segunda-feira, 1 de julho de 2019

CRUELDADE - PARTE 2


Foto: Getty Images
Em mais um raro momento onde a Mercedes parecia não ser páreo para a vitória, o jovem monegasco Charles Leclerc conseguiu sua segunda pole no ano, diante de um Vettel que tinha problemas no SF90-H. A única ameaça era Max Verstappen, que largava do seu lado na primeira fila.

Na largada, Max foi tão mal que caiu para sétimo. Com Vettel lá atrás, certamente o alemão perderia algum tempo ao escalar o grid repleto de McLarens e Kimi Raikkonen. Com uma distância segura sobre Bottas e Hamilton, os alemães eram inofensivos. Com os pneus macios, Leclerc controlava a corrida como só no Bahrein havia conseguido.

A Mercedes resolveu parar cedo e a Ferrari marcou. Com isso, Max, que estava também se recuperando, pulou para a liderança e andou dez voltas a mais com os macios. Isso fez a diferença. Com um problema no assoalho, Hamilton parou de novo e saiu da corrida de vez, fato raro.

Com os pneus duros, a Ferrari perde um pouco do rendimento. Não sei se mais perde ou é Verstappen (não a Red Bull) que simplesmente começa a sobrar na pista, tirando quase um segundo por volta. Começou a passar Vettel e Bottas como quem tira doce de criança. Faltando cinco voltas, a chance de uma nova e consagradora vitória em Spielberg diante do fanático mar laranja era mais do que real.

Na primeira tentativa, Leclerc deu o lado de fora e se defendeu magistralmente. Uma disputa limpa e segura de dois jovens ácidos por vitórias que não serão frequentes, ao menos no curto prazo. No entanto, faltando duas voltas, Max e sua tradicional agressividade foram pra cima e também contaram com a inocência do monegasco, que deixou o lado de dentro para o holandês. O resultado? Max espalhou, os dois se tocaram levemente e restou a Ferrari ir para a área de escape e perder a corrida que estava praticamente ganha, a exemplo do que foi no Bahrein. Ou seja, outra crueldade.

Foto: Getty Images
Foto: Getty Images
É claro que Leclerc protestou e ficou puto da vida, bem parecido com o que seu colega ferrarista fez algumas semanas atrás. Apesar da manobra ter sido investigada, no fim das contas nada mudou. A FIA é refém de suas bobagens. O que Verstappen fez hoje, ao meu ver, foi mais acintoso que Vettel. Max joga Leclerc para fora da pista. Deveria ter sido punido. Será que a má repercussão do ocorrido no Canadá melindrou os comissários? Mais um erro que decide um vencedor. É claro que é constrangedor ganhar no "tapetão", mas regras são regras. Se fosse uma disputa qualquer, haveria uma punição. A Ferrari não ganha na pista e parece estar sucumbindo até no jogo político. Saudades de chamá-los de Fiarrari.

Se foi uma crueldade Leclerc perder mais uma vitória no ano, será tão ou mais uma atuação espetacular de Max não ter resultado nisso. Se ele tivesse largado normalmente, é certo que seria mais uma corrida monótona. Obrigado Deuses por proporcionar o espetáculo de hoje. É a primeira vitória da parceira com a Honda. Os japoneses não venciam desde 2006. Foi bonito ver o japa no pódio. Ele representa o esforço de uma empresa que se dedica há anos para a F1 neste retorno e só agora começa a ter, de forma lenta, o retorno que imaginava.

O burocrático Bottas se aproveitou de mais um erro da Ferrari com Vettel (agora nos pits, o que custou seis segundos na pista) para ficar no pódio. Hamilton foi um quinto discreto, mas do jeito que as coisas andam, não existem adversários para ele. Ou seja: tanto faz.

A McLaren, pasmem, virou a quarta força. Excelente corrida de Norris, o sexto, e mais incrível ainda foi Sainz, o oitavo, sem que ninguém tivesse percebido isso. Afinal, saiu lá da última posição. Entre eles está o lamentável Gasly, que conseguiu a proeza de levar uma volta do vencedor que utiliza o mesmo equipamento. A última vez que isso aconteceu deve ter sido nos anos 1980. Nem Kubica é tão inferior assim a Russell.

Por fim, a Alfa Romeo completou o top 10, e Giovinazzi conquistou o primeiro suado ponto na categoria. Que isso lhe dê confiança para seguir, porque existe muita gente de olho no assento dele para a próxima temporada. A Renault é uma montanha-russa que neste 2019 só esteve embaixo a maior parte do tempo. Mais uma corrida decepcionante. A Haas virou definitivamente equipe de fundão, com Magnussen conseguindo a proeza de terminar atrás de uma Williams. Kubica não dá mais, infelizmente.

Bem, finalmente tivemos uma corrida boa, graças é claro a uma situação circunstancial: calor e desgaste dos pneus da Mercedes. Vai demorar para que isso se repita. Uma coisa é certa: que os Deuses deem logo a Verstappen um carro capaz de ser campeão. O mundo agradeceria. 

Confira a classificação final do GP da Áustria:




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