segunda-feira, 17 de abril de 2017

VETTEL 2 x 1 HAMILTON

Foto: Getty Images
Tivemos a primeira boa corrida do ano. Diferente da chatice da Austrália e da China, onde a prova foi interessante somente enquanto a pista estava seca, o Grande Prêmio do Bahrein foi interessante do começo ao fim. Incrível como as provas passaram a ser melhores a partir do momento em que ela passou a ser realizada à noite. Coincidência?

Diferentemente das outras provas também, me pareceu que dessa vez nenhum fator tenha interferido no resultado final, embora tenha aparecido várias circunstâncias. Independentemente se Hamilton não fosse punido ao diminuir intencionalmente a velocidade ao entrar no pit para atrapalhar Ricciardo, o alemão seria o vencedor. Por enquanto, está claro: a Mercedes, em volta lançada, é superior. A Ferrari iguala (ou até mesmo supera) as flechas de prata no ritmo de corrida e na estratégia. Outra vez, Seb chegou a ponta por conta de um undercut, pois estava pressionando Bottas. Será mais difícil passar rapidamente, mas a pressão imposta pela Ferrari no finlandês foi fundamental para que a estratégia fosse seguida. Os alemães precisam melhorar na estratégia e ficar mais atentos nos movimentos de Vettel. Isso pode fazer a diferença no final.

O tetracampeão está retomando a fase de seu auge na Red Bull. Rápido, preciso e arrojado, extrai tudo o que pode do SF70. O grande desafio é saber se os italianos terão capacidade de evoluir o carro e seguir nesse ritmo de equilíbrio com a Mercedes. Também era inimaginável acreditar que um piloto que não fosse da Mercedes seria o líder. Temos uma disputa sólida e que promete ser muito emocionante e equilibrada nas pistas durante o ano.

Foto: Getty Images
Hamilton se prejudicou por largar mal. Tem a justificativa de ter estado no lado sujo, mas não teria essa desvantagem se tivesse feito a lição de casa, a pole position. O ritmo de Bottas foi ruim o tempo todo. No primeiro stint, os cinco carros (mais as duas Red Bulls) estavam na mesma imagem. Não conseguiria sustentar a ponta e, por isso, foi orientado pela Mercedes a sair da frente de Lewis. Isso acaba com o mito de que as flechas de prata "deixam a briga rolar solta". Não mais, diante das circunstâncias passadas e porque também nesse ano existe uma disputa contra a Ferrari (ou o sinônimo, Vettel). Achei estranho sua cara de poucos amigos no pódio, dando a entender que estava insatisfeito com as ordens de equipe. Certamente ele veio para ser segundão e coadjuvante de Lewis, mas apenas precisava do choque de realidade, mas não é o que aparentemente ele deu a entender quando disse algo parecido nas últimas semanas. Bem vindo a realidade da F1, um esporte individual mas ao mesmo tempo coletivo. Deveria estar triste com o péssimo ritmo de prova, pois chegou apenas dois segundos a frente de seu compatriota.

Raikkonen foi outro que fez uma corrida ruim, mostrando ser claro sua incapacidade de andar no mesmo ritmo que Vettel, o que é muito pouco pelo ótimo material que a Ferrari possui, por isso as cobranças mais incisivas de Marchionne. Hoje, largou mal e caiu para sétimo. Brigou com Massa a corrida inteira e contou com o fato de ter um dos melhores carros do grid para ficar em quarto, longe de brigar pelo pódio. O que fica mais evidente ainda: os finlandeses serão meros coadjuvantes de Vettel e Hamilton. A diferença é que Bottas pode roubar pontos dos dois eventualmente, Kimi sequer se aproxima disso.

Foto: Getty Images
Massa vai bem em circunstâncias específicas que beneficiam o FW40: calor, circuitos de alta e sem chuva. No aniversário de 75 anos de Frank Williams, o brasileiro o presenteou com uma atuação combativa, brigando com Raikkonen e outros carros do pelotão da frente o quanto pode. No fim, terminou em sexto, a melhor posição que poderia ficar em virtude do estranho abandono de Verstappen. Será que foi "praga" após a polêmica de sábado (que, quando puder, farei um post sobre isso). Enquanto isso, Stroll segue sem contribuir em nada, pelo contrário. De novo, foi vítima da barbeiragem de Sainz, punido com três posições para a próxima corrida e com três pontos na carteira da FIA (se chegar a 12 em um ano, o piloto é suspenso de uma prova). Entretanto, estava longe dos pontos, que é o que a Williams precisa para ficar em quarto lugar nos construtores e abocanhar um bom dinheiro, apesar do forte aporte financeiro bancado pelo pai do canadense.

Quem se aproveita disso é a eficiente Force India, a equipe mais equilibrada do grid. Outra vez, os dois pilotos pontuaram. Pérez saiu da 18° para ser sétimo. Sua especialidade é se sobressair em condições caóticas e aleatórias como foi hoje, além do fato de historicamente ir bem na pista de Sakhir (tem dois pódios no Bahrein). Ocon saiu de 14° para ser décimo outra vez, com 100% de aproveitamento nessa posição, o suficiente para deixar os indianos em vantagem em relação a Massa Racing Team (17 a 16). A Force India parece ser outra equipe que possui melhor um ritmo de corrida do que de classificação.

Foto: MotorSport
A Renault de Hulkenberg parece ser um pouco o contrário, mas o alemão fez o suficiente para pontuar, chegando em nono. Grosjean foi o oitavo e se igualou a Magnussen na equilibrada disputa da Haas. Wehrlein, que mal saiu da licença médica, foi muito combativo e quase conseguiu a façanha de pontuar com a Sauber. Faltou uma "quebra". Impressionante também ter andado 45 voltas com o mesmo pneu e já ter colocado Ericsson bem para trás. Inadmissível ver Palmer largar em décimo e terminar em último (15°). Faz hora extra na F1. A McLaren está 100% em abandonos. Enquanto Vandoorne sequer conseguiu largar, com problema no "adivinha aonde", Alonso travou batalhas competitivas com Sauber, Force India e Renault na rabeira do grid, mas nas retas era facilmente superado, mesmo quando entrava 300 metros a frente. Abandonou na penúltima volta. A McLaren mostra que tem piloto e chassi para brigar pelos pontos. O que falta é um motor minimamente potente, eficiente e confiável. Acho que todos já batemos um pouco nessa tecla, né?

Confira a classificação final da corrida:


A F1 volta daqui duas semanas, no Grande Prêmio da Rússia, nos dias 28, 29 e 30 de abril. Até!

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