terça-feira, 3 de maio de 2022

VEM AÍ?

Foto: Reprodução/Internet

 Uma das maiores lendas da história pode estar sendo desfeita daqui quatro anos.

O grupo Volkswagen confirmou que vai entrar na F1 em 2026, com a Audi e a Porsche. E por quê só daqui quatro anos? É quando a F1 vai passar por uma nova regulamentação técnica, que obviamente foi feita para adequar os interesses e atrair o grupo alemão.

Depois de décadas de especulações, o que aconteceu dessa vez para finalmente convencer os alemães irredutíveis? Lembrando que esse papo tinha esquentando alguns anos atrás, antes de estourar o Dieselgate.

A diferença foi o aumento da popularidade da F1 na América do Norte e na Ásia,possivelmente influenciados pela disputa Hamilton vs Verstappen do ano passado, o aumento do engajamento da F1 nas redes graças ao sucesso da série Drive To Survive e, por quê não, a presença de dois pilotos asiáticos no grid (Tsunoda e Zhou).

E o que a F1 teve que abrir mão para finalmente concretizar a vinda dos alemães? Bem, considerando que a Honda deixou a categoria e a Renault não é confiável, a partir de 2026 a F1 fica cada vez mais sustentável. Segue trecho do “Grande Prêmio”:

“Os motores manterão a tecnologia V6 turbo, mas com a extinção do MGU-H, bateria responsável por gerar energia elétrica nos carros, enquanto o MGU-K passa a compensar neste aspecto. Cerca de 476 cv devem ser entregues pelo motor de combustão e o motor elétrico.”

Além disso, o combustível será 100% neutro em CO² e o teto de gastos deve ser mantido em US$ 140 milhões.

É claro que as atuais montadoras já chiaram, temendo uma possível vantagem para os alemães até chegar lá. No entanto, falta muito tempo e esse papo de Audi e Porsche na F1 é tão antigo que não duvido nada que os alemães deem para trás. Nunca se sabe quando pode aparecer um Dieselgate por aí...

No entanto, dessa vez os planos parecem mais ousados, além de uma “ameaça”: se os alemães não entrarem na categoria agora, vai demorar uns 10 anos para que possa voltar a ser ventilado, porque tudo sempre vai depender de quando a F1 vai definir um novo regulamento técnico.

Voltando para os planos ousados: Audi e Porsche vão deixar as outras categorias de esporte a motor e focar somente na F1. A Porsche tem negociações avançadas com a Red Bull, reeditando a parceria que já fizeram no Mundial de Rali.

A Audi quer uma equipe própria e um motor autoral. No entanto, ela não tem planos de começar uma equipe do zero, e sim comprar alguma das atuais. Dependendo da situação financeira, Haas e Williams são candidatas naturais nesse processo, além da Alfa Romeo, que quase foi comprada por Michael Andretti ano passado.

Duas marcas pesadas entrando na F1 dessa forma é algo que não aconteceria desde o boom das montadoras no início dos anos 2000. Questões políticas e econômicas contribuíram para criar esse clubinho de dez equipes. Tomara que a Audi ou alguém consiga uma equipe extra, seria ótimo para todo mundo.

Até lá, em quatro anos, vou continuar cético perante a esse acordo. Já vi muitas idas e vindas desse negócio envolvendo Audi e Porsche. Agora, vou fazer igual o Detox do Dr. Dre: só acreditar quando ver e ouvir.

Até!

segunda-feira, 25 de abril de 2022

REALIDADE INÉDITA

 

Foto: Hamad Mohammed/Reuters

Em 2021, enquanto brigava por mais uma taça, a Mercedes sempre frisava que o foco era o desenvolvimento do carro de 2022, das novas regras. O objetivo era claro e evidente: manter a hegemonia mesmo com a “nova F1” chegando.

