segunda-feira, 17 de outubro de 2016

A ÚLTIMA CHANCE DE HULK

Foto: Reprodução
Campeão do Campeonato Europeu da F3 e da GP2 logo em sua temporada de estreia, Nicolas Hulkenberg foi para a Williams, onde conquistou a pole position em Interlagos. Por divergências de contrato, foi dispensado e amargou um ano na reserva da Force India. Efetivado no ano seguinte, se destacou mas foi para a decadente Sauber. Apesar disso, fez sua melhor temporada em termos de desempenho, mas decidiu voltar para "casa". Venceu Pérez na primeira temporada. Entretanto, amargou uma derrota no ano passado e provavelmente perderá nesse ano. Enquanto o mexicano conquistava pódios improváveis, Hulk nunca passou perto disso, sempre com n problemas ou inexplicável falta de desempenho na hora H. Afinal, por que em 111 GPs Nico nunca foi sequer ao pódio e demonstrou menos do que todos na F1 sabem que ele é capaz de fazer?

O primeiro motivo é óbvio: o alemão nunca teve um carro que lhe permitisse brigar por vitórias. A pole pela Williams foi um "acaso" (na chuva em um qualyfing caótico). Na Force India, deve incomodar o fato de Pérez conquistar resultados tão expressivos com o mesmo equipamento, isso que para muitos o alemão é mais piloto que o mexicano. Pela Sauber, seus desempenhos eram dignos de pódio, mas o fraco carro suíço não lhe permitia algo além. Hulk tirou "leite de pedra". Tanto é que o maior feito da carreira de Hulk foi a vitória nas 24 horas de Le Mans no ano passado. O Endurance poderia ser uma alternativa na carreira, pois na F1 a coisa parecia não deslanchar. 28 anos, sem aporte financeiro e com resultados expressivos, Hulk se credencia (ou credenciava?) a ser um novo Nick Heidfeld: muito talento na base, decepção na F1.

O maior feito de Hulkenberg: A vitória nas 24 horas de Le Mans pela Porsche, no ano passado. Foto: F1Fanatic
Hulk já tinha confirmado sua renovação para mais uma temporada pela equipe indiana. Entretanto, uma especulação despretensiosa transformou-se em realidade em questão de uma semana (ou menos). A Renault, desesperada por pilotos "jovens e experientes" (com boa rodagem na categoria e com potencial para liderar a equipe nos próximos anos) fez uma proposta irrecusável. Pela primeira vez na carreira, Hulkenberg terá a disposição uma equipe com recursos financeiros infinitos para liderar a Renault nas próximas três temporadas. Uma oportunidade que caiu do céu, tendo em vista que a falta de resultados de Hulk e uma "resfriada" do paddock em seu potencial não permitiam a projeção de algo desse nível em seu futuro (pelo contrário, Pérez era o "bola da vez"). É a última chance da carreira para o alemão deslanchar e alcançar os resultados que todos sabemos ele possui condições e que aguardamos com mais ansiedade ainda, agora que Hulk ganha uma sobrevida numa categoria tão fadada aos pilotos pré-adolescentes, precoces e exigentes.

A mudança de peça renova a corrida pelas vagas que sobram na F1. Quem a Renault pensa como segundo piloto da equipe? Renovar com Magnussen, que apresenta um desempenho no máximo razoável? Outras alternativas restantes seriam a promoção do jovem Ocon, hoje "emprestado" na Manor ou até mesmo Nasr, esse mais um desejo brazuca do que um fato concreto. Penso que o francês certamente será titular da Renault, mas não sei se agora seria a hora mais apropriada. Tudo depende do que realmente as cabeças pensantes da escuderia francesa desejam para o futuro próximo da equipe.

Atual dupla da Manor é favorita para assumir as vagas restantes de Renault e Force India. Foto: F1

Na Force India, o candidato natural seria o compatriota Pascal Wehrlein. O jovem conseguiu uma façanha e tanto: pontuar com a Manor, o que garante (no momento) 40 milhões de Euros para os britânicos. Wehrlein é piloto da Mercedes, que por sua vez fornece motores para a Force India. Essa relação de proximidade é benéfica para os dois: Os alemães desejam ver seu pupilo em uma equipe mais competitiva e com condições de brigar lá pela frente. Em troca, concessões nos valores cobrados pelo fornecimento da unidade motriz e repasse de outras áreas do carro poderiam ser feitos. Outros candidatos seriam Felipe Nasr e seu forte aporte financeiro, Magnussen (desesperado por uma vaga em 2017), Palmer, Gutiérrez e Ericsson (os três também com muito dinheiro por trás) completam as especulações. As definições não irão demorar muito para serem feitas. Afinal, as equipes já estão pensando em 2017 e a demora em anunciar os pilotos acarreta em atraso no desenvolvimento do projeto do carro do ano que vem, que será uma temporada mais importante que o normal pois existem as mudanças de regulamento. Portanto, não há margem para imprevistos e falhas de planejamento.

Para completar, uma bizarrice: Lance Stroll só deverá ser anunciado pela Williams quando completar 18 anos, no dia 29. Tudo isso porquê a principal patrocinadora da equipe, a Martini, não deseja que o jovem seja anunciado enquanto for menor de idade. Afinal, imagem e publicidade são importantes. Imagina combinar bebida com menor de idade? Com isso, Stroll deve ser anunciado oficialmente piloto da Williams no fim de semana do GP do México, onde a questão publicitária poderá ser melhor trabalhada. É o símbolo da F1 moderna, cada vez mais dominada por jovens adolescentes endinheirados.

Até!

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