terça-feira, 12 de março de 2019

ARTIFICIALIDADES

Foto: RaceFans
Enquanto FIA, FOM, Liberty e equipes não se resolvem para discutir o futuro da categoria e como tornar ela mais atrativa para as garagistas, outras montadores, definir teto orçamentário e mudar a aerodinâmica para fazer as corridas melhores, a aposta é em mais elementos artificais para fingir que a corrida é emocionante e movimentada.

Dessa vez, foi aprovada a regra de dar um ponto para quem fazer a volta mais rápida da corrida. No enanto, isso só vale se for de alguém que estiver entre os dez primeiros.

A medida não é inédita, pois valia entre 1950 e 1959. Já existem vários cálculos do "e se" isso valesse antigamente e como isso afetaria os títulos mundiais. É óbvio que daí os pilotos correriam de acordo com esse artifício.

Numa disputa que promete ser acirrada entre Ferrari e Mercedes, qualquer ponto pode fazer a diferença. No entanto, imagina se alguém é campeão porque fez mais voltas rápidas que o outro? Qual a lógica disso? A corrida tem que valer só os pontos, o resto é artificialidade. Pole position também é ridículo. É querer dar voltas nas regras para mascarar o indisfarçável: as corridas são um porre, não há emoção natural. É capaz de uma Red Bull ou Renault, distantes do pelotão da frente, pararem no final da corrida só para ganhar esse ponto inútil.

É completamente contraditório uma categoria que virou quase uma endurance (poupar equipamento) agora querer que os carros deem tudo de si quando simplesmente nada mais vale. O que isso acrescenta? Nem para as estatísticas!

É como se "gol de fora da área" valesse mais, ou então "gol mais bonito". O que vale é ser rápido e eficiente. Para isso, é necessário que se mude as regras, mas o status quo não quer e a Liberty e as pequenas não têm força para reverter. O resultado é este: laboratório de testes e medidas rasas para atrair fãs casuais ou forçar emoção em algo que não existe.

Não sei porque o texto ficou tão pesado. Não sou tão contra assim a essa coisa, mas pelo jeito que tá parece que eu surtei ao escrever isso. Talvez tenha colocado todas as minhas frustrações e medos do futuro da categoria nisso aí, às vésperas do início de mais uma temporada. Veremos o que ela oferece e tomara que esses pontos de volta mais rápida não interfiram no resultado final do campeonato. Medida mais ridícula que a pontuação dobrada de 2014.

Saudade de quando as ideias do Bernie pareciam ser loucas, mas melhores: sistema de medalhas, chuva artificial, etc.

Até!

sexta-feira, 8 de março de 2019

O QUE DIZ A PRÉ-TEMPORADA?

Foto: Getty Images
Faltando uma semana para o início da temporada, serei objetivo (ou tentarei): hora de tentar adivinhar qual será a hierarquia das equipes nesta primeira etapa.

Adivinhar porque ninguém realmente sabe o que tá acontecendo, apenas supondo dados das dez equipes. Bom, mesmo assim já dá pra cravar que a Williams segue como passageira da agonia na lanterna, enquanto Ferrari e Mercedes continuam alguns passos acima das demais, mas quem está realmente na frente, dá pra saber?

A Ferrari parece mais rápida. A Mercedes parece melhor em ritmo. O jogo de cena de falar que estão atrás dos italianos não me convence. Baseado nos últimos anos, certamente que os alemães têm uma carta na manga. A Ferrari também sempre vem forte na pré-temporada... Além do mais, Hamilton é mais piloto que Vettel, erra menos. Por outro lado, Leclerc deverá ser mais combativo que Bottas. Ao menos nos construtores as coisas tendem a ficar melhor para os italianos.

Isolado na terceira força está na Red Bull, satisfeita com as primeiras experiências com a Honda. A questão é realmente saber a verdadeira potência e durabilidade em condições máximas de competição. Com os esforços voltados para Max Verstappen, a aposta é o holandês finalmente amadurecer e ser o líder dos taurinos, com Gasly sendo um coadjuvante nem tão luxuoso assim.

O pelotão do meio, Renault e Alfa Romeo parecem a frente, ambas dotadas de vastos recursos financeiros em diferentes instâncias. As duas têm bons pilotos e capacidade de crescimento durante a temporada, podendo até beliscar alguns pódios.

