terça-feira, 25 de julho de 2023

PROCURA-SE UM DESAFIANTE

 

Foto: LAT Images

Para algo ter graça, é necessária a possibilidade de alguém perder ou ser desafiado. Por que a F1 voltou a ter uma razoável relevância fora da bolha? Porque surgiu alguém capaz de desafiar Lewis Hamilton e a Mercedes.

E agora, por que tudo voltou ao marasmo? O motivo é simples: não existe, no momento, algo ou alguém em condições de ameaçar Red Bull ou Max Verstappen.

O resultado é óbvio: desinteresse do público e queda de audiência, engajamento, etc. São intermináveis 22 ou 23 corridas por ano e a chance de Red Bull/Verstappen ganharem elas são de quase 100%. Portanto, de novo: vale a pena alguém fora da bolha se dispor a assistir algo que todos sabem o final?

Mas Verstappen não está sozinho nessa por falta de qualidade, mas sim de incompetência das equipes, ou o excesso de competência da Red Bull que no momento dizima a concorrência. Desde Hamilton, no final da carreira, passando por Alonso tentando o último protagonismo e agora passamos para os contemporâneos de Max.

Lando Norris, distante da grande mesa de jantar, se aproxima um pouco mais dessa posição de futuro antagonista. Claro, a culpa era da McLaren e a inferioridade em relação a Mercedes e Ferrari, então era natural que os holofotes ficassem em cima de George Russell e Charles Leclerc.

Em 2023, ambos estão abaixo do padrão, por diferentes motivos. Erros, problemas, azares, tudo isso junto. Norris, outrora resignado a brigar de coice no escuro, ressurge entre os ponteiros para relembrar que ele praticamente fez Ricciardo ser demitido, tamanha a diferença de rendimento. Tanto que nem a vitória do australiano em Monza mascarou esse desequilíbrio.

Relembre o que esse querido blog escreveu sobre Lando: sempre foi uma promessa e um fenômeno na base, tanto que na F2 os holofotes estavam nele, não no depois campeão Russell ou no vice Albon.

A diferença é que Norris pegou o caminho mais difícil para se destacar tão imediatamente. Mesmo assim, consegui resultados importantes e, se não fosse pela teimosia da juventude, teria uma vitória na carreira, aquela desperdiçada na Rússia.

Tudo depende do timing e do carro, é claro. Hoje, a McLaren briga com a Mercedes pelo segundo posto. O que não significa muita coisa, em termos práticos. E amanhã? E o futuro das equipes? E quando Hamilton aposentar? E a vaga na Red Bull? E se nem Ricciardo nem Pérez convencerem os taurinos? E se a Ferrari trocar Sainz e Leclerc se cansar de lá? E a Aston Martin, vira protagonista?

E a McLaren, volta para os anos dourados? Muitas perguntas que os fãs e Verstappen estão, de certa forma, muito ansiosos em ter alguma resposta no médio prazo.

Procura-se desafiante para um piloto holandês e o carro dos energéticos. Tratar com a FIA e a Liberty.

Até!

segunda-feira, 24 de julho de 2023

OLHANDO PARA O FUTURO

 

Foto: Getty Images

A temporada 2023 já acabou. Fruto da competência da Red Bull e menos competência das demais no novo regulamento. E ainda teremos mais dois anos assim até a “nova F1” que vai entrar em vigor a partir de 2026, ainda que a renovação do Pacto de Concórdia não tenha sido assinada.

Uma das disputas relevantes na queda de braço entre FIA e Liberty/equipes é a entrada de uma 11ª equipe. Andretti, Hitech e outros projetos estão interessados. A Liberty e os times não querem porque isso significa menos dinheiro para eles. A FIA, rompida com o showbiz da F1 a partir do novo presidente pós-Jean Todt, pensa com carinho.

O que falta para que isso se materialize? Quais os interesses? Recentemente, tivemos os retornos da Renault e a entrada da Haas. Antes disso, Caterham, Marussia e HRT naufragaram. Lembram quando tinha 24 carros no grid de 2010 e 2011? Era fantástico, mas os times novatos ficaram muito para trás em termos de competitividade.

