terça-feira, 30 de julho de 2019

INFERNO E CÉU

Foto: Motorsport Images
Um ano atrás, Vettel era líder do campeonato e parecia a salvação da lavoura da F1 para brecar o domínio da Mercedes, como um certo ídolo Michael Schumacher. Na Alemanha, uma pole consagradora, enquanto que o concorrente Hamilton largaria lá atrás, com problemas no treino.

Uma corrida que parecia tranquila colocou tudo a perder no próprio erro do alemão, em casa, em frente a torcida. O que seriam 33 pontos de vantagem viraram 17 atrás. A partir dali, Vettel não se recuperou mais. Pelo contrário. Mergulhou em uma sequência de erros inacreditáveis para alguém tão gabaritado com quatro títulos.

Nada mudou neste ano, mais pressionado ainda com a chegada do jovem queridinho Leclerc. Uma vitória no Canadá seria a resposta consagradora, mas o próprio alemão voltou a errar na hora decisiva. Apesar disso, saiu por cima porque uma boa parte do público considerou injusta a punição. Portanto, um vencedor moral, mas a moral não conta em nada no fim das contas.

De volta para a Alemanha, tudo parecia para uma zica renovada. Sem treinar e largando em último, as chances do errático alemão conquistar um bom resultado eram nulas, e estavam sendo, mesmo com todos os acontecimentos caóticos. A sorte enfim decidiu sorrir (?) no último Safety Car e, com pneus mais novos, foi fácil chegar em segundo. No caso de Vettel, o resultado vale mais que o meio. Uma redenção em casa, no mesmo palco onde a maior espiral negativa da carreira começou pode ser um indício de recomeço na cambaleante confiança e motivação do alemão na categoria. Será?

O próprio Kvyat disse que a corrida resume a carreira: altos e baixos. Discordo levemente. Na corrida, o russo não lembrou nenhum pouco o arremedo de piloto que tinha virado após ter o mental quebrado pelo rebaixamento à Toro Rosso, as más atuações e também ter sido obliterado por Carlos Sainz. Tudo isso logo depois de ter feito, até então, seu último pódio, na China, em 2016. Na corrida seguinte, Verstappen foi o vencedor com o mesmo carro.

Depois, foi demitido antes do fim de 2017 para dar vaga a Pierre Gasly, que agora ocupa duas vagas que já foram a dele. Tudo isso com alguém que superou Daniel Ricciardo logo no ano de estreia. O "torpedo" já viveu essa situação de caça e caçador, todos sabemos como o programa da Red Bull é sedutor e cruel ao mesmo tempo com suas jovens vítimas.

Um ano afastado e relegado a piloto de simulador da Ferrari, a saída de Ricciardo provocou um efeito dominó que fez Kvyat retornar a F1 repleto de desconfianças, é claro. "De novo ele? Vai ser humilhado de novo!". O que estamos vendo até aqui é um Kvyat sólido, maduro, com resultados semelhantes a sua estreia na equipe B, cinco anos atrás. Por já ter feito parte e não ter dado certo, parece ser carta fora do baralho caso a equipe canse de Gasly, o que não vai demorar. Será mesmo? Não seria inteligente colocar outro jovem talento no matadouro que é enfrentar Max Verstappen.

O próprio Kvyat tem como objetivo voltar a matriz. Não sei se conseguirá. Faltava um resultado diferente, e ele veio. Bonito e simbólico ver três gerações diferentes do programa de pilotos da Red Bull no pódio, dois deles os únicos que conseguiram fazer isso com a equipe satélite (Vettel em Monza-2008 e agora Kvyat). Se até o ano passado o novo pai da praça estava no fundo do poço, no início da temporada ele conseguiu equilibrar as ações e agora passa a um grande momento, o maior diria eu, porque fazer pódio com a Red Bull é obrigação, com a Toro Rosso nunca será, mesmo em circunstâncias excepcionais.

Está tarde, mas gostaria de mencionar também no texto um caso que já abordei, o de Verstappen. Até o ano passado ele também estava por baixo e começou a amadurecer e unir o talento com regularidade e agora vive o melhor momento da carreira. Jovem e já relativamente experiente na categoria, acostumado a algumas glórias e grandes frustrações, os três pilotos estavam no inferno e agora chegaram ao céu. Ok, talvez Vettel esteja no purgatório, mas o simbolismo ainda assim não deixa de ser bonito e chamativo. As reviravoltas da vida e da Fórmula 1, que ocorrem em milhares de giros em um autódromo, representam inícios, meios, fins, recomeços e todas as coisas juntas. É por isso que é maravilhoso escrever sobre esta categoria, que resolveu me calar nas últimas três corridas.

