segunda-feira, 9 de abril de 2018

VETTEL 200, 100%

Foto: Getty Images
Um final de semana quase perfeito para a Ferrari. Pela primeira vez desde 2004, os italianos começam uma temporada com duas vitórias nas duas primeiras corridas. Pela primeira vez desde 2011, Vettel começa o ano com duas vitórias. Ao contrário de duas semanas atrás, a vitória no Bahrein foi categórica, o que não quer dizer que foi tranquila. Muito pelo contrário. Tudo isso na corrida número 200 do tetracampeão mundial.

Me parece que a Mercedes está tão habituada a controlar tranquilamente as corridas que nessa prova, ao perceber o domínio da Ferrari, tentou ser mais esperta nas estratégias, fazendo com que Hamilton e Bottas parassem apenas uma vez. Os italianos haviam inicialmente programado duas paradas. Entretanto, ao perceberam a tentativa dos alemães, trataram de parar com Kimi e deixaram Vettel até o final, vendo que o pneu macio poderia durar, com dificuldade sim, até o fim. Hamilton fez seu papel de corrida de recuperação. Em nenhum momento teve chances de vencer, mas conseguiu um terceiro lugar para conter os danos. Bottas, ao perceber que era mais rápido com os médios, até diminui o ritmo para poupar pneu, contando com a parada de Vettel. A Ferrari arriscou e se deu bem. A Mercedes subestimou e perdeu outra corrida. Bottas sequer esboçou um ataque no tetra. Para quem está pressionado por resultados para se manter na equipe, a amostragem inicial não é boa.

O cara do final de semana é Pierre Gasly, sem dúvidas. Logo na segunda etapa da parceria Toro Rosso-Honda, o melhor resultado dos japoneses no retorno para a F1. Evidente que isso só foi conquistado diante dos abandonos de Raikkonen e das Red Bull, além da Honda ter trocado de motor logo na segunda etapa. Se confiabilidade e durabilidade não parecem ser grandes coisas agora, ao menos no Bahrein o francês conseguiu fazer uma prova de autoridade, com uma bela defesa de posição diante de Magnussen logo após o final do Virtual Safety Car. Talvez seja uma brecha interessante testar a potência do motor sem se importar com o regulamento para ver se vale a pena para a Red Bull trocar de fornecedora, assim como a Ferrari poderia fazer isso com a Haas ou a Sauber e a Mercedes com a Williams...

Foto: Reuters
A fratura da fíbula e tíbia do mecânico da Ferrari foi uma imagem feia de se ver e custou o pódio de Raikkonen. Uma frustração e raiva tremenda, sem dúvida. O Iceman as vezes se perde no personagem. Mesmo indignado com o erro, poderia ao menos dar apoio para um colega de equipe que agonizava no chão e com uma grave lesão (rimou). O mecânico está bem. A questão da tecnologia com o acionamento humano é sempre uma questão complicada. Um erro causou o outro, que culminou nessa situação. A Ferrari perdeu bons pontos nos construtores. Incrível como os pit stops nesse início de ano estão sendo perigosos.

Mais uma vez a confiabilidade vai minando um trabalho de Adrian Newey. Ricciardo, que vinha em quarto e tem um bom ritmo de corrida para incomodar alemães e italianos, ficou pelo caminho logo na terceira volta. Verstappen, por sua vez, precisa de uma conversa ou de uma reavaliação de seus atos. Uma coisa é ser agressivo com Hamilton ou outro piloto de alguma equipe menor no fim da temporada ou quando alguém irá recolher o carro pois tem algo a perder. Hoje, com Lewis, não foi o caso. O tetracampeão engrossou o caldo e jogou duro com o holandês, que pagou com o abandono da prova. Já é o terceiro ano de Max na Red Bull, e parece estar repetindo os mesmos erros. Escreverei sobre isso com mais detalhes durante a semana...

Hulkenberg conseguiu um bom sexto lugar para a Renault. Sainz fez uma corrida ruim e sequer pontuou. A McLaren padece do mesmo mal que a Red Bull: ruim em volta lançada, mas na corrida a história é outra. Alonso e Vandoorne sólidos na zona de pontuação. Entretanto, a distância para as outras três equipes é abissal, até para a Haas se bobear. Magnussen cumpriu seu papel e trouxe os primeiros pontos dos americanos, que poderiam estar em terceiro nos construtores agora.

Outro destaque da corrida foi Marcus Ericsson e a Sauber, que conquistaram um surpreendente nono lugar, sem sustos, graças a estratégia acertada de uma parada. Tudo bem que o sueco nem deveria estar na F1 por ter perdido para todos seus companheiros de equipe, mas hoje ele mandou bem. A Force India conseguiu seu primeiro pontinho graças a uma ultrapassagem de Ocon no final da corrida. Com isso, apenas a Williams está zerada no campeonato. Eles fizeram a escolha deles: fechar o grid não é problema nenhum, desde que o dinheiro entre. Agora, que se explodam.

Confira a classificação final do GP do Bahrein:




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