terça-feira, 4 de setembro de 2018

MATADOURO

Foto: Motorsport
O óbvio aconteceu. Faltava apenas a confirmação oficial. Stoffel Vandoorne não fica pro ano que vem. Ao contrário do que era especulado, permanece na McLaren até o fim do ano. A lógica: o pupilo Lando Norris será o parceiro de Carlos Sainz no ano que vem.

A Red Bull/Toro Rosso ficou com a fama de incinerar quase todos os pilotos (Liuzzi, Klien, Bourdais, Alguersuari, Buemi, Vergne e Kvyat). No entanto, nos últimos anos, o cartel da McLaren também é de respeito: Pérez, Magnussen e agora Vandoorne.

O belga teve que esperar um ano correndo no Japão enquanto Button arrastava a carreira. Na estreia, um pontinho heroico no Bahrein. As expectativas sempre foram altas. O currículo mais do que vencedor na base, além do talento, respaldavam Vandoorne, tanto que teve post especial por aqui na estreia, em 2016, no já citado Bahrein.

Se no ano passado teve até um início razoável, o segundo semestre não foi bom. Ainda assim, foi blindado por Alonso e a equipe, afinal não era possível (e não continua sendo) render algo logo na primeira temporada e na zona que virou a McLaren.

Uma breve repetição disso tudo nessa temporada. O agravante: a McLaren não evoluiu o que se imaginava com o motor Renault. O buraco é mais embaixo. O chassi não é tão bom assim. Alonso, o extraordinário, sempre entrega mais do que pode. Desde o ano passado foi revelado que o espanhol recebia as peças atualizadas primeiro e, portanto, aumentava ainda mais a diferença natural de desempenho de um bicampeão contra um novato promissor. O belga não se ajudou. Sempre distante do espanhol, passou a ir vagarosamente para o fim do grid. Ficou sem defesa.

Vandoorne é vítima de uma grife decadente, uma equipe ávida por resultados imediatos, mas que não possui mais o know-how e a grana necessária para ressurgir rapidamente. Uma tremenda confusão, com reestruturação ocorrendo em meio a temporada. E o futuro? Anteriormente especulado na Sauber pelo bom relacionamento com Frederic Vasseur, chefão nos tempos de ART na GP2, a coisa parece que esfriou. Nos próximos meses, Vandoorne vai anunciar o sem futuro. Certamente não será na F1. Uma pena. Uma grande vítima da zona que virou a McLaren.

É aí que entra o jovem Lando Norris. Menos de nove meses atrás, também fiz um post especial (será uma maldição?) sobre ele.

"Bom, fatalmente Lando chegará a F1 se nada der errado. A questão é quando. Fique de olho. O menino é uma promessa e se você piscar, lá estará ele alinhando no grid com a McLaren em um futuro nada distante."

E chegou. Entretanto, Lando não chega a categoria confirmando as expectativas da base. Na F2, vem sofrendo para ficar na frente do Sérgio Sette Câmara, vítima de vários infortúnios e acidentes que o deixaram ausente de algumas provas. Lando não deve ser o campeão da F2, onde é o favorito, afinal a Carlin é o melhor carro. Está 24 pontos atrás de George Russell (ART), que tem boas chances de ir para a Williams no ano que vem.

Norris não vem entregando na pista o domínio que se imaginava. Sem o título, o que naturalmente lhe credenciaria, dá a entender que está sendo promovido por motivos bem simples: o aporte financeiro e por ser empresariado pelo chefe, Zak Brown.

O momento não é dos melhores para estrear: possivelmente sem a credencial do título e somado a decadência da McLaren e a pressão em alcançar resultados melhores, o trunfo de Lando pode ser justamente a paciência do chefe/empresário, coisa que não durou muito com Vandoorne, até porque a responsabilidade vai cair toda nos ombros de Sainz. Ele é o cara mais experiente e o primeiro piloto.

Agora, francamente... Uma equipe vencedora como a McLaren ter Sainz e Norris no ano que vem mostra o assustador progresso quase final de "Williamszação" da equipe. É muito triste ver essas escuderias históricas fechando o grid e sem perspectiva de um futuro competitivo. Bom, infelizmente estão pagando o preço de escolhas equivocadas.

Pérez, Magnussen e agora Vandoorne. Será que Norris vai ser a próxima vítima do matadouro da McLaren?


Até!


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