segunda-feira, 7 de setembro de 2020

A QUESTÃO RED BULL: Parte 3

 

Foto: Alpha Tauri

O que estava ficando evidente definitivamente ficou óbvio ontem, com a histórica vitória de Pierre Gasly no Grande Prêmio da Itália. A premissa é simples: o segundo carro da Red Bull é uma bomba, independente de quem pilote e, com essa política de priorizar um talento e queimar todo o resto, isso é um desperdício de tempo e dinheiro da equipe dos energéticos.

Um ano atrás, todos nós descemos a lenha no pífio desempenho do francês na primeira metade da temporada. E com razão. Albon, quando subiu, mostrava bons desempenhos e resultados. As coisas começaram a virar no final do ano, quando o francês, mostrando-se sólido mesmo após a pancada, não virou um novo Kvyat e se recompôs, reconstruindo o caminho que culminou com o dia de ontem.

Agora, em 2020, Gasly recebe merecidamente muito mais louros por conseguir dois pódios com um carro médio. Mesmo que tenham sido em corridas caóticas, não é fácil. Albon, por outro lado, terminou atrás de uma Williams e sequer foi ao pódio ainda com os taurinos. Apesar de prestigiado, ontem pode ter sido um duro golpe. Agora, o francês está por cima e o tailandês nascido e criado na Inglaterra é que pode estar vivendo um momento difícil, sobretudo psicologicamente.

Albon e Gasly, nessa ocasião, que o problema não são os dois pilotos, e sim como a Red Bull lida com o outro carro que não seja de Verstappen: é uma verdadeira bomba, tal qual a Benetton na época de Schumacher e a Renault no período de Fernando Alonso. Ninguém que chegar lá vai se conseguir se adaptar a um carro que é feito para Max Verstappen. Ficar na frente? Sem chance. Com isso, o que poderia ser um sonho, torna-se um pesadelo: por pouco Gasly não teve sua carreira implodida com apenas 23 anos. Albon pode ter estar nesse mesmo caminho e tantos outros da Red Bull ficaram para trás: Buemi, Alguersuari, Félix da Costa, Kvyat...

Agora, todo mundo quer novamente a troca de Gasly e Albon em suas equipes satélites. Apesar dos resultados serem muito mais consistentes e compreensíveis, o cenário diferente do calendário em meio a pandemia me fazem acreditar que a Red Bull não vai mudar as posições até o final da temporada. Não há tempo hábil para que a troca seja minimamente aproveitosa.

Sobre isso, Pierre Gasly precisa, junto do seu staff, entender que a Red Bull precisa começar a ser algo do passado, assim como Carlos Sainz percebeu que, do contrário, seria um capacho de Max e seria queimado. A primeira chance na Red Bull não deu certo. Nada me convence que mesmo com outro status as coisas sejam diferentes. Gasly não precisa mais da Red Bull e poderia, no médio/longo-prazo, pensar em alternativas a partir de 2022. Por exemplo, a Renault/Alpine não tem nenhum piloto de academia na equipe e Gasly é compatriota de Ocon...

É algo para se pensar. Depois de ontem, é possível pensar que Gasly também possa ter iniciado um processo de emancipação e independência da Red Bull. Deveria, ao menos.

Até!

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