quarta-feira, 25 de abril de 2018

A QUARTA ETAPA, HÁ 20 ANOS

Foto: Getty Images
Bom, como o GP do Azerbaijão será realizado apenas pela segunda vez, é complicado traçar algum tipo de paralelo histórico. Tava difícil pensar em algum post que se encaixasse aqui. Mas tentei.

Bom, no post do Bahrein eu relembrei o contexto daquele início do campeonato de 2008. Pra não virar uma série sobre o campeonato de 2008 (não que não mereça um especial, foi um campeonato incrível), quis apostar em outras frentes. Poderia falar dos 15 anos que Schumacher venceu um dia depois da morte da mãe, mas isso já foi abordado em outros lugares e a ideia aqui é buscar algo mais "trash" e diferente.

No caso, diferente até mais: a quarta etapa do campeonato de 1998. Depois do (último) título da Williams no ano anterior, os ingleses ficaram para trás com o motor Mecachrome após a saída da Renault. Coube a McLaren e a Ferrari polarizarem a disputa do título. Na abertura da temporada, na Austrália, uma surpreendente ordem de equipe fez Mika Hakkinen vencer pela segunda vez consecutiva, deixando David Coulthard em segundo. Michael Schumacher abandonou e saiu atrás na disputa.

No Brasil, outra dobradinha inglesa, na mesma ordem, com Schumacher em terceiro. A superioridade da McLaren era evidente. A sequência foi quebrada com a vitória de Schumacher no último GP da Argentina realizado até então, com Hakkinen em segundo e Coulthard apenas em sexto.

San Marino era a primeira corrida europeia do ano. Com a McLaren superior, não difícil colocar os dois carros na primeira fila: Coulthard fez sua sétima pole position, com as duas Ferrari logo atrás.

Haviam três brasileiros na categoria, e os três em carros bem ruins: Barrichello, na Stewart, foi o 17°; na mesma fila estava Pedro Paulo Diniz, com a Arrows e fechando o grid, de Tyrrell (a última temporada da escuderia), Ricardo Rosset.

Foto: Getty Images
Na largada, Hakkinen pulou para a liderança. Teoricamente, a hierarquia do time de Woking estava definida. Com um circuito travadíssimo, parecia que a corrida se manteria dessa forma. Pois bem, com um problema no câmbio, o finlandês abandonou e Coulthard, 20 segundos à frente, assumiu a ponta. No final, com problemas no carro, foi administrando a vantagem para um faminto Schumacher chegar em segundo, quatro segundos e meio atrás. Irvine completou o pódio, a dupla da Williams (Villeneuve e Frentzen) e Alesi (Sauber) nos pontos.

Nenhum dos três brasileiros completou a prova. Rosset e Diniz tiveram problemas no motor, enquanto Rubinho sequer largou.

O panorama do campeonato era o seguinte: Hakkinen se manteve com 26 pontos; Coulthard chegou a 23 e Schumacher 20. A briga durou até o fim, o que garantiu o primeiro título mundial de Mika.

Baseado no relato, a corrida não foi das melhores. Comparando com o que nós estamos vendo ultimamente, não chega a ser muito distinto. Enfim, essa "série" serve para comparar as épocas e o conceito de equilíbrio e desequilíbrio dos campeonatos, a qualidade das corridas, etc.

Espero no futuro começar outra série especial. Até mais, por enquanto!


quarta-feira, 18 de abril de 2018

O QUE ESPERAR DA McLAREN?

Foto: LAT Images
A pré-temporada foi assustadora. Com o fim do pesadelo da Honda e a chegada da Renault, tudo parecia que ia mudar para melhor. Apesar de os franceses não serem o motor dos sonhos, qualquer coisa que fosse minimamente confiável já seria o sonho dos ingleses. Isso não foi visto nos primeiros testes em Barcelona. E a culpa não era da Renault.

A McLaren continuou com muitos problemas em seu MCL33, a maioria na parte estrutural. Em mais um projeto assinado por Peter Prodromou e seus motores compactos, o carro superaqueceu e os ingleses treinaram bem menos do que imaginavam. De quebra, viam a Toro Rosso executar com surpreendente segurança uma extensa quilometragem com os japoneses. Será que o problema era todo deles?

