mercedes certamente tem e a Ferrari aparenta ser, mas não ficaria surpreendido se os taurinos surpreendessem na Austrália.

O quinto tempo de Felipe Massa não é seu lugar real na hierarquia das equipes. A própria Williams admitiu que a volta foi com o carro com o mínimo de gasolina, até para saber o quão veloz é o FW40. Novamente, o adversário do pessoal de Grove é a Force India. Aparentemente a Williams se saiu melhor nos testes, pois os indianos aparentaram algumas dificuldades e os ingleses tem a vantagem de possuir maior orçamento. Entretanto, no ano passado, mesmo com menos orçamento que todas as equipes, o time de Vijay Mallya ficou em quarto. Ambas as equipes possuem um piloto jovem, Ocon e Stroll. A diferença é que o francês tem potencial, o canadense não, embora tenha parado de bater nos últimos dias. Massa, recém saído da aposentadoria, será o líder da equipe nesse ano, enquanto Pérez assumirá pela primeira vez na carreira a responsabilidade de ser o protagonista de uma equipe, vindo de ótimas temporadas e por ter vencido nos últimos dois anos o talentoso Nico Hulkenberg.

Foto: Motorsport
A Renault dá provas de evolução. Também, com a estrutura e orçamento que tem, era impossível piorar. Com um projeto sendo desenvolvido em tempo integral desde o ano passado, os franceses pretendem evoluir aos poucos no médio/longo-prazo. Com Hulkenberg, é possível arrancar bons pontos durante o ano. Com Palmer, bem.. é um mistério sua permanência na equipe, logo a Renault que não precisa de piloto pagante. A Toro Rosso também virá melhor nessa temporada pelo simples fato de usar um motor que será atualizado durante o ano. Mesmo com dificuldades, Sainz fez um bom tempo, que também não é conclusivo, mas segue bem superior a Kvyat. Incrível como o russo não se achou mais depois do rebaixamento da Red Bull. Só permaneceu na equipe porque não existe ninguém apto no programa de desenvolvimento de pilotos dos taurinos, tanto é que Pierre Gasly, campeão da GP2 (agora F2) vai para a Super Fórmula. A equipe satélite pode embolar na briga por alguns pontinhos eventuais.

A Haas seria a oitava força. Natural, pois é apenas o segundo ano na Fórmula 1. É difícil sobreviver em um ambiente competitivo sem dispor de tanto dinheiro. Entretanto, se a concorrência será mais complicada, ao menos o time estadunidense terá verdadeiramente uma dupla de pilotos. Magnussen no lugar de Gutiérrez é um acréscimo muito grande. O dinamarquês vem motivado para a sua "última chance" na F1 e precisa mostrar bom desempenho diante de um experiente e amadurecido Grosjean, que em tese ainda é o primeiro piloto da equipe. 

Foto: Getty Images
No fim da fila, McLaren e Sauber. Mais um vexame a vista com a Honda. Já são três anos e quase nenhum progresso, pelo contrário. Os ingleses regridem e viram escuderia de fundo de grid. Isso é uma vergonha para a história vencedora da McLaren. Inúmeros problemas no carro e principalmente no motor, que obrigou Alonso e Vandoorne a andarem com limitador de giros, visando evitar novos contratempos. Alonso e Boullier já dispararam publicamente contra os japoneses, que pagam pela teimosia de não cooperar com os esforços do competente e capaz McLaren. O espanhol pode até se aposentar esse ano, diante de tantos problemas. Tanto preparo para nada deve gerar desmotivação, por mais que o asturiano ganhe muito bem nesse acordo e provavelmente não tenha espaço em outra equipe de ponta. Vandoorne certamente terá seu talento prejudicado ao guiar essa "carroça". Ou não. Talvez possa ser a oportunidade de tirar leite de pedra logo na estreia e provar para o mundo da F1 que a promessa irá virar realidade.

Sobre os suíços, não há muito o que dizer. Sem muitos recursos, resta correr com o carro e motor de 2016. Com o limitado Ericsson e a Wehrlein, a  incógnita rejeitada pela Mercedes em duas equipes, os dois irão travar a luta interna para não largar em último. A incompetência de Monisha na gestão e o fim da parceria com a Ferrari transformaram a Sauber em equipe média e simpática em um time pequeno e muito criticado pelas suas escolhas recentes. Enfim, cada um escolhe o jeito como sobrevive na F1, essa categoria que é um verdadeiro matadouro de escuderias e que serve para lavagem de dinheiro de tantas outras.