Isso pode ser um risco, aquilo que o Galvão chamava de “carro de F2 na F1”, mas considerando o tempo que falta para o novo regulamento e a competência de nomes experientes no automobilismo como a Andretti (a compatriota Haas não deixa mentir), a má vontade financeira poderia ficar para trás em prol do bom senso.

Mais carros, mais pilotos, mais funcionários. Claro, a F1 assinou um compromisso de ser mais sustentável, em diversas práticas. Ter mais pessoas e, consequentemente, mais gastos não é algo que ajude, mas pensem: a Red Bull tem 20% do grid, a Alpine/Renault sempre está de vai e vem da categoria (e já vendeu uma parte das ações para os americanos), a Audi está chegando e o restante tem déficit, incluindo as equipes grandes.

A conta não fecha para eles, certo, imagina para os novatos. Claro, é preciso que o projeto escolhido seja sério e coeso, mas a partir daí é impossível prever qualquer coisa. Esse corporativismo dos times e a burocracia da Liberty é um contrassenso na história da categoria: garagistas que tinham o sonho de colocar os próprios carros na pista e fazer a coisa acontecer.

O amor e romantismo não existem mais, o importante são os likes e o engajamento na série da Netflix. A preocupação é não correr na chuva ou enfiar um monte de sprint race como se alguém gostasse disso ou achasse o suprassumo do entretenimento. Pra quê mais carros, afinal?

Nesse lado da situação, torço para que a FIA encontre o bom senso e faça o que Max Mosley transformou a categoria antigamente: as montadoras comendo na mão da F1, e não contrário como estamos vendo hoje.

Até!

domingo, 23 de julho de 2023

INQUEBRÁVEL

 

Foto: Getty Images

Não dá para ser feliz na F1. E a culpa é de Max Verstappen e da Red Bull. O sábado foi até fantástico. O novo formato de classificação (duros no Q1, médios no Q2 e macios no Q3), aliado a chuva de sexta, trouxe uma imprevisibilidade muito bacana, que culminou com a 104a pole de Sir Lewis Hamilton. Ele comemorou como se fosse a prova e todos nós também, afinal a fera poderia ser combatida no domingo, ou ao menos era essa a expectativa.

Ledo engano. Durou menos de uma curva. Três milésimos mais lento, Max já partiu para a ponta ao largar melhor. A McLaren mostra que não é apenas Silverstone e agora disputa com a Mercedes o posto de segundo carro da vez. Belas manobras de Piastri e Norris e um Hamilton que desperdiçou o sábado em poucos metros no domingo. Acontece até com os heptacampeões, mas muito mais méritos para Woking.

Ao marcar o pit de Hamilton, a McLaren "beneficiou" Norris, que no undercut ultrapassou Piastri para ser o segundo colocado. O australiano teve danos no assoalho, o que explica ter batido na trave novamente e ainda não ter subido no pódio. O mais importante é que a evolução da McLaren é sólida. Dois pódios consecutivos assim são raros de acompanhar na história recente da histórica equipe vencedora.

Ao menos no pódio, Pérez segue devendo nas classificações. Difícil escrever que ele fez a parte dele porque sequer chegou em segundo. Nunca a discrepância ficou tão evidente em uma organização vencedora. Ainda errático, uma sombra sorridente e australiana surgiu para tirar ainda mais a paz do mexicano inseguro. Checo em apuros.

A Ferrari segue estagnada, hoje uma quarta força, tímida. Não consegue transformar as voltas rápidas em stints consistentes. Quem perdeu o protagonismo de vez foi a Aston Martin. Ainda faz parte do processo de se tornar uma equipe grande, mas Alonso quase tomou uma volta de Verstappen. O importante foram os pódios do início da temporada, mas aparentemente o limite do time de Stroll foi atingido.

Ricciardo teve a reestreia na F1 prejudicada pela largada ruim de Zhou, que o atropelou e ainda tirou as Alpine da corrida. Alfa Romeo é outra surpresa do sábado, assim como Hulkenberg é o rei das classificações, mas sofre nos domingos. Mesmo com todos esses problemas, o australiano ainda assim terminou a frente de Tsunoda. Será que a Alpha Tauri é tão ruim assim ou estava faltando braço?