Eric Boullier avisou: modificações precisavam ser feita e não estariam prontas para a corrida de abertura, na Austrália. A preocupação era grande. Alonso disse que o objetivo era tentar terminar a corrida. Se nos treinos a McLaren confirmou a decepção, na corrida houve uma boa surpresa: graças a estratégia e ao Safety Car, Alonso conseguiu um excelente quinto lugar. Vandoorne foi o nono. Em uma corrida, foram marcados quase todos os pontos de 2017.

O mesmo script se repetiu no Bahrein e na China. Treino ruim e boa corrida. A McLaren não tem motor nem chassi, por enquanto, para alçar voos maiores. Entretanto, o ritmo de corrida parece bom. O caso lembra a Red Bull, de desempenho igualmente distinto nos dois dias, claro que nas proporções em que merecem ser destacadas. Alonso chegou a dizer que o pódio era possível. Calma.

Ontem, Boullier disse que a McLaren correu com uma versão adaptada do carro do ano passado, e que na Espanha o MCL33B estaria de fato pronto. Aí é que os ingleses estariam no páreo para tentar brigar pelo pódio, tentando diminuir a enorme distância entre o G6 (Mercedes, Ferrari e Red Bull) e o resto. Apenas eles e os franceses da Renault dispõem condições de fazer isso no médio-prazo, ainda mais diante da incerteza sobre o que será feito da F1 a partir do final do Pacto de Concórdia em 2020.

A promessa é que surja uma nova e real McLaren, a que aos poucos busca sair do inferno onde se meteu desde 2013. A pergunta que fica é: o que esperar da McLaren? Apenas a partir da Espanha é que poderemos saber.

Até!

segunda-feira, 16 de abril de 2018

CONTRASTES DE XANGAI

Foto: Getty Images

Terceira etapa do ano. Terceira vez que a corrida se encaminhava para um final, digamos, morno. Bottas deu um undercut no Vettel, que atacava e tenta ultrapassar o finlandês. Parecia até questão de tempo para vencer pela terceira vez no ano.

Se na Austrália as Haas tiveram problemas e acabaram beneficiando indiretamente a Ferrari... dessa vez as duas Toro Rosso bateram. Gasly, empolgado pelo quarto lugar, achou que Hartley iria lhe dar passagem na grandiosa disputa pelo antepenúltimo lugar. Os dois bateram, e pedaços dos carros ficaram pela pista.

Duas voltas depois, o Safety Car. Igual na Austrália. Charlie Whiting o aciona logo após os líderes Vettel e Bottas passarem pela reta. A Red Bull não pensa duas vezes: Ricciardo e Verstappen nos boxes. Com pneus macios novos contra os médios da concorrência e o grid realinhado, a dobradinha estava quase garantida.

Foto: Sky Sports

Em três corridas, pela terceira vez um elemento “anormal” acabou mudando a corrida de cabeça para baixo, dando emoção e imprevisibilidade. Não é ruim. O problema é depender sempre disso. De novo, sem criticar: lembra muito as bandeiras amarelas da Indy e da Nascar. É bom para o espetáculo? É. Mas nem sempre é assim que funciona. Hamilton tinha tudo para vencer tranquilamente na Austráiia sem ser incomodado. Se não fosse a Ferrari mudar a estratégia (muito em virtude do atropelamento do mecânico), outra corrida seria marcada por uma procissão.

Se não fosse a irresponsabilidade de Pierre Gasly, só teríamos uma disputa entre Bottas e Vettel, que valia a vitória, mas sem saber até quanto tempo. O alemão era mais rápido. Bom, com o fato novo, o melhor ultrapassador da F1 abriu caminho e, na especialidade da casa, venceu pela sexta vez na carreira. Não desperdiça nenhuma oportunidade. Cirúrgico e preciso. E pensar que quase não participou do treino depois do primeiro motor Renault ter ido pro saco no TL3.

Quem não aproveita as chances que têm é Verstappen. Devidamente escrito e explicado na semana passada, o que vimos foi apenas mais uma jornada irresponsável do nosso Montoya do século XXI. Uma surpresa: admitiu o erro e se desculpou com Vettel. Será que é o início de uma jornada de amadurecimento? Era para ter vencido.


Foto: Reprodução

Bottas se recuperou da péssima impressão deixada na Austrália. Embora pudesse ter sido mais contundente no Bahrein, dessa vez fez uma boa jornada na China, passando o compatriota na largada e ter feito um undercut para assumir a liderança. No campo do “se”... poderia ter vencido uma ou até duas corridas no ano. E o mais importante: duas semanas seguidas amplamente superior ao tetracampeão.

