segunda-feira, 23 de outubro de 2017

O PRIMEIRO TÍTULO VEIO

Foto: Getty Images
Sem muitos sustos, Lewis Hamilton venceu pela sexta vez o GP dos Estados Unidos (agora, ele é o maior vencedor da história do GP) e precisa apenas de um quinto lugar na semana que vem, no México, para sagrar-se tetracampeão mundial. A festa está pronta para ser feita. Como já dito anteriormente, uma pena que o campeonato tão legal acabe tão cedo.

Vettel fez o que pode. Largou melhor e assumiu a ponta, mas foi ultrapassado na sexta volta. Teve que fazer uma segunda parada para garantir o segundo lugar. Se a Ferrari não tem forças para competir nos treinos, na corrida o assunto é outro. São combativos, mas claramente a Mercedes evoluiu durante a temporada nesse quesito. Quem também encostou foi a Red Bull.

O azar de Verstappen se transferiu para Ricciardo. Abandonou logo no início com vazamento de óleo. Coube somente para Max o papel de brilhar em Austin. Largando em 16°, em virtude de uma série de punições dele e de outros pilotos, o holandês ultrapassou rapidamente a todos e se viu na disputa pelo pódio. Max deixou para trás uma Ferrari e uma Mercedes. Imagina se a Renault fizesse um motor um pouquinho melhor...
Foto: Reprodução
Aí vem a polêmica: o piloto do dia passou Raikkonen nas últimas curvas e garantiu a terceira posição. Pilotagem premiada com uma manobra sensacional! É, mas a FIA não pensou dessa forma. No entendimento dos comissários, Max cortou caminho na curva e ganhou vantagem no momento da ultrapassagem. Com isso, ele foi punido com o acréscimo de cinco segundos e perdeu o lugar no pódio para Kimi Raikkonen, visivelmente constrangido (e nem aí, como sempre) em substituí-lo no "cantinho dos três primeiros".

De óculos escuros no pódio. Foto: Getty Images

Pretendo me alongar mais sobre o assunto no post de amanhã, então vou tentar ser claro: durante todo o fim de semana os pilotos utilizaram as áreas de escape para ganhar vantagem, seja nos treinos ou para ganhar e defender as posições na corrida e ninguém foi punido. Max utilizou essa brecha e executou uma manobra primorosa. Entretanto, foi o único punido. Injusto, ao meu ver. Desde sexta-feira as coisas deveriam ser claras, oito ou oitenta: ou pode tudo ou não pode nada. Falta critério para a FIA. Se a Liberty faz de tudo para tornar a F1 um produto atrativo, a FIA faz tudo ao contrário, limitando os pilotos em meros bundões robotizados. Roubaram um pódio de Verstappen. Lembrei que o Raikkonen devolveu o troféu de vencedor pro Fisichella na corrida seguinte em 2003. Seria legal que fizesse o mesmo ato. Claro que são contextos completamente diferentes e o finlandês não tem nada a ver com isso. Apenas lembrei do momento.

Bottas vive um momento preocupante. Depois de uma primeira metade de temporada surpreendentemente boa, o #77 voltou das férias muito mal. Era para ter largado na primeira fila. Na corrida, foi apático e ultrapassado de todas as formas. O passão de Vettel foi constrangedor. Sinal amarelo para ele, que renovou somente por uma temporada. Com uma indefinição para as temporadas seguintes, a batata de Bottas pode estar começando a assar em uma briga para se manter nas flechas de prata, tetracampeões de construtores, para 2019.

Carlos Sainz teve uma grande estreia pela Renault. Foi combativo, brigou até o fim e fez boas ultrapassagens para marcar os primeiros pontos pelos franceses, ajudando a equipe nessa reta final de campeonato para conquistar mais dinheiro da premiação para o desenvolvimento do carro no ano que vem. Hulkenberg abandonou logo no início com problemas no carro, que estava com componentes novos visando 2018. Não deu certo. Logo na primeira corrida, Sainz já superou Hulk, que volta a ter um companheiro de equipe qualificado. Essa disputa será muito boa. De quebra, em uma corrida Sainz igualou Palmer. Isso diz tudo.