Haas, McLaren, Toro Rosso e Racing Point parecem emboladas. Os americanos ainda apresentam problemas de confiabilidade por montar o carro em diferentes processos. A McLaren evoluiu mas ainda está lenta nos stints, um passo atrás. Toro Rosso vive o mesmo mistério da Red Bull: a Honda, apesar dos testes promissores.

A Racing Point, mesmo com o novo dono, apresentou problemas de confiabilidade e estreou o novo carro em sua totalidade apenas na semana passada. Os engenheiros são capazes e, portanto, há muito potencial de crescimento, ainda mais com bastante dinheiro em caixa vindo dos Stroll, apesar de apenas Pérez ter condições de brigar por algo lá na frente.

Sobre a Williams, basicamente escrevi tudo no post anterior. Resumindo:

Ferrari/Mercedes
Red Bull
Renault
Alfa Romeo
Haas
McLaren/Toro Rosso/Racing Point
Williams

E pra vocês? A rotina volta na semana que vem!

Até!

quinta-feira, 7 de março de 2019

O QUE SOBROU DA WILLIAMS - PARTE 3

Foto: BBC
PARTE 1 e PARTE 2

Queria escrever sobre o momento da Williams outra vez há um tempinho. Estava esperando o momento certo. Queria escrever sobre a pré-temporada das equipes, mas o timing dos acontecimentos me fez voltar às cargas para a equipe de Grove.

Faltando uma semana para o começo da temporada, Paddy Lowe pediu afastamento da Williams por "questões pessoais". Um dos líderes e acionistas do time. Não há previsão de volta, se é que Lowe volta.

Veja bem, um dos acionistas da equipe abandona o barco faltando uma semana pro ano começar. É como se a Espanha demitisse o Lopetegui na véspera do início da Copa passada. A diferença é que a Williams está muito longe de ser uma Espanha, uma protagonista. Estaria mais para um Irã ou Panamá da vida.

O afastamento de Lowe é mais um capítulo da triste e cada vez mais inevitável derrocada da Williams. Há dois anos na equipe, Lowe faz um trabalho péssimo, sem desenvolver o carro e, pior, vendo a equipe cair vertiginosamente rumo à lanterna da hierarquia da temporada. Seu trabalho é extremamente questionável. Em Barcelona, depois da Williams perder um dia e meio de treinamentos, ele admitiu que o atraso do carro não teve nada a ver com questão financeira, apesar do time de Grove perder a família Stroll e o patrocínio da Martini, sendo reposto apenas pela empresa polonesa parceira de Kubica e a tal chinesa ROKiT.

O que se comenta é que as lideranças não se comunicam. Aliás, não há liderança. Claire e Lowe não são essas pessoas. Sem alguém com essa capacidade de reagrupar e ditar os rumos da equipe, o resultado é este: 2018 vexatório e 2019 se encaminhando para o mesmo caminho, apesar de ter o talentoso George Russell e o retorno do agora experiente Robert Kubica.

O polonês, aliás, não está nada satisfeito. Em entrevistas, já criticou a equipe. Disse que não há peças reservas e que o carro está bem longe do ideal. Kubica começa a ver que entrou numa fria. Precisa de explicações porque trouxe um patrocinador do país. As críticas, claro, são para a liderança (?) de Lowe e principalmente Claire. Está tendo até que trabalhar como mecânico inclusive, ajudando a tentar solucionar esses problemas.

Kubica, se desdobrando para tentar salvar a Williams. Foto: Divulgação


A Williams deixou de ser grande quando rompeu com a BMW. Passou a ser uma equipe média e em 2013 esteve na UTI, respirando com aparelhos pelo dinheiro da Venezuela. A reestruturação valeu-se do novo regulamento, dependendo exclusivamente do muito superior motor da Mercedes na época. A vantagem acabou, o carro também, os patrocínios idem.

Com o carro montado nas coxas e as dificuldades financeiras crescendo, a Williams já tinha deixado claro que se não mudarem as regras para 2021, provavelmente estará fora da categoria. Me arrisco a dizer que isso pode acontecer já no fim deste ano, graças a incompetência de Claire e companhia.