Ainda bem. Até!

segunda-feira, 29 de julho de 2019

FOGO E ÁGUA

Foto: Getty Images
Foto: Getty Images

25 anos atrás, em Hockenheim, Jos Verstappen quase virou churrasquinho em um pit stop onde a gasolina acabou vazando do carro e causando uma grande explosão. Hoje, o filho Max Verstappen venceu em Hockenheim diante da chuva. Apesar da corrida caótica, foi a vitória mais cerebral de Max, que ainda teve alguns percalços, como não poderia deixar de ser.

Começando pela largada, onde o torque da embreagem (falaremos mais disso depois) fez com que o holandês saísse muito mal, caindo para quarto. Aliás, a corrida teve três voltas atrás do Safety Car porque parece proibido correr na chuva. A primeira prova do ano nesta condição, aliás. Enfim. Mesmo que a chuva trouxesse ares de imprevisibilidade, a corrida parecia estar afeição da Mercedes, que fazia 1-2. Logo na segunda volta, Sérgio Pérez, que sempre tira pódios da cartola em ambientes caóticos iguais ao que se apresentava hoje, bateu. Primeiro Safety Car da tarde.

A primeira troca foi tranquila. Dos pneus de chuva para o intermediário. Hamilton disparava enquanto Max estava preso atrás de Bottas. Com a pista secando, quem estava atrás começou a arriscar com o pneu macio, como foi o caso de Magnussen. O erro de muitos. Para quem está atrás, não há nada a perder. Vettel, que largou em último e estava em oitavo, seguiu, assim como os outros. Depois de algumas voltas, deu para perceber que, embora em alguns trechos a pista estava seca, em outros ela continuava molhado, pois chovia na parte do estádio. Os tempos não melhoravam. E assim todo mundo seguiu. Max deu um 360°, Sainz rodou, Stroll rodou. Estes conseguiram se salvar, outros...

Leclerc forçou demais. Estava com uma boa estratégia, era o quarto colocado. Rodou num ponto onde a pista parecia sabão e tinha nenhuma aderência, praticamente empurrando os carros para a brita. Lembrou vagamente o ponto onde todo mundo rodou e bateu no GP do Brasil de 2003. 

Aí a corrida virou uma algazarra. Alguns não tinham colocado os pneus macios e se deram bem, trocando apenas o intermediário, casos das Mercedes e de Hulkenberg. Outros chegaram para o topo, como Albon. Max, mesmo assim, se manteve entre os ponteiros. Não por muito tempo. Alguns também caíram na armadilha...

Foto: Getty Images
Logo ele. No mesmo ponto. Mesmo com Safety Car, Hamilton bateu. Como estava na cara dos boxes, cortou o caminho de forma insegura e foi para o pit. A Mercedes não estava preparada e bateram cabeça, literalmente. Mais de 30 segundos parado. Tinha uns caras de boina (outra ação comemorativa dos 125 anos da Mercedes no final de semana) que só depois percebi que eram mecânicos. O clima de festa estava preparado, com homenagens e patrocínio da corrida. A consagração alemã estava ameaçadíssima. Entre perder um minuto e ser punido com cinco segundos, Hamilton optou pelo lógico. Teve que remar tudo de novo. Tentou, mas rodou, bateu e caiu para o fim do grid, atrás até mesmo das Williams.

Outro que desperdiçou, mais uma vez, a chance de finalmente brilhar foi Nico Hulkenberg. É impressionante como as coisas parecem afeição dele e o alemão se borra e estraga tudo. Definitivamente não vai fazer pódio nunca, não tem jeito. Uma pena que perca tantas chances assim. 

Com a batida de Hulkenberg, ainda faltavam umas 15 voltas. Com o SC um bom tempo na pista, ela foi voltando a secar. Os ponteiros não queriam arriscar muito porque era reta final. Já quem estava atrás... 

