quinta-feira, 29 de março de 2018

UM MÊS PARA SOBREVIVER

Foto: Getty Images
A situação não é novidade. Nos últimos anos, a Force India vem lidando com a crise financeira na equipe. O dinheiro farto que vinha do carismático (porém picareta) Vijay Mallya começou a diminuir. Acusado de evasão, fraude fiscal e lavagem de dinheiro foi preso no ano passado, mas pagou fiança. Os ingleses tentam extraditá-lo para a Índia, onde sonegou bastante grana do governo indiano.

Mesmo assim, os resultados da equipe foram inversamente proporcionais a sua capacidade de investimento. Organizada, com um bom corpo técnico e pilotos competentes ao longo dos anos, em dez anos a Force India saiu do fim do grid para ser a quarta força da F1 nos últimos dois anos. A verdadeira continuação da também carismática Jordan, que conseguiu algumas vitórias e chegou a sonhar com o título de 1999 com Heinz Harold Frentzen.

Com a implementação do Halo e o encarecimento cada vez maior dos custos para sustentar uma equipe, a Force India teve uma queda compreensível de patamar nesse início de temporada. Pérez e Ocon foram apenas 11° e 12°. A quarta força virou a sétima. Pontuar sem os azares dos outros virou tarefa complicada. Mas o pior pode surgir.

As primeiras glórias: pole e segundo lugar de Fisichella em Spa, em 2009. Foto: Getty Images


Desde o ano passado, haviam negociações com um grupo britânico de bebidas energéticas para que fosse assumido as operações da equipe. Tudo estava próximo de um desfecho. Entretanto, não deu certo. Agora, o problema é outro. Bob Fernley, chefão da Force India, tem cerca de um mês para finalizar toda essa situação. Do contrário, a Force India irá acabar.

Ele se diz confiante em um desfecho positivo. Uma outra alternativa, que era antecipar a renda oficial na divisão dos lucros na F1 e premiações, foi vetada pela Williams, que se esforça para ser a equipe mais pau no cu do grid.

Tudo converge para que em 2021 sejam feitas (ou irão tentar) grandes mudanças na F1. Em tudo. Enquanto isso, tudo pode acabar bem antes disso. Vejamos: se a Force India encerrar as operações, teremos a vexatória presença de somente 18 carros (o menor grid de todos). Como consequência, Williams e Sauber passarão a ser as lanternas. Quem vai investir neles? Entende o efeito dominó? Numa visão catastrófica, tudo pode se limitar a 14 carros.

Nos últimos anos, a F1 se assemelha a DTM, onde grandes corporações comandam tudo (leia-se Mercedes, Ferrari e Red Bull). Equipes e pilotos satélites. A maioria das equipes vive grandes dificuldades financeiras. Isso é mais do que um aviso óbvio: que a FIA/Liberty crie condições de tornar a categoria agradável em todos os aspectos para... todos (desculpe a redundância). "Ah mas a Ferrari fica ameaçando sair da F1, Mercedes e Red Bull também". Que saiam. Elas dependem mais da categoria do que o outro. Que criem seu próprio mundinho. Quero ver até onde isso vai dar.

Precisamos de mais Force India, Jordan, Minardi, Lotus, Brabham... ode aos garagistas! Esses sim transmitem a paixão de estar na F1. Que dê tudo certo e isso seja apenas mais um obstáculo superado.

Até!

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