Apostando em um conceito ousado na pré-temporada, os sinais de alerta ligados no Bahrein se confirmaram na sequência. O carro é lento e sofre muito com a aerodinâmica e o porpoising. De positivo, a confiabilidade e o ritmo de corrida. A Mercedes é claramente a terceira força do grid e, contando com a sorte, conseguiu dois pódios, um para Hamilton e outro para Russell.

Distante de brigar por uma vitória mas ainda assim em uma boa posição no pelotão. Russell está sendo perfeito, pontuou em todas as corridas e está vencendo Hamilton na batalha interna nesse início de trajetória. Lewis, pelo que dizem, está com um acerto diferente para buscar soluções mais rápidas ao lento W13, mas é o compatriota que se sobressai até o momento.

Quem poderia imaginar? Com contrato até o ano que vem, Hamilton hoje é um coadjuvante na pista. Impossibilitado de brigar pelas vitórias, depende do acaso para sonhar com algo além. Em Ímola, largou mal e não conseguiu se livrar do pelotão intermediário. Russell conseguiu e foi quarto. Hamilton ficou brigando lá atrás e sem um motor potente e boa aerodinâmica, amargou um 14° lugar. Já tinha sido eliminado no Q1 na Arábia Saudita, algo que não acontecia desde quando estava na McLaren.

Ver Hamilton batendo roda um pouco mais atrás no grid não é inédito. Em 2009, a McLaren sofreu na primeira metade do ano que também marcava um novo regulamento, o famoso difusor duplo. No entanto, a equipe se ajeitou e tudo melhorou. O primeiro ano de Mercedes também foi diferente. Era um carro muito rápido em voltas de classificação mas o pneu acabava muito rápido. Hamilton basicamente se arrastava na pista em algumas corridas, mesmo tendo vencido a primeira pelo time na Hungria.

A questão é que ali Hamilton tinha apenas um título,era promissor, tinha uma vida social conturbada e muitos acreditavam que era o novo Mansell: rápido mas errava muito. Agora é diferente: Hamilton é o rosto da F1 para o mainstream. Mais títulos, mais poles, engajamento pela postura fora da pista, ações sociais, posicionamento. É um popstar no pelotão intermediário, sem a perspectiva de melhora a curto prazo.

Hamilton vive um ano parecido com o de Schumacher em 2005. Depois de quatro títulos seguidos com a Ferrari, o regulamento que proibia a troca de pneus acabou com a Ferrari e Schummi sofreu. Reagiu justamente em Ímola, quando teve aquele pega com o jovem Alonso e foi 2°, mas durante o ano bateu e ficou lá no meio do grid. A única vitória do ano foi na infame Indianápolis e a corrida dos seis carros.

Hamilton de 2022 é o Schumacher de 2005. A diferença é que a temporada é longa e a Mercedes pode evoluir, até mesmo o acaso pode beneficiar o Sir, que conseguiu o pódio no Bahrein assim. No entanto, o que Hamilton e a F1 vivem é uma realidade inédita:  o piloto mais popular está longe dos holofotes esportivos. É claro que Hamilton não precisa provar mais nada para ninguém, mas certamente a Liberty não deve estar feliz com isso...

Até!


domingo, 24 de abril de 2022

A AULA DE MAX

 

Foto: ANP

Max Verstappen teve em Ímola um final de semana perfeito. 100% de aproveitamento. Dominante, veloz, seguro, técnico e pilotando com a frieza e categoria de um campeão mundial. Tudo isso em um momento onde já está consideravelmente atrás de Leclerc no campeonato, vinha de dois abandonos em três corridas e a tendência era de outro domínio da Ferrari. Era.

A chuva embaralhou as coisas e a corrida classificatória teve uma largada sensacional de Leclerc. Verstappen, precisando reagir, foi frio na caçada e passou na penúltima volta, diminuindo o prejuízo. Choveu antes da largada de domingo. Quem estava no lado molhado de menos aderência se deu mal. Max disparou para vencer e não foi incomodado em nenhum momento. Pérez saiu muito bem de trás e a Red Bull conseguiu uma dobradinha pela primeira vez desde 2016, na Malásia. Para completar o domingo perfeito, Max venceu o Prêmio Laureus de melhor atleta masculino de 2021, quando bateu as hegemonias de Mercedes e Lewis Hamilton para conquistar o título mundial. Quer mais?

