segunda-feira, 1 de agosto de 2022

VAI TU MESMO

 

Foto: Motorsport

O que mais surpreende no anúncio não é a notícia da contratação de Fernando Alonso pela Aston Martin para as próximas temporadas, mas sim a rapidez que isso aconteceu: quatro dias depois de Vettel anunciar a aposentadoria. A decisão do tetracampeão surpreendeu o time, que estava confiante numa renovação.

Num mato sem cachorro, mas com tempo para pensar, a Aston Martin não tinha muitas alternativas viáveis. O pré-requisito básico é: piloto experiente para liderar o processo e os investimentos que Lawrence Stroll tem feito, como a construção de um novo túnel de vento. No entanto, em dois anos de time, os resultados são tímidos, para dizer o mínimo. Lembra a Jaguar, e não é só pela cor do carro.

Quem vivia uma situação incômoda era Alonso. Há meses estava ventilada a "dúvida" entre permanecer com a Fênix e efetivar Oscar Piastri. Como a Alpine/Renault não tem equipes clientes, isso complica no caso de um empréstimo do australiano, que injustamente já esquenta banco na F1. A informação da Julianne Cerasoli é que Piastri também está negociando com a McLaren, tentando o lugar de Ricciardo.

Talvez a ameaça tenha feito os franceses tomarem uma decisão, corajosa até. Mesmo com mais de 40 anos, Alonso não demonstra sinais de desaceleração. Pelo contrário. Continua muito competitivo. É uma moral e uma pressão para Piastri, que deve ser anunciado oficialmente até o fim do ano.

Além da questão dos pilotos, outro fator que pesou: o tempo de contrato. Alonso, mesmo no fim da carreira, quer um projeto. A Alpine queria um contrato mais curto para apostar na juventude de Ocon e Piastri. Não é muito difícil renovar com a Fênix, que sempre deixou claro o desejo de permanecer.

O tempo passou, o chefão da Alpine se mostrou publicamente inclinado para Piastri e Alonso também se viu num mato sem cachorro. O anúncio de Vettel vem num timing positivo, até.

Aston Martin e Alonso só poderiam ter olhos um para o outro. Ambos eram a única opção e se complementam: a Aston Martin queria um líder experiente para liderar um projeto a longo prazo; Alonso queria um time com investimento para ser o centro das atenções em um acordo plurianual. Fechou todas.

O timing e o temperamento difícil de Alonso foram maiores que o imenso talento que ele tem. No entanto, agora, nem tem muito o que fazer. É tudo uma consequência desses erros todos ao longo da carreira. A Alpine era para ser o último passo da carreira, mas a vida tem dessas.

Mesmo com dinheiro e grife, é improvável que a Aston Martin faça o carro dos sonhos para Alonso. A McLaren e a Alpine/Renault não conseguiram e o tempo joga contra. 

E quem se importa? O importante é que a Fênix continua no grid e há espaço para um jovem talento na categoria. Quem pode estar sem opções diante disso tudo? Daniel Ricciardo, mas isso é assunto para outro texto.

Aston Martin e Alonso se olharam e gritaram, ao mesmo tempo:

- Não tem tu, vai tu mesmo!

Até!

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