segunda-feira, 17 de setembro de 2018

DESESPERADOR

Foto: Getty Images
17 de setembro, mais conhecido como hoje, é o aniversário do talentoso Esteban Ocon, agora com 22 anos de vida (é mais novo que eu; ou seja, estou velho). É evidente que o francês teria muitos motivos para comemorar mais uma data querida (e vai comemorar, obviamente), mas as questões profissionais não coincidem com a alegria da celebração de mais um ano de vida.

Depois do retorno das férias, foram dois acidentes aonde foi vítima. Ontem, foi jogado para o muro por Sérgio Pérez. De novo uma rusga com o mexicano que é repleto de movimentos de caráter duvidoso. Certamente essas coisas não ajudam na definição do futuro de Ocon, mais uma vez vítima.

Na F1 de hoje, como já vimos, não basta ter só talento. Assim como em quase tudo na vida, é necessário ter o que as pessoas chamam de "networking" (ou contatos, fontes, essas coisas todas). Teoricamente, ser piloto da academia da Mercedes já seria um baita contato e porta de entrada para a F1 além do talento. Como foi, aliás, dois anos atrás, ao substituir Haryanto na finada Manor. Ou é isso ou ser piloto pagante ou ter um sobrenome de grife.

Pois bem. Com a Mercedes se recusando a apostar em seus jovens talentos e o grid cada vez mais dominado por pagantes bilionários e sobrenomes, o talento de Ocon hoje não está servindo como referência para nada. Ser piloto da Mercedes, ao invés de ajudar, acaba fechando mais portas. Toro Rosso (pertencente a Red Bull), Sauber, Haas (pertencentes a Ferrari) e a McLaren não irão apostar em alguém que não será possível contar por longos anos. Todos, pelo mesmo motivo, descartaram o francês.

Entenda que não é a falta de qualidade de Ocon (muito pelo contrário) que incrivelmente pode estar deixando ele de fora do grid para o ano que vem. É uma sucessão de fatores políticos e econômicos. Com as grandes adquirindo equipes para abrigar suas jovens promessas, esse seria um caminho natural até chegar um bilionário para ocupar seu espaço. A Mercedes não tem, oficialmente, uma equipe B, apesar de inúmeros acordos com a Force India e a Williams.

Talvez essa pode ser a salvação da lavoura. A falida e decadente equipe de Grove não vai ter mais o canadense rico e o patrocínio da Martini. Já existem informações que George Russell, virtual campeão da F2, vai ocupar uma das vagas. A Mercedes vai dar um belo desconto para a utilização de seus motores na próxima temporada. Seria lógico, portanto, colocar Ocon lá, a única vaga que sobrou. Mais desconto e todos ganhariam nesse negócio.

Ocon não pode fazer o mesmo que Wehrlein, chutado da categoria por falta de vagas e refém da Mercedes. O alemão voltou para o DTM, onde também a Mercedes vai sair, e anunciou que será "agente livre" no ano que vem. Com isso, virou o principal favorito para ocupar um dos assentos da Toro Rosso, sem as amarras de algo que em tese iria ajudar. Outra questão que a imprensa europeia pontua é que Ocon ficaria um ano como piloto reserva da Mercedes para que, se tudo der certo, ser efetivado em 2021. A pergunta óbvia é: e se não der? É desesperador não só para Ocon, mas para todos que gostam da F1 ver que o francês possivelmente vai estar fora da próxima temporada por motivos alheios a sua pilotagem.

Enfim, um feliz aniversário para Ocon. Que o inferno astral tenha acabado e que os astros e negócios se alinhem para que permaneça na F1, mesmo que seja na hoje fraquíssima Williams. É o que tem.

Até!

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