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quarta-feira, 3 de outubro de 2018

VÍDEOS E CURTINHAS #35: BATALHAS E OUTRAS LEMBRANÇAS

Foto: Reprodução
Fazia tempo que o "Vídeos e Curtinhas" não aparecia, então decidi repaginar: nesse post, vou contar quatro corridas disputadas no Japão nas últimas décadas:

Vou começar com uma que vocês já conhecem: 1988. Senna larga com um problema no motor e cai para 14°. O brasileiro recupera as posições uma a uma até reassumir a liderança, vencer e sagrar-se campeão mundial pela primeira vez.



Cinco anos depois: com Prost tetracampeão mundial, prestes a se aposentar e Senna já acertado com a Williams, a corrida de Suzuka teve apenas um caráter amistoso. Largando em segundo, o brasileiro venceu sem maiores dificuldades pela quadragésima (e penúltima) vez na carreira. Prost ficou em segundo e Mika Hakkinen, que substituiu Michael Andretti no fim daquela temporada, conquistou seu primeiro pódio na categoria. A corrida também ficou marcada pelos primeiros pontos de Rubens Barrichello, quinto colocado com a Jordan, e também de Eddie Irvine, que marcou um pontinho logo na estreia. No entanto, a estreia do irlandês ficou conhecida por outro motivo: irritado com as fechadas como retardatário, Senna deu um soco em Irvine, por este lhe responder de forma irônica e debochada.



1998: vinte anos atrás, a F1 chegava outra vez no Japão para uma disputa de título, dessa vez entre Mika Hakkinen e Michael Schumacher. O finlandês tinha quatro pontos de vantagem sobre Schumi (90 a 86) e valia para ambos o fim do jejum das equipes: a Ferrari desde 1979 sem ganhar, enquanto a McLaren havia conquistado o título pela última vez em 1991. Schumacher deu uma esperança aos tifosi ao largar na pole, mas depois de perder a liderança na largada para o finlandês, o sonho acabou na volta 31, com pneu furado. Primeiro título de Hakkinen, o segundo da Finlândia na categoria.



2003: mais uma decisão entre Ferrari e McLaren. O experiente Michael Schumacher tinha nove pontos de vantagem contra o jovem Kimi Raikkonen (92 a 83). Kimi precisava ganhar, enquanto Schumi não podia pontuar. Largando em oitavo, o finlandês apostou em uma estratégia de uma parada. Schumacher, em 14°, fez uma corrida horrorosa, com vários erros e acidentes com o irmão Ralf e Takuma Sato. Mesmo assim, chegou em oitavo, o que bastava para ser hexa e maior campeão da história da F1.



2008: a décima sexta etapa do Mundial foi realizada outra vez em Fuji e tinha Lewis Hamilton e Felipe Massa como protagonistas na disputa pelo título. O inglês largou na pole, seguido de Raikkonen, Kolavainen e Alonso, recém vencedor do ainda não polêmico GP de Cingapura. Massa foi só o quinto. Hamilton largou bisonhamente e caiu para terceiro. Ao tentar recuperar a segunda posição contra Alonso, saiu da pista e foi o décimo segundo. Em outra disputa, dessa vez com Massa, o brasileiro jogou o carro contra o inglês. No fim das contas, a péssima jornada de Hamilton acabou em 12°. Massa foi o sétimo e tirou dois pontos da vantagem do inglês. Alonso, novamente com um carro incapaz, conseguiu vencer pela segunda vez na temporada. 



2013: depois da arrancada pós-férias de verão, Sebastian Vettel engatou incríveis nove vitórias consecutivas para ser tetracampeão mundial. No Japão, largou em segundo. Com Webber na frente, quem crescia na corrida era Grosjean, com a Lotus que sabia como ninguém administrar os pneus. No entanto, o francês ficou preso atrás do australiano. Bastou Vettel passar ambos para encaminhar o por enquanto último título mundial até o momento.

Foto: Agência AP
Espero que tenham gostado desse "Vídeos e Curtinhas" repaginado.
Até!

quarta-feira, 29 de agosto de 2018

OUTRAS HISTÓRIAS DE MONZA

Foto: Getty Images
Depois de publicar um material especial sobre a corrida pós-morte de Enzo Ferrari, o post de hoje relembra outras corridas marcantes realizadas em Monza. Sem mais delongas:

1983. Alain Prost (Renault), René Arnoux (Ferrari) e Nelson Piquet (Brabham) chegaram na Itália brigando pelo título. Enquanto isso, os preparativos para a adoção do motor turbo na temporada seguinte já estava sendo feitos. Fora da jogada, a McLaren TAG-Porsche, de Niki Lauda e John Watson, começava os testes.

