segunda-feira, 6 de agosto de 2018

SURPRESA!

Foto: LAT Images
Rara semana de férias no ano e tal. Aproveitei e só agora, que tudo acabou, para escrever algumas linhas sobre a notícia bombástica e surpreendente da semana na F1.

Parecia tudo alinhado, inclusive com declarações do próprio australiano, que Ricciardo iria renovar com a Red Bull. Com a Mercedes fechada e a Ferrari fechando as suas portas, o rumo natural era a renovação de contrato com os taurinos.

A Renault, que parecia inclinada a receber Esteban Ocon diante de uma negociação com a Mercedes, anunciou a contratação de Daniel Ricciardo, que será parceiro de Nico Hulkenberg na equipe a partir do ano que vem. Por quê?

Ricciardo não confia na Honda. A lenta evolução e os constantes problemas de confiabilidade dos japoneses em quatro temporadas na categoria podem pressentir que a Red Bull certamente terá uma queda de rendimento - e confiabilidade - nos próximos anos, mesmo que a reclamação pública com os motores franceses seja o motivo do fim de um relacionamento de mais de dez anos.

Há, também, questões financeiras e políticas, fortemente entrelaçadas. Ricciardo queria uma valorização salarial no mínimo semelhante ao de Max. Afinal, apresenta resultados melhores que o pupilo holandês até aqui. Helmut Marko e Christian Horner talvez preferiram não ceder aos desejos financeiros do australiano. Outra questão, agora a política: Max está sendo lapidado para ser o grande líder da equipe, com todos trabalhando ao seu redor. Num futuro próximo, é provável que Ricciardo pudesse ser preterido. Talvez Max comece a ser o líder agora, fruto de um acordo polpudo de renovação no ano passado quando a Mercedes acenou com uma bela proposta para Jos e companhia.

Entre a incerteza da Red Bull Honda e o atraso da Renault, hoje quinta força da F1 (quarta econômica, mas está capitalizando a falta de pilotos - ou piloto - na Haas), Ricciardo preferiu os franceses. Além de ganhar o que pediu por lá, existe a chance de mostrar ainda mais serviço em um carro limitado, mas que por ser uma equipe de fábrica tem tudo para evoluir, mesmo que seja a pequenos passos.

No fim das contas, Ricciardo aposta mesmo é em 2021. Hamilton provavelmente já vai estar aposentado. Também não se sabe o futuro de Vettel, que poderia inclusive ir para a equipe alemã. Raikkonen obviamente também vai estar fora, assim como Bottas. Muitas vagas disponíveis a médio/longo-prazo. É aí que se encaixa o australiano, que tem tudo para estar valorizado no mercado pelo que vai demonstrar na Renault, que não teria força para mantê-lo caso não se aproxime de vitórias ou disputas por título.

Ricciardo vai usar a Renault como barriga de aluguel nos próximos dois anos, esperando o que acontece com Ferrari e Mercedes no futuro (ou até mesmo a Red Bull, por que não?). Igual o que Alonso fez com os próprios franceses em 2008 e 2009 antes de ter assinado com a Ferrari. Ricciardo e Hulkenberg é uma ótima dupla. Dois pilotos competentes, talentosos e constantes. Um tem sorte, o outro nem tanto. É o que a Renault precisa: acumuladores de pontos capazes de tirar um coelho da cartola de vez em quando (leia-se Ricciardo).

E A RED BULL?

Sainz e Gasly: os favoritos para a vaga. Foto: Divulgação/Red Bull
Ricciardo vai pegar a vaga de Carlos Sainz Jr, justamente o piloto Red Bull que estava emprestado para a Renault. Logo, a lógica aponta que o espanhol seja o parceiro de Max Verstappen na equipe-mãe, a exemplo do que foi na equipe-satélite entre 2015 e 2016, né? Bem... não. Quando Vettel foi para a Ferrari, Daniil Kvyat foi imediatamente anunciado como seu substituto. Dessa vez, a Red Bull não se pronunciou. Vai deixar para tomar a decisão no fim do ano.

Parece que o candidato favorito hoje é o francês Pierre Gasly, da Toro Rosso. Três pontuações bem consistentes nesse ano e a experiência de guiar um carro com motor Honda podem pesar a seu favor, além do fato de ser mais jovem que o espanhol. Outra questão importante: Max e Sainz não se dão bem. Nem eles e nem seus pais, os ex-pilotos Carlos Sainz e Jos Verstappen. Uma nova parceria polêmica e bélica na Red Bull pode não parecer bom para o desenvolvimento do time que está abertamente apostando em uma estrela única, o já monstrinho Max.

Caso Gasly vá para a Red Bull, abre-se um problemão para a filial Toro Rosso: seriam necessários dois pilotos para 2019. Brendon Hartley certamente não fica. Sainz também dizem ter negociações com a McLaren. Seu empresário é o mesmo de Alonso. Os pilotos da "base" dos taurinos ainda são muito jovens e não possuem super licença para guiar no próximo ano. Diante desse cenário, a Red Bull teria que colocar alguém de "fora" em alguma de suas equipes. Vale lembrar que esse ano já tentaram Lando Norris, e não descartaria uma nova investida para o pupilo da McLaren no ano seguinte.

As chances disso acontecerem no time A são mais do que improváveis. Alonso numa Honda outra vez? Esqueça. Outro nome jovem ventilado é o de Esteban Ocon, que parece agora com um futuro incerto diante do grande ponto de interrogação que virou a Force India e perdeu a vaga que estava negociando na Renault. O francês é outro que teve problemas com Max no passado, na base. Entretanto, segundo os dois, as rusgas ficaram para trás. No entanto, bastaria uma nova disputa direta na pista para que o passado viesse à tona, né Hamilton e Rosberg?

Bom, o movimento de Ricciardo é o ponto de partida do agito do mercado de pilotos, que tem por enquanto somente três equipes com duas equipes com suas duplas definidas (Mercedes e Renault), além de Max na Red Bull e Vettel na Ferrari. Agora é esperar o que Alonso vai decidir para que, aos poucos, o quebra-cabeça do grid de 2019 comece a ser montado.

Até!

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