domingo, 29 de maio de 2022

BONANÇA MEXICANA

 

Foto: Getty Images

Não foi dessa vez que a Ferrari e Leclerc espantaram a zica. Uma mistura de azar e incompetência dos italianos, onde o monegasco foi vítima. Vamos por partes.

A F1 nunca mais vai correr na chuva. Tá certo que, por ser em um circuito apertado e difícil, a chance de diversos acidentes seria altíssima, então deu para entender. O problema é que esse processo sempre se repete. Qual o sentido em fazer pneu de chuva se é proibido correr quando cai um pingo no chão?

A largada foi adiada o quanto foi possível e duvido que quisessem repetir o constrangimento da Bélgica, menos de um ano depois. Com a pista secando e os carros largando em movimento atrás da Safety Car, a procissão habitual prosseguiu. Apenas Stroll e Latifi, pra variar, erraram e pararam no final do grid.

Com a pista secando, a estratégia faria a diferença. Parar e trocar os pneus no momento certo matariam a questão. Lá atrás, Gasly dava show com os intermediários e tinha mais ritmo. Até ultrapassar conseguiu!

Diante disso, a Red Bull antecipou a parada de Pérez com os intermediários. No entanto, a pista foi secando. Max entrou logo depois e Sainz colocou os pneus duros. A Ferrari não só demorou com Leclerc como fez o então líder colocar os intermediários para depois ter os duros. Duas paradas e o quarto lugar. Inocência, burrice e incompetência italiana que perdeu 16 ou 17 pontos fundamentais para a briga no campeonato. A Ferrari era de longe quem tinha mais ritmo e velocidade no Principado.

Mesmo fazendo duas paradas, Pérez estava num ritmo muito bom outra vez, a exemplo da Espanha. Impressionante como o mexicano se adaptou ao carro dessa temporada, melhorando os resultados e andando próximo de Max. Foi contratado exatamente para isso. O erro no sábado o beneficiou para poder largar na frente do holandês e não precisar fazer jogo de equipe.

O melhor dos mundos precisava acontecer para sonhar com uma vitória: a exemplo da primeira vitória de Massa em 2006, na Turquia, Pérez precisava de uma Ferrari entre ele e Max. Lá estava Sainz. No trenzinho da alegria, o mexicano se aproximava da vitória.

Mônaco precisava de um drama e ele veio com um pequeno susto. Mick Schumacher bateu forte e o carro chegou a partir em dois. Nada de grave com o alemão, que segue zerado no ano e colecionando acidentes. A chegada de Magnussen foi a pior coisa que poderia acontecer para o cartaz do Schumaquinho. Segue com dificuldades. Tardiamente, a direção acionou a bandeira vermelha e tudo poderia mudar.

A Red Bull preferiu os pneus médios e a Ferrari os duros. A ideia era buscar se distanciar, visto que com pneus iguais a Ferrari tinha mais aderência. Os dois pilotos taurinos se viram em uma polêmica: passaram com duas rodas na linha amarela no retorno dos boxes, o que em tese não pode. No entanto, diante das condições de pista e o fato da roda não ter ultrapassado totalmente a linha (segundo a FIA), não houve punições.

Diante de tantas paralisações, dessa vez a FIA optou por finalizar a corrida no limite de três horas. No final, 64 voltas completadas das 77 previstas. Os pneus da Red Bull se deterioraram e Sainz foi pra cima. O trenzinho da alegria estava feito mas nada mudou.

Sérgio Pérez vence pela terceira vez na carreira, a primeira no ano e é o quinto latinoamericano a vencer no Principado, o que não acontecia desde Juan Pablo Montoya. É um ano incrivelmente consistente de Checo. Na Arábia Saudita, teve azar no Safety Car. Na Espanha, foi impedido de ganhar. Em Mônaco, teve sorte, ritmo e a boa estratégia da equipe para vencer. O mexicano vive um momento único.

O journeyman, diferentemente da lógica da F1, vive o auge nos últimos dias da carreira. Depois de passar por tanta coisa, está colhendo os frutos de anos no underground e pódios escassos em equipes falimentares apenas agora. Consistente e ajudando a Red Bull, Checo pleiteia mais uma renovação pelos taurinos, porque não há nenhum talento pronto para subir. 

No entanto, não se enganem: mesmo que ande bem e esteja próximo de Max no campeonato, a equipe é dele e o papel continue o mesmo, apesar do mexicano as vezes tentar insistir externamente o contrário. Se nem Ricciardo que era cria do energético teve esse privilégio, imagina um forasteiro. Pés no chão. Checo precisa desfrutar momentos dourados como o de hoje. É um herói nacional mexicano.