Stroll e Kvyat botaram os macios e tacaram o foda-se. Não tinham nada a perder. Logo que a corrida reiniciou, ficou claro que era preciso botar os pneus de pista seca. E, com todo mundo nos boxes, os dois assumiram a liderança faltando umas 10 voltas! Stroll e Kvyat! Inacreditável! O canadense, por mais fraco que seja, parece capitalizar nas situações caóticas, sobretudo na chuva. Max, que tinha uma boa vantagem, conseguiu voltar próximo e rapidinho retomou a liderança. Bottas estava em quarto, pressionando Stroll, até que bateu. Incrível. Além de não conseguir passar o riquinho, o finlandês simplesmente bate de forma vergonhosa e perde a chance de tirar alguns pontos em relação a Hamilton. Não que fosse voltar a briga pelo título, mas enfim. A reação de Toto pode implicar em mudanças. Bottas pode ter escrito o seu fim na Mercedes.

Vettel, que ficou 40 voltas atrás da Alfa Romeo de Kimi Raikkonen, aproveitou o novo Safety Car para colocar pneus mais novos. Com o grid realinhado, foi questão de tempo para galgar as posições e chegar em segundo porque Max já havia se mandado para vencer pela sétima vez. Kvyat precisava deste resultado. A corrida foi a síntese da carreira: cheia de altos e baixos, de demitido duas vezes para recontratado em dois anos, o russo consegue o segundo pódio da história da Toro Rosso! O agora papai (cuja mãe é Júlia Piquet, filha do Nelson) deu um passo importante para a retomada da confiança e coroa uma temporada segura neste retorno cheio de desconfianças. De quebra, viu Gasly ficar atrás das duas Toro Rosso e ainda bater pateticamente ao tentar ultrapassar Albon. Parece que depois das férias o futuro do francês é o rebaixamento para Toro Rosso, lugar onde Kvyat parou depois de ser preterido por Verstappen. Que pódio é este, composto por três membros da academia Red Bull!

Foto: Getty Images

Para Vettel, um segundo lugar enganoso, onde teve a competência de não cometer erros mas não soube se sobressair. É estranho falar isso de alguém que não treinou e chegou em segundo largando de último. Enfim, que seja um pequeno passo mas muito importante para a retomada de confiança de Sebastian, justamente onde a perdeu no ano passado.

Coube ao rico um quarto lugar, o melhor da Racing Point no ano, fato que geralmente Pérez é o responsável. Difícil ser hater do canadense hoje. Carlos Sainz foi outro que teve altos e baixos. Caiu para último após rodar, voltou para a prova graças as circunstâncias e fica numa ótima quinta posição. Albon, ofuscado por Kvyat mas igualmente muito bem, o sexto.

Agora voltamos para o torque da embreagem na largada. Foi isso que desclassificou a dupla da Alfa Romeo. Segundo o Globoesporte.com, "os comissários detectaram que o torque na embreagem de ambos na largada não correspondia ao exigido pelo regulamento, com a liberação da embreagem tendo sido feita em 70 milissegundos, enquanto o estipulado é de 300 milissegundos.

Pelo entendimento dos comissários, essa infração pode ser comparada com uma queima de largada, o que deu uma vantagem em potencial. A decisão foi dar aos dois pilotos uma penalidade de dez segundos num pit stop, que, sem ter sido feito, foi convertido a 30 segundos somados aos tempos finais de Raikkonen e Giovinazzi na corrida."

Sendo assim, pasmem, a dupla da Haas herdou as posições, mesmo com ambos fazendo de tudo para abandonar pois se tocaram de novo. Diante do caos total, Hamilton é um sortudo até quando tem azar: subiu para nono e em décimo ficou Kubica, responsável pelo primeiro ponto da Williams no ano e o primeiro do polonês desde Abu Dhabi 2010, sendo assim o piloto que teve maior diferença entre datas de pontuação: quase nove anos.

Mesmo diante da desgraça, Hamilton sai com mais dois pontos de vantagem em relação a Bottas. A Mercedes, sortuda no sábado, teve a lei do retorno no domingo. Acredito que, depois de hoje, homenagens, pinturas especiais e boinas não estarão no centro das discussões.

Mais uma vitória da Honda, com dois pilotos no pódio. Que karma para a fênix...

Para Verstappen, a confirmação de que ele é o futuro da categoria e só precisa de um carro; para Vettel, um possível renascimento, assim como Kvyat;

O GP da Alemanha é uma das melhores coisas que já aconteceram na década. Viva a chuva, viva as áreas de escape!

Confira a classificação final do GP da Alemanha:


Até!


sexta-feira, 26 de julho de 2019

CALOR E CHUVA?