Às vezes me parece que estão apenas esperando o Sr. Frank Williams falecer para acabar com o time de Grove de vez. O futuro parece ser incorporado por uma grande montadora para sobreviver não mais como a Williams, mas sim do que sobrou dela.

Até!

sexta-feira, 1 de março de 2019

BARCELONA, DIA 8 - TRÊS MILÉSIMOS

Foto: Getty Images
Esta foi a diferença entre Sebastian Vettel e Lewis Hamilton no último treino de pré-temporada antes do início do campeonato daqui duas semanas, em Melbourne. Bottas ficou em terceiro, três décimos atrás.

Hulkenberg fez o quarto tempo, enquanto Daniel Ricciardo foi o oitavo. Os franceses andaram 103 voltas. Stints + velocidade foram a tônica de hoje. Kvyat e Sainz superaram as 130 voltas (131 e 134, respectivamente). A Haas somou incríveis 167 voltas com Grosjean (73) e Magnussen (94); Raikkonen fez 132 e Pérez também passou dos 100.

Kubica andou 90 voltas mas a Williams parece estar bem distante do pelotão intermediário. O polonês ficou mais de um segundo atrás do mexicano, que fez o penúltimo tempo.

Verstappen andou menos de 30 voltas. A Red Bull saiu para a pista no fim da sessão, resquícios do acidente de ontem de Gasly.

Agora, com os testes feitos, semana que vem darei o meu humilde pitaco sobre como estarão as forças para este início de temporada. Agora, é carnaval!

Até!




BARCELONA, DIA 7 - FERRARI REAGE

Foto: Getty Images
Charles Leclerc testou pela última vez o SF90 antes do Grande Prêmio da Austrália. O monegasco, que perdeu dois dias de trabalho por problemas que fugiram o seu controle, dessa vez pode acelerar o máximo (ou quase isso). Incríveis 138 voltas e um temporal: 1:16.231, o melhor tempo até aqui, utilizando o hipermacio.

Nesse penúltimo dia de testes, todo mundo está andando bastante e agora testando a velocidade, por mais que o C5 não seja utilizado na grande maioria dos circuitos da temporada. Ainda assim, é um indicativo interessante.

Alexander Albon, com a Toro Rosso, ficou em segundo e fez 118 voltas. O motor Honda é a grande notícia positiva desta pré-temporada, onde o único ponto de interrogação que resta é sobre sua real potência. Lando Norris foi o terceiro e sofreu algumas panes. Mesmo assim, teve uma boa quilometragem (84 voltas). Pierre Gasly estava bem até sofrer um acidente ao escapar na curva 9, danificando bastante o carro e deixando em dúvida a participação dos taurinos neste último dia de testes.

A seguir, a dupla da Renault (Ricciardo e Hulkenberg) que, somados, andaram 138 voltas. Os franceses parecem evoluir bem. Lance Stroll foi outro que passou dos cem giros, seguido por Giovinazzi e Romain Grosjean, que só andou 16 vezes.

A dupla da Mercedes ainda não está preocupada com a velocidade. Hamilton e Bottas sequer utilizaram os compostos mais macios. Em compensação, juntos fizeram 186 voltas! Um número assustador. Resta saber qual a verdadeira posição em relação a Ferrari, a dúvida de todos. Magnussen também só utilizou os macios e ficou no fim dos tempos, dando 53 voltas.

A Williams de George Russell mostra estar resistente: 140 voltas. Como já mencionado, vai ser muito complicado recuperar o terreno em relação as outras equipes de meio de grid. Como também já escrito antes, podia ser muito pior.

Daqui a pouco começa o último teste antes do início da temporada. Certamente as equipes irão explorar, mesmo que não signifique alguma coisa, a velocidade. Será que a Mercedes irá na contra-mão disso?

Até!

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

BARCELONA, DIA 6 - VETTEL BATE

Foto: Reprodução
O título é auto-explicativo.

Primeiro, Carlos Sainz colocou outra vez a McLaren no topo. Usando o pneu C4, fez 1:17.144. No entanto, segundo o relato de quem está lá, os ingleses ainda estão um pouco distantes do segundo pelotão (Alfa Romeo, Renault e Haas), apesar de o MCL34 estar se desenvolvendo visivelmente bem. As 130 voltas são um outro indicativo positivo.

