segunda-feira, 14 de novembro de 2016

EMOÇÃO PARA A ETERNIDADE

Foto: Getty Images
O Grande Prêmio do Brasil desse ano cumpriu com todas as expectativas que tínhamos criado durante a semana. Diria mais: foi um mix de Spa 1998, Interlagos 2003, Malásia 2009, Canadá 2011 e Interlagos 2012. A segunda mais longa da história da categoria, perdendo apenas para o GP de Montreal de cinco anos atrás. Emoção à flor da pele, dentro e principalmente fora das pistas.

Vou começar pelo que é emblemático para todos nós. Na volta 48, Massa encerrou sua participação no Grande Prêmio do Brasil. Desde a classificação que as coisas não saíam do jeito que ele gostaria. Na tentativa de arriscar, após ser punido por ultrapassar antes da linha depois da saída do Safety Car, Massa arriscou com os pneus intermediários e bateu na subida da reta principal. 13 anos de F1 praticamente encerrados naquele instante.

Não era o que ninguém gostaria. Entretanto, é interessante notar que se não fosse o acidente, Massa jamais seria reverenciado por TODO MUNDO, inclusive os mecânicos das outras equipes. O choro e a caminhada, enrolado na bandeira brasileira e o carinho do público e da família é uma das imagens mais emocionantes que eu pude acompanhar na F1. Quase chorei, mas os olhos ficaram marejados. Muita gente não escondeu a emoção. Normal. Um momento lindo. Moralmente, Massa se despediu hoje da F1, mostrando como era querido por todo o paddock em um ambiente tão egoísta, traíra e competitivo. Conseguiu a proeza de, ao longo do tempo, receber efusivas homenagens de grandes equipes como Williams e Ferrari. Que curta a folga e apareça em breve em uma nova categoria. Ah, Abu Dhabi, como é anticlímax saber que essa corrida será a derradeira do ano outra vez. Bate até um desânimo.

Foto: Reprodução Sauber
Felipe Nasr brilhou. Sim, brilhou. Na única chance que poderia aproveitar, ele foi certeiro. Diante de condições caóticas, soube manter a estratégia correta e praticamente garante 40 milhões de euros para a Sauber no ano que vem. Sabemos que o mundo da F1 é ingrato e talvez nem assim ele consiga permanecer na F1, mas seria uma puta injustiça. Ericsson, com toda a prioridade da equipe, aquaplanou e bateu. Não aproveitou a chance. É um piloto mediano. O nono lugar de Nasr garante a Sauber na décima posição do Mundial de Construtores. O brasileiro conseguiu se sustentar na zona de pontuação mesmo diante da pressão de Alonso, Kvyat, Ricciardo e tantos outros. Embora sua temporada tenha sido bem ruim, espero que esses dois pontos tragam o alento e sejam suficientes para que renove e permaneça mais um ano nesse péssimo carro azul, que continuará péssimo (afinal, irão correr com o motor da Ferrari desse ano ainda em 2017). Melhor do que nada ou ir para outra categoria é a solução?

O duro é ver Palmer, que bateu pateticamente em Kvyat durante a Safety Car, estar na F1 e na Renault ainda por cima. Ainda bem que Gutiérrez, que estava bem nervosinho, está de malas prontas para nunca mais voltar a F1. "Desapareça!"

Foto: Getty Images
Max Verstappen foi o dono da corrida. O dono incontestável. Se não fosse o erro do estrategista da Red Bull, era para o holandês ter roubado o segundo lugar de Rosberg. O "se", como todos sabem, não existe. Ainda assim, Max deu show desde o início: passou Nico por fora na "primeira largada" e seguia em ritmo alucinante, só perdendo para Hamilton. O erro de estratégia o fez cair para 14a posição, faltando 16 voltas para o fim. Nesse período de tempo, ele fez simplesmente 11 ultrapassagens que pareciam ser muito fáceis. Tudo bem que seus pneus estavam mais novos, mas ele sobrava de uma maneira que há muito não se via. É uma corrida pontual, é uma geração. Goste ou não, Verstappen fez uma atuação digna de Schumacher, Hamilton, Alonso e Vettel e tem potencial de sobra para superar com sobras os três últimos. É assustador o talento desse holandês indomável, desde já um dos candidatos a título do ano que vem.