Talvez eu faça nos próximos dias alguns posts individuais das equipes, com estatísticas e tudo mais. Não posso garantir. Ano final de faculdade vai ser muito puxado e será frequente posts atrasados, infelizmente. Espero que eu possa contar com a compreensão de todos. Me desculpem.

Até!






quinta-feira, 9 de março de 2017

BARCELONA, DIA 6 - Alonso x Honda

Foto: Getty Images
A grande atração do antepenúltimo dia de testes de pré-temporada em Barcelona foi a cobrança pública de Alonso para a Honda, parceira de sua equipe. Dessa vez, não houve problemas técnicos, mas segue o baixo rendimento do MCL32. Com um limitador na casa dos 15 mil rpm e sem 160 cavalos dos dois sistemas de recuperação de energia liberados, Alonso andou apenas 27 voltas e foi o último, quase quatro segundos mais lento que Bottas, o líder da sessão que fez a melhor volta da pré-temporada até aqui (1:19.310, pneu supermacio). A McLaren é cerca de 30 a 40 km mais lenta nas retas, o que é muita coisa e um absurdo ainda maior, considerando que todas as fornecedores de unidade híbrida poderão desenvolver esses motores durante todo o ano e estão se preparando para essa temporada há um bom tempo.

Alonso exigiu uma reação imediata. "Estamos preparados para ganhar, mas a Honda não". Palavras fortes. Os japoneses merecem esse puxão de orelha público. Como dito ontem, a teimosia em não trabalhar em conjunto com a tecnologia e infraestrutura do grupo McLaren está cobrando o preço. Hoje, o time de Woking irá brigar com unhas e dentes para ultrapassar o Q2, e será uma dura missão. Depois de um 2015 horroroso e uma leve evolução em 2016, todo mundo esperava que os ingleses iriam aproveitar a mudança de regulamento e dessem o "pulo do gato" para voltar a ser grande, mas involuíram mais ainda, voltando as casas de 2015. A paciência já não existe e isso é público. Ou as duas partes encontram maneiras de solucionar esses problemas, ou é melhor encerrar a parceria, o que iria acarretar em multas e cláusulas. Afinal, a Honda despeja muito dinheiro em Woking. O grande erro da McLaren foi não ter uma "cobaia" para ver se valia a pena retornar aos motores nipônicos. Apostaram na mística e também na falta de opções, afinal quando tudo foi oficializado já se sabia que era o último ano da Mercedes como fornecedora dos ingleses. A McLaren laranja é um fiasco em todos os aspectos. Está mais para Arrows e Spyker, em todos os aspectos.

Foto: Motorsport
Um problema de fluidos no SF70H encerrou mais cedo as atividades de Kimi Raikkonen depois de 39 voltas. Foi o terceiro, um segundo mais lento que os dois primeiros. O segundo foi Felipe Massa, apenas um décimo atrás de Bottas, mas usando o pneu ultramacio. Depois da sessão, ele admitiu que a Williams entregou o seu máximo e que estava quase vazia, em ritmo de classificação. Não parece ser blefe, realmente. Os elogios dos rivais não significam muita coisa. A Williams deve ser, hoje, a quarta força, brigando com a Force India que ainda não se encontrou nos testes. Entretanto, vale sempre lembrar: 2018 com Dirk de Beer e Paddy Lowe pode ser o grande salto do time de Frank.

A Red Bull foi a que menos andou. Não teve contratempos. Verstappen deu só 34 voltas e ficou em quarto. Quando os taurinos vão realmente mostrar seu potencial? Se não for agora, somente na Austrália (comentário óbvio do dia). Certamente estão testando e providenciando novas peças para modificar algumas coisas. O problema maior é o motor Renault, menos potente que o de Mercedes e Ferrari. Enfim, mesmo que a Red Bull seja hoje a terceira força, não parece tão distante das outras duas. É perfeitamente possível reverter a situação durante o ano, como já foi feito várias vezes. Eles têm Newey e isso basta.

A Renault conseguiu imprimir um bom ritmo e Hulkenberg ficou na quinta posição, com 61 voltas. Tanto Hulk quanto Pérez (Force India) marcaram tempo na casa dos 1:21.2 (1:21.213 e 1:21.297, respectivamente). Esse bloco intermediário, liderado pelos indianos, são daqueles que irão brigar pelos pontos finais disponível. Renault, Force India, Haas e Toro Rosso lidam com dificuldades. Baseado na força atual e em quem tem capacidade de investir, Force India, Toro Rosso e Renault superam os americanos. Vai ser uma luta bem encarniçada.

Sauber 2016/2017 ao menos mostra que é resistente. Wehrlein andou 59 voltas e ficou na frente de Alonso, mas está isolada na última fila. A única dúvida é saber quem irá largar em último. Aposto que na maioria das vezes será Marcus Ericsson.