Também explorando a velocidade, a Racing Point de Sérgio Pérez ficou em segundo. Sebastian Vettel, com o C3, fez o terceiro tempo. No entanto, na sessão da manhã, ele passsou reto na curva 3 e bateu na barreira de pneus. Com o carro avariado, Charles Leclerc conseguiu dar apenas uma volta de instalação no fim da tarde. Pior para o monegasco, que perde dois dias fundamentais de treinamentos em virtude de erros no SF90.

Foto: Motorsport

Confiabilidade é a palavra da vez nos testes desse ano. Raikkonen, Grosjean, Verstappen e Kvyat passaram das 100 voltas. No entanto, o destaque assombroso foi da Mercedes. Somando Bottas e Hamilton, foram incríveis 176 voltas! Ah, sem testar os pneus mais macios, apenas as atualizações do W10. Quem também segue no mesmo embalo é a Renault. Claro que os franceses estão em outro estágio, mas a evolução do bólido também é notável.

Apesar de lenta, a Williams também evolui e mostra confiabilidade. O mais difícil vai ser alcançar o resto do pelotão, o que parece improvável. Poderia ser pior: ser lento e com problemas crônicos. Ao menos não existem tantos assim.

Confira a classificação do sexto dia de pré-temporada:


Até!

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

BARCELONA, DIA 5 - ATÍPICO

Foto: Getty Images
No primeiro dia da última semana da pré-temporada, alguns carros optaram pela velocidade, outras mantiveram os long runs e algumas já fizeram alguns ajustes visando a estreia na Austrália, a famosa versão B.

É importante frisar que não tem como atualizar o carro em três dias. Portanto, essas novas peças não são consequência dos testes da semana passada.

Pois bem, Lando Norris foi o mais rápido do dia com o pneu supermacio, marcando 1:17.709, apenas seis milésimos mais veloz que Pierre Gasly, da Red Bull, que fez esse tempo com o pneu macio. Entretanto, o que chama a atenção foi mais uma boa sessão de longruns sem problemas com o motor da Honda: 136 voltas.

Com alguns problemas na semana passada e finalmente utilizando a parte traseira do carro de 2019, a Racing Point de Lance Stroll optou por explorar a velocidade, anotando o terceiro tempo com o C5 em 82 voltas. Sebastian Vettel e a Ferrari optaram pelo ritmo de corrida e ficaram em quarto, com o pneu macio. Leclerc, no entanto, andou menos de 30 voltas pela manhã com um problema em sua SF90.

Toro Rosso (Albon) e Alfa Romeo (Giovinazzi) adotaram estratégias semelhantes e vieram logo na sequência, andando quase o mesmo número de voltas (103 e 99, respectivamente). A ex-Sauber é a que parece mais próxima do trio de ferro, enquanto que a satélite da Red Bull espera evoluir e experimentar cada vez mais a potência da Honda em temperaturas mais altas.

Outros bons exemplos de quilometragem hoje foram Haas (Magnussen) e, finalmente, a Williams (Russell), que utilizou o hipermacio para explorar a velocidade. Obviamente, o time de Grove fecha a fila, mas a distância não parece ser tão oceânica assim, apesar de ainda ser uma desvantagem.

A Mercedes é um capítulo a parte. A equipe estreou novas peças no W10, um carro B. Bottas teve problemas na unidade de potência e deu só sete voltas com os médios. Hamilton, na parte da tarde e com tudo solucionado, deu 83 voltas e pareceu apenas testar essas novas peças. Será que o desenvolvimento aerodinâmico dos alemães é um problema nesse início ou até a Austrália tudo estará solucionado ou não terá passado de um simples blefe?

Entre os dois, a Renault, que segue evoluindo bem. Juntos, foram incríveis 157 voltas! (80 de Hulkenberg e 77 de Ricciardo). A confiabilidade e os longruns foram a prioridade, afinal, o tempo alto e com o pneu macio denunciam isso.

Não é comum Ferrari e Mercedes falharem. Sendo tão atípico assim, não deixa de ser um alento para o resto, principalmente a Red Bull, que se mostra muito empolgada e satisfeita com o carro e o encaixe da Honda, restando apenas saber o quão potente e confiável está esse motor em temperaturas mais elevadas, clima de praticamente todas as etapas do Mundial.

Até!