Foto: F1 Fanatic
A Force India terminou nos pontos de novo. Dessa vez, Ocon foi superior a Pérez. Quem voltou ao top 10 foi Felipe Massa. Com uma boa estratégia de andar mais da metade da corrida com os pneus supermacios, o brasileiro poderia ter voltado com os pneus macios para o segundo stint ao invés dos ultramacios. O #19 chegou em nono, mas poderia ter sido oitavo: não teve pneus para brigar com o mexicano. Enfim, um bom resultado de Massa, que espera pela segunda aposentadoria ou mais uma temporada pela equipe de Glove. É preocupante ver que ele mais uma vez foi muito superior a Stroll mas a pontuação não diz isso. Kvyat voltou e marcou um pontinho pela Toro Rosso, o quinto no ano. Se o russo mantiver exibições como as de hoje, é bem possível que permaneça ano que vem na grande salada que virou a Toro Rosso. Brendon Hartley teve dificuldades previsíveis e foi o 13°.

Alonso mais uma vez teve um motor Honda no seu caminho que o impediu de pontuar. Calma, Fênix: agora, faltam só três provas para seu martírio terminar!

Sensacional o ritual pré-corrida tipicamente americano, com a introdução dos pilotos feitos por Michael Buffer e a presença de várias celebridades, inclusive o agora ex-atleta Usain Bolt, que deu a bandeirada na hora da volta de apresentação e foi o entrevistador no pódio. Que a F1 trate mais suas corridas, principalmente as decisivas, tradicionais e de maior mercado como um verdadeiro show, mas sem esquecer suas raízes europeias e esportivas.

Foto: Getty Images

Confira a classificação final do GP dos Estados Unidos:


A F1 volta já na semana que vem, no Grande Prêmio do México, nos dias 27, 28 e 29 de outubro. Até lá!

sexta-feira, 20 de outubro de 2017

O PRIMEIRO MATCH POINT

Foto: Getty Images
Teoricamente, seria improvável. Entretanto, se olharmos o retrospecto recente de Ferrari e Mercedes, podemos afirmar que Lewis Hamilton pode ser tetracampeão do mundo nesse final de semana. Afinal, enquanto Vettel somou apenas 12 pontos nas últimas três corridas, Hamilton fez 68. Em Austin, "basta" o inglês marcar 16 pontos a mais que Seb para acabar com o Mundial. Em condições normais é difícil, mas se formos olhar os abandonos da Ferrari nas últimas provas, existe alguma lógica por trás disso.

Lewis foi o mais rápido nos dois treinos de hoje. No segundo, o mais significativo, Vettel foi o terceiro. Verstappen, que assinou novo contrato até 2020 com a Red Bull, foi o segundo e Bottas o quarto. De novo: em condições normais, não é absurdo Vettel largar em quinto e terminar em sexto, o que seria suficiente para Hamilton caso o inglês vença (e é amplo favorito para isso) em Austin, onde foi o vencedor em quatro das cinco provas disputadas até então.

Felipe Massa foi uma surpresa agradável. Foi o oitavo no TL2, um segundo e meio mais rápido que Stroll. Deve ser combativo, como sempre, contra McLaren, Force India e Renault. Fernando Alonso, de contrato renovado com a McLaren, foi o sétimo e busca começar sua remontada em busca do tri. Mais fácil Hamilton ser campeão domingo do que isso acontecer.

Os estreantes: Sainz superou Hulk nos dois treinos. Finalmente o alemão voltará a ter um rival interno, em uma disputa que promete ser muito equilibrada. Hoje, o espanhol foi apenas 5 milésimos mais rápido que o #27. Na Toro Rosso, Daniil Kvyat parece ter saído bem em seu terceiro retorno para a equipe. Helmut Marko já avisou: sua permanência em 2018 depende do desempenho nesse final de semana. Obviamente, o russo foi cerca de um segundo e meio mais veloz que o estreante do dia, Brendon Hartley. Natural para quem está afastado dos monopostos desde 2011. A pegada e o ritmo são outros.

Espero que a Ferrari pare de sofrer com azares e problemas e que a Mercedes seja vítima desse revés. Frustrante ver um campeonato tão equilibrado como o desse ano ter cara de quem vai acabar semana que vem, no México, se tudo se mantiver assim.

Confira a classificação dos treinos livres de hoje:



Até!

GP DOS EUA - Programação

O Grande Prêmio dos EUA entrou no calendário da Fórmula em 1950. Até 1960, as 500 Milhas de Indianapólis faziam parte do circo da Fórmula 1. Desde então, o GP foi disputado nos circuitos de Riverside (1960), Watkins Glen (1961-1980), Sebring (1959), Phoenix (1989-1991), Indianapólis (2000-2007) e Austin (2012-).

Foto: Wikipédia
ESTATÍSTICAS:
Melhor volta em corrida: Sebastian Vettel - 1:39.347 (Red Bull, 2012)
Pole Position: Lewis Hamilton - 1:34.999 (Mercedes, 2016)
Último vencedor: Lewis Hamilton (Mercedes)
Maiores vencedores: Michael Schumacher (2000, 2003, 2004, 2005 e 2006) e Lewis Hamilton (2007, 2012, 2014, 2015 e 2016) - 5x

ESTREANTE SAINZ PREVÊ GRANDE DESAFIO PARA SE ADAPTAR AO R.S.17

Foto: Divulgação
Não é muito comum na F1 atual um piloto trocar de equipe na mesma temporada. Pois bem, é o caso do espanhol Carlos Sainz. Depois de quase três temporadas na Toro Rosso, ele acabou acertando sua transferência para a Renault, a princípio somente para o ano que vem. Entretanto, com a demissão de Jolyon Palmer da equipe francesa após o GP do Japão, Sainz foi chamado para estrear pela nova equipe ainda esse ano, em Austin.

Pegar um carro diferente no final da temporada é uma clara situação de desvantagem para o espanhol. As coisas pioram quando se tem como vizinho o consistente alemão Nico Hulkenberg, bastante elogiado por Sainz, que disse estar ansioso para se adaptar ao novo carro e aos engenheiros.

“Estou muito animado por me unir à equipe e espero começar com o pé direito. Temos trabalho duro pela frente em Austin, com muitas coisas a aprender e muitas pessoas a conhecer. Vou dar tudo para estar no ritmo o quanto antes possível, ainda que saiba que pode levar algum tempo para me adaptar, mas confio que podemos fazê-lo”, afirmou Sainz em prévia divulgada pela Renault nesta segunda-feira (16).

Sainz também disse esperar muitas batalhas na pista com o novo companheiro de equipe e espera que os dois alçem a Renault rumo ao topo da F1 nos próximos anos. Estou muito ansioso para trabalhar com Hülkenberg. Eu o considero um grande piloto e um dos mais talentosos na pista. Ele tem muita experiência na F1, de modo que vou aprender com ele o máximo possível. Talvez possamos ajudar uns aos outros a nos movermos mais acima no campeonato antes do fim da temporada”, complementou.

A animosidade é recíproca. Hulkenberg elogiou seu novo colega, afirmando que o espanhol é "um piloto muito capaz, com um futuro brilhante".


Dois acumuladores de pontos. Consistência é o que não vai faltar para a Renault nos próximos anos. Mesmo que Sainz tenha dificuldades naturais no fim de 2017, ainda assim se sairá melhor que Palmer, ajudando os franceses na briga dos construtores contra a Williams e a própria Toro Rosso, agora ex-equipe de Sainz. Entretanto, não vejo os dois com aquele "algo a mais" para a Renault se transformar novamente em uma protagonista da categoria. Bem, isso é assunto para outro post e bem mais para o futuro hehehe

KUBICA COMPLETA SEGUNDO DIA DE TESTES COM A WILLIAMS

Foto: Reprodução/Twitter
Piloto polonês está utilizando o carro de 2014 da escuderia inglesa nos testes privados. Nessa semana, Kubica completou algumas voltas no circuito de Hungaroring, onde já havia participado de um teste coletivo da F1 no meio da temporada pela Renault, com o carro deste ano. Na semana passada, ele deu algumas voltas em Silverstone. Nas redes sociais, a Williams classificou como "um dia produtivo".

Os testes fazem parte do "vestibular" da equipe de Grove para decidir quem será o companheiro de equipe de Lance Stroll no ano que vem. No caso de Kubica, o objetivo é saber com exatidão as reais condições físicas e clínicas do piloto, afastado da categoria desde um acidente de rali em 2011. O polonês também está utilizando o simulador da Williams. Paul di Resta, o outro candidato a vaga, também testou o FW36 ontem (18).

O estranho dessa questão toda é que os boatos de Kubica diminuíram justamente após esses testes com a Renault, meses atrás. Será que ficou constatado que o polonês não tem condições físicas de guiar um carro de F1? Bom, difícil que essa seja uma justificativa plausível para validar uma possível escolha por Di Resta. Wehrlein corre por fora, atrapalhado pela imposição da Martini em ter ao menos um piloto acima dos 25 anos para participar das campanhas publicitárias (o alemão tem 22). Diante de todas essas incertezas, não parece que seja algo tão improvável a permanência de Massa por mais uma temporada.

CLASSIFICAÇÃO:
1 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 306 pontos
2 - Sebastian Vettel (Ferrari) - 247 pontos
3 - Valtteri Bottas (Mercedes) - 234 pontos
4 - Daniel Ricciardo (Red Bull) - 192 pontos
5 - Kimi Raikkonen (Ferrari) - 148 pontos
6 - Max Verstappen (Red Bull) - 111 pontos
7 - Sérgio Pérez (Force India) - 82 pontos
8 - Esteban Ocon (Force India) - 65 pontos
9 - Carlos Sainz Jr (Toro Rosso) - 48 pontos
10- Felipe Massa (Williams) - 34 pontos
11- Nico Hulkenberg (Renault) - 34 pontos
12- Lance Stroll (Williams) - 32 pontos
13- Romain Grosjean (Haas) - 28 pontos
14- Kevin Magnussen (Haas) - 15 pontos
15- Stoffel Vandoorne (McLaren) - 13 pontos
16- Fernando Alonso (McLaren) - 10 pontos
17- Jolyon Palmer (Renault) - 8 pontos
18- Pascal Wehrlein (Sauber) - 5 pontos
19- Daniil Kvyat (Toro Rosso) - 4 pontos

CONSTRUTORES:
1 - Mercedes - 540 pontos
2 - Ferrari - 395 pontos
3 - Red Bull TAG Heuer - 303 pontos
4 - Force India Mercedes - 147 pontos
5 - Williams Mercedes - 66 pontos
6 - Toro Rosso Renault - 52 pontos
7 - Haas Ferrari - 43 pontos
8 - Renault - 42 pontos
9 - McLaren Honda - 23 pontos
10- Sauber Ferrari - 5 pontos

TRANSMISSÃO






quarta-feira, 18 de outubro de 2017

E POR FALAR EM ESTREIA...

Foto: Motorsport
No último post falamos sobre a estreia inesperada de Brandon Hartley na F1, aos 28 anos. Pegando esse gancho, o blog relembra que já faz uma década (!) que uma certa promessa alemã participou pela primeira vez de uma corrida de F1, justamente nos Estados Unidos.

Era junho de 2007. O então desconhecido Sebastian Vettel estava prestes a completar 20 anos quando a oportunidade apareceu. Piloto reserva da BMW Sauber mas pertencente a Toro Rosso, Seb foi o escolhido para substituir às pressas Robert Kubica, que havia se acidentado gravemente na semana anterior, na corrida do Canadá, e ficaria um tempo afastado. O alemão já havia participado dos treinos livres do GP da Turquia de 2006, mas ainda como piloto reserva. Agora, a chance era real.

Foto: F1 Fanatic
Apesar de inexperiente, Vettel teve uma ótima chance de mostrar suas credenciais. Afinal, a BMW Sauber era a terceira força da já longínqua temporada de 2007, distante da briga polarizada entre Ferrari e McLaren. Ou seja, largar entre os dez primeiros era uma possibilidade concreta e, na melhor das hipóteses, ficar em sexto, atrás do companheiro de equipe, o experiente e compatriota Nick Heidfeld.


A sexta posição quase veio. Vettel largaria em sétimo na sua primeira corrida da carreira, anotando o tempo de 1:13.513 em Indianapólis, quase sete décimos mais lento que Nick Heidfeld, que ficou com a esperada quinta posição (1:12.847). Entre eles, Heikki Kovalainen, da Renault (1:13.308) e dividindo a quarta fila com Seb estava Jarno Trulli, da Toyota (1:13.789). O pole? Um certo Lewis Hamilton, seguido pelo implacável rival Fernando Alonso, com Felipe Massa em terceiro e seu atual parceiro de Ferrari Kimi Raikkonen em quarto.

Foto: F1
A primeira largada de Vettel não foi boa. Pressionado, acabou passando reto na primeira curva e terminou sua primeira volta de corrida na categoria em 11°, atrás de Rosberg. Nick Heidfeld abandonou na volta 56, com problemas na transmissão e Seb conseguiu recuperar algumas posições, conseguindo chegar na oitava posição e marcar seu primeiro pontinho na F1, sendo até então o piloto mais jovem da história a marcar pontos na categoria.


E na briga pelo título, ficou tudo como começou: vitória de ponta a ponta de Hamilton, a segunda na carreira, seguido de Alonso e Massa, na última vez que Indianapólis recebeu a F1. Os Estados Unidos só voltaram a sediar uma corrida cinco anos depois, já em Austin.


Foi a primeira e a única corrida de Vettel pela BMW Sauber. Isso porque na corrida seguinte, na França, Kubica já estava recuperado e retornou para a equipe, com Seb voltando a ser o piloto reserva. Situação que não durou muito tempo porque, menos de dois meses depois, Vettel estreou na Toro Rosso no polêmico GP da Hungria, substituindo Scott Speed, que foi demitido por desavenças com a equipe.

Aí o resto é história.

Gostou? Posso, quando tiver mais tempo, abordar outras "primeiras vezes" de outros pilotos e histórias diferentes.

Até!

terça-feira, 17 de outubro de 2017

NOVO VELHO ESCOLHIDO

Foto: Getty Images
Um velho conhecido do programa de pilotos da Red Bull está de volta, excepcionalmente para uma corrida, a princípio. Não lembra? Não reconhece? Trata-se de Brendon Hartley, neozelandês de 28 anos, será o substituto de Pierre Gasly na Toro Rosso no GP dos EUA e irá formar dupla com Daniil Kvyat.

Hartley ficou apenas dois anos como membro da Red Bull e chegou a fazer alguns testes pela Toro Rosso em 2009, quando quase chegou a categoria. Acabou dispensado em 2010. Desde então, não pilotou mais monopostos e partiu para o endurance, onde foi campeão mundial da WEC em 2015 e venceu as 24 Horas de Le Mans esse ano. Um quase trintão na Toro Rosso, fábrica de talentos e equipe B da Red Bull? Há motivos: bom, isso prova que a academia de pilotos dos taurinos vive uma entressafra, escassa de pilotos jovens, com potencial e confiáveis. Basta ver que Gasly subiu para a F1 porque Kvyat não tinha mais condições. Beneficiado pela mediocridade e a obrigação da FIA em que o piloto obtenha 40 pontos na superlicença em três anos (o título da WEC beneficia Hartley), o russo está de volta sabe-se até lá quando.

Hartley venceu a Le Mans desse ano. Foto: Getty Images
É evidente que quase uma década afastado da F1 irá fazer diferença no desempenho de Hartley, ambientado ao endurance. Entretanto, lembremos de André Lotterer, multicampeão do WEC que se aventurou na F1 em 2014 pela Caterham e largou na frente de Ericsson (tudo bem que o sueco não é lá essas coisas, mas Kvyat também não anda sendo). Quem sabe, se for razoavelmente bem, tenha chances de chegar a ser titular de fato na F1 em 2018, quase trintão e quando menos se esperava. Mesmo que na WEC ele tenha chances de reais de conquistar outro título, a categoria está bastante enfraquecida com as saídas de Audi e Porsche.

Às vezes a F1, tão robótica e monótona, é capaz de surpreender e nos mostrar histórias improváveis de promessas que ficaram longe da F1 e depois retornam mais experientes quando ninguém esperava mais, inclusive o próprio piloto.

Hartley pilotando a Toro Rosso em um teste de 2009. Foto: Getty Images
Curiosidade: Hartley será o nono neozelandês a disputar uma corrida de F1. O último foi Mike Thackwell, então com 34 anos, que correu pela Tyrell o GP do Canadá de 1984. O país tem representantes famosos como o Denny Hulme, campeão mundial pela Brabham em 1967 e o icônico Bruce McLaren, fundador da famosa equipe aquela... além de Chris Amon (falecido no ano passado), Howden Ganley, Graham McRae, John Nicholson e Tony Shelly.

Agora é só aguardar... Até!

terça-feira, 10 de outubro de 2017

INDEFINIÇÃO

Foto: Sky Sports
E faltando quatro etapas para o fim da temporada, a Toro Rosso está a procura de pilotos não só para 2018 como também para o fim do ano. Tudo porque Carlos Sainz irá se juntar imediatamente para a Renault na próxima etapa em Austin, substituindo o demitido Jolyon Palmer. Com isso, abre-se uma vaga para as próximas corridas. Quem será o parceiro de Pierre Gasly?

Parceiro? Bom, antes de se juntar a Toro Rosso, o francês estava exilado na Super Fórmula do Japão, onde é vice-líder. Acontece que, no final de semana da corrida dos Estados Unidos também será disputada a última etapa da categoria nipônica. As informações que chegam é que foi recusada a participação de Gasly na F1, o que obrigaria a escuderia de Faenza procurar dois pilotos para disputar o GP dos Estados Unidos daqui duas semanas.

Um dos nomes seria o retorno de Daniil Kvyat, recém chutado da equipe e que, pasmem, pode retornar a titularidade do time no ano que vem, dada a escassez de talentos da academia de pilotos da Red Bull. Ou seja, é preferível manter o russo, que vem em um péssimo momento, do que apostar em algum nome tipo Sean Gelael, que participa de algumas sessões de treinos livres durante o ano. Outro nome, o japonês Nobuharu Matsushita, não tem pontos suficientes na Super Licença para pilotar um F1.

Eis então que a imprensa especializada vem especulando um terceiro nome: o recém campeão da Indy Josef Newgarden. Uma corrida nos Estados Unidos e com a presença do atual campeão da principal categoria do país poderia acarretar em mais público e engajamento dos fãs das duas categorias, a exemplo do que aconteceu com Alonso e a Indy, obviamente em menor escala. Bom, não quero estragar o barato, mas na única vez que um campeão da Indy pilotou pela Toro Rosso o desfecho não foi positivo para o piloto, não é Bourdais?

