Foto: Reprodução |
Olá, amigos!
Nesse fim de semana, Fernando Alonso faz no mínimo um “até
logo” na F1, pois o espanhol ainda deixou em aberto um possível retorno para a
categoria a partir de 2020. Se isso vai acontecer nós não sabemos, mas
aproveitamos o final dos quase 17 anos na categoria (2002 ele foi piloto de
testes) para relembrar a carreira do bicampeão e considerando um dos maiores
pilotos da história. Vamos lá:
HISTÓRIA
Fernando Alonso nasceu no dia 29 de julho de 1981 em Oviedo,
capital da região autônoma das Astúrias, no norte da Espanha. A mãe trabalhava
numa loja de departamento e o pai era mecânico em uma fábrica de explosivos
perto da cidade. José Luis, o pai, era um kartista amador e queria passar sua
paixão pela velocidade para os filhos. Ele construiu um kart para Lorena, irmã
mais velha de Alonso mas ela não se interessou, ao contrário de Fernando, que
com três anos de idade deu suas primeiras arrancadas por aí.
Alonso competiu em competições de kart pela Espanha ajudado
pelo pai, que também era mecânico. A família não tinha condições financeiras de
apoiar Fernando nas competições, mas as vitórias do jovem kartistas atraíram
patrocinadores. Sem grana pra comprar pneus para chuva, Alonso aprendeu a
controlar o kart com pneus slicks. O kart foi fundamental para o espanhol lidar
com diferentes estilos de pilotagem, uma de suas grandes qualidades na F1.
Alonso foi tetracampeão espanhol de kart de forma
consecutiva, além da Copa do Mundo Júnior da modalidade em 1996. No ano
seguinte, ele venceu o italiano Inter-A. Em 1998, foi a vez de vencer o
Espanhol Inter-A, além de ser vice-campeão europeu na mesma temporada.
Com 17 anos, o compatriota Adrián Campos deu a Alonso a
oportunidade de testar uma Minardi. Em três dias de testes no circuito de
Albacete, Ferdi igualou os tempos de Marc Gené. Para 1999, Alonso competiu no
Euro Open MoviStar. Na segunda etapa, outra vez em Albacete, venceu pela
primeira vez. Alonso foi campeão com apenas um ponto de vantagem para Manuel
Giao depois de vencer e fazer a volta mais rápida na última corrida. No fim do
ano, Alonso fez outro teste pela Minardi e foi um segundo e meio mais rápido do
que os outros pilotos que testaram o carro.
Em 2000, o último passo: a Fórmula 3000. Mais jovem do grid,
Alonso demorou sete corridas para marcar os primeiros pontos, quando teve duas
vitórias e dois segundos lugares, terminando o campeonato em quarto, atrás do
brasileiro Bruno Junqueira, do francês Nicolas Minassian e do australiano Mark
Webber.
MINARDI (2001)
Foto: Minardi |
Alonso foi o terceiro piloto mais jovem da história (na
época, é claro) a estrear na F1. Foi também a primeira temporada da Minardi sob
a administração de Paul Stoddart. O carro não era nem rápido e tampouco
confiável.
Fazendo o que podia, o espanhol chamou a atenção das equipes
maiores. A Sauber chegou a cogitar contratá-lo para substituir Kimi Raikkonen,
mas preferiu ficar com o brasileiro Felipe Massa. No entanto, seu empresário Flavio Briatore
tinha outros planos. Ele queria colocar o espanhol na Benetton, no lugar de
Jenson Button. Com a Renault comprando a equipe inglesa/italiana, Alonso ficou
como piloto de testes na temporada seguinte.
Na última corrida da temporada, no
Japão, Alonso foi o 11°, a frente de carros como a Prost de Frentzen e a BAR de
Olivier Panis, além das duas Arrows e do então companheiro de equipe, o malaio
Alex Yoong. Anos depois, Stoddart classificou a corrida da Fênix como “53
voltas de classificação”. O espanhol ficou atrás na tabela do outro companheiro
de equipe que teve na temporada, o brasileiro Tarso Marques. O melhor resultado
da temporada foi o décimo lugar na Alemanha, o que hoje lhe daria um ponto na
F1.