Como sempre escrevemos, a imprevisibilidade é a alma de qualquer esporte. O sentimento do risco de perda é essencial para manter o engajamento do público. Quem vai assistir um campeonato onde o Bayern sempre vence fácil, por exemplo? A largada, no entanto, teve um ato previsível: o azarado Sainz, de novo. Foi tirado da corrida por Ricciardo e ficou atolado na brita outra vez. Na hora decisiva, está falhando. Vai ter que servir para Leclerc vencer o campeonato pois já desperdiçou qualquer chance de briga por título. Tremeu.

Leclerc tentou de todas as formas caçar Pérez. A Red Bull conseguiu ser mais competitiva com uma nova atualização do carro. A Ferrari ainda mantém o que está dando certo. A distância diminuiu e hoje a vitória dos taurinos foi inapelável. Os italianos não podem sentar na vantagem e precisam reagir. A temporada é longa e a história já mostrou que Adrian Newey melhora a Red Bull e a Ferrari vai perdendo força pelo caminho.

Hoje era pra Leclerc engolir o P3 e manter uma vantagem confortável no campeonato. Afinal, Max tem duas vitórias e dois abandonos. Ao colocar o pneu macio no fim para tentar um último ataque em Pérez, rodou e quase colocou tudo a perder. Ainda conseguiu chegar em sexto, mas perdeu sete pontos. A vantagem ainda é de mais de uma corrida para Max (27 pontos), mas o monegasco precisa ser mais cerebral. Numa maratona, nem sempre vai dar para andar forte. Hoje era o dia para capitalizar na vantagem. Uma rodada dessas pode definir um campeonato.

A McLaren reage e mostra que o problema não é o motor. No Bahrein, batiam cabeça para não ficar em último. Hoje, Norris consegue um pódio merecido. Lando segue sendo o piloto do time, enquanto Ricciardo se embola. Certamente o inglês merecia um carro melhor, mas aparentemente o time de Woking pode estar indo para o caminho certo até o fim da temporada.

George Russell é o cara da Mercedes. Pontuou em todas as corridas. Está melhor nos treinos e no ritmo de corrida. Hoje também teve sorte. Fugiu do bolo e correu livre, conseguindo evitar o ataque de Bottas e segurar o quarto lugar. É uma maturidade impressionante. O britânico deixa um recado: me deem um carro... Hamilton vem sofrendo e a cada corrida que passa lembra a “ressaca” de Schumacher em 2005 quando o regulamento proibia a troca de pneus e a Ferrari foi para o meio do grid. Com um acerto diferente, está passando por apuros. Está inferior a Russell e teve azar. Ficou a corrida toda atrás de Gasly com uma parada lenta e sem motor ou aerodinâmica capaz de tentar a ultrapassagem. Um constrangedor  14° lugar e uma volta atrás de Max. Hamilton já teve anos difíceis na McLaren, mas a Mercedes estar assim mostra que 2022 está perdido em termos competitivos. É diminuir os danos e voltar ao protagonismo em 2023. Mesmo assim, precisa estar mais próximo de Russell nos pontos.

Foi só falar que a Aston Martin conseguiu seus primeiros pontos no ano com os dois pilotos. São bons de chuva e pistas escorregadias. Um belo desempenho de Vettel e um pontinho suado para Stroll, que pressionou e foi pressionado a corrida toda.

Excelente trabalho de Tsunoda, mostrando evolução. Como sempre escrevi, pessoal esquece que ele tem só 20 e poucos anos... superou Gasly no final de semana. Magnussen conseguiu mais pontinhos preciosos para a Haas depois de um grande treino na sexta. Enquanto isso, Mick Schumacher segue zerado. Por enquanto, não está sendo aprovado desde que passou a ter alguma concorrência interna. Nunca é demais lembrar que Magnussen teve um treino na pré-temporada praticamente.

