segunda-feira, 8 de maio de 2023

PARA LUTAR CONTRA O ESCORPIÃO

 

Foto: Getty Images

Cheguei a escrever, em 2019, que Leclerc parecia muito mais completo e maduro para disputar campeonatos que Max Verstappen. O recorte até aquele parâmetro me permitia fazer esse tipo de afirmação.

No entanto, quatro anos depois, se revisitarmos tudo isso, parece que sou um idiota. Realmente sou, mas a questão é: qual o motivo dos papéis terem se invertido nesse recorte de tempo? O que aconteceu com Charles Leclerc?

Há alguns motivos que podemos chutar ou conjecturar. Primeiro: pós 2019 e o escândalo dos motores, a Ferrari entrou em desgraça e continua nela, apesar de ter iludido a todos no início do ano passado. Com o pior campeonato em quarenta anos justo na pandemia, é normal que um piloto talentoso como Leclerc queira correr mais que o carro.

Mesmo nessas condições, ele sempre fez poles e pódios porque é bom e muito rápido. O que intriga é que nem na Sauber, quando novato, acontecia tais problemas e as repetições. Claro: a pressão da Ferrari não se compara e Charles ainda é jovem, apesar de ser a quinta temporada no cavalinho rampante.

Andar mais que o carro, juventude, ansiedade, pressão. Tudo isso afeta a confiança. Um atleta de alto rendimento e um cidadão comum duvidam de si mesmo a todo instante, principalmente com aquela velha máxima de que “você é a última corrida que fez” ou algo do tipo. Quando você erra ou vai mal, o fantasma de repetir isso afeta e você quer apenas se livrar da última impressão.

Inevitavelmente, as dúvidas aparecem: será que sou tão bom assim? E tudo é uma espiral... Quando Leclerc vai bem, a equipe o ferra e o chefe coloca o dedo em riste na frente de todo mundo. Quando a equipe não atrapalha, um erro bobo coloca tudo a perder.

O problema é que já são muitos erros bobos para alguém tão experiente. Leclerc está numa equipe que, hoje, precisa de eficiência para alcançar os melhores resultados possíveis. Ninguém discute a qualidade dele, mas a consistência é o caminho. Não adianta ser pole numa corrida e bater dois dias seguidos na semana seguinte. A tabela mostra, assim como 2020 que o menos talentoso Sainz está na frente, entregando mais pontos, mas sem o brilhantismo.

O que acontece com Leclerc? O que será necessário para ter um clique para adotar a consistência? São perguntas que só ele e a Ferrari podem saber.

Ao contrário da fábula do escorpião, é necessário que o monegasco lute contra a própria natureza até aqui na categoria para atingir todo o potencial que existe nele.

Até!

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