RENAULT (2003-2006): PRIMEIRAS VITÓRIAS E FIM DA ERA SCHUMMI
Foto: MotorSport |
Em 2002, Alonso foi apenas piloto de testes da equipe
francesa, onde andou 1.642 voltas e mais 52 pela Jaguar em um teste em
Silverstone. Como planejado, Briatore sacou Jenson Button e colocou o espanhol
para correr junto com o italiano Jarno Trulli. É claro que a imprensa britânica
não gostou da decisão. Em entrevista para a F1 Racing, o diretor técnico Mike
Gascoyne disse que era a decisão certa a se fazer porque a equipe estava
impressionada com o trabalho realizado pelo espanhol como piloto de testes.
E a justificativa fez sentido. Logo na segunda etapa, na
Malásia, Alonso sagrou-se o piloto mais jovem da história a ser pole position e
também o mais jovem a ir no pódio na mesma corrida, quando foi o terceiro. Foi
a primeira vez que um piloto espanhol conseguiu tal façanha na categoria. Na
corrida seguinte, no Brasil, Alonso bateu forte depois de não ver as bandeiras
amarelas agitadas e os destroços na pista causadas pelo acidente da Jaguar de
Mark Webber.
Na Espanha, corrida da casa, outro feito histórico: segundo lugar. Além disso, Alonso conseguiu a primeira vitória da carreira em uma atuação esplêndida na Hungria, sagrando-se o mais jovem a vencer uma corrida na história da F1. Ele terminou o campeonato em sexto, com 55 pontos e quatro pódios.
Com uma Ferrari dominante em 2004, Alonso não pode fazer
muita coisa. Manteve os quatro pódios (Austrália, França, Alemanha e Hungria).
Em Mônaco, bateu e jogou a culpa em Ralf Schumacher. Na França, foi pole e
quase venceu, se não fosse a extraordinária atuação de Michael Schumacher,
vencedor com quatro paradas. Nas últimas três etapas da temporada, Trulli foi
demitido e substituído por Jacques Villeneuve. Alonso fez 59 pontos e terminou
o campeonato na quarta posição.
Em 2005, outro italiano como companheiro de equipe:
Giancarlo Fisichella. Na corrida de abertura, na Austrália, a chuva atrapalhou
o treino de Alonso, que ainda assim conseguiu chegar em terceiro.
Ele venceu as
duas corridas seguintes (Malásia e Bahrein) largando da pole e venceu a
terceira seguida em uma batalha épica contra Schumacher em Ímola. O espanhol
revelou que estava com o motor avariado. O problema só foi descoberto depois do
treino e a equipe optou por correr ao invés de trocar o motor e ser penalizado
com 10 posições no grid.
A McLaren melhorou e Raikkonen venceu as duas seguintes, na
Espanha e em Mônaco. Era o único adversário de Alonso, visto que Ferrari e
Williams estavam bem abaixo de seus potenciais. Raikkonen iria vencer pela
terceira vez seguida em Nurburgring, mas o estouro da suspensão
dianteira-esquerda na última vez fez Alonso herdar uma improvável e
importantíssima vitória no campeonato.
Alonso bateu no Canadá e não disputou a
corrida dos Estados Unidos em virtude do Caso Michelin. Na França, fez a
terceira pole e venceu pela quinta vez na corrida da casa da equipe. Em
Silverstone, outra pole, mas dessa vez o espanhol foi superado pela McLaren de
Montoya. Na Alemanha de novo, outra vez Raikkonen liderava até sofrer um
problema hidráulico, e lá foi Alonso vencer mais uma.
Na Hungria, Alonso largou só em sexto e terminou apenas em
11° depois de se envolver em um acidente com Ralf Schumacher. Na reta final,
Alonso terminou em segundo em três provas consecutivas. Raikkonen venceu na
Turquia e na Bélgica e terminou em quarto na Itália, reduzindo a vantagem de
Alonso em apenas um ponto.