Bottas faz o que sabe de melhor: acumular pontos sem pressão, exercendo a liderança esperada na Alfa Romeo. Zhou bateu no sábado e teve um momento difícil. Acredito que vai ser o mesmo caso de Tsunoda em 2021: a adaptação de um F2 para um F1 com novas regras, o que torna tudo mais difícil, é brutal. Paciência que o chinês é bom piloto.

Max reage num final de semana perfeito para ele e a Red Bull. Há campeonato. A Ferrari sofreu um duro baque em casa mas ainda tem gordura para queimar, especialmente Leclerc. O que vimos hoje foi a aula de Max, campeão mundial e vencedor do Laureus.

Confira a classificação final da corrida:



Até!

sexta-feira, 22 de abril de 2022

UM VELHO PERCALÇO

Foto: Clive Mason/Getty Images

 Ímola, um circuito tradicional, naturalmente tem muitas armadilhas. Quando chove, então... Foi exatamente o que aconteceu nesse início de tarde de sexta-feira, com o treino classificatória para as corridas de sábado e domingo.

Em condições normais, o favoritismo claro era confirmado pela Ferrari e por Leclerc. Sem chance para os concorrentes. O treino já começou atribulado quando os freios de Albon pegaram fogo e a sessão ficou parada por um bom tempo. Sofrendo em ritmo de volta rápida e o purpoising, quase que a Mercedes já bailou no Q1. Sorte deles que Ocon teve problemas e as duas Alpha Tauri ficaram fora.

Chega o Q2 e, agora com o contrato renovado, Carlos Sainz continua dando mostras de que sucumbiu a pressão. Rodou sozinho e larga mais atrás. Pelo carro que tem isso não é um problema, mas as chances de vitória são diminutas. Mais um erro consecutivo. No meio disso tudo, começa a chover e fica tudo como está. Pela primeira vez desde 2012, a Mercedes não foi para o Q3: Russell 11° e Hamilton 13°.

Vettel teve senso de oportunidade e foi para o Q3, assim como Magnussen, os grandes destaques e até zebra. Com a chuva, a pista foi mais traiçoeira ainda e as condições desconhecidas equilibraram tudo. Quando parou de chover, Max estava com a volta mais rápida: na hora certa no lugar certo. A sorte dele e azar de Leclerc e que dali em diante não teve mais treino.

Bottas teve um problema no carro e Norris rodou. Magnussen também, mas conseguiu sair do lugar. Com muita bandeira vermelha e pouco treino de fato, Max Verstappen conquistou a primeira pole no ano e vai largar duas vezes na primeira posição nesse final de semana. Surpreendente, embora não seja o favorito. Talvez chova sábado e domingo.

Leclerc está logo atrás, seguido por Norris e Magnussen em quarto! A chuva embaralhou tudo, o que dá um tempero especial para sábado e domingo. Se as condições normais existirem, Leclerc tem a grande chance de se isolar mais ainda no campeonato, principalmente na corrida de domingo que é a mais importante. Inteligente do jeito que é, duvido que vá correr riscos desnecessários no sábado, principalmente na largada.

Com a nova pontuação e regras da corrida classificatória, sábado perde ainda mais o valor, considerando que o grid de domingo é o mesmo. No entanto, com a possibilidade de chuva em um circuito tão cheio de armadilhas, o imponderável pode agir outra vez e nos brindar com duas belas manhãs de disputas. Se embaralhar o campeonato, melhor ainda.

Confira o grid de largada do GP de Emília Romagna:


Até!

GP DE EMÍLIA ROMAGNA: Programação

 O Autódromo Internacional Enzo e Dino Ferrari recebeu corridas da Fórmula entre 1980 e 2006. Desde 1981 era realizado o Grande Prêmio de San Marino. Em 2020, em virtude da pandemia de Coronavírus, o autódromo volta para o calendário para sediar o GP de Emília-Romagna, região onde fica o autódromo na cidade de Ímola.