Hamilton. A pontuação é muito acima do desempenho. Se na Austrália ele deveria ter vencido e no Bahrein o problema do câmbio o limitou, na China a falta de aquecimento de pneus o fez coadjuvante. Só apareceu na corrida no enrosco com Verstappen e Ricciardo. Mesmo assim, soube capitalizar diante desses incidentes e por pouco não conseguiu um pódio que não seria merecido. De possíveis e incríveis 36 pontos de desvantagem, acabou apenas 9 atrás do líder Vettel. Não há do que reclamar.

Chega a ser triste o papel que Raikkonen presta na Ferrari. Justo ele, o último campeão pela escuderia e com personalidade suficiente para se impor. Entretanto, nada disso basta. A tradição ferrarista de concentrar todos os esforços em um piloto atinge situações ridículas. O finlandês teve a corrida sacrificada para segurar Bottas, visando uma aproximação e tentativa de ultrapassagem de Seb. Depois de descartado, parou para ficar esquecido em sexto. Sorte dele que o Safety Car mudou tudo e conseguiu um pódio. Enfim, não faz diferença para o IceMan. Sendo justo, está andando bem aos sábados e razoável aos domingos. Suficiente para renovar por mais uma temporada. É aqui que Ricciardo quer parar? Tem que pensar bem.

Foto: LAT Images
A McLaren comprova que falta chassi e um pouco de potência para ter finais de semana melhores. Alonso, de novo nos pontos. Nas corridas o panorama muda. Vandoorne foi abaixo de sua capacidade. Se o faminto Lando Norris ganhar a F2 facilmente como se espera, sei não...

Outro destaque é para Hulkenberg, que vem batendo facilmente Carlos Sainz, quando todos finalmente esperavam um desafio a altura na Renault. Ou o espanhol se cuida ou pode ver sua provável vaga para a Red Bull caso Ricciardo saia ficar com o novo queridinho, o #10 da Honda.

Contrastes, contrastes.

Até!

quarta-feira, 11 de abril de 2018

GP DA CHINA - Programação

O Circuito Internacional de Shanghai teve sua primeira corrida em 2004, vencida por Rubens Barrichello. É o autódromo mais caro da história. A sua construção custou cerca de 240 milhões de dólares.

Foto: Wikipédia
ESTATÍSTICAS:
Melhor volta em corrida: Michael Schumacher - 1:32.238 (Ferrari, 2004)
Pole Position: Lewis Hamilton - 1:31.678 (Mercedes, 2017)
Último vencedor: Lewis Hamilton (Mercedes)
Maior vencedor: Lewis Hamilton - 5x (2008, 2011, 2014, 2015 e 2017)

SIROTKIN DIZ NÃO ENTENDER DESEMPENHO RUIM DA WILLIAMS: "CARA DE IDIOTA"

Foto: LAT Images
O começo de temporada da tradicional equipe de Frank Williams até aqui é desastrosa. Com seus dois pilotos jovens muito longe da zona de pontuação e sem saber se o FW41, um novo conceito aerodinâmico de carro em comparação com os bólidos dos anos anteriores é confiável, a Williams está perdida.

Após a corrida do Bahrein, o russo disse que agora é o momento de descobrir o que está errado na equipe de Grove. Um sentimento duro depois de um fim de semana difícil. Eu sei que ficamos com cara idiotas [para quem olhou] do lado de fora", disparou. "Isso é bem óbvio para mim - e provavelmente o fato de eu ter tentado encontrar coisas positivas na corrida me fizeram soar estranho, mas eu vejo coisas positivas", disse.

O #35 também admitiu que é surpreendente o desempenho ruim da Williams nesse início de ano e que a equipe não sabe o que está acontecendo, fato corrobado pelo diretor-técnico Paddy Lowe."Há muito a entender. Temos que nos afastar e trabalhar muito duro nisso. Pelo menos temos mais informação agora. Algo deu errado desde Melbourne", garantiu à revista inglesa 'Autosport'. Um dos motivos parece ser bem simples: um carro diferente dos últimos com um piloto novato e outro jovem e claramente insuficiente, que está lá apenas pelo capricho do pai, já é mais do que suficiente para saber que a Williams não está entregando o que pode.

O problema do fraco desempenho dos dois é que jamais saberemos qual é o potencial desse carro. Se Massa, praticamente aposentado, já era quase um segundo mais rápido que o canadense no ano passado, um piloto minimamente experiente e estimulado poderia ser capaz de tirar muito mais do que está sendo tirado. De novo, isso estará apenas no campo da especulação. Até Kubica, que hoje é um piloto diferente dos tempos de outrora, seria capaz de entregar resultados melhores, mesmo diante de todas as suas conhecidas limitações.


