segunda-feira, 25 de abril de 2022

REALIDADE INÉDITA

 

Foto: Hamad Mohammed/Reuters

Em 2021, enquanto brigava por mais uma taça, a Mercedes sempre frisava que o foco era o desenvolvimento do carro de 2022, das novas regras. O objetivo era claro e evidente: manter a hegemonia mesmo com a “nova F1” chegando.

Apostando em um conceito ousado na pré-temporada, os sinais de alerta ligados no Bahrein se confirmaram na sequência. O carro é lento e sofre muito com a aerodinâmica e o porpoising. De positivo, a confiabilidade e o ritmo de corrida. A Mercedes é claramente a terceira força do grid e, contando com a sorte, conseguiu dois pódios, um para Hamilton e outro para Russell.

Distante de brigar por uma vitória mas ainda assim em uma boa posição no pelotão. Russell está sendo perfeito, pontuou em todas as corridas e está vencendo Hamilton na batalha interna nesse início de trajetória. Lewis, pelo que dizem, está com um acerto diferente para buscar soluções mais rápidas ao lento W13, mas é o compatriota que se sobressai até o momento.

Quem poderia imaginar? Com contrato até o ano que vem, Hamilton hoje é um coadjuvante na pista. Impossibilitado de brigar pelas vitórias, depende do acaso para sonhar com algo além. Em Ímola, largou mal e não conseguiu se livrar do pelotão intermediário. Russell conseguiu e foi quarto. Hamilton ficou brigando lá atrás e sem um motor potente e boa aerodinâmica, amargou um 14° lugar. Já tinha sido eliminado no Q1 na Arábia Saudita, algo que não acontecia desde quando estava na McLaren.

Ver Hamilton batendo roda um pouco mais atrás no grid não é inédito. Em 2009, a McLaren sofreu na primeira metade do ano que também marcava um novo regulamento, o famoso difusor duplo. No entanto, a equipe se ajeitou e tudo melhorou. O primeiro ano de Mercedes também foi diferente. Era um carro muito rápido em voltas de classificação mas o pneu acabava muito rápido. Hamilton basicamente se arrastava na pista em algumas corridas, mesmo tendo vencido a primeira pelo time na Hungria.

A questão é que ali Hamilton tinha apenas um título,era promissor, tinha uma vida social conturbada e muitos acreditavam que era o novo Mansell: rápido mas errava muito. Agora é diferente: Hamilton é o rosto da F1 para o mainstream. Mais títulos, mais poles, engajamento pela postura fora da pista, ações sociais, posicionamento. É um popstar no pelotão intermediário, sem a perspectiva de melhora a curto prazo.

Hamilton vive um ano parecido com o de Schumacher em 2005. Depois de quatro títulos seguidos com a Ferrari, o regulamento que proibia a troca de pneus acabou com a Ferrari e Schummi sofreu. Reagiu justamente em Ímola, quando teve aquele pega com o jovem Alonso e foi 2°, mas durante o ano bateu e ficou lá no meio do grid. A única vitória do ano foi na infame Indianápolis e a corrida dos seis carros.

Hamilton de 2022 é o Schumacher de 2005. A diferença é que a temporada é longa e a Mercedes pode evoluir, até mesmo o acaso pode beneficiar o Sir, que conseguiu o pódio no Bahrein assim. No entanto, o que Hamilton e a F1 vivem é uma realidade inédita:  o piloto mais popular está longe dos holofotes esportivos. É claro que Hamilton não precisa provar mais nada para ninguém, mas certamente a Liberty não deve estar feliz com isso...

Até!


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