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Foto: Getty Images |
O livro “Outliers, os Fora de Série”, de Malcolm Gladwell, é
fantástico. Vou tentar não falar muito sobre ele porque já fiz outros paralelos
no blog, mas ele basicamente resume que o “fora desérie” não depende apenas do
talento, mas sim de todo um contexto histórico, social, familiar, de onde
nasceu, cresceu e, claro, a sorte.
O pódio do Catar me deu o clique para escrever sobre esse
tema porque são três perfis de “fora de série” completamente diferentes, sem
contar os outros pilotos. Eles meio que são uma aplicação do livro.
Começando é claro por Lewis Hamilton. Sim, o britânico
encarou o grande desafio de ser o primeiro negro a chegar e fazer sucesso num
esporte rico e elitista. As condições sociais obviamente não ajudaram, assim
como as financeiras.
No entanto, tudo isso muda quando a McLaren e a Mercedes
entram na jogada e comboiam o jovem até a F1. Isso, junto com a qualidade de
Lewis, fez ele ser o que é hoje. Além disso, teve “sorte” na tomada de decisão
e ir para a Mercedes quando esta teve quase uma década de domínio na F1.
Hamilton foi o pacote perfeito.
Max Verstappen. Filho de piloto, teve o caminho “facilitado”
no meio desde criança. Cresceu correndo porque a mãe também foi kartista. Uma
vantagem em relação aos outros. Além do mais, o talento precoce o fez ir
rapidamente para a Red Bull, sendo um grande atalho até chegar na F1.
Quando
foi promovido da Toro Rosso, o que parecia uma precipitação, Max mostrou sorte
e competência na estreia ao aproveitar a batida das Mercedes e vencer na Espanha, sendo
o mais jovem vencedor da história da categoria. 2021 culminou com o título
mundial. Tem que ter talento e estar na hora certa.
Fernando Alonso teve um pouco disso no início da carreira.
Assessorado por Flávio Briatore, teve as primeiras chances na Minardi até subir
para a Renault. É claro que ser pupilo do chefe facilita, mas quando teve as
oportunidades, Fernando desbancou Schumacher e virou bi. Tudo indicava que ele
faria a “Era Alonso” no pós-Schumi.
Aí entra outra questão do livro. Um fora de série sem sorte
ou com decisões erradas fica pelo caminho, não importa o quão inteligente e
talentoso ele seja. Desde então, Alonso tomou decisões erradas na carreira,
fruto do temperamento difícil, egocêntrico e as vezes mimado.
Deixou a McLaren,
onde podia conquistar títulos, voltou para a Renault que não estava competitiva
e foi duas vezes “azarado” na Ferrari, onde o tri bateu na trave. Apostou na
McLaren Honda mas a falta de paciência falou mais alto e, agora, na Alpine,
vive a última chance.
Não dá pra dizer que alguém bicampeão do mundo é azarado,
mas Alonso poderia ter sido muito mais se tivesse feito as escolhas certas e
tivesse também um pouco de sorte.
O outlier também é aquele que está na hora certa e no
momento certo. Sebastian Vettel é um tetracampeão. Pegou a Red Bull dominante
no momento exato e não desperdiçou a chance. Depois, virou um piloto errático e
os números parecem inflacionados, então a pergunta que fica é: Vettel seria
Vettel se acontecesse qualquer coisa diferente antes? Certamente que não. Um
outlier que combinou raríssimas oportunidades e talento, não se esqueçam.
Outros milhares de exemplos de pilotos promissores que não
vingaram na história podem ser encaixar naqueles que tiveram azar ou mal
gerenciamento da carreira. Não ser campeão não significa que seja um piloto
desprezível, mas Ricciardo, Wehrlein, Nasr e Vandoorne, em exemplos mais
recentes, assim como Giovinazzi, podem se queixar em algum momento da falta de
sorte, apoio ou de simplesmente estarem na hora certa no momento errado.
Outros, pelo capital, viram outliers, como Stroll, Latifi e
Mazepin. Se não fossem bilionários, não seriam pilotos. Se não tivessem
dinheiro para desenvolver as habilidades exaustivamente, não chegariam lá.
Desde pequeno, uma vantagem financeira que fez a diferença. Mais condições,
melhores carros e o resultado está lá, assim como ter um sobrenome e dinheiro,
como no caso de Mick Schumacher.
O que quero escrever é que nada é por acaso na F1. O livro
dos Outliers é um exemplo que pode ser aplicado em qualquer área, por isso acho
ele fascinante e quis jogar um rascunho dele para vocês. Leiam e reflitam!
Concordam com o que foi escrito ou viajei na maionese?
Até!