Como venho sempre escrevendo, Claire Williams e companhia fizeram sua escolha e estão pagando com isso, manchando a história da terceira equipe mais vencedora da F1.

ALONSO ELOGIA TORO ROSSO, MAS RESPONDE: "NÃO ME PERGUNTARAM NADA NA AUSTRÁLIA"

Foto: Reprodução
O grande fato do final de semana foi o sólido quarto lugar de Pierre Gasly com a Toro Rosso Honda, o melhor resultado dos japoneses nesse retorno na F1. A comemoração dos mecânicos e do jovem piloto francês foram lindas. Inegavelmente, a McLaren foi lembrada, afinal o feito acontece justamente depois do final da relação conturbada entre as duas partes. 

Quando um repórter da BBC perguntou para Alonso suas impressões sobre a equipe de Faenza, a Fênix: "Eles foram ótimos, mas ninguém me perguntou sobre a Toro Rosso no GP da Austrália”, brincou.Se as perguntas sobre a Toro Rosso virarem a normalidade, espero que seja uma normalidade em todas as 21 corridas, porque o campeonato tem 21 corridas”, seguiu.

Apesar disso, a McLaren teve um final de semana positivo: seus dois pilotos ficaram na zona de pontuação e somaram mais 10 pontos, já totalizando 22 em apenas duas corridas. Lembrem-se: em todo 2017, a McLaren Honda marcou 27 pontos. É inegável que o bom desempenho da Toro Rosso é pontual. Gasly usou seu segundo motor, novinho em folha, enquanto os outros estão poupando seus equipamentos. A confiabilidade japonesa ainda é uma incógnita. 

Assim como a Red Bull, a McLaren parece ter um ritmo de corrida superior a marcar uma volta rápida. Se melhorar nesses dois quesitos, como Alonso já disse de forma otimista e sonhando até com pódio, a tendência é que sejam feitas pouquíssimas perguntas irônicas e debochadas para Alonso sobre o eventual bom desempenho dos novos clientes da Honda.

CLASSIFICAÇÃO:
1 - Sebastian Vettel (Ferrari) - 50 pontos
2 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 33 pontos
3 - Valtteri Bottas (Mercedes) - 22 pontos
4 - Fernando Alonso (McLaren) - 16 pontos
5 - Kimi Raikkonen (Ferrari) - 15 pontos
6 - Nico Hulkenberg (Renault) - 14 pontos
7 - Pierre Gasly (Toro Rosso) - 12 pontos
8 - Daniel Ricciardo (Red Bull) - 12 pontos
9 - Kevin Magnussen (Haas) - 10 pontos
10- Max Verstappen (Red Bull) - 8 pontos
11- Stoffel Vandoorne (McLaren) - 6 pontos
12- Marcus Ericsson (Sauber) - 2 pontos
13- Carlos Sainz Jr (Renault) - 1 ponto
14- Esteban Ocon (Force India) - 1 ponto

CONSTRUTORES:
1 - Ferrari - 65 pontos
2 - Mercedes - 55 pontos
3 - McLaren Renault - 22 pontos
4 - Red Bull TAG Heuer - 20 pontos
5 - Renault - 15 pontos
6 - Toro Rosso Honda - 12 pontos
7 - Haas Ferrari - 10 pontos
8 - Sauber Ferrari - 2 pontos
9 - Force India Mercedes - 1 ponto

TRANSMISSÃO:


P.S: Estarei em viagem e não poderei comentar sobre os treinos livres. Na semana que vem, tentarei escrever uma opinião sobre a corrida (quando conseguir assistir). Abraços!


PIT STOPS BISONHOS

Foto: Pinterest
Em duas etapas, tivemos três casos de pit stops errados que chamaram a atenção, seja pelo erro e pela consequência dentro e fora da pista. Na Austrália, a Haas errou nas duas paradas e jogou fora um quarto e um quinto lugar incríveis que Grosjean e Magnussen estavam conquistando. No domingo, o dispositivo acionado erradamente fez com que Raikkonen saísse antes do pneu traseiro esquerdo ser trocado, quebrando a fíbula e a tíbula do mecânico da Ferrari. Ele passa bem.

Pois bem, aqui vai ser apenas um espaço para relembrar pit stops que deram errado e/ou foram perigosos.

