quinta-feira, 18 de agosto de 2022

8 E 80

 

Foto: Getty Images

Como alguém que lidera um campeonato com 80 pontos de vantagem em relação ao segundo colocado pode passar a impressão de que não estar sendo dominante e que talvez nem esteja ainda no auge, apesar de ser o atual campeão mundial?

Max Verstappen. Em 2002, por exemplo, Montoya fez mais poles. Schumacher, como sabem, foi avassalador. Pódio em todas as corridas. Eram outros tempos, outros acertos... 20 anos depois, a Ferrari e Leclerc são os carros mais velozes em volta rápida. Começaram o ano com pinta de quem finalmente voltaria ao estrelato. A Red Bull, última a desenvolver o carro desse ano, herança da batalha de 2021, sofreu no início. Dois abandonos em três corridas.

Adrian Newey sempre melhora o carro com o decorrer do tempo. A Red Bull tem um quê daquele tipo de lutador que começa lento e geralmente perde o primeiro round. No entanto, quando engrena nos assaltos seguintes, é uma força avassaladora que faz o adversário sucumbir. Com mais ritmo, outro fator faz a diferença: as estratégias e a consistência, além do talento, é claro.

Para dar certo, é preciso que o piloto extraia exatamente o necessário. Constância. Mesmo quando Pérez começou acima das expectativas e chegou a pressionar por um suposto protagonismo no time, Verstappen sempre se manteve na média. Aquela juventude agressiva e inconsequente que também foi vista no ano passado deu lugar a um Max mais comedido e entendendo os riscos, administrando as situações.

Claro, fazer isso quando o principal adversário é uma Ferrari errante no momento em que a Mercedes está fora de combate parece mais fácil e inteligente. A pergunta vai voltar a ser feita quando Hamilton e Russell, ou melhor, se eles estiverem no mesmo nível em termos de carro para 2023.

Max estreou na F1 antes de atingir a maioridade. Aprendeu na marra a amadurecer como piloto. Talvez nem tenha atingido a maturidade plena em termos de pilotagem. A inexistência da pressão por um título, de agora em diante, pode ser um fator para desabrochar outros aspectos do campeão.

Na Hungria, Max venceu a corrida saindo de décimo com muita naturalidade. Sem fazer força, drama ou algo do tipo, embora vencer saindo dessa posição signifique no mínimo um esforço diferente para conquistar, como por exemplo a vitória de Schumacher com quatro paradas em Magny Cours 2004. Não foi o que vimos. A junção máquina, piloto e equipe, em todos os âmbitos, forma essa sinergia que dificilmente será vencida em 2022.

O psicológico também é importante. Mesmo sem ter o melhor conjunto em alguns momentos, a Red Bull se sobressai, seja por ela ou também pelos erros da Ferrari. Se ver numa situação mais complicada não é um problema. Agora há gordura para queimar e a pressão está com os italianos. É como se isso não assustasse mais ninguém. A bola está com Leclerc e companhia. Eles que precisam de finais de semana no estado da arte para superar a Red Bull. Nesse ano, isso foi suficiente em quatro corridas, mas falta consistência para ganhar em longas 22 semanas.

Em 2022, Max é 8 e 80. Oito vitórias até aqui e 80 pontos de vantagem. Um equilíbrio inédito na carreira do campeão que se encaminha para o bi. Verstappen não parece estar perto do auge? Bom, aí depende do carro da Red Bull e da motivação do holandês para sabermos qual será a resposta no futuro e sabermos se estou correto na tese da vez.

Até!


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