Bom, nos próximos dias teremos o desenrolar dessa questão um tanto quanto bizarra na atual F1. Olhem os classificados e mandem seus currículos para Faenza, vai que você não seja contratado?

Até!

segunda-feira, 9 de outubro de 2017

2 + 2

Foto: Getty Images
Não há mais campeonato. A esperança forçada da Malásia foi por água abaixo em Suzuka. A Ferrari, buscando potência, sacrificou a confiabilidade para alcançar os alemães. Isso deu resultados até a metade do campeonato e os italianos começam a pagar o preço da pior maneira possível. Um problema na vela de ignição do motor fez Vettel largar no sacrifício, perder potência, ser ultrapassado facilmente e abandonar o sonho do penta em 2017. As possibilidades são matemáticas. Somente uma hecatombe com a Mercedes e Hamilton seriam capazes de dar uma nova esperança para Seb.

Uma pena que campeonato que estava emocionante e que parecia ser decidido apenas em Abu Dhabi tenha um desfecho tão precoce. Com 59 pontos de vantagem, a tendência é que Lewis aumente nas próximas provas. Apesar da onda de azares da Ferrari, ainda acho improvável que Hamilton seja tetra já em Austin, daqui duas semanas. Possivelmente o título está agendado para a Cidade do México, no dia 29.

Foto: Getty Images
Apesar de ter vencido de ponta a ponta, Hamilton foi ameaçado por Verstappen, o terror da F1, que ficou no seu cangote durante toda a prova. Primeiro, Bottas serviu de escudeiro durante a prova para fazer o holandês perder tempo no tráfego. No fim da prova, foi a vez de os retardatários Massa e Alonso, que brigavam pelo décimo lugar, "ajudarem" Hamilton e impedirem Max de um ataque final. O próprio holandês admitiu que era muito difícil fazer algo além. Suzuka é difícil de se ultrapassar. Ricciardo, o consistente, completou o pódio. De certa forma, foi ajudado pela direção de prova, que optou por um Virtual Safety Car após o abandono de Stroll, impedindo a aproximação de Bottas, que chegou perto na quarta posição.

Raikkonen, o burocrático, chegou em quinto. Uma boa corrida de recuperação, mas ainda muito aquém do nível de Vettel na Ferrari, assim como o compatriota na Mercedes. A dupla da Force India conseguiu acumular mais pontos, com Ocon em sexto e Pérez em sétimo. O mexicano quis se assanhar para atacar o francês, mas a equipe disse "não", tendo em vista o retrospecto recente de ambos. A dupla da Haas também teve um bom desempenho e conseguiram pontuar juntos, uma raridade. Boa corrida de Magnussen, o oitavo, e Grosjean, o nono. Massa lutou para conquistar seu pontinho, também um resultado aceitável para a Williams.

Foto: Getty Images
Hulkenberg perdeu a chance de fazer bons pontos ao ter um problema em sua asa móvel. E, como sabemos, se o alemão não pontua, a Renault também não pontua. Por isso que resolveram demitir Palmer antes do fim da temporada, o que era até especulado nos últimos meses. Com isso, Carlos Sainz, que bateu logo na primeira volta, já irá assumir o cockpit francês na próxima corrida, em Austin. Em um efeito dominó, Kvyat (!!) estará de volta a Toro Rosso, fazendo dupla com Gasly, simulando o que virá por aí em 2018 provavelmente, ainda sem o motor Honda.

A cara de Vettel na foto diz tudo. A briga pelo título na F1 chegou no anticlímax. Faltam menos de três semanas para o fim da temporada. Tudo está tão claro, como dois e dois são quatro, digo, é tetra.

Confira a classificação final do GP do Japão:


A Fórmula 1 retorna daqui duas semanas no Grande Prêmio dos Estados Unidos, que será realizado nos dias 20, 21 e 22 de outubro. Até lá!