Em 2021, a corrida entrou novamente no calendário de última hora, substituindo o cancelado GP do Vietnã, mas desde 2022 voltou a ser fixa no calendário da F1.

Foto: Reprodução/Wikipédia

ESTATÍSTICAS:

Pole Position: Valtteri Bottas - 1:13.609 (Mercedes, 2020)

Volta mais rápida: Lewis Hamilton - 1:15.484 (Mercedes, 2020)

Último vencedor: Max Verstappen (Red Bull)

Maior vencedor: Lewis Hamilton (2020) e Max Verstappen (2021) - 1x


CLASSIFICAÇÃO:

1 - Charles Leclerc (Ferrari) - 71 pontos

2 - George Russell (Mercedes) - 37 pontos

3 - Carlos Sainz Jr (Ferrari) - 33 pontos

4 - Sérgio Pérez (Red Bull) - 30 pontos

5 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 28 pontos

6 - Max Verstappen (Red Bull) - 25 pontos

7 - Esteban Ocon (Alpine) - 20 pontos

8 - Lando Norris (McLaren) - 16 pontos

9 - Kevin Magnussen (Haas) - 12 pontos

10- Valtteri Bottas (Alfa Romeo) - 12 pontos

11- Daniel Ricciardo (McLaren) - 8 pontos

12- Pierre Gasly (Alpha Tauri) - 6 pontos

13- Yuki Tsunoda (Alpha Tauri) - 4 pontos

14- Fernando Alonso (Alpine) - 2 pontos

15- Guanyu Zhou (Alfa Romeo) - 1 ponto

16- Alexander Albon (Williams) - 1 ponto


CONSTRUTORES:

1 - Ferrari - 104 pontos

2 - Mercedes - 65 pontos

3 - Red Bull RBPT - 55 pontos

4 - McLaren Mercedes - 24 pontos

5 - Alpine Renault - 22 pontos

6 - Alfa Romeo Ferrari - 13 pontos

7 - Haas Ferrari - 12 pontos

8 - Alpha Tauri RBPT - 10 pontos

9 - Williams Mercedes - 1 ponto

PÉREZ QUER EXPANSÃO E TRADIÇÃO NA F1

Foto: Divulgação

Sérgio Pérez está feliz com a F1 cada vez mais inserida no continente norte americano. Com três corridas nos Estados Unidos e mais o GP do México, Canadá e Brasil, "Checo" também faz um alerta: a F1 precisa manter as pistas históricas e tradicionais e as novas que entram precisam ter alguma identidade.

"Primeiramente, acho ótimo que a Fórmula 1 esteja crescendo tanto em outro continente. É uma grande oportunidade para a Fórmula 1, para o esporte, e acho que todos nós vamos nos beneficiar. Então é fantástico.

Mas, ao mesmo tempo, seria bom preservar a história do esporte, e nós precisamos ter sempre as pistas históricas. E, sempre que formos para um lugar novo, temos que ter certeza que os circuitos tenham certa identidade. Sinto que falta isso para algumas das pistas novas. Então é algo que vai ser bem importante, disse.

Com tantas corridas perto de casa, Checo até considera voltar a morar no país em breve, além de estar muito contente com a inclusão da corrida de rua de Las Vegas no calendário:

“A Fórmula 1 está se tornando um pouco mais americana, definitivamente está mais próxima do México. Então talvez eu acabe finalmente morando em casa, o que seria ótimo. Acho que Vegas vai ser uma oportunidade fantástica para o esporte e para os fãs verem os carros e a Fórmula 1. Penso que é uma excelente combinação: Vegas e Fórmula 1”, completou.

