segunda-feira, 28 de novembro de 2016

A EFICIÊNCIA VENCEU O TALENTO

Foto: Getty Images
Antes de mais nada: ninguém é campeão por acaso e não existe título injusto. Portanto, Nico Rosberg é o legítimo campeão da temporada 2016. Outra leitura que é correta de se fazer é que a quebra no motor de Hamilton no GP da Malásia decidiu o campeonato. Desde o Japão, o título de Rosberg estava encaminhado e que apenas uma catástrofe o impediria de fazer história. Hamilton utilizou todos os meios legais possíveis, mas não contava com uma prova tão insossa dos quatro possíveis "ajudantes" a desbravar o tetra. Rosberg capitalizou em cima dos erros e problemas de Lewis. Junto com sua pilotagem consistente, eficaz e regular, sagra-se campeão mundial. Agarrou a terceira oportunidade que teve.

A família Rosberg igualou o feito da família Hill: pais e filhos campeões (Graham e Damon - 1962, 1968 e 1996; Keke e Nico - 1982 e 2016). Nada mais icônico que Damon entrevistar Nico após a corrida!

Foto: Divulgação
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Hamilton teve um dia de Massa em 2008: vitória amarga. Lewis tem total razão em afirmar e se queixar do estouro do motor da Malásia. Entretanto, suas largadas ruins e o desempenho patético em Baku também contribuíram para a perda do tetra. Hamilton acordou tarde demais para a disputa. Mesmo assim, deu um sufoco em Nico. Não há dúvidas que o britânico é muito mais rápido e talentoso que o alemão. Todavia, Rosberg utilizou sua rapidez e constância para superar o talento e a genialidade de Lewis. Óbvio que o novo campeão tem muito talento, mas menos que Hamilton. Resta saber se Rosberg será um campeão circunstancial ou irá defender o título ano que vem com a mesma garra, força e destreza que teve esse ano.

Muito se discutiu sobre a tática de Hamilton ser suja ou não. Está nas regras e não, não é nenhum pouco suja. Se ele estava muito "lento", teoricamente era mais fácil de ultrapassá-lo, não? "Ah, mas dai o Hamilton ia jogar o carro em cima do Rosberg". Não tenho bola de cristal para saber, e outra: as chances disso dar certo eram quase nulas. Mesmo que Nico abandonasse e Lewis seguisse, era certo que seria penalizado no final. A única chance de Hamilton ser campeão era contar com a aproximação de Red Bull e Ferrari para pressionar e ultrapassar Nico ou uma quebra. Não deu, mas faz parte do jogo. Tática esperta e interessante, só faltou combinar com uma corrida melhor dos outros quatro pilotos.

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Outra coisa: por quê a Mercedes quis tanto interferir na corrida? Tudo bem que o objetivo da equipe é fazer o 1-2 tranquilo, mas precisavam manter a palavra de "disputa entre os dois na pista sem interferência". Que palhaçada foi aquela do Paddy Lowe querer pressionar Lewis a andar mais rápido? Em detrimento de quem? Rosberg? Só para garantir os interesses da equipe? Não tinha nada em jogo a não ser o título, os construtores já haviam sido conquistados no Japão. A resposta de Hamilton foi perfeita: "sou líder e estou num ritmo bom, não vejo motivos para acelerar". Só faltou o presidente da Mercedes obrigar Lewis a acelerar. Bastava Nico ter o arrojo de ir pra cima e passar. Preferiu a cômoda segunda posição. Escolhas são escolhas, e isso bastava para o título.

Red Bull e Ferrari foram abaixo do que poderiam ter sido. Raikkonen largou bem mas teve um ritmo muito lento, foi pressionado por Ricciardo no primeiro e segundo stint para depois ser ultrapassado pelo australiano e Vettel na segunda parada de pit-stops, terminando em um longínquo sexto lugar. Ricciardo largou com os supermacios e tinha tudo para fazer uma estratégia interessante como Verstappen fez. Entretanto, inexplicavelmente a Red Bull o chamou para os boxes logo na volta seguinte onde ele liderava depois de fazer a volta mais rápida da prova, mofando na quinta posição. Uma corrida sem brilho, vitimada pelo erro estratégico dos taurinos.

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Verstappen chegou a incomodar Rosberg quando era segundo. A rodada na largada prejudicou seus planos. Mesmo assim, foi ultrapassado com maestria pelo alemão, e não teve forças para incomodá-lo na parte final da prova, mesmo diminuindo lentamente a distância de 26 segundos que possuía. A estratégia de Hamilton permitiu a Vettel voltar para o stint final com os supermacios. Conseguiu passar as Red Bull e garantiu o pódio na terceira posição. Se tivesse mais algumas voltas, poderia ter passado Rosberg. Poderia. Agora, tudo é "se" e passado...

O outro pelotão da corrida não merece muitos comentários. Hulk e Pérez confirmaram a quarta posição da Force India nos construtores. Alonso foi o décimo. A Manor terminou na frente da Sauber. Fim de ano caótico da Toro Rosso, Haas abaixo dos pontos e Renault deprimente. Como Palmer pode ter contrato para o ano que vem numa equipe desse porte? Sobre Massa e Button, falarei durante a semana. Preciso terminar o especial Button e, em breve, farei o especial do brasileiro. Só para constar. Triste Jenson abandonar logo no início da prova. Entretanto, assim como Massa, Button pode ter mais destaque na despedida, sendo filmado pela direção de prova e homenageado pelos fãs, que o aplaudiram muito no momento em que chegou aos boxes. Uma despedida digna de um campeão mundo e boa praça. Só faltou John Button, mas ele está olhando tudo e com muito orgulho do filho.

Massa foi o nono e coroou mais um final de semana especial, com presentes e mini-documentário com a presença de todos os pilotos do grid e depoimentos de pilotos e dirigentes. Nunca vi alguém ser tão homenageado em sua última prova, nunca! Nem grandes campeões tiveram todo esse respeito e reverência que o brasileiro teve, fruto da simpatia, caráter, hombridade e respeito com todo o paddock, algo raro de ver em um meio mais do que nunca competitivo, sujo, corrupto, trapaceiro e estressante que é a F1. Valeu, Felipe!

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Confira a classificação final do Grande Prêmio de Abu Dhabi:



A Fórmula só volta daqui longínquos quatro meses (muito triste em ler isso), no Grande Prêmio da Austrália, nos dias 25 e 26 de março, senão me engano. Até lá, muitos testes de pré-temporada, análises e especulações aqui no blog! 

Até!




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