segunda-feira, 23 de maio de 2022

ENCURRALADO

 

Foto: Autosport

É estranho criticar alguém que venceu uma corrida na última temporada. É estranho criticar alguém que venceu uma corrida em dobradinha por uma equipe que não vencia na F1 há nove anos e não fazia dobradinha há mais de dez. É estranho, mas é perfeitamente possível.

A estatística fria está ali e não deixa mentir. No entanto, ela não é absoluta. Daniel Ricciardo se encaixa nessa situação. Venceu em Monza numa dobradinha mas em boa parte do ano foi dominado por Lando Norris. A esperança é que o novo regulamento e a melhor ambientação na equipe permitisse um salto no desempenho. 

Não é o que vimos. O australiano segue devendo. 39 a 11 para Norris. A McLaren hoje não tem carro para pódios ou algo do tipo, mas ainda assim Lando conseguiu um terceiro lugar em Ímola. O jovem britânico consegue extrair mais do carro custando muito menos que Ricciardo, que um dia foi considerado um dos futuros protagonistas da categoria.

Antes, o australiano tinha opções. Quando percebeu que Max Verstappen seria o centro do projeto da Red Bull, saiu para buscar o próprio protagonismo. Apostou na Renault. Não deu certo. A McLaren parecia mais promissora. Em dois anos até aqui, uma vitória importante, é claro, mas parece ser uma exceção na regra de Ric até aqui.

Ricciardo é jovem, o ponto não é esse. A questão é: ele custa muito caro para apanhar tanto assim de Norris. Lembrem-se: a McLaren também vive uma espécie de recuperação financeira depois do fiasco com a Honda. Se Ricciardo continuar não entregando resultados condizentes ao faturamento, pode ser que a passagem pelo time de Woking termine no final desse ano.

E aí, o que sobraria para Ricciardo? Quem toparia pagar o que ele recebe? Qual equipe assinaria com ele? A não ser que a percepção do mercado seja diferente. Ricciardo sempre foi visto como alguém com potencial para disputar títulos. "Tirou" Vettel da Red Bull, mas depois perdeu para Kvyat. Superou Max, mas depois foi preterido. Agora, perde para Norris, o que não é nenhum demérito. O problema é como.

O tempo passou para Ricciardo. Se a situação na McLaren não melhorar, o australiano vai estar encurralado. O que vai sobrar para ele na categoria? Talvez assumir a posição de que não vai brigar por títulos. Daqui a pouco, ser alguém que a equipe confie para pontuar e fazer pódio pode ser um caminho mais curto para andar na frente, mas isso seria abdicar do objetivo esportivo. Hoje, Ricciardo tem condições de aspirar algo além do que está fazendo na McLaren? Pois até ali, Norris sempre foi o rosto do futuro desenhado por Zak Brown.

Ricciardo está ficando com as costas na parede. Encurralado.

Até!

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