No campeonato, Max sai muito fortalecido. Sem ritmo, ainda assim consegue colocar mais três pontos de vantagem em relação a Leclerc, prejudicado pela burrice da equipe. Mais uma chance desperdiçada pela Ferrari. E é assim que os campeonatos são perdidos. Sainz está batendo na trave e precisa de mais regularidade e velocidade para finalmente vencer a primeira na carreira.

O regular Russell outra vez foi o melhor do resto, seguido do segundo melhor da F1 B, Lando Norris. Finalmente Alonso teve um final de semana sem problemas e ficou em sétimo. Com dificuldades, Hamilton foi só o oitavo. Parece que a Mercedes regrediu em circuitos de baixa. A ver como será em Baku, circuito de rua cheio de retas. Numa disputa com o heptacampeão, Ocon fechou demais a porta e foi punido com cinco segundos, perdendo os pontos. Bottas herdou o nono lugar e Vettel conseguiu um pontinho, em décimo.

Ricciardo segue na jornada ruim. Mesmo em condições malucas, mais uma vez ficou longe de pontuar e a batata está assando ainda mais. Gasly tentou mas segue atrás de Tsunoda nos pontos. Zhou ainda está se adaptando na categoria e segue distante de Bottas.

Se Mônaco não oferece milhares de ultrapassagens artificiais, a tensão e a estratégia em uma corrida diferente como a de hoje valem muito a pena. Diante de vários circuitos iguais do Tilke ou aqueles circuitos de rua insossos, não tem problema em Mônaco continuar no calendário. Isso sequer deveria ser cogitado pela geração Drive to Survive, que parece gostar apenas de artificialidades. São 23 corridas no ano. Qual o problema de Mônaco? Existem milhares de pistas horríveis e sem a carga histórica de Monte Carlo para sair do calendário e efetivar Mugello e o retorno de Sepang, por exemplo.

Vida longa a Mônaco, que hoje foi digna de um capítulo que premiou o azarão que nunca desistiu de lutar e está sendo recompensado agora, nos últimos anos. Depois da tempestade, veio a bonança mexicana. Apimentada, intensa e cheia de sentimentos.

Confira a classificação final do GP de Mônaco:


Até!


sexta-feira, 27 de maio de 2022

PRA ESPANTAR A ZICA?

 

Foto: Clive Rose/Getty Images

Modificando as tradições, agora os treinos livres de Mônaco também são nas sextas-feiras. Com carros cada vez maiores e largos, a possibilidade de ultrapassagens é quase nula. O que pode fazer a diferença no principado? A classificação e os acidentes, é claro.

Há um componente a mais nesse ano: a possível possibilidade de chuva para o final de semana, o que embaralharia tudo de vez. Seria loteria pura. Enquanto isso não acontece, os treinos de hoje foram ensolarados.

Se nada incrível acontecer, parece que só a zica pode parar a Ferrari de novo. Leclerc, que corre em casa, dominou os dois treinos. Se no ano passado ele fez pole com aquele carro fraco, imagina agora? O monegasco é o favorito absoluto do final de semana, se não bater (algo comum em Mônaco) ou a Ferrari acusar algum problema de confiabilidade. É a chance de Sainz se reabilitar também, ajudando os italianos no campeonato.

Possivelmente, pode ser uma corrida para a Red Bull administrar os danos e contar com o azar ou incompetência dos rivais. Pérez parece cada vez melhor, inclusive foi mais rápido que Max hoje. Só o fato do mexicano andar na frente nos treinos livres mostra como ele se adaptou bem ao carro taurino desse ano. No passado, nem isso acontecia. No entanto, nada muda e ele vai continuar o 1B, não interessa a situação da corrida.

A Mercedes parece ter regredido. O porpoising e a instabilidade voltaram. Talvez em circuitos de baixa a solução encontrada em Barcelona não funcione. É aguardar para ver.

Ricciardo... nem no Principado, onde já venceu, parece haver luz no fim do túnel. Bateu no treino livre e evidencia o péssimo momento que vive, coincidindo com as críticas públicas do chefão Zak Brown. Por outro lado, quem sabe essa pancada não tenha sido o último impacto de vez para ressurgir na temporada?