Não tem como fugir do usual. Fui pelo que me lembrei de cabeça: Jos Verstappen e a Benetton quase virando churrasco em 1994, Schumacher atropelando Nigel Stepney em 2000 (o próprio Nigel morreu assim, ano passado ou retrasado), a Ferrari do Schumi também pegando fogo na Áustria em 2003, a famosa bomba de gasolina no carro do Massa em 2008... Enfim, como deu para ver, a Ferrari tem amplo envolvimento nesses casos. Sem contar quando Hamilton, na segunda corrida pela Mercedes, deu uma passadinha no lugar da McLaren, sua antiga casa.











Bonus track: Albers e a bomba de gasolina no GP da França de 2007



Até!

terça-feira, 10 de abril de 2018

MAX PRECISA MUDAR

Foto: Getty Images
O talento de Max não se discute. Mais jovem vencedor da história logo em sua estreia em uma equipe de ponta. Arrojo, coragem, ultrapassagens e grandes pegas. Tão jovem e com comportamento tão polêmico, de gente grande, de quem quer ser campeão e não se importa com o que os outros falam. Um autoconfiante, um convicto nas suas intuições, capacidades e talento.

Todas essas características resultaram na criação de um "show man", que conquistava não só um "novo" público (os holandeses), mas também cativava a jovem geração, inspirada por alguém igualmente jovem e ousado nas disputas e declarações. Um novo ídolo, um futuro multicampeão, polêmico, ame ou odeie.

Se esse estilo "win or wall" no início da carreira era interessante e fascinante e a idade era (ou ainda é) um fator para justificar seus erros, a verdade é que Max vem errando demais para um piloto de ponta em uma equipe grande. Tudo bem que ele "visa" o entretenimento do público, sempre buscando ultrapassagens e nunca se omitindo. Quando divide uma curva assim com carros piores ou com candidatos a título que irão pensar duas vezes antes de agir, é fácil. Quando ele enfrenta outro que não está disposto a voltar atrás, se deu mal. É o que aconteceu ontem na disputa com Hamilton.

Primeiro erro foi na Austrália, ao rodar enquanto perseguia Magnussen. Foto: Planet F1
Já é a terceira temporada de Max em um grande carro. A repetição de alguns erros não podem mais ser toleradas. Se é natural da sua pilotagem ser agressivo e buscar a ultrapassagem na primeira oportunidade que aparecer, é necessário pensar bastante antes de agir, principalmente quando ele tiver, de fato, a responsabilidade para ser campeão mundial. Agora, seus erros não tem grandes consequências. A Red Bull está atrás de Mercedes e Ferrrari. O holandês lembra Mansell e Hamilton em um período da carreira: dois idiotas rápidos.

Evidente que para os fãs uma mudança na pilotagem de Max, uma coisa mais prudente e cerebral, não seria interessante. Entretanto, é o que precisa ser feito para que Verstappen passe de um jovem rápido, com potencial para ser um multicampeão e inteligente nas suas escolhas durante a pista. Do contrário, será apenas mais um idiota rápido, com muitos highlights, algumas vitórias e muitos abandonos. Um "win or wall", um Montoya dos anos 2010, um idiota rápido.

Max é tão jovem que pode ter tranquilamente mais duas décadas na categoria. É necessário ver quando ele irá amadurecer sua pilotagem e sua forma de lidar com os eventos no final de semana. É isso que o difere de Ricciardo, que aproveita todas as oportunidades que aparecem e possui um ritmo de corrida insano, bem como Alonso nos tempos em que disputava o título contra Vettel com uma Ferrari infeiorizada.

É esse o clique que o holandês precisa fazer nos próximos anos, na hora certa, quando a Red Bull ou outra equipe em que ele estiver irá lhe proporcionar todas as condições para buscar os títulos mundiais. Só depende dele para mudar, mesmo que isso não agrade aos fãs e ao entretenimento durante a corrida.

Até!

segunda-feira, 9 de abril de 2018

VETTEL 200, 100%

Foto: Getty Images
Um final de semana quase perfeito para a Ferrari. Pela primeira vez desde 2004, os italianos começam uma temporada com duas vitórias nas duas primeiras corridas. Pela primeira vez desde 2011, Vettel começa o ano com duas vitórias. Ao contrário de duas semanas atrás, a vitória no Bahrein foi categórica, o que não quer dizer que foi tranquila. Muito pelo contrário. Tudo isso na corrida número 200 do tetracampeão mundial.