O título veio com um terceiro lugar em Interlagos. Alonso
sagrou-se o mais jovem campeão da história da F1, o primeiro da Espanha e
terminou com a Era Schumacher. Após a corrida, ele declarou: “eu quero dedicar
este campeonato a minha família e a todos os meus amigos próximos que me
apoiaram durante a minha carreira. A Espanha não é um país que tenha a cultura
da F1e nós tivemos que lutar sozinhos, cada passo do nosso caminho, para fazer
isso acontecer. Um obrigado muito especial também para a minha equipe –eles são
os melhores na F1 e nós fizemos isso juntos. Eu vou dizer que sou campeão, mas
nós somos todos campeões – e eles merecem isso.” Em entrevista anos depois,
Alonso disse que essa foi sua grande corrida da carreira: “Foi um sonho se
tornando realidade e um dia muito emocionante. Nas últimas voltas, eu pensava
estar ouvindo barulhos do motor –de todos os lugares! Mas estava tudo ok. Eu
posso lembrar do meu alívio quando cruzei a linha de chegada”.
Nas etapas finais, no Japão e na China, Alonso e Renault
sagraram-se ainda campeões de construtores. O espanhol foi terceiro em Suzuka e
venceu em Shangai.
Em 2006, defendendo o título, Alonso já começou vencendo no
Bahrein, superando Schumacher e saindo da quarta posição. Na Malásia, ficou em
segundo, atrás de Fisichella. Na Austrália, venceu após superar a Honda de
Jenson Button. Largando em uma posição ruim em San Marino, Alonso recebeu o
troco de Schumacher em Ímola e foi superado também no GP da Europa, mesmo
largando na pole. O troco veio justamente na Espanha, onde venceu pela primeira
vez. Em Mônaco, herdou a pole de Schumacher, punido em 10 posições depois de
parar deliberadamente o carro depois completar sua volta no Qualyfing e também
venceu.
Alonso chegou a quatro vitórias seguidas ao vencer em
Silverstone e no Canadá, as duas largando da pole position. Alonso foi o
primeiro piloto da história a terminar as nove primeiras corridas da temporada
em primeiro ou segundo, sendo igualado depois por Sebastian Vettel em 2011.
Schumacher respondeu em Indianápolis, quando venceu e o espanhol terminou em
quinto. Nova vitória do alemão na França, com Alonso em segundo. O espanhol
ficou em quinto na Alemanha e a vantagem para o heptacampeão era de 11 pontos.
Na Hungria, Alonso foi penalizado no Qualyfing e só largou
em 15°, Schummy ficou em 11° pelo mesmo motivo. Na corrida, Alonso se
encaminhava para uma vitória épica na chuva quando uma porca da roda soltou de
seu carro após o pit stop. Schumacher fez apenas um ponto depois que Robert
Kubica foi desclassificado.
Alonso foi o segundo na Turquia, onde Felipe Massa venceu
pela primeira vez na carreira. Na Itália, uma corrida desastrosa. Um furo na
parte de trás da carroceria fez Alonso largar apenas em quinto. No entanto, o
espanhol foi punido por ter atrapalhado Felipe Massa e caiu para décimo. Um
problema no motor o fez abandonar e com a vitória de Schummy a vantagem caiu
para apenas dois pontos.
Na China, Alonso fez a pole na chuva mas ficou em segundo.
Com a vitória de Schumacher, o campeonato estava empatado, com o alemão na
frente pelo número de vitórias. No Japão, a Ferrari largou na pole, mais de um
segundo a frente das Renault, que ficaram em quinto e sexto. No entanto, na
corrida, Alonso pulou para segundo e venceu após Schumacher abandonar com um
problema no motor. Com 10 pontos de vantagem, bastava um oitavo lugar no Brasil
para ser bicampeão.
Massa venceu em Interlagos e Alonso foi o segundo,
Schumacher o quarto. Alonso bicampeão mundial, outra vez no Brasil. O espanhol
sagrou-se o mais jovem bicampeão da história e a Renault também venceu os construtores
por 5 pontos. Desde 2005 Alonso já tinha acertado com a McLaren para a temporada
de 2007, onde, sem o recém-aposentado Michael Schumacher, prometia ser o novo
dono da F1.
Até que surgiu um certo Lewis Hamilton... mas isso é assunto
para o próximo post. Até mais!
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