Foto: Getty Images
Hockenheim registrou hoje a maior temperatura durante uma sessão nesta temporada. 37 graus, em pleno início de verão europeu. Hockenheim está fervendo. Nestas condições, a Mercedes apresenta problemas. Foi assim na Áustria, onde já estava quente. Em voltas rápidas, são superados pela Ferrari. No entanto, mesmo assim, os stints de corrida são melhores. Os italianos têm um sério problema com o alto desgaste dos pneus, o que provocou de certa forma a derrota de Leclerc em Spielberg.

A previsão, apesar do calor, é de chuva. Todavia, como sabemos, previsões metereológicas dificilmente se confirmam na Fórmula 1. Por incrível que pareça, a chuva seria melhor para Mercedes, pois com temperaturas mais baixas o carro é capaz de render o máximo sem precisar poupar tudo visando evitar alguma quebra.

Max Verstappen sempre vai tentar tirar aquele coelho da cartola enquanto a Red Bull não lhe dá condições de brigar por vitórias de uma forma mais consistente. Enquanto isso, Pierre Gasly segue acabando com a paciência do exigente Helmut Marko: batida no fim do TL2 para se pressionar mais ainda na equipe. Por mais que não tenha um substituto óbvio a curto-prazo, nunca duvide do poder do caolho de incinerar jovens talentos lançados para o abatedouro.

Foto: Getty Images
No pelotão intermediário, a briga encarniçada de sempre. Resta saber se a Haas, em crise, consegue reagir. Pelo que fala Gunther Steiner, é apenas questão de tempo para oficializar uma troca ainda para esta temporada. Surpreendente, a McLaren pode continuar bem o seu processo de reestruturação, enquanto Racing Point, Renault e Alfa Romeo buscam as migalhas. A Williams, infelizmente, nem no texto tem espaço, imagina nas corridas.

Esperamos que se a chuva vier ela não atrapalhe com suas 54534 voltas de Safety Car ou que beneficie a Mercedes. É estranho escrever, mas a F1 vive um bom momento, mesmo sabendo que Hamilton deverá vencer de novo, e pela quinta vez em solo alemão. Que isso não seja quebrado.

Confira a classificação dos treinos livres:



Até!

quinta-feira, 25 de julho de 2019

GP DA ALEMANHA - Programação

O Grande Prêmio da Alemanha (Grosser Preis Von Deutschland) é uma corrida que entrou no calendário da F1 na segunda temporada, em 1951, e ficou de fora do circo apenas cinco vezes: 1955, 1960, 2007, 2015 e 2017.

Foram utilizados os circuitos de AVUS, Nurburgring (Anel Norte), Nurburgring, Hockenheim antigo e Hockenheim atual. Nesse ano, a corrida será realizada no circuito de Hockenheim.

Foto: Wikipédia

ESTATÍSTICAS:
Melhor volta em corrida: Kimi Raikkonen - 1:13.780 (McLaren, 2004)
Pole Position: Sebastian Vettel - 1:11.212 (Ferrari, 2018)
Último vencedor: Lewis Hamilton (Mercedes)
Maior vencedor: Michael Schumacher (1995, 2002, 2004 e 2006) e Lewis Hamilton (2008, 2011, 2016 e 2018) - 4x

DE VOLTA AO JOGO?

Foto: Getty Images

Preterido da Fórmula 1 após Lance Stroll ter pego sua vaga na ex-Force India e a Mercedes optar permanecer com Valtteri Bottas, Esteban Ocon é um daqueles talentos vítima da falta de equipes na F1 e também consequência de ser integrante da academia de pilotos da Mercedes. Assim sendo, seu nome sempre será colocado em especulações, principalmente envolvendo o futuro do finlandês nas flechas de prata. No entanto, seu futuro imediato pode estar ligado a um outro lugar: a Haas.

A equipe americana vive uma crise dentro e fora das pistas, com a história do patrocínio picareta que já contamos e o péssimo desempenho de Romain Grosjean. Foi especulada a substituição imediata de um dos dois pilotos da equipe e Ocon seria o ficha um para assumir o cockpit já no retorno das férias da Fórmula 1, em setembro. O francês não confirma mas também não descarta nada:

“São rumores, não há nada confirmado”, explicou Ocon, entrevistado pela rádio monegasca ‘RMC’. “Mesmo que todos estejam falando de mim, meu objetivo no mundo da F1 não é necessariamente encontrar um assento o mais cedo possível. Minha equipe está trabalhando muito duro agora para encontrar soluções. A única coisa é que espero que a gente encontre uma muito rapidamente”, seguiu.