Diferentemente do troféu, culpa de Lando Norris, a Red Bull e Verstappen são inquebráveis. 11 vitórias no ano e 12 consecutivas. O livro dos recordes são os únicos adversários à altura. O quão longa será a dominância dos taurinos?

Confira a classificação final do GP da Hungria:


Até!

sexta-feira, 21 de julho de 2023

CUIDADO COM AS ARMADILHAS

 

Foto: Francois Nel/Getty Images

Imagina você, pressionado por uma equipe, vê um antigo piloto da companhia retornando para a F1 numa equipe satélite e os chefes falando abertamente sobre uma possibilidade de ascensão às suas custas no médio prazo. É hora de começar a dar uma resposta, certo?

Sexta feira é um bom início para isso. Você vai para a pista, pista seca, livre e quer dar a primeira volta rápida com as novas atualizações de seu carro dominante. Eis que a roda encosta na grama e, zás, lá está você no muro em menos de cinco minutos. Constrangedor.

Pois bem, esse foi Checo Pérez na Hungria. Ele não está se ajudando e, nitidamente, sente a pressão. Bom, sabemos que o importante é sábado e domingo, mas faz tempo que ele não rende nem nos sábados. E a Red Bull estreia as primeiras atualizações do ano. As chances do carro estar mais afeito a Max Verstappen são enormes, tanto pelo talento quanto pela hierarquia. O fantasma Ricciardo ameaça o mexicano cada vez mais.

Foto: Getty Images

Depois, a chuva veio e mal deu para andar. Na parte da tarde, a Red Bull e Mercedes optaram por testes de corrida. Leclerc foi o mais rápido, mas os carros estão a menos de um segundo de distância. A vantagem de Tsunoda, quarto colocado, para o reestreante Ricciardo, décimo quarto, não é muita. Assim volta o sorridente australiano para a missão Red Bull 2025 (ou 2024, vai que...)

Hoje não deu muito para saber se Ferrari e Alpine conseguem ser fortes, se Aston Martin reage ou a McLaren vira uma força constante na briga pelo pódio ou Silverstone foi apenas uma exceção. Com isso, certamente, teremos uma classificação e, consequentemente, corrida interessantes, do segundo lugar para trás, é claro.

Hungaroring é o lugar onde surpresas acontecem. Alonso, Button, Kovalainen e mais recentemente Ocon venceram a primeira por lá. Alguns aproveitam as armadilhas que os outros caem, outros não.

Hoje foi Pérez quem escorregou na casca de banana. Quem sabe amanhã ou domingo seja a vez dele armar para os demais?

Confira os tempos dos treinos livres:


Até!

quinta-feira, 20 de julho de 2023

GP DA HUNGRIA: Programação

 O Grande Prêmio da Hungria (Magyar Nagydíj, em húngaro) foi disputado pela primeira vez em 1936, no circuito urbano de Népliget, na cidade de Budapeste. Somente em 1986 voltou a ser disputado, quando entrou para o calendário da Fórmula 1, agora no sinuoso e travado circuito de Hungaroring.

Foto: Wikipédia

Melhor volta em corrida: Lewis Hamilton - 1:16.629 (Mercedes, 2020)

Pole Position: Lewis Hamilton - 1:13.447 (Mercedes, 2020)

Último vencedor: Max Verstappen (Red Bull)

Maior vencedor: Lewis Hamilton - 8x (2007, 2009, 2012, 2013, 2016, 2018, 2019 e 2020)


CLASSIFICAÇÃO:

1 - Max Verstappen (Red Bull) - 255 pontos

2 - Sérgio Pérez (Red Bull) - 156 pontos

3 - Fernando Alonso (Aston Martin) - 137 pontos

4 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 121 pontos

5 - Carlos Sainz Jr (Ferrari) - 83 pontos

6 - George Russell (Mercedes) - 82 pontos

7 - Charles Leclerc (Ferrari) - 74 pontos

8 - Lance Stroll (Aston Martin) - 44 pontos

9 - Lando Norris (McLaren) - 42 pontos

10- Esteban Ocon (Alpine) - 31 pontos

11- Oscar Piastri (McLaren) - 17 pontos

12- Pierre Gasly (Alpine) - 16 pontos

13- Alexander Albon (Williams) - 11 pontos

14- Nico Hulkenberg (Haas) - 9 pontos

15- Valtteri Bottas (Alfa Romeo) - 5 pontos

16- Guanyu Zhou (Alfa Romeo) - 4 pontos

17- Yuki Tsunoda (Alpha Tauri) - 2 pontos

18- Kevin Magnussen (Haas) - 2 pontos


CONSTRUTORES:

1 - Red Bull RBPT - 411 pontos

2 - Mercedes - 203 pontos

3 - Aston Martin Mercedes - 181 pontos

4 - Ferrari - 157 pontos

5 - McLaren Mercedes - 59 pontos

6 - Alpine Renault - 47 pontos

7 - Williams Mercedes - 11 pontos

8 - Haas Ferrari - 11 pontos

9 - Alfa Romeo Ferrari - 9 pontos

10- Alpha Tauri RBPT - 2 pontos


O VELHO RICCIARDO

Foto: Wikipédia

Obviamente que o grande assunto do final de semana é o recomeço da carreira de Daniel Ricciardo, reestreando na F1 na antiga Toro Rosso, hoje Alpha Tauri. Os meses de ausência também serviram para o australiano reavaliar toda a trajetória. Fora da competição e apenas assistindo as corridas como piloto reserva da Red Bull, esse período serviu para que a chama voltasse a acender. Outro fator importante foi voltar para onde tudo começou: a empresa de energéticos.

"Me desapaixonar pela F1 foi também pelo impacto na minha confiança. Claro, se você está competindo em um esporte ou tentando ser o melhor em alguma coisa, o melhor do mundo em alguma coisa, você realmente precisa de confiança total, crença total, e quando isso começa a diminuir um pouco, a curtição também começa a cair. Foram muitos fatores e, voltar para a Red Bull, a recepção que tive ao voltar para aquela equipe, foi, de uma maneira positiva, um pouco esmagadora.

Quando voltei ao simulador, ainda estava um pouco em dúvida de como seria, se ainda sentiria o carro como costumava sentir, se ainda seria, por falta de palavras melhores, o velho eu. Quando fiz algumas sessões no simulador e voltei a me sentir como eu mesmo, isso me trouxe de volta ao Daniel normal, me apaixonando e pronto para começar de novo.

Quando você está mirando o topo, nem todo mundo consegue, então isso parece muito… São muitas histórias tristes, nem todo mundo tem a trajetória do herói, então acho que foi importante manter a perspectiva e também aprender com tudo isso. Entendi que, se eu ainda quisesse, se ainda tivesse aquele desejo, poderia aprender com alguns dos meus erros ou fraquezas. Não sei, só tentei… Mesmo que não quisesse estar naquela posição, ainda tentei encontrar o lado bom nisso para que pudesse seguir adiante e ser uma versão mais completa de mim mesmo.

É isso que, certamente, estou começando a sentir neste ano. Voltar para a Red Bull e tudo mais me faz sentir como se tudo isso tivesse acontecido por uma razão se usado da maneira certa", disse em entrevista para o site da F1.

É uma jornada espiritual, acima de tudo. Todo mundo está curioso para saber se aquele Ricciardo que tinha pinta de futuro campeão do mundo na Red Bull ainda existe ou o efeito McLaren foi realmente defastador. Talvez a verdade esteja no meio desses extremos, mas começaremos a saber agora, na Hungria. Bem vindo de volta, Ricciardo!

APOSENTADORIA?

Foto: Red Bull Content Pool

Não é a primeira vez que Max Verstappen fala em deixar a F1 no médio prazo. Os motivos? A insatisfação com as sprint race e o aumento do número de corridas no calendário, o que prejudica e desgasta a logística de todos os envolvidos no circo da F1. Nesta semana, ele fez novas declarações, onde acrescentou o desafio da parceria com a Ford a partir de 2026 como outro fator de motivação ou não para seguir na categoria:

"Penso que é um projeto muito interessante para nós. E para mim, é muito importante saber o que está rolando, também para meu futuro com o time. Tudo parece promissor. É claro, vamos disputar contra todas essas montadoras e será difícil, mas os sinais são bons. Agora, precisamos tentar e entregar.

Para a revista alemã Auto Motor und Sport, Max novamente se mostrou descontente com o calendário de 24 corridas que vai entrar em vigor ano que vem, se não tiver imprevistos iguais aos desse ano, como os cancelamentos de China e Ímola.

“É muito para mim, mas temos de lidar com isso. Penso que é ao menos mais lógico do jeito que foi planejado. É o melhor para todo mundo. São mais coisas que precisam acontecer para eu dar certeza se quero ficar muito tempo ou não, mas isto não está ajudando, é uma certeza”, concluiu.

A verdade é que tudo depende de como a Red Bull vai estar daqui três anos. Já ouvimos e lemos essas coisas muitas vezes. No entanto, basta perder a hegemonia que subitamente aquela chama competitiva volta com tudo. Esportistas são competidores viscerais. Raros são aqueles que "param por cima" ou conseguem abrir mão de uma posição de domínio que foi batalhado a vida inteira. Não me parece que Max tenha esse perfil e não sei se, mesmo multicampeão, ele teria esse peso de mudar determinadas situações internas da F1. 

TRANSMISSÃO:
21/07 - Treino Livre 1: 8h30 (Band Sports)
21/07 - Treino Livre 2: 12h (Band Sports)
22/07 - Treino Livre 3: 7h30 (Band Sports)
22/07 - Classificação: 11h (Band e Band Sports)
23/07 - Corrida: 10h (Band)







terça-feira, 18 de julho de 2023

MONTANHA RUSSA

 

Foto: Red Bull Content Pool

Ricciardo é um dos pilotos que eu mais escrevi por aqui em quase dez anos, por diferentes motivos. Ele estava em alta quando comecei o projeto por aqui, desbancando Sebastian Vettel na Red Bull e depois teve toda a trajetória até surgir Max e o “expulsar” para a Renault.

A aposta foi em vão e a McLaren seria uma última chance. Mesmo que tenha vencido, Ric nunca entregou o que se esperava e pelo que ainda recebe de Woking. Escrevi que a trajetória na F1 como piloto de elite tinha acabado e que um retorno não faria sentido, em termos competitivos, para projetos menores ou coadjuvantes.

Acontece que o tempo é imprevisível e as circunstâncias mudam. Lembro de, anos atrás, Ricciardo estar frustrado com o fato de que o tempo passava e ele já estava ficando “velho” para ser campeão. Tinha poucas vitórias para alguém do gabarito dele. É um pensamento compreensível. Todo mundo quer chegar na F1 para dominar e fazer história.

Acontece que nem todo mundo vai ser um Fangio, Schumacher ou Hamilton nos números absolutos. É um elemento raro, depende claro da qualidade mas também do timing. Aí, cria-se pensamentos duvidosos. Como que a carreira de Ricciardo deu errado se um menino saído da Austrália subiu para a Red Bull, desbancou um tetracampeão e venceu oito vezes na categoria e por duas equipes diferentes?

A expectativa é mãe da decepção. Se olhar pela frieza dos números e da análise, Ricciardo nunca brigou pelo título. Culpa dele, do carro, do timing, de ter Verstappen no momento errado e na hora errada? E quando teve Kvyat e o carro não era o suficiente (inclusive perdeu em pontos para o russo)?

Bom, a jornada do herói Ricciardo parece que agora tem um propósito mais evidente: voltar a ser feliz. Sete meses ausente para alguém que vive isso desde adolescente lhe permitiu repensar prioridades e conceitos. Claro, todos estão ali para ser o melhor, mas o objetivo principal do australiano parece ter sido atingido: voltar a ser feliz em um ambiente onde ele fica feliz.

O segundo passo é retomar a confiança nessas corridas que restam em 2023. Não é falta de pretensão, mas está entre a diversão de correr e o que será possível fazer com a Alpha Tauri, a nova Toro Rosso. Caso as respostas sejam positivas, será inegável para todos a comparação com Sérgio Pérez: o Ricciardo 2.0. seria páreo para Verstappen em uma Red Bull que tem alguns anos de domínio pela presente?