Foto: Getty Images
Finalmente irei escrever sobre os postulantes ao título. A corrida teve tantos elementos que justamente eles, os protagonistas, viraram figurantes. Incrível pensar que finalmente Lewis Hamilton venceu no Brasil, terra que tanto ama e idolatra por conta de seu ídolo Senna. Também é incrível pensar que Rosberg está com uma mão na taça. Uma corrida com muita chuva e confusão, como a que foi hoje, era o que Lewis precisava para Nico se enrolar e poder ser surpreendido. Entretanto, tudo deu certo para o alemão. Verstappen, que era o único que iria ultrapassá-lo, ficou para trás em um erro de estratégia da Red Bull. Hamilton passeou na chuva, uma vida "tranquila", segundo ele. Rosberg está apenas administrando a longa vantagem que possui, é o seu direito, mas ganhar um título assim é meio "sem graça". Quem se importa? Basta Nico chegar no pódio em Abu Dhabi para ser campeão mundial. Hamilton corre o risco de ser o piloto com mais vitórias (10) e pódios sem ser campeão em uma temporada. A cada corrida que passa, a quebra da Malásia torna-se mais ainda o diferencial para o campeonato. Vai que Nico enfrente problemas igual em 2014... essa é a esperança de Hamilton. Em condições normais como Abu Dhabi, sem chuva e uma chatice de dar sono, Nico já está com cinco dedos na taça. Falta confirmar.

Algumas outras linhas: crueldade com a Manor. Ocon mostrou porque foi o escolhido de Toto Wolff para ocupar a vaga na Force India. Muito combativo e andando bem na chuva, o francês de 19 anos mostrou seus predicados. Em um carro melhor, tem tudo para se desenvolver ainda mais. Merecia um pontinho.

Checo Pérez = Que piloto! Sempre aproveitando as oportunidades que aparecem! Inacreditável não estar em um carro que permita vitórias. Se não fosse um Max Verstappen fora de série, ele iria conseguir outro pódio. Tomara que vá para a Ferrari em 2018!

Carlos Sainz = Mais um ótimo resultado com a Toro Rosso de motor Ferrari do ano passado. Depois da saída de Max, cresceu muito de desempenho (ou Max que atraía as atenções, ou Kvyat que está abaixo da crítica, ou os dois?). Provavelmente ele não será promovido pela Red Bull em um futuro próximo, então é preciso se desvencilhar dos taurinos para ir para uma equipe de ponta. Talento ele está demonstrando.

Daniel Ricciardo = Corrida muito abaixo de seu potencial. Ele mesmo declarou que não gosta muito de correr em Interlagos, mas ser ultrapassado por fora pelo companheiro no S do Senna é meio constrangedor. Enfim, acontece. Daniel é um dos grandes pilotos da temporada.

Foto: Getty Images
Para finalizar: tudo bem que hoje a chuva foi muito forte em São Paulo, mas começar corrida com Safety Car é ridículo e sempre será. O álibi da batida de Grosjean era o que os diretores de prova precisavam para tomar essa decisão. O público brasileiro vaiou corretamente. Pagar uma barbaridade para ver Safety Car e corrida parada por conta da chuva? Não! Evidente que a segurança dos pilotos vem em primeiro lugar, mas a paranoia com a pista molhada está acabando com a F1. Depois da morte de Bianchi, a chuva foi a culpada e esquecem que se um trator não estivesse na pista nada daquilo teria acontecido... Os pilotos são muito bem pagos para mostrarem suas habilidades nas condições mais extremas possíveis, e havia segurança na maioria dos momentos em que a corrida esteve paralisada. Como sempre escrevo, é por essas e outras que a F1 não atrai mais público e audiência. Isso precisa ser revisto urgentemente.

Depois de tudo isso, confira a classificação final do Grande Prêmio do Brasil:


A decisão do campeonato será daqui duas semanas no Grande Prêmio de Abu Dhabi, nos dias 25, 26 e 27 de novembro! Até!

P.S: Interlagos não pode sair do calendário de jeito nenhum! Que os promotores e o governo de São Paulo e federal deem um jeito, e o Bernie pare de fazer ameaças! Imagina Interlagos fora da F1? Imagina o risco de perder corridas épicas como essa? Isso é muito melhor que o dinheiro e a artificialidade das corridas do Oriente Médio, sem dúvida alguma.

Obrigado, Massa!

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