Seria a combinação ideal, mas o ideal não existe. A F1 se expande para quem pode pagar mais e custar menos. O problema é que tudo parece igual: circuito de rua, à noite... sem o perigo, a brita, o desafio, tanto para o público quanto para os próprios pilotos. A expansão desenfreada e sem critério pode ser um perigo para a categoria, no sentido competitivo da coisa.

MAX, A "BOMBA-RELÓGIO"?

Foto: Divulgação/ Red Bull Content

O início da Red Bull é difícil, principalmente para o atual campeão Max Verstappen. Uma vitória e dois abandonos em três corridas já deixam o holandês distante de Charles Leclerc, líder do campeonato. 

Sempre um piloto sanguíneo, as reclamações são constantes no rádio. Apesar do natural amadurecimento, Helmut Marko acredita que, se os taurinos não resolverem os problemas, Max pode virar uma "bomba-relógio" emocional.

“Está muito mais calmo. Depois do abandono na Austrália, voltou ao pit-lane e conversou conosco de maneira muito calma. Neste caso, entretanto, sabíamos que o problema era uma possibilidade, porque tivemos de lidar com ele na classificação. Não veio do nada.

Max é um piloto passional e emotivo que sempre dá sua opinião. Na minha visão, está muito mais calmo que no passado.

Se não vencermos novamente rápido, então ele será realmente uma bomba relógio”, disse para a TV ORF, da Áustria.

Ainda segundo Marko, Max ainda não se adaptou com a parte técnica da nova F1:

“Com o setup do carro, às vezes falta a confiança de manter o estilo extremo com que ele guia o carro. Dá para ver que Checo está mais perto dele que no ano passado”, concluiu.

Max com o emocional abalado é um perigo. É um cara que prefere abandonar a perder. Como o novo contrato tem a cláusula de desempenho e confiabilidade, é bom a Red Bull tomar cuidado, principalmente agora que está desenvolvendo os próprios motores. A bomba-relógio pode explodir, destroçar Milton Keynes e ir para um rival. Uma certa equipe alemã certamente está atenta a tudo isso...

TRANSMISSÃO:
22/04 - Treino Livre 1: 8h30 (Band Sports)
22/04 - Classificação: 12h (Band Sports)
23/04 - Treino Livre 2: 7h30 (Band Sports)
23/04 - Corrida Classificatória: 11h30 (Band e Band Sports)
24/04 - Corrida: 10h (Band)

terça-feira, 19 de abril de 2022

O DINHEIRO COMO MALDIÇÃO

 

Foto: Divulgação/Aston Martin

Lawrence Stroll é um das pessoas mais ricas do mundo. Não a toa, conseguiu fabricar a carreira do filho Lance no automobilismo. Desde sempre ele teve a disposição os melhores equipamentos e pessoas que o desenvolvessem enquanto piloto. O talento natural não existe, mas o dinheiro faz repetir algumas situações e permite um desenvolvimento tranquilo até atingir a plenitude.

Com a falida Racing Point, Lawrence viu que a Williams não seria o melhor cenário para desenvolvimento do filho e comprou uma estrutura muito competente, mesmo sem dinheiro. Com a grana, atraiu o retorno de uma montadora de peso. Uma montadora de peso precisa de um piloto de cacife para comandar o projeto e ser até mesmo uma peça chave de publicidade.

Vettel e Stroll. O veterano tetracampeão em baixa sendo líder e acionista de um projeto seria um bom cartel para o filho. Se Lance vence o alemão, não há o que questionar no talento até então baseado no nepotismo. A expectativa é animadora. Montadora, investimento e um tetracampeão = longo-prazo esperançoso.

O primeiro ano foi tímido. Sem ter como copiar o carro da Mercedes, que foi a base do sucesso de 2020 do então time rosa, o jeito é começar do zero. Um ano de transição pensando no novo regulamento. A esperança era agora, mesmo sabendo que os frutos podem ser colhidos somente mais para frente, quando a nova fábrica e o novo túnel de vento ficarem prontos.