Na pole, um italiano, mas não era a Ferrari. Com a Brabham, Riccardo Patrese superou os franceses Patrick Tambay e Arnoux. Piquet era o quarto e Prost largava em quinto. Na largada, Piquet pula para a segunda posição e herda a liderança logo na segunda volta depois do motor de Patrese estourar. Líder do campeonato, Prost teve um problema elétrico em sua Renault e abandonou na 35a volta.

No fim das contas, Piquet venceu, com a Ferrari de Arnoux em segundo e a Renault de Eddie Cheever em terceiro. Faltando duas etapas para o fim do campeonato, Prost liderava com 51, Arnoux tinha 49 e Piquet 46. O resto da história vocês já conhecem...


Pulamos dez anos no tempo. A grande expectativa da época era saber quando Prost iria se tetra e se iria continuar na categoria depois disso. Um bom indício disso foi a pole, com Damon Hill fechando a fila da Williams. Alesi (Ferrari) e Senna (McLaren) na segunda fila.

Na largada, Senna, Hill e Berger se tocam, o que causa um incidente mais grave que envolve cinco carros: a Sauber de J.J. Lehto, a Jordan de Marco Apicella e Rubens Barrichello e as Footwork de Aguri Suzuki e Derek Warwick. Tentando se recuperar, Senna tenta passar a Ligier de Martin Brundle, bate e faz os dois abandonarem.

Prost se encaminhava para uma vitória tranquila quando teve um problema no motor, na volta 48, e abandonou. Enquanto isso, Damon Hill fez uma corrida espetacular de recuperação e venceu com incríveis 40 segundos de vantagem para o segundo colocado, Jean Alesi. Mais incrível ainda foi ter colocado uma volta do terceiro em diante. Michael Andretti conquistou seu melhor resultado na F1, mas foi demitido da McLaren. Um jovem finlandês de nome Mika Hakkinen o substituiu.

Mesmo assim teve tempo para um acidente espetacular. Christian Fittipaldi tentou ultrapassar o Pierluigi Martini, parceiro de Minardi. O italiano freou na reta e fez o carro do brasileiro decolar e dar um loop. Pra sua sorte, acabou caindo de frente sem grandes sustos.

Foto: Motorsport


1998. Disputa acirrada de Michael Schumacher e Mika Hakkinen. O alemão largou na pole com a surpreendente Williams de Jacques Villeneuve alinhando em segundo. A dupla da McLaren ficou na segunda fila. A corrida foi um passeio de Schumacher, que venceu sem dificuldades. Dessa vez, teve dobradinha ferrarista em Monza, pra delírio dos tifosi. Eddie Irvine foi o segundo e Ralf Schumacher, com a Jordan, chegou em terceiro. Pela primeira vez dois irmãos estavam em um pódio na F1.


Finalmente. 2008. Enquanto Hamilton, Massa e até Kubica duelavam pelo título, um temporal em Monza fez tudo mudar. Grandes surpresas e a história sendo feita. Um tal de Sebastian Vettel fez sua primeira pole na carreira, a primeira e até hoje única da Toro Rosso e o mais jovem da história a conseguir tal feito. Heikki Kovalainen (McLaren) ficou em segundo e uma surpreendente segunda fila formada por Mark Webber (Red Bull) e Sebastien Bourdais (Toro Rosso). Massa foi o sexto e Hamilton somente o 15°.

A largada com Safety Car fez Vettel disparar na frente. Hamilton, Alonso e Kubica optaram por fazer uma parada mais longa, ganhando posições. Lewis chegou a ser o segundo, mas a pista secou e os três foram obrigados a fazer um novo pit stop. No fim das contas, Vettel dominou o fim de semana todo e venceu pela primeira vez na carreira e até então o mais jovem da história a conseguir tal feito, bem como o responsável pela única vitória da Toro Rosso até aqui. Kovalainen foi o segundo e Kubica (BMW Sauber) o terceiro, com Alonso (Renault) em quarto, Heidfeld (BMW Sauber) em quinto, Massa em sexto e Hamilton em sétimo.

A vantagem do inglês para o brasileiro caiu para um ponto (78 a 77), e Cingapura prometia ser uma corrida histórica, a primeira realizada à noite. Bem, foi histórica, né?



Menção honrosa para 2003: depois de ter sido dominado na Hungria (levando uma volta do vencedor Alonso), a Ferrari reagiu e começou a caminhada do hexa de Schumi em Monza. Largado na pole, manteve a posição para vencer e seguir na liderança do campeonato. Montoya foi o segundo e Rubinho o terceiro, com Raikkonen em quarto. Faltando duas etapas para o fim, três pilotos de três equipes diferentes disputavam o título, uma raridade naqueles anos de Era Schumi.




Espero que tenham gostado.