Recentemente, o nome do francês também esteve envolvido a Renault, onde já foi piloto de testes. Ele quase foi para lá no ano passado, mas não contava com a transferência de Daniel Ricciardo. Sobre andar em um carro com chassi e motor Ferrari, Ocon não vê problema, embora a prioridade seja, é claro, ser o parceiro de Lewis Hamilton na Mercedes em um futuro nada distante:

“Todas minhas opções seguem abertas. A Mercedes segue na minha cabeça, assim como opções com outros fabricantes de motores. Não é problema me emprestar. Meu principal objetivo é pilotar pela Mercedes, na equipe de fábrica, mas tudo é possível”, encerrou.


Bem, Ocon seria um grande acréscimo para qualquer equipe. É talentoso e tem personalidade, apesar das duas derrotas para Pérez terem diminuído seu hype. Como era inexperiente na época, o ficha um com a aposentadoria de Rosberg seria Wehrlein, que foi barrado e teve o sonho da F1 dilacerado. Ocon não pode virar um Wehrlein ou Vandoorne. Esperar pela Mercedes talvez não seja uma garantia tão grande. O fato é que certamente Esteban merecia estar no grid, seja na Racing Point, Haas, Mercedes ou Williams.


CONFIANTES

Foto: Getty Images
Depois da vitória na Áustria e de um bom desempenho dos dois (!) pilotos em Silverstone, Christian Horner e cia acreditam que a Red Bull será capaz de repetir as mesmas atuações em Hockenheim, devido ao fato de o circuito alemão não exigir tanto a potência do motor nipônico.

“Levando em conta a performance [em Silverstone], estamos partindo para Hockenheim com confiança”, comentou Christian Horner em entrevista veiculada pela revista britânica ‘Autosport’. “Depois de Monza, [Silverstone] é um dos circuitos mais sensíveis à potência no calendário. Você faz a volta de pé embaixo, o equivalente a uma volta inteira em Barcelona. Então isso é encorajador para nós, e certamente para um circuito como é Hockenheim, que é menos sensível à potência”, declarou o chefe da equipe taurina.

“Acho que nas duas últimas corridas começamos a obter alguma performance do carro, que está funcionando muito bem. Acho que nós, definitivamente, desbloqueamos algum potencial. O carro se comportou muito bem e foi competitivo tanto em altas como em baixas velocidades”, completou
.

A grande criptonita da Red Bull sempre foi a velocidade máxima, desde os tempos onde eram dominantes. Com a defasada e problemática Renault nos últimos anos a coisa piorou, e as vitórias viraram artigo raro. É até surpreendente a competitividade que os taurinos estão alcançando nesse início de parceria com a Honda, e mesmo assim já foi conquistada uma vitória, isso tudo praticamente com um carro só.

Diante da incompetência da Ferrari, a Red Bull na prática é a segunda força da F1, isso, sempre repetindo, com a Honda engatinhando e com um carro só. Hockenheim pode confirmar isso.


CLASSIFICAÇÃO:
1 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 223 pontos
2 - Valtteri Bottas (Mercedes) - 184 pontos
3 - Max Verstappen (Red Bull) - 136 pontos
4 - Sebastian Vettel (Ferrari) - 123 pontos
5 - Charles Leclerc (Ferrari) - 120 pontos
6 - Pierre Gasly (Red Bull) - 55 pontos
7 - Carlos Sainz Jr (McLaren) - 38 pontos
8 - Kimi Raikkonen (Alfa Romeo) - 25 pontos
9 - Lando Norris (McLaren) - 22 pontos
10- Daniel Ricciardo (Renault) - 22 pontos
11- Nico Hulkenberg (Renault) - 17 pontos
12- Kevin Magnussen (Haas) - 14 pontos
13- Sérgio Pérez (Racing Point) - 13 pontos
14- Daniil Kvyat (Toro Rosso) - 12 pontos
15- Alexander Albon (Toro Rosso) - 7 pontos
16- Lance Stroll (Racing Point) - 6 pontos
17- Romain Grosjean (Haas) - 2 pontos
18- Antonio Giovinazzi (Alfa Romeo) - 1 ponto

CONSTRUTORES:
1 - Mercedes - 407 pontos
2 - Ferrari - 243 pontos
3 - Red Bull Honda - 191 pontos
4 - McLaren Renault - 60 pontos
5 - Renault - 30 pontos
6 - Alfa Romeo Ferrari - 26 pontos
7 - Racing Point Mercedes - 19 pontos
8 - Toro Rosso Honda - 19 pontos
9 - Haas Ferrari - 16 pontos

TRANSMISSÃO:







quarta-feira, 24 de julho de 2019

PICARETAGEM

Foto: Divulgação
"O caso é muito complicado... é muita falcatrua, com um pouquinho assim de vadiagem. Inocente juvenil, não tô de bobeira não."