2022 está começando de forma preocupante para a Aston Martin. Começando pelo fato de Vettel ter perdido duas corridas com o novo regulamento em virtude da Covid. É nítido que não está ambientado com o carro e o tempo fora fez a diferença na corrida da Austrália. Stroll vem batendo e fazendo o que pode, mas o erro é achar que ele vai guiar o time. É apenas o filho do dono.

Investimento, dinheiro, estrutura... o que está dando errado? É necessário ter paciência? Sem dúvida, desde que as apostas e escolhas sejam corretas. A saída do Otmar Szanafauer não parece um bom indício. É uma equipe que ainda está em adaptação em meio a um novo regulamento e covid no piloto tetracampeão acionista cada vez mais decadente. Não me parece a receita correta.

Que a Aston Martin vai crescer, não há dúvidas. Para isso, precisa acertar no carro, nos chefes e também nos pilotos. Essa é a função para o longo prazo. Stroll é uma benção e uma maldição. Sem ele, não há dinheiro e nem Aston Martin. O que fazer? Aposentar Vettel e trazer quem para liderar um processo tão centralizado no filho do dono?

Até aqui, a Aston Martin me lembra muito a Jaguar, não só pelas cores, mas por todo o contexto: pompa, grife, dinheiro, investimento e resultados aquém do esperado. É cedo e oportunista, mas ser a pior equipe do grid nesse momento não deixa de ser constrangedor para uma organização que chegou na F1 prometendo tanto.

Até!


segunda-feira, 11 de abril de 2022

CONSIDERÁVEL

 

Foto: Reuters

Um novo regulamento é um sopro de renovação e esperança na F1. Hierarquias consolidadas podem terminar e patinhos feios desacreditados podem ousar sonhar com o protagonismo e a beleza da vitória.

A Ferrari, por exemplo. 2020 foi o pior da equipe em quatro décadas. Os números comprovam. Com o motor "trapaceiro", os dois últimos anos foram de acertos internos, apostando na nova F1 que viria, enquanto Mercedes e Red Bull brigavam pelos holofotes.

Hoje, o que nós vemos? Os italianos finalmente acertaram nos investimentos e a Ferrari, delegada a coadjuvante, vira o bicho papão nesse início de 2022. Não só isso, mas vê Mercedes instável e Red Bull com sérios problemas de confiabilidade. Um campeonato, até aqui, muito a favor, mesmo considerando que essa é a temporada mais longa da história e tudo pode acontecer.

Lembra um pouco 2009, o ano do difusor, quando a Brawn GP tomou de assalto a temporada e, no início, Button venceu 6 das primeiras sete corridas, garantindo assim o campeonato. Do meio para o final, as equipes grandes cresceram e a Brawn diminuiu o ímpeto, mas ainda assim Jenson celebrou o único título mundial.

Em 2022 é tudo diferente. A Ferrari e Leclerc possuem grande possibilidade de repetir o feito daquela Brawn arrassadora, mas existe muita margem de crescimento para Mercedes e Red Bull, as rivais. Se a Ferrari relaxar, a possível vantagem pode virar água. Se a temporada de 2009 fosse nos mesmos moldes atuais, Vettel no mínimo teria grandes chances de brigar pelo primeiro título um ano antes, mas não foi o caso.

A própria Haas aproveitou para ganhar uns pontinhos importantes nas primeiras corridas. Sem dinheiro e com todo aquele imbróglio envolvendo Mazepin, vai ser difícil repetir a dose até novembro. A própria McLaren já evoluiu e apenas a Aston Martin segue empacada, embora tenha recursos para brigar além.

Duas vitórias em três corridas, 71 pontos dos 78 disponíveis conquistados, 34 pontos de vantagem para o vice-líder do campeonato (Russell)... o início da Ferrari é melhor que a encomenda e uma vantagem considerável. Não dá para negar, embora os italianos tentem manter os pés no chão.

Como já escrevi: talvez seja cedo, mas a Ferrari pode estar começando a construir a conquista do campeonato mais cedo e mais fácil do que imaginava.

Até!