Até!

quarta-feira, 23 de maio de 2018

A ÚLTIMA VITÓRIA DO REI

Foto: Ayrton Senna
Exatos 25 anos atrás. 23 de maio de 1993. Sexta etapa do Mundial de Fórmula 1. Mantendo o domínio do ano anterior, quando Nigel Mansell foi campeão com muita facilidade, a Williams tinha um carro muito superior aos demais. A McLaren de Ayrton Senna e a Benetton do jovem Michael Schumacher alternavam-se como a segunda força, variando a cada etapa.

Na ocasião, Prost chegava ao Principado apenas dois pontos à frente de Senna no campeonato: 34 a 32, assumindo a liderança apenas na etapa anterior, quando venceu na Espanha. Em cinco corridas, três vitórias do francês (além da Espanha, África do Sul e San Marino) contra duas do brasileiro (Interlagos e Donington Park). O carro da Williams era tão superior que Prost, que não tinha na volta lançada a sua principal virtude, foi pole em todas, com muitas sobras.

Não foi diferente em Mônaco. Prost na pole. Com erros no qualyfing, Senna largou em terceiro, atrás de Schumacher. O jovem Rubens Barrichello, na Jordan, largou em 16°. Christian Fittipaldi, na Minardi, foi o 17°.

 A situação que já era difícil ficou ainda mais complicada. De cara pro vento, em Monte Carlo, Alain Prost tinha tudo para vencer e até dar no mínimo uma volta de vantagem em todo mundo.

Foto: Motor Sport Magazine
No domingo, a sorte começou a mudar. Prost queimou a largada e foi punido com um stop-and-go de 10 segundos. Nos boxes, deixou sua Williams morrer duas vezes e perdeu ainda mais tempo. Estava fora da jogada. Na corrida, a normalidade transcorria: Schumacher herdou a primeira posição, com Senna logo atrás.

Tudo isso durou até a volta 33. Com problemas hidráulicos, a Benetton de Schumacher parou no muro. Caminho livre para Ayrton Senna vencer pela quinta vez consecutiva no Principado e a sexta vez na carreira, recordes que perduram até hoje. Damon Hill, 52 segundos depois com a Williams e Jean Alesi, mais de um minuto depois com a Ferrari, completaram o pódio. Mesmo com infortúnios, Prost conseguiu chegar em quarto, uma volta atrás do brasileiro. Fittipaldi conseguiu um ótimo quinto lugar e Martin Brundle, com a Ligier, fechou o top 6. Rubinho chegou em nono. Senna voltava a liderança do campeonato, cinco pontos a frente do francês (42 a 37).

Com o carro inferior e uma série de problemas, Senna ficou incríveis oito corridas seguidas sem ir para o pódio. Nesse meio-tempo, após Mônaco, Prost venceu quatro corridas consecutivas e embalou rumo ao tetra-campeonato.

O brasileiro superou o "Mister Mônaco" Graham Hill e se tornou o Rei de Mônaco, o inigualável e insuperável nas ruas de Monte Carlo, justamente na sua última corrida por lá.


Então líder, Schumacher abandona. Foto: Pinterest
A sexta vitória no Principado. Foto: F1 History
Foto: Getty Images


Até!

sexta-feira, 22 de setembro de 2017

UMA OUTRA FRUSTRAÇÃO

Foto: Wikipédia
Na semana passada, a grande notícia no mundo da F1 foi o fim da vexatória segunda passagem da parceria entre McLaren e Honda. Com a pausa no calendário, o blog resolve contar a história de outra parceria da McLaren que fracassou e que muita gente não lembra. Vamos lá.

Voltamos para o final de 1993. No primeiro ano após o fim da satisfatória parceria com a Honda (!), a McLaren resolveu apostar nos motores Ford para brigar com a imbatível combinação Williams Renault de 1992. Não deu certo. Apesar das cinco vitórias de Ayrton Senna na temporada, em nenhum momento o conjunto de Woking foi páreo para Alain Prost, que sagrou-se tetracampeão e se aposentou. A Williams terminou o campeonato com 168 pontos, o dobro da McLaren Ford, segunda colocada (sendo 73 pontos de Senna, 7 de Michael Andretti e 4 de Mika Hakkinen).


Insatisfeito com tamanha inferioridade, Senna estava disposto a ir para a Williams substituir Prost e voltar a brigar por títulos. Para tentar segurar o brasileiro, a McLaren recebeu propostas, uma delas da Lamborghini, que equipava o carro da Larrousse. A Crysler, que detinha a marca na época, forneceu alguns motores para a equipe de Woking fizesse os testes.

Senna testando a McLaren Lamborghini, em 1993. Foto: Getty Images
Senna fez o teste no circuito de Estoril e gostou. Disse que o motor precisava de mais potência mas que tinha tudo para fazer uma grande temporada em 1994. Hakkinen pilotou em Silverstone. Com aquele motor V12, foi cerca de um segundo e meio mais veloz do que em relação ao carro equipado com o Ford V8. Parecia o suficiente para que fosse feita a aposta na Lamborghini e de quebra convencesse Senna a permanecer na equipe.