Com essas palavras de Doutor Gilmar, o post começa. A F1 sempre foi um espaço para negócios escusos com milionários desconhecidos, picaretas querendo aparecer e empresas querendo lavar dinheiro. Personagens tão folclóricos quanto corridas, pilotos ruins e qualquer outra aleatoriedade.

Desde o carismático Vijay Mallya, Tony Fernandes, a falência da Lotus fake e o fanfarrão dono da Virgin que a F1 não via uma sequência bizarra de noticiários envolvendo a tal Rich Energy, patrocinadora da Haas. É claro que entre os populares a coisa fica "patrocinadora da Haas", o que obviamente prejudica a moral e a reputação da equipe, coisa tão valiosa que aprendi na única cadeira de relações públicas que fiz durante a faculdade.

Pois bem, no que consiste a tal Rich Energy e como ela veio parar na Haas?

No ano passado, a tal empresa teve interesse em comprar a então Force India (que foi comprada por Lawrence Stroll) e sondou a Williams, sem sucesso. Acabou conseguindo virar a patrocinadora principal da Haas para esta temporada. Uma empresa de energéticos "super conceituada no Reino Unido" que só vendia produtos pela internet dizendo ser multimilionária. No entanto, contas de 2017 mostravam que só existia quase 600 libras na posse da tal empresa.

A empresa surgiu oficialmente em 2015 com o excêntrico empresário barbudo William Stoney. Essa informação é importante. O objetivo era bater a "concorrente" Red Bull, o energético mais famoso e bem sucedido em diversas ramificações do esporte. No entanto, há uma grande diferença entre querer e poder, vocês sabem.

Mesmo com todas as desconfianças, o excêntrico Stoney sempre negou as dúvidas e seguia confiante que a Rich Energy e a Haas iriam crescer bastante nesta temporada, além de uma linda pintura. Todavia, o resultado nós já sabemos que está horrível: com dois pilotos que não entregam o máximo que o carro pode (principalmente Grosjean), o chassi de 2019 enfrenta vários problemas e a Haas não consegue respostas para sair do naufrágio que se encontra.

Os problemas começaram no dia 14 de maio: a empresa perdeu uma ação judicial movida pela empresa britânica de bicicletas intitulada Whyte Bikes, que acusava a Rich Energy de plágio no logo. Convenhamos que é procedente a suspeita, não?

Sendo assim, a Rich Energy perdeu a ação e foi obrigada a deixar de usar a logomarca. Não só isso. Foram obrigados a abrir as contas da empresa e também pagar uma multa de 35 mil libras para a tal Whyte Bikes. O pagamento era para ter sido feito até 11 de julho, duas semanas atrás.

Na data limite, o Twitter da Rich Energy anunciou o fim do patrocínio com a Haas. Segundo o tal comunicado, o motivo da rescisão era o fato da equipe americana estar com um desempenho "inaceitável", andando atrás até da Williams. Não é mentira, mas um apoiador se posicionar assim as vésperas de uma corrida não é o ideal. Sem tempo, a Haas manteve a pintura do carro.

Virou bagunça: foi anunciado que o autor do Tweet, o excêntrico William Storey, o fez sem a aprovação dos outros investidores da companhia. Após todo esse constrangimento público, um comunicado da Rich Energy anunciou que Storey, o criador, estava fora da empresa. O cara com barba horrorosa disse ser vítima de uma tramoia entre Haas, Red Bull e a tal Whyte Bikes. Maluco total.

É óbvio que a Haas não assistiria isso sem tomar alguma providência. Para isso, os assessores mandaram uma espécie de advertência a Storey: rescindir seria quebra de contrato, válido até 2022, ou então que fosse pago o estipulado pelo contrato: 35 milhões de libras. É óbvio que a tal empresa não tem o valor aproximado disso.

Bem, para finalizar: Storey não é mais acionista e CEO da empresa, que mudou o nome para tentar limpar a barra: Rich Energy agora é Lightning Volt. O novo CEO e acionista majoritário é Matthew Kell. Nem por isso os problemas foram varridos, pelo contrário.

A Red Bull está processando o energético pelo uso do slogan "Te Dá Chifres", o que seria uma violação de direitos autorais da famosa "Te Dá Asas" dos taurinos. Além do mais, o novo logo não é algo realmente novo. Comparem com o logo da Black & Yellow Coffee Bar, da Bélgica:



Pra fechar, uma história que não tem nada a ver com a Rich Energy mas também está ligada a Haas: A dinamarquesa Jack & Jones, que apoia obviamente Kevin Magnussen, tem um bilionário que se chama Anders Holch Povlsen, proprietário do grupo de moda Bestseller e o cara mais rico do país, herança dos pais Merete e Troels Holch Povlsen. Além da Bestseller, Povlsen também é acionista majoritário da marca britânica de moda online ASOS e faz parte do capital da Zalando, especialista alemã em vendas pela internet.

Enfim, em abril ele estava de férias no Sri Lanka com a esposa e os quatro filhos bem quando teve uma série de atentados no país no domingo de Páscoa, que vitimou pelo menos 290 pessoas, dentre elas três dos quatro filhos do bilionário dinamarquês. Que lugar para se passar as férias, não?

Bem, este é o inferno astral da Haas e a picaretagem da empresa de energético que ninguém conhece e que já mudou de nome. Como dizem os antigos, onde Gene Haas foi amarrar o bode?

Até!

terça-feira, 16 de julho de 2019

PROTAGONISTAS

Foto: Getty Images
Todo mundo previa desde quando Charles Leclerc foi promovido para a Ferrari tão jovem que finalmente Max Verstappen teria um antagonista contemporâneo. Hamilton e Vettel caminham para o final da carreira e Bottas é um pouco mais velho, assim como Ricciardo. Então, se nada der errado, este será o principal confronto da nova geração da Fórmula 1, considerando que as forças não irão mudar muito, mesmo com o novo Pacto de Concórdia prometendo mundos e fundos.

Lando Norris, Alexander Albon e George Russell, os estreantes do ano, também prometem bastante, mas dependem de outras circunstâncias, como uma promoção (Albon e Russell) ou o retorno da velha McLaren.

Enfim, voltemos ao tema. O primeiro round deste embate foi na Áustria. Leclerc, ainda inexperiente, não esperava o ataque do agressivo Verstappen, foi jogado para fora e perdeu a corrida. Puto, decidiu agir.

O round 2 foi agora. Um Leclerc que parecia mais preocupado em não deixar o holandês o superar do que qualquer outra coisa. A postura mudou. Passou a jogar o jogo. Foi no limite da agressividade contra o agressivo mor. Se defendeu o quanto pode em uma disputa limpa, deixando claro que de agora em diante Max não vai encontrar moleza. O duelo de dois grandes pilotos que, se tiverem carro e a Ferrari parar de boicotá-lo, terão tudo para serem os protagonistas definitivos da F1.

Em duas etapas, eles já foram. Hamilton já é campeão, Vettel erra em quase todas as corridas. Não são novidades. A disputa de jovens talentos ávidos pelo sucesso e dando tudo o que podem é algo, obviamente, inédito. É isto que o público precisa e busca ao assistir uma corrida. Só o futuro vai dizer se Leclerc e Verstappen irão duelar assim como hoje, mas se tiverem o equipamento certo na hora certa, os dois podem ser o que a F1 precisa para ficar ainda mais interessante, apesar de tentarem matá-la em todo o tempo.

Até!


segunda-feira, 15 de julho de 2019

PARA O ALTO E ALÉM

Foto: Getty Images
Quando Lewis Hamilton será hexacampeão mundial? Muito em breve, em menos de três meses, eu diria. Ganhar seis vezes em casa é um feito único, ainda mais superando a lenda local que é Jim Clark. Merecidamente, Lewis desfruta de todos os momentos, interage, divide os méritos com a Mercedes e simboliza a NeoF1 no sentido mais popular: um pop star multicampeão, sendo reconhecido por quase todo mundo, mesmo aqueles que sequer assistiram uma largada de uma corrida.

