segunda-feira, 13 de março de 2017

CHEIRINHO

Foto: Motorsport


A pré-temporada da Fórmula 1 encerrou-se na sexta-feira com resultados impactantes mas difíceis de saber se serão relevantes para o começo da temporada. Diria que a maioria dos tempos é apenas um "engana-bobo", onde não sabemos quais eram as condições dos carros no momento exato da melhor volta e, portanto, as equipes provavelmente estavam em estágios diferentes durante os testes.

O inegável é que a Ferrari fez os melhores tempos utilizando todos os tipos de compostos possíveis. Na sexta-feira, Raikkonen foi o autor da volta mais rápida dos oito dias: 1:18.634, três segundos e três décimos mais veloz que o tempo da pole position de Hamilton no ano passado (1:22.000). Ou seja, confirmou-se as informações de que os carros de 2017 seriam mais velozes que os de 2016, e tudo para ser mais rápido ainda, pois estamos ainda em fase inicial de desenvolvimento dos bólidos. Os técnicos com certeza irão encontrar novas soluções, buscando o melhor rendimento possível dos carros.

Foto: Getty Images
Embora o discurso desse ano seja de humildade e pés no chão, Raikkonen deixou claro: se pudesse, faria um tempo melhor ainda. Ou seja, teoricamente a Ferrari não mostrou ou quer que não acreditamos que tenha mostrado o seu potencial máximo. Vettel, na quinta, também tirou o pé. A própria Mercedes parece "concordar" com o poderio da Ferrari nesse início de ano. Hamilton e Lauda, no discurso ensaiado, dizem que os italianos são favoritos e que estão cerca de dois décimos mais velozes. Balela. É evidente que a Ferrari evoluiu, mas os próprios profissionais da F1 ainda apostam que os alemães estarão dominando quando as coisas realmente estiverem valendo na Austrália, daqui duas semanas. Hamilton disse que "deu o máximo", mas não se sabe em quais condições ele entregou o seu melhor. É nítido que a Mercedes esconde o jogo e deixa a responsabilidade para a Ferrari, que por sua vez evita assumir o papel de protagonista, mas que deixa bem claro: vamos brigar dessa vez.


Pelos tempos, teoricamente a Red Bull é a terceira força, mas ainda é um grande mistério. Claramente não mostrou o seu potencial, assim como a Mercedes. Entretanto, parece estar atrás das duas equipes, muito pelo motor Renault ainda ser menos potente que os outros. Adrian Newey pode ser o diferencial durante a temporada para tentar tirar a leve vantagem que a Mercedes certamente tem e a Ferrari aparenta ser, mas não ficaria surpreendido se os taurinos surpreendessem na Austrália.

O quinto tempo de Felipe Massa não é seu lugar real na hierarquia das equipes. A própria Williams admitiu que a volta foi com o carro com o mínimo de gasolina, até para saber o quão veloz é o FW40. Novamente, o adversário do pessoal de Grove é a Force India. Aparentemente a Williams se saiu melhor nos testes, pois os indianos aparentaram algumas dificuldades e os ingleses tem a vantagem de possuir maior orçamento. Entretanto, no ano passado, mesmo com menos orçamento que todas as equipes, o time de Vijay Mallya ficou em quarto. Ambas as equipes possuem um piloto jovem, Ocon e Stroll. A diferença é que o francês tem potencial, o canadense não, embora tenha parado de bater nos últimos dias. Massa, recém saído da aposentadoria, será o líder da equipe nesse ano, enquanto Pérez assumirá pela primeira vez na carreira a responsabilidade de ser o protagonista de uma equipe, vindo de ótimas temporadas e por ter vencido nos últimos dois anos o talentoso Nico Hulkenberg.

Foto: Motorsport
A Renault dá provas de evolução. Também, com a estrutura e orçamento que tem, era impossível piorar. Com um projeto sendo desenvolvido em tempo integral desde o ano passado, os franceses pretendem evoluir aos poucos no médio/longo-prazo. Com Hulkenberg, é possível arrancar bons pontos durante o ano. Com Palmer, bem.. é um mistério sua permanência na equipe, logo a Renault que não precisa de piloto pagante. A Toro Rosso também virá melhor nessa temporada pelo simples fato de usar um motor que será atualizado durante o ano. Mesmo com dificuldades, Sainz fez um bom tempo, que também não é conclusivo, mas segue bem superior a Kvyat. Incrível como o russo não se achou mais depois do rebaixamento da Red Bull. Só permaneceu na equipe porque não existe ninguém apto no programa de desenvolvimento de pilotos dos taurinos, tanto é que Pierre Gasly, campeão da GP2 (agora F2) vai para a Super Fórmula. A equipe satélite pode embolar na briga por alguns pontinhos eventuais.

A Haas seria a oitava força. Natural, pois é apenas o segundo ano na Fórmula 1. É difícil sobreviver em um ambiente competitivo sem dispor de tanto dinheiro. Entretanto, se a concorrência será mais complicada, ao menos o time estadunidense terá verdadeiramente uma dupla de pilotos. Magnussen no lugar de Gutiérrez é um acréscimo muito grande. O dinamarquês vem motivado para a sua "última chance" na F1 e precisa mostrar bom desempenho diante de um experiente e amadurecido Grosjean, que em tese ainda é o primeiro piloto da equipe. 

Foto: Getty Images
No fim da fila, McLaren e Sauber. Mais um vexame a vista com a Honda. Já são três anos e quase nenhum progresso, pelo contrário. Os ingleses regridem e viram escuderia de fundo de grid. Isso é uma vergonha para a história vencedora da McLaren. Inúmeros problemas no carro e principalmente no motor, que obrigou Alonso e Vandoorne a andarem com limitador de giros, visando evitar novos contratempos. Alonso e Boullier já dispararam publicamente contra os japoneses, que pagam pela teimosia de não cooperar com os esforços do competente e capaz McLaren. O espanhol pode até se aposentar esse ano, diante de tantos problemas. Tanto preparo para nada deve gerar desmotivação, por mais que o asturiano ganhe muito bem nesse acordo e provavelmente não tenha espaço em outra equipe de ponta. Vandoorne certamente terá seu talento prejudicado ao guiar essa "carroça". Ou não. Talvez possa ser a oportunidade de tirar leite de pedra logo na estreia e provar para o mundo da F1 que a promessa irá virar realidade.

Sobre os suíços, não há muito o que dizer. Sem muitos recursos, resta correr com o carro e motor de 2016. Com o limitado Ericsson e a Wehrlein, a  incógnita rejeitada pela Mercedes em duas equipes, os dois irão travar a luta interna para não largar em último. A incompetência de Monisha na gestão e o fim da parceria com a Ferrari transformaram a Sauber em equipe média e simpática em um time pequeno e muito criticado pelas suas escolhas recentes. Enfim, cada um escolhe o jeito como sobrevive na F1, essa categoria que é um verdadeiro matadouro de escuderias e que serve para lavagem de dinheiro de tantas outras.

Talvez eu faça nos próximos dias alguns posts individuais das equipes, com estatísticas e tudo mais. Não posso garantir. Ano final de faculdade vai ser muito puxado e será frequente posts atrasados, infelizmente. Espero que eu possa contar com a compreensão de todos. Me desculpem.

Até!






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