Confira a classificação do sexto dia de testes de pré-temporada em Barcelona, na Espanha:




quarta-feira, 8 de março de 2017

BARCELONA, DIA 5 - RESISTÊNCIA

Foto: MotorSport

Se na semana passada a Williams foi centro das atenções de forma negativa pelos acidentes de Stroll, dessa vez a equipe de Glove está no noticiário pelo ótimo e surpreendente dia de Felipe Massa a bordo do FW40. O brasileiro não só fez a melhor volta do dia (1:19.726) usando os pneus supermacios como também andou incríveis 168 voltas, cerca de 2,5 GPs da Espanha, mesmo número de voltas da Ferrari de Vettel (terceiro, 1:19.906, com pneu macio), que manteve a boa impressão da semana passada. Entre eles, Daniel Ricciardo, apenas seis milésimos mais rápido que o ex-companheiro de equipe, mas com os pneus ultramacios (roxos). Aos poucos, a Red Bull também mostra o seu jogo.

A Mercedes ficou em quarto e quinto, ainda sem se preocupar em ser rápida. Hamilton andou apenas 49 voltas pela manhã, pois teve que substituir o assoalho do carro. Mesmo assim, ficou à frente de Bottas, que andou 86 voltas na parte da tarde (1:20.456 e 1:20.924, respectivamente). O inglês vem de uma série de declarações fortes para a imprensa: primeiro, disse que a Mercedes não era a favorita, e sim a Ferrari. Ontem, afirmou para todos "ficarem de olho na Williams que eles têm muito potencial". Massa, por outro lado, manteve os pés no chão e respondeu: "A Mercedes segue muito à frente das demais". É nesse jogo de despiste e ilusões que as equipes tentam enganar umas as outras.

Foto: Getty Images
Outra equipe que andou muito bem foi a Force India. Esteban Ocon acumulou ótimas 142 voltas, ficando em sexto. Outra coisa que deu para perceber nos treinos serão a dificuldades do carro em ultrapassar. Massa prevê corridas com menos trocas de posições. Ele virava cerca de um segundo e meio mais rápido que a Sauber e não conseguiu se livrar do carro azul. Seguir muito de perto o carro gera perda de pressão aerodinâmica. Isso, aliado a pistas travadas, irão gerar corridas monótonas e modorrentas, iguais as dos anos 2000, quando praticamente só existiam ultrapassagens nas estratégias dos boxes.

Haas e Toro Rosso conseguiram rodar boa quilometragem, mas os tempos não foram tão satisfatórias. Diante das dificuldades que enfrentam, o potencial de seus carros ainda são uma incógnita. Magnussen foi o oitavo (1:21.676, 81 voltas) e Kvyat o nono (1:21.743, 83 voltas).

As equipes de fábrica seguem sofrendo: A Renault de Palmer andou apenas 17 voltas e ficou em último na parte da manhã pois o motor do RS17 teve que ser trocado após falhas nos sensores do carro. De tarde, com o ótimo Hulkenberg e com o carro sem problemas, Nico foi o sétimo, com 1:21.589.

Foto: Motorsport
Na rabeira, a Sauber faz o que pode, com um carro de 2016 adaptado para 2017. Wehrlein fez 1:23.336 e Ericsson 1:23.630. Juntos, completaram 100 voltas, sendo 53 para o sueco e 47 para o alemão, que finalmente estreou pela nova equipe.

A McLaren segue com problemas. Aliás, é um pleonasmo. Mais um motor nipônico, o quinto em cinco dias, teve problema após uma falha elétrica. Com o carro recuperado para a parte da tarde, Vandoorne foi o décimo (1:22.537), com 80 voltas. Mais uma vez, os japoneses e Eric Boullier trataram de se explicar para a imprensa. É nítido a irritação da McLaren com a Honda. O futuro da parceria é um grande mistério. Mais uma vez, o motor japonês é frágil, repleto de problemas e sem confiabilidade, o pior entre as quatro fornecedoras de unidade híbrida da F1. O retorno da Honda foi anunciado em 2013. Foram quase dois anos para desenvolver um bom trabalho e, por teimosia dos asiáticos em não trabalharem em conjunto com o pessoal de Woking, a McLaren demorou muito tempo para melhorar minimamente. Agora, parece que a situação continua ruim. A última boa temporada do time de Woking foi em 2012. Até quando a McLaren irá continuar no fundo do grid? "Acabou a pas"

Confira a classificação do quinto dia de testes da pré-temporada em Barcelona, na Espanha. Prometo postar o sexto dia o mais rápido possível.


Até!