domingo, 10 de outubro de 2021

SOBE E DESCE

 

Foto: Getty Images

Discordo de quem achou a corrida chata. O clima permanentemente molhado deu uma tensão duradoura para a prova, o que deixa tudo imprevisível e, portanto, prende a atenção até o fim. Com o DRS indisponível, valia da perícia e de atacar no momento certo, no molhado, sem a covardia da asa aberta em condições normais. Menos ultrapassagens, mais brigas. A caça, o "pega" também é bem bonito de se ver.

 A Mercedes parece ter encontrado a melhor forma. Se no México e no Brasil a vantagem aparente é da Red Bull, Austin e Abu Dhabi são dos alemães. Catar e Arábia Saudita tão totais incógnitas. Dito isso, claro que agora é fácil de falar, trocar parte do motor de Hamilton não foi a melhor decisão. Evidente que a Mercedes não contava com a chuva, mas a possibilidade sempre existiu durante a semana. Largando na frente, venceria de qualquer forma. Com a chuva dificultando tudo, o aquecimento de pneus também foi preponderante.

Aí entra outra equação. Se na Rússia Hamilton e Verstappen foram certeiros na tomada de decisão final, dessa vez a Mercedes falhou. A ideia de ser ousado e terminar a corrida sem trocar o pneu foi abortada faltando oito voltas, aparentemente com a Mercedes tendo maior voz ativa. Hamilton não ficou satisfeito. No meio do caminho e com dificuldades de aquecer os pneus, Hamilton ainda teve que se preocupar em fechar em quinto, quando poderia ser o terceiro e diminuir o prejuízo na tabela.

Dessa vez, a Mercedes errou e perdeu pontos que sempre serão importantes nesse contexto. Se Hamilton parasse ao mesmo tempo que Pérez, certamente a história seria outra. Para a sorte da Red Bull, isso não aconteceu.

Verstappen fez o que podia. Sem carro e sem aquecimento nos pneus para fazer algo além, foi premiado com o segundo lugar. Capitalizando o máximo que pode, retomou a liderança. Seis pontos de vantagem faltando seis corridas. Um empate técnico. Sempre bom repetir: dois circuitos inéditos. É um final de temporada fantástico, agoniante e imprevisível, mas ouso escrever que a Mercedes se encontrou. Só precisa errar menos e ter menos "azar".

Valtteri Bottas pode ter vencido pela última vez na Mercedes e na carreira também. O finlandês precisa que tudo dê certo desde o início para conseguir a vitória e hoje foi um desses dias. Os pontos estão sendo importantes para os construtores e pode ser o trunfo de Hamilton para tentar segurar Max.

A mesma coisa Sérgio Pérez. A segurada em Hamilton foi o momento mais lindo da corrida e com certeza da temporada do mexicano. Sempre vivendo entre altos e baixos, precisa ser menos instável para cumprir mais vezes o papel de escudeiro de Max. Hoje foi um desses dias e foi premiado com o pódio. Importante para a confiança de Checo.

No resto do pelotão, Leclerc arriscou e quase foi para o pódio. Saindo do fim do grid, Sainz poderia ter sorte melhor se estivesse em condições plenas. A Ferrari se adaptou melhor a Istambul do que a McLaren, com o apagadíssimo Ricciardo (a tônica voltou?) e o regular Norris. Alonso teve a corrida prejudicada na primeira curva pelo ensaduíchado Gasly. Ocon foi o primeiro a completar uma prova sem realizar pit stops, o que não acontecia desde Mika Salo com o GP de Mônaco de 1997. Valeu o ponto e a teimosia de arriscar até o fim.

Vettel tentou ir com os pneus médios e mal se manteve na pista. Certamente isso desencorajou o restante e foi uma opção a menos para o final de prova. Stroll na chuva é um piloto correto. E é isso.

Nesse sobe e desce, Hamilton e Mercedes desperdiçam mais uma chance. Verstappen de novo maximiza e Bottas brilha naquela que pode ter sido a última vitória na Mercedes. E vem muito mais por aí.

Confira a classificação final do GP da Turquia: 


Até!

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