quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

BARCELONA, DIA 4: CINZAS

Foto: Getty Images
Depois da folia do carnaval, o retorno.

Pelo jeito não há muitas novidades na pista. Mercedes voando, Red Bull consistente, Ferrari já pressionada e com problemas, Racing Point impressionando e uma briga encarniçada no pelotão intermediário.

Nessa quarta, com os ultramacios, Kubica, reserva da Alfa Romeo, foi o mais rápido. O interessante é que apenas a Haas não revezou os pilotos durante o dia, ou seja, todos foram para a pista.

O que mais chama a atenção nos últimos dias (ou no ano) é o coronavírus. Chegou forte na Itália e até no Brasil. A Ferrari e a Alpha Tauri, cujas sedes estão por lá, começaram a tomar diversas providências. A Alfa Romeo também se preocupa porque lá existem vários membros italianos.

O Bahrein cancelou voos da Itália para lá e o Vietnã, com autódromo pronto, também, além de vários cancelamentos esportivos e as consequências políticas e econômicas de um problema de saúde até então incontrolável.

Obviamente, o risco de mais cancelamentos durante o ano é altíssimo. Com o recorte do esporte, fica claro que acontecer o evento ou não é o que menos importa, mas sim a saúde daqueles que participam, sejam pilotos, mecânicos, comissários, imprensa, torcedores, etc.

Se a temporada dentro da pista promete ser mais previsível do que nunca, os desdobramentos ao redor respondem o contrário.


Confira os tempos do quarto dia de testes em Barcelona:


Até!

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

BARCELONA, DIAS 1 E 2: DAS

Foto: Getty Images
E começou a pré-temporada de 2020 (ou 2019 parte 2). Todos os carros na pista e, desde já, com muita quilometragem. Até a Williams andou bastante na Catalunha. Vamos então para os destaques:

Geralmente, nos primeiros testes, a Mercedes faz tempos altos, priorizando a confiabilidade. Bem, desta vez não foi assim. Hamilton e Bottas já fizeram dobradinha logo no primeiro dia, com pneus macios e tudo. Qual será a estratégia? Daqui a pouco voltamos para escrever mais sobre os prateados.

A Ferrari entendeu que tempos de pré-temporada são a mãe da decepção. Desta vez, Charles Leclerc ficou lá no final da tabela. Desde o final do ano passado, surgiram notícias de que o novo carro teve problemas de desenvolvimento no túnel de vento e que isso acarretou em perda de tempo e de desempenho. É a Ferrari correndo atrás do prejuízo ou um blefe reverso?

Outra coisa que chamou a atenção foram os carros que não possuem motor Ferrari com o bico afinado. Muitos estão acusando que a Racing Point é basicamente uma Mercedes B, algo nos moldes Ferrari-Sauber no início do século. A McLaren já chiou, mas os rosinhas andaram bem e já avisaram que irão brigar pelo top 4. Ah, e foi a primeira vez que um projeto foi desenvolvido do zero. Nos últimos anos, pela crise financeira da antiga Force India, existiam muitos atrasos no carro da temporada. Não é o que vemos desta vez.

Racing Point: Mercedes B? Foto: Montagem
Verstappen foi o mais que andou (168), o que definitivamente prova que a Red Bull/Honda está em dia no quesito confiabilidade. Potência? Saberemos. Kubica deu algumas voltinhas pela Alfa Romeo e foi o único piloto de testes a participar da atividade. Os tempos do dia 1:


Hoje, o mais rápido do dia foi Kimi Raikkonen, com os pneus macios da Alfa Romeo. No entanto, esse não é o principal fato do dia.

Pois bem: a Mercedes revelou ao mundo o DAS. O que significa isso? Vou pegar a explicação do Rafael Lopes:

O Dual Axis System (DAS), Sistema de Duplo Eixo em português, "se refere aos movimentos laterais (eixo x no plano cartesiano) e de empurrar e puxar (eixo y). A novidade permite que o piloto mude o alinhamento das rodas dianteiras nas retas. A ideia é diminuir a perda de temperatura nos pneus nos trechos de aceleração plena. Nas curvas, ele volta ao normal."

Ou seja: Hamilton e Bottas movimentam o volante para a frente e para trás durante as retas, retornando a posição original nas curvas. Mas qual o ganho disso?

A Mercedes não fez uma explicação completa sobre o sistema, mas o DAS auxilia na manutenção da temperatura dos pneus, que cai durante as retas. O dispositivo, a princípio, não é algo aerodinâmico, o que seria proibido pelo regulamento. Os alemães garantem que a FIA está ciente do recurso e que não há nada ilegal mas, todos sabem, as decisões da FIA sobre regulamentos não são somente esportivas. Várias vezes algo que era legal virou ilegal da noite para o dia.

Pulo do gato ou não, esse dispositivo pode ser a garantia definitiva do domínio da Mercedes por mais um ano e certamente será palco de muitas discussões e de muitas manchetes durante o ano.


Na pista, dessa vez as flechas de prata priorizaram o ritmo de corrida e confiabilidade, pois Hamilton (9°) e Bottas (13°) ficaram na rabeira da tabela. Sérgio Pérez confirmou os testes promissores da Racing Point ao ficar em segundo. A Ferrari novamente foi tímida com Leclerc e Vettel. Todo mundo apresentando quilometragem alta. A Renault, que foi a que menos andou, fez 92 voltas. A Haas de Grosjean fez 158 voltas.

Foto: Getty Images


Resumindo: a Mercedes - com volante móvel ou não - vem forte. A Ferrari esconde o jogo, a Red Bull parece promissora e a Mercedes B Racing Point quer ser a melhor do resto do pelotão.

Amanhã tem o terceiro dia de testes.

Até!

terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

LANTERNA BONITA

Foto: Reprodução
A grande notícia é que pelo menos nesse ano a Williams vai se arrastar nas pistas com um carro bonito. Uma mistura de azul, branco e vermelho que não significa nada, mas que por incrível que pareça, deu certo.

O vermelho na Williams é uma exigência da Rokit, o patrocinador chinês que vende milhares de celulares. Lembra, de certa forma, a Williams de 1999, que tinha o patrocínio da Winfield.

Foto: LAT Images

A Renault preta segue fazendo mistério com a identidade do carro. Williams e Haas foram para a pista andar os 100 km de publicidade que são permitidos.

Os americanos voltaram com a pintura branca/cinza tradicional, agora que não possuem mais o patrocínio picareta daquele energético lá, o Rich Energy. O cargo de carro preto parece que ficou a postos da Renault.

Foto: Getty Images
Olhando de relance algumas fotos na rede social da Haas, uma estava o carro com o fundo preto dos boxes. Achei que era alguma releitura da McLaren West. A parte da frente me faz lembrar disso ou estou vendo demais?

A Racing Point apresentou o último carro iogurte de sua curta história, pois no ano que vem eles irão se transformar na Aston Martin.

Amanhã começa a pré-temporada da F1 e só falta o visual da Alfa Romeo. Tomara que continuem com o camuflado.

Até!

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

A NOVA

Foto: Reprodução
Nessa temporada 2020 que mais parece um 2019 parte 2, pouquíssimas coisas são interessantes. Quase tudo é o mesmo. O ponto positivo é o aparente retorno das cerimônias mais pomposas de apresentação dos carros, o que era mais comum até o início do século.

Uma das poucas novidades é a Alpha Tauri. Além do nome, as cores também são inéditas: preto com prateado (?). Sei lá, é algo bonito e diferente. Qualquer coisa que seja isso hoje atualmente já é o suficiente para ser exaltado.

Foto: Reprodução
A Alfa Romeo lançou uma pintura camuflada pra andar os 100 km que cada equipe tem direito para as atividades de marketing. Claro que o intuito é esconder "as novidades aerodinâmicas", mas convenhamos: essas pinturas de pré-temporada sempre são melhores que as originais, né?

Foto: Reprodução
Williams, Racing Point e Haas não devem ter mudanças. A Haas até anunciou a nova pintura, mas não achei interessante divulgar, por ora. Vou esperar a apresentação oficial.

Essa semana começam os primeiros três dias de pré-temporada em Jerez de La Frontera. Até lá!

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

RECOMEÇANDO

Foto: Reprodução/Ferrari
Todo mundo pensando em 2021, mas antes disso há o 2020. A F1 começa a apresentar os carros para o início da pré-temporada.

No Teatro Valli, na Itália, a Ferrari apresentou o SF1000. O vermelho remete aos carros da equipe nos anos 1980, assim como a serifa dos números lembra dos tempos de Gilles Villeneuve e Didier Pironi.

É um carro bonito, mas convenhamos: o vermelho do Inter nesse ano é incomparável. Risos.

Foto: Reprodução/Ferrari

Hoje, a Red Bull e a Renault também lançaram o visual de seus carros. Como os taurinos estão iguaizinhos, não faz sentido postar foto. É a mesma coisa do ano passado, e do outro, e do outro...

A Renault, por sua vez, vai ficando mais preta com o passar dos anos. Como todo carro preto e com detalhe amarelo, vão comparar com a Lotus, mas prefiro a analogia que soltaram de que a Renault está ficando igual a uma banana que vai apodrecendo.

Agora que a Haas voltou a ser branca, os franceses preenchem o espaço de carro preto dessa temporada.

Foto: Reprodução
Como esperado, o GP da China está, a princípio, adiado. Foi a decisão que a FIA tomou em conjunto com os órgãos e autoridades do país. A grande questão é como esse pepino vai ser descascado. Surgiram especulações de realocar a prova para o final da temporada, mas isso acarretaria em uma semana a menos de férias para os pilotos e/ou para os funcionários das fábricas.

A última vez que um evento foi cancelado por motivo de força maior foi o GP do Bahrein de 2011, em virtude dos protestos da Primavera Árabe. Com muito dinheiro em jogo de estatais e patrocinadores, a China é um mercado importante para qualquer negócio que queira se prezar global. É um grande problema que o bigodudo Carey vai ter que resolver juntamente com as equipes.

Voltamos amanhã com a "nova" McLaren. Até!

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

ALARME FALSO

Foto: Getty Images
Post quase como um drops.

A Mercedes não vai deixar a F1. Toto Wolff disse em entrevista para o jornal alemão "Auto Motor und Sport" que as flechas de prata seguem na categoria. O novo pacto de Concórdia não será um problema, embora nem todas as arestas tenham sido aparadas.

E mais: as negociações com Hamilton serão retomadas agora com o início da pré-temporada.

Aparentemente, nada mudou e nem vai mudar. As teorias mirabolantes foram dissipadas rapidamente. A grande curiosidade, é claro, é saber como os alemães vão estar com o novo regulamento e o teto orçamentário, apesar de, honestamente, não acreditar que isso faça alguma diferença signficativa a curto-prazo.

China e Vietnã seguem com as corridas ameaçadas em virtude do coronavírus. Até poderia acrescentar o Japão, mas é necessário dar tempo ao tempo.

Semana que vem os carros serão apresentados. A única mudança estética significativa deve ser a tal Alpha Tauri, que certamente terá cores diferentes do que foi a Toro Rosso.

Confira as datas das apresentações:

11/02 - Ferrari
12/02 - Renault e Red Bull
13/02 - McLaren
14/02 - Mercedes e Alpha Tauri
17/02 - Williams e Racing Point
19/02 - Alfa Romeo e Haas

Até!


sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

ENTRE VÍRUS E AMEAÇAS

Foto: Grand Prix
O noticiário calmo da F1 em 2020 contrasta com a ebulição que vai acontecer no próximo ano. E uma dessas bombas caiu no meio dessa semana.

Mesmo hexacampeã de pilotos e construtores e uma das principais marcas do mundo, a Mercedes pode estar de saída da F1 como equipe no fim do ano. O time ainda não chegou a um acordo com a Liberty sobre o novo acordo da categoria no ano que vem e, além disso, a Daimler (que administra a equipe alemã), deseja um profundo corte de gastos. Mesmo com títulos e prêmios de arrecadação, a conta não está fechando, com muitas demissões na empresa. Nos próximos dias, uma reunião será realizada para definir tudo isso.

É realmente uma grande bomba, que impacta o futuro de milhares de profissionais que formam uma estrutura vencedora há seis anos, além dos rostos principais, como Lewis Hamilton, Bottas e o chefão Toto Wolff, dito por muitos como o futuro chefe da F1. Imagina como seria para o mercado (aka Ferrari) o futuro maior vencedor da história da categoria e heptacampeão sem contrato? E Toto? Como e onde ficaria, pois também é acionista da Mercedes?

Uma outra parte da equação foi resolvida hoje. Lawrence Stroll, em conjunto com o grupo chinês Geely, adquiriram 16,7% da montadora Aston Martin. Não só isso. A Racing Point será rebatizada Aston Martin a partir de 2021. A montadora britânica, que há anos flertava com a F1, agora será uma equipe de fato na próxima temporada, com grande aporte financeiro de Stroll. Isso, é claro, encerra a parceria com a Red Bull no final do ano.

Com a Mercedes indo embora, pode surgir uma nova força na categoria, além de Ferrari e Red Bull. A Aston Martin, com estrutura e dinheiro, pode dar trabalho. Pode.

O problema é que, obviamente, uma das vagas será do filhote Stroll. Isso é um soco daqueles que acreditam em meritocracia. Estamos aqui, em pleno início de 2020, debatendo a possibilidade de Lance pilotar um carro e ter chances de vencer corridas e coisa e tal. É surreal. Queria torcer que Pérez também tire a sorte grande, mas acho que isso é meio complicado de projetar agora.

Mas pensando bem, mesmo com um carro bom, Stroll não conseguiria fazer muita coisa mesmo. Apenas uma ameaça e um alarde que ainda assim me deixam revoltado.

Foto: EBC
O coronavírus deixa o mundo inteiro em alerta. A nova epidemia vem lentamente se alastrando para o resto do mundo, com casos e suspeitas em todos os continentes. A China foi onde tudo isso, e o país está fazendo o que pode para conter o vírus. É claro que, além da morte e doença de milhares de pessoas, existem grandes prejuízos financeiros para o país. Comércio fechado, aulas canceladas, as pessoas não saem de casa e outros eventos estão sendo cancelados e/ou transferidos.

Em abril, tem corrida em Xangai. Tem corrida? A F1 não se manifestou oficialmente, mas fontes extraoficiais afirmam que ela está de olho no coronavírus. Caso a situação não seja controlada, obviamente que a corrida não será realizada por lá esse ano, mas isso também pode ameaçar outras corridas na Ásia e adjacências.

Que começo de ano, hein? Sem contar no Kobe... Entre vírus e ameaças, a F1 continua, mais de olho no futuro do que no presente.

Até!