Apesar da vitória ter sido uma questão de tempo diante da pressão que era imposta a Bottas, tudo ficou mais fácil quando, sabe se lá porque, a direção de prova resolveu enfiar um Safety Car quando Giovinazzi errou e parou na brita. Certamente é o efeito Bianchi. Embaralhou tudo, bem na hora que Bottas tinha parado e Lewis não. Voltou na frente e disparou. A Mercedes sobrou. Mesmo Bottas suportando aos ataques de Hamilton no primeiro stint, ninguém era capaz de se aproximar, até porque a Ferrari com pneus macios é mais lenta que a Red Bull. Um passeio no parque dos prateados, que conseguiram a humilhante situação de fazer Bottas parar e mesmo assim Hamilton fazer a volta mais rápida na última volta com os pneus duros bem mais desgastados. Um belo golpe no moral do finlandês, "único adversário" de Lewis, sendo bem generoso.

Foto: Getty Images
O que transformou o GP da Inglaterra em uma grande corrida foi a disputa Ferrari-Red Bull. Leclerc segurava Verstappen, enquanto Vettel e Gasly tentavam aproveitar as sobras. Sim, pasmem, Gasly teve um desempenho decente depois de ser obrigado a usar o setup do holandês e incomodou até o fim. O Safety Car beneficiou ele e Vettel, alçados a terceiro e quarto em um instante. No entanto, o grande destaque da corrida foram as disputas entre Leclerc e Verstappen. O monegasco, puto com a derrota da última prova, parecia determinado a tudo, inclusive bater, menos ser deixado para trás novamente. Ele aprendeu a lição: para lidar com Verstappen é preciso agir que nem ele. O que foi feito? Fechadas bruscas, idas ao limite e mudanças de traçado que, pasmem, fizeram o holandês reclamar do próprio modus operandi.

No entanto, mais uma vez a Ferrari parece boicotar Charles: chamou ele tarde para os boxes, ainda assim no mesmo instante que Max, mas os mecânicos da Red Bull foram mais rápidos e foi superado. É inacreditável, só pode ser de propósito. É muita incompetência da equipe de estratégia, parecem que são geridos por macacos de zoológico. Verstappen parecia determinado a repetir a dose da Áustria, mas não esperava por Vettel: ao ser ultrapassado, o alemão tentou devolver, mas Max faz aquela famosa mudança rápida na defesa de posição e o alemão, afobado, acabou atropelando a traseira da Red Bull.

Foto: Getty Images
Vettel comete um erro por corrida praticamente. Faz muito tempo que não é mais o líder que a Ferrari necessita. É um arremedo do que já foi. A cada corrida que passa, fica claro como os quatro títulos são mais do que o talento que possui. A punição de dez segundos foi barata. O alemão tem que perder posições no grid da próxima etapa. Uma queda vertiginosa que é constrangedora, mais até do que terminar atrás das duas Williams. Justiça poética a parte, só assim para Leclerc conquistar o terceiro lugar. Mesmo com o carro todo danifiado, Max conseguiu salvar uma quinta posição. Gasly, pasmem, ficou a frente. É a ressurreição do francês? Agora vai?

O melhor do resto é indiscutivelmente Carlos Sainz. Pode não ser o mais rápido, mas é o que melhor aproveita as circunstâncias e também é o mais cosntante. Teve sorte com a entrada do Safety Car. Mesmo assim, um ótimo sexto lugar e segurando Daniel Ricciardo. Azar para Norris, que deveria estar ali, mas a McLaren não o chamou para os boxes e acabou fora da zona de pontuação. Oportunista, o experiente Raikkonen segue carregando a Alfa Romeo, que tem em Giovinazzi uma figura quase nula e bem ameaçada para o restante do ano.

Outro destaque é o Highlander Kvyat, que largou na rabeira do grid e conseguiu mais dois pontos. Gosto muito desse russo e fico feliz que na Toro Rosso ele está retomando a confiança dos tempos em que surgiu. Hulkenberg, coadjuvante de Ricciardo, completou o top 10.

A Haas vira chacota por quase tudo. É o patrocinador picareta escrevendo idiotice nas redes sociais e também os dois pilotos que são trapalhões, se bateram na largada e abandonaram. Grosjean já faz hora extra e Magnussen não é muito melhor. Por mais que o Gunther Steiner seja durão e até carismático, também é responsabilidade dele manter esses dois sabendo que não entregam o (pouco) que a Haas faz em 2019. Pietro Fittipaldi seria a solução?

Bom, agora faltam 11 vitórias para Hamilton igualar Schumacher. Em menos de um ano, o penúltimo recorde inimaginável será quebrado. Para o alto e além, este é o lema do cada vez mais perto do hexa Lewis Hamilton.

Confira a classificação final do GP da Inglaterra:


Até!