É possível pensar em várias óticas e critérios. Não há um lado ou um pensamento totalmente certo ou completamente equivocado. São visões, narrativas. O que é inegável, no entanto, é que a vida e a carreira de Daniel Ricciardo estão numa verdadeira montanha russa de emoções recentemente. O blog é testemunha dessa repercussão.

Até!

terça-feira, 11 de julho de 2023

DE VOLTA ÀS ORIGENS

 

Foto: Reprodução/Red Bull Content Pool

Conforme antecipado em maio e até mesmo na semana passada, Nyck De Vries era alguém marcado para dançar. A experiência na F1 durou apenas 11 corridas, 10 na Alpha Tauri e 1 na Williams. Monza parece ter "enganado" Helmut Marko diante de uma Red Bull sem opções para substituir a saída de Gasly. Não apostar em Mick Schumacher ou nos outros talentos mostra o problema atual da academia de pilotos da Red Bull: não há novos talentos.

A prova é que, com a demissão de Nyck De Vries, o escolhido é um velho conhecido, longe de ser uma surpresa: sete meses depois, Daniel Ricciardo está de volta ao grid e a Faenza. A única diferença é idade e o fato da equipe ter mudado de nome.

Oficialmente, contrato até o fim do ano. Os testes de pneu da Pirelli realizados em Silverstone nessa semana foram preponderantes para a mudança no curso na temporada. O australiano impressionou Horner e Marko. Como resultado, De Vries se junta a uma extensa lista de pilotos incinerados na Alpha Tauri/Toro Rosso, que tem Brandon Hartley, Alguersuari, Buemi, Vergne, Speed, entre outros.

De fato, a passagem do holandês foi apagada. Estrear na categoria "velho", aos 28 anos, mesmo vencido a F2 e a FE não foi o suficiente para mantê-lo ao menos até o fim do ano. O holandês teve dificuldades para se adaptar a F1, o que é normal, mas está fazendo parecer com que Yuki Tsunoda tenha dado um salto de qualidade.

A academia de pilotos da Red Bull vive uma entressafra. A escolha de De Vries foi um exemplo disso. Apesar de seis pilotos da academia estarem na F2 e Liam Lawson, teoricamente o mais próximo da vaga, estar na Super Fórmula lá no Japão, a escolha foi pelo mais experiente, o que prova que a filosofia da equipe mudou, além do nome.

Há boatos que a Red Bull quer vender a Alpha Tauri, uma equipe que hoje está jogada às traças. Franz Tost se aposenta no fim do ano, a Honda vai sair em breve e não há um projeto sólido de crescimento. A equipe é lanterna nos construtores. O retorno de Ricciardo é um teste para Tsunoda. Agora, veremos se o japonês realmente evoluiu ou apenas se aproveitou de um baixo nível de competição. É tipo a situação do Mick Schumacher na Haas com Mazepin e depois com Magnussen.

Ricciardo vai ter que se adaptar a equipe, é óbvio, mas sete meses fora da categoria não enferruja ninguém, ainda mais quem acabou de fazer um teste e está constantemente nos simuladores dos taurinos em Milton Keynes. Muito além de voltar às origens, Ricciardo tem um objetivo flagrante.

 Mostrar desempenho, mostrar a todos que está de volta e ainda é um piloto de ponta para que, no futuro, volte para os grandes assentos, seja em 2024 ou até mesmo 2025, afinal Pérez tem mais um ano de contrato, mas está cada vez entregando menos resultados. Sabemos que a natureza de Horner e Marko são de rupturas intempestivas, então a chance de Ricciardo pode aparecer mais cedo do que tarde.

O sorridente australiano retorna para onde tudo praticamente começou, se fomos fingir que ele não fez as primeiras corridas da carreira na finada Hispania. É como aquela promessa do seu time que vai para a Europa muito cedo e volta para jogar já mais experiente, quase veterano. 

Agora, é tudo com Ricciardo. A última parte da carreira tem uma grande chance de retorno ao protagonismo e a redenção. Será que ele desaprendeu? Será que na Red Bull/Alpha Tauri a confiança voltou? Na dúvida, sorria.

Até!