Me parece que a Mercedes está tão habituada a controlar tranquilamente as corridas que nessa prova, ao perceber o domínio da Ferrari, tentou ser mais esperta nas estratégias, fazendo com que Hamilton e Bottas parassem apenas uma vez. Os italianos haviam inicialmente programado duas paradas. Entretanto, ao perceberam a tentativa dos alemães, trataram de parar com Kimi e deixaram Vettel até o final, vendo que o pneu macio poderia durar, com dificuldade sim, até o fim. Hamilton fez seu papel de corrida de recuperação. Em nenhum momento teve chances de vencer, mas conseguiu um terceiro lugar para conter os danos. Bottas, ao perceber que era mais rápido com os médios, até diminui o ritmo para poupar pneu, contando com a parada de Vettel. A Ferrari arriscou e se deu bem. A Mercedes subestimou e perdeu outra corrida. Bottas sequer esboçou um ataque no tetra. Para quem está pressionado por resultados para se manter na equipe, a amostragem inicial não é boa.

O cara do final de semana é Pierre Gasly, sem dúvidas. Logo na segunda etapa da parceria Toro Rosso-Honda, o melhor resultado dos japoneses no retorno para a F1. Evidente que isso só foi conquistado diante dos abandonos de Raikkonen e das Red Bull, além da Honda ter trocado de motor logo na segunda etapa. Se confiabilidade e durabilidade não parecem ser grandes coisas agora, ao menos no Bahrein o francês conseguiu fazer uma prova de autoridade, com uma bela defesa de posição diante de Magnussen logo após o final do Virtual Safety Car. Talvez seja uma brecha interessante testar a potência do motor sem se importar com o regulamento para ver se vale a pena para a Red Bull trocar de fornecedora, assim como a Ferrari poderia fazer isso com a Haas ou a Sauber e a Mercedes com a Williams...

Foto: Reuters
A fratura da fíbula e tíbia do mecânico da Ferrari foi uma imagem feia de se ver e custou o pódio de Raikkonen. Uma frustração e raiva tremenda, sem dúvida. O Iceman as vezes se perde no personagem. Mesmo indignado com o erro, poderia ao menos dar apoio para um colega de equipe que agonizava no chão e com uma grave lesão (rimou). O mecânico está bem. A questão da tecnologia com o acionamento humano é sempre uma questão complicada. Um erro causou o outro, que culminou nessa situação. A Ferrari perdeu bons pontos nos construtores. Incrível como os pit stops nesse início de ano estão sendo perigosos.

Mais uma vez a confiabilidade vai minando um trabalho de Adrian Newey. Ricciardo, que vinha em quarto e tem um bom ritmo de corrida para incomodar alemães e italianos, ficou pelo caminho logo na terceira volta. Verstappen, por sua vez, precisa de uma conversa ou de uma reavaliação de seus atos. Uma coisa é ser agressivo com Hamilton ou outro piloto de alguma equipe menor no fim da temporada ou quando alguém irá recolher o carro pois tem algo a perder. Hoje, com Lewis, não foi o caso. O tetracampeão engrossou o caldo e jogou duro com o holandês, que pagou com o abandono da prova. Já é o terceiro ano de Max na Red Bull, e parece estar repetindo os mesmos erros. Escreverei sobre isso com mais detalhes durante a semana...

Hulkenberg conseguiu um bom sexto lugar para a Renault. Sainz fez uma corrida ruim e sequer pontuou. A McLaren padece do mesmo mal que a Red Bull: ruim em volta lançada, mas na corrida a história é outra. Alonso e Vandoorne sólidos na zona de pontuação. Entretanto, a distância para as outras três equipes é abissal, até para a Haas se bobear. Magnussen cumpriu seu papel e trouxe os primeiros pontos dos americanos, que poderiam estar em terceiro nos construtores agora.

Outro destaque da corrida foi Marcus Ericsson e a Sauber, que conquistaram um surpreendente nono lugar, sem sustos, graças a estratégia acertada de uma parada. Tudo bem que o sueco nem deveria estar na F1 por ter perdido para todos seus companheiros de equipe, mas hoje ele mandou bem. A Force India conseguiu seu primeiro pontinho graças a uma ultrapassagem de Ocon no final da corrida. Com isso, apenas a Williams está zerada no campeonato. Eles fizeram a escolha deles: fechar o grid não é problema nenhum, desde que o dinheiro entre. Agora, que se explodam.

Confira a classificação final do GP do Bahrein: