terça-feira, 7 de janeiro de 2020

PASSADO, PRESENTE E FUTURO

Foto: Divulgação
Eles estão separados por 16 anos e quatro dias e, por enquanto, um título mundial e sete vitórias. Não existe substituição, mas o fato é que Michael Schumacher está passando o trono para Lewis Hamilton, e isso não é a primeira vez que acontece.

Voltemos para o passado. No último dia 3, Schummi completou 51 anos. Os últimos seis só a esposa Corinne, os filhos Mick e Gina Maria, familiares e amigos próximos é que sabem. O ainda maior piloto da história da categoria (em números) agoniza depois do acidente de esqui que o prende ao próprio corpo de forma inconsciente.

O post não se trata do que aconteceu, mas sim, é claro, de seus feitos e uma certa melancolia e saudade. Quando comecei a acompanhar, era o auge do alemão, que semana sim e semana sim, vencia e não dava chances para ninguém, nem mesmo quando esteve mais ameaçado de perigo. Aquela figura que sorria, erguia o punho e chegava a ser um tenor no hino nacional italiano me fascinava como se fosse um ente querido. A F1 é isso. A cada duas semanas, surge na nossa TV as pessoas que competem, e com o passar do tempo, elas se tornam íntimas, quase familiares e participantes do nosso cotidiano, por mais que estejam muito longe e obviamente não tem a mínima ideia de nossa existência.

A infância tem Michael Schumacher vencendo e sendo o centro de tudo. Ninguém pode tirar. Ao comparar o passado com o que é hoje, bate a tristeza e a saudade. Quando Schummi voltou, já era um adolescente. Foi como uma continuação, uma fagulha de onde tudo começou, talvez por isso aquela pole que não valeu nada em Mônaco tenha sido tão significativa para mim. Era alguém que, mesmo "velho", sem ritmo em uma categoria que mudou muito e que tempos depois descobriu-se que tinha lesão cerebral (decorrente dos acidentes de moto), nos mostrava que "Ei, eu ainda estou aqui!".

Mas o tempo, é claro, é implacável e, como sabemos, passa rápido. Essas memórias tornam-se cada vez mais distantes e o presente parece que não se move. O estado sigiloso de Schummi não permitem boas notícias, ou então aquelas que nós queríamos ler e ouvir. Aquele Michael provavelmente não existe mais, tanto em imagem quanto em forma. Sinceramente, não tenho curiosidade alguma de saber como estaria igual alguns maníacos. Isso machucaria meu senso afetivo da infância.

O amor a um ídolo sempre permanece. Que Schummi, seja lá como esteja, continue lutando nesta grande Grande Prêmio que se chama vida.

Vamos para o presente.

Schumacher passou o bastão, ou melhor, foi obrigado a passar para Hamilton. Não se mostrando mais competitivo, tornou-se descartável. O jovem inglês, a vida toda ligada na McLaren e na Mercedes, surpreendeu a todos ao ser convencido por Niki Lauda e aceitar o projeto alemão que, depois de 2014, todos vocês viram o que aconteceu.

Hoje, Lewis Hamilton completa 35 anos de idade. Parecia ontem que todo mundo destacava a estreia daquele que seria o mais jovem a participar da F1 e o primeiro (e ainda único) negro, ainda mais sendo alçado logo de cara na McLaren e tendo o então bicampeão Fernando Alonso como parceiro. A história, é claro, vocês já sabem.

O tempo, como escrevi e todos sabem, é implacável. 13 anos depois, Hamilton vem pulverizando recordes e tornou-se o grande nome da geração seguinte, sobrepondo-se ao tetracampeão Vettel, natural substituto de Schummi diante de serem compatriotas e por dirigirem uma Ferrari. Hoje, Hamilton é o grande símbolo da F1, "o Schumacher de nosso tempo", não só nas pistas: é de longe o nome mais badalado nos assuntos sociais, globais e de celebridades em virtude das amizades e negócios que têm, nisso ele é muito maior que Schummi um dia foi.

Depois de Raikkonen, Hamilton, assim como Schumacher, é um dos mais velhos da geração atual, junto com Vettel. 13 anos depois, de "novo Senna", superou o ídolo e neste ano pode definitivamente superar aquele que teve que lhe entregar o bastão, tanto na Mercedes quanto no protagonismo da F1.

Difícil não imaginar que Hamilton não consiga sete vitórias e mais um título mundial neste último ano do regulamento ano. Sendo assim, o inimaginável recorde de títulos seria equiparado e o de vitórias superado em apenas 14 anos! O que prova, definitivamente, que o tempo voa e que aquelas lembranças da infância virem, de fato, cada vez mais lembranças, embaralhadas com o que a história nos proporciona corrida após corrida. Feliz aniversário, Hamilton!

Foto: Getty Images
O futuro.

Max Verstappen só faz aniversário em setembro, quando irá completar apenas 23 anos, mas hoje seu nome estava nas notícias. De maneira surpreendente, renovou contrato com a Red Bull até 2023. Seu vínculo anterior durava até o fim desta temporada.

Surpreendente porque foi em janeiro, antes dos testes e na última temporada antes da "nova F1" que um dos quebras-cabeças do futuro está fora de questão. É uma decisão arriscada, sem dúvida um tiro no escuro. Se as coisas não derem certo, Max vai estar desperdiçando mais três temporadas da carreira. Apesar de ser muito jovem, perder tempo nunca é bom.

O que fez Max renovar o contrato tão cedo se naturalmente seria candidato a ir para a Mercedes e até mesmo a Ferrari? Só pode ser uma ampla confiança na equipe e na Honda não só para agora, mas sim para os próximos anos. Sendo assim, isso pode ter implicado, nas entrelinhas, na própria manutenção da parceria dos nipônicos com os taurinos. No ano passado, a Honda disse que iria reavaliar tudo no fim deste ano para saber se continuaria na F1 a partir do ano que vem.

Max é uma carta fora do baralho dos outros. Continua exclusiva da Red Bull, que agora vai ter foco e tranquilidade total para trabalhar em prol de seu pupilo. No entanto, todos sabemos que contratos também servem para serem rompidos, então logicamente essa resposta do certo ou do errado só vai ser descoberta diante dos resultados que serão apresentados neste ano e, principalmente, no início do novo mundo de 2021.


Passado, presente e futuro. Quem sabe aqui não esteja a nova passagem de bastão. De Hamilton para Max, a prova cabal que o tempo chega para todos nós e ele, sim, é implacável.

Até!

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