Não foi o que aconteceu. No fim daquele ano, a McLaren anunciou de forma surpreendente um acordo com a Peugeot, que até então jamais havia participado da F1. A empresa entrou na categoria para combater a compatriota e dominante Renault. Até hoje não se sabe os motivos para que o negócio com a Lamborghini não tenha sido concretizado. Com Senna indo para a Williams, abria-se uma vaga para pilotar a equipe que tinha mais vitórias na F1 até então (104).

1994 era uma temporada importante. Estava sendo implementado um novo regulamento. A suspensão ativa, os freios assistidos e ABS e o controle de tração foram banidos. O objetivo era dar ênfase as habilidades do piloto para que elas se sobresaíssem (parece familiar esse assunto, não?). A Peugeot queria o compatriota Philippe Alliot como companheiro de Hakkinen. A pressão e o desejo de interferência enfureceram Ron Dennis. Alliot estava na F1 desde 1984 e tinha a fama de ser um piloto rápido mas propenso a acidentes. A escolha de Dennis foi Martin Brundle, também veloz, porém mais constante que o francês. 

Alain Prost testando o MP4/9 na pré-temporada de 1994. Foto: Pinterest
Antes disso, o recém-aposentado Prost chegou a testar o MP4/9 durante os testes de pré-temporada. Diante do “tanque” em que estava metido, acabou desistindo de se desaposentar. O novato motor francês já dava indícios de que não andaria no nível desejado pelos ingleses naquele primeiro momento (de novo, parece familiar, né?). Na época, segundo reportagem de Flávio Gomes para a Folha, o chassi do carro era “decente, um carrinho estreito, moderno, com cara de mau e, se tivesse um motor decente, certamente daria trabalho”.

A primeira versão do MP4/9 foi alimentado pelo motor Peugeot A4 V10, que produzia cerca de 700 cv. Logo nas duas primeiras corridas ele se mostrava pouco confiável, tanto Hakkinen quanto Brundle abandonaram nas duas primeiras corridas da temporada (Brasil e Pacífico) com falhas no motor. Na terceira etapa, em Ímola, foi introduzido o A6 V10 de 760 cv. Houve uma significativa melhora que levou Hakkinen ao terceiro lugar na fatídica prova e Brundle ao segundo lugar em Mônaco, corrida seguinte. Apesar disso, as falhas nos testes, treinos e corridas eram freqüentes e o motor era conhecido como uma “granada de mão”. O problema de confiabilidade persistiu até a Itália. No meio do caminho, Hakkinen conseguiu outro pódio, o terceiro lugar em Silverstone.

Hakkinen conquistou seis pódios com o MP4/9. Foto: Car Throttle



O finlandês chegou a enfileirar quatros pódios seguidos (Bélgica, Itália, Portugal e Jerez). Entretanto, em nenhum momento a McLaren sequer flertou com a vitória e terminou uma temporada zerada pela primeira vez desde 1980. Ron Dennis apostava na rivalidade francesa para alcançar um rápido desenvolvimento do novato motor Peugeot. Com os problemas constantes não sendo resolvidos, criou-se uma dúvida em relação a continuidade no projeto.

Hakkinen terminou o campeonato em quarto lugar, com 26 pontos. Brundle foi o sétimo, com 16. Os 42 pontos do conjunto McLaren Peugeot deixaram a equipe apenas em quarto nos construtores, 74 pontos atrás da campeã Williams Renault (118), 59 da Benetton Ford (campeã mundial com Michael Schumacher) e 29 da Ferrari. Um vexame para quem dominava a F1 no início da década.

Diante não só desses números como também do desempenho, a McLaren encerrou sua parceria com a Peugeot em apenas uma temporada e anunciou o acerto de um projeto com a Mercedes para 1995, que durou vinte temporadas (até 2014). A história nós sabemos: vitórias, competitividade e três títulos mundiais, dois de Hakkinen (1998 e 1999) e um de Lewis Hamilton (2008).




E a Peugeot, “que fim levou?” (leia com a voz de Milton Neves): bom, no ano seguinte os franceses fecharam acordo com a Jordan e posteriormente com a equipe Prost. Os resultados continuaram sendo ruins e a divisão de motores foi vendida para a preparadora Asiatech, que fechou em 2002.

Estatisticamente, podemos dizer que a McLaren vem de duas parcerias ruins nas últimas três que firmou. Resta saber se a McLaren Renault 2018-2019-2020 irá igualar ou piorar a situação. Até!

Brundle em Mônaco 1994. Foto: José Inácio