A glamourosa e chata Mônaco sempre tem espaço para surpresas, drama e suspense. É preciso fazer 78 voltas perfeitas. Uma distração é muro e adeus. Com chuva e carros ainda não tão confiáveis em termos de durabilidade, quem sabe podemos ter uma corrida cheia de alternativas, emoções e suspense em Monte Carlo. Independente disso, ela jamais deveria sequer ser cogitada a sair do calendário, por mais enfadonha que possa ser as vezes. Mônaco é F1 e vice-versa.

Confira os tempos dos treinos livres:




Até!


quinta-feira, 26 de maio de 2022

GP DE MÔNACO: Programação

O Grande Prêmio de Mônaco é um dos GPs mais conhecidos do automobilismo, juntamente com as 500 milhas de Indianopólis e as 24 horas de Le Mans. É um circuito de rua de Monte Carlo, com 3340 metros de extensão e que exige  muita precisão, devido a uma grande quantidade de curvas e a estreita largura das ruas que formam o percurso.

Passou a integrar o calendário da Fórmula 1 em 1955.

Em 2020, em virtude do coronavírus, a corrida de rua não foi realizada pela única vez na história, retornando ao calendário nesta temporada. 

Foto: Wikipédia

Melhor volta em corrida: Lewis Hamilton - 1:12.909 (Mercedes, 2021)

Pole Position: Lewis Hamilton - 1:10.166 (Mercedes, 2019)

Último vencedor: Max Verstappen (Red Bull)

Maior vencedor: Ayrton Senna - 6x (1987, 1989, 1990, 1991, 1992 e 1993)


CLASSIFICAÇÃO:

1 - Max Verstappen (Red Bull) - 110 pontos

2 - Charles Leclerc (Ferrari) - 104 pontos

3 - Sérgio Pérez (Red Bull) - 85 pontos

4 - George Russell (Mercedes) - 74 pontos

5 - Carlos Sainz Jr (Ferrari) - 65 pontos

6 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 46 pontos

7 - Lando Norris (McLaren) - 39 pontos

8 - Valtteri Bottas (Alfa Romeo) - 38 pontos

9 - Esteban Ocon (Alpine) - 30 pontos

10- Kevin Magnussen (Haas) - 15 pontos

11- Daniel Ricciardo (McLaren) - 11 pontos

12- Yuki Tsunoda (Alpha Tauri) - 11 pontos

13- Pierre Gasly (Alpha Tauri) - 6 pontos

14- Sebastian Vettel (Aston Martin) - 4 pontos

15- Fernando Alonso (Alpine) - 4 pontos

16- Alexander Albon (Williams) - 3 pontos

17- Lance Stroll (Aston Martin) - 2 pontos

18- Guanyu Zhou (Alfa Romeo) - 1 ponto


CONSTRUTORES:

1 - Red Bull RBPT - 195 pontos

2 - Ferrari - 169 pontos

3 - Mercedes - 120 pontos

4 - McLaren Mercedes - 50 pontos

5 - Alfa Romeo Ferrari - 39 pontos

6 - Alpine Renault - 34 pontos

7 - Alpha Tauri RBPT - 17 pontos

8 - Haas Ferrari - 15 pontos

9 - Aston Martin Mercedes - 6 pontos

10- Williams Mercedes - 3 pontos


PÉ NO FREIO

Foto: Getty Images

O sonho de Fernando Alonso conquistar a tríplice coroa do automobilismo está muito distante. Prestes a completar 41 anos, o espanhol, que já disputou três edições (e ficou ausente em 2019, no Bump Day), está focado na reta final da carreira na Fórmula 1.

No entanto, é outro o motivo para o espanhol esfriar o interesse em uma possível nova participação na Indy: o aeroscreen.

“É um objetivo menor agora. As últimas duas tentativas na Indy com o aeroscreen tornaram o carro um pouco diferente, e conversando com alguns colegas, os carros ficaram mais difíceis de pilotar e de seguir um ao outro. Ficou menos divertido. Em 2017, foram várias ultrapassagens e eu amei aquela corrida. Teve menos amor nos últimos anos sem poder ultrapassar.

E tem o fator de risco. Na Indy 500, acontecem grandes acidentes todo ano. Agora eu estou totalmente focado na Fórmula 1. Quando eu parar, não sei se estarei tentado a tentar de novo. Não é completamente um ‘não’, mas virou um projeto menor”, disse em entrevista para a BBC.

O tempo parece que definitivamente passou para Alonso. Além do ritmo, tem a questão da competitividade com uma idade tão elevada. Melhor dar tempo ao tempo, mas pelo menos o espanhol tentou e saiu da bolha. É um sinal que o tempo passa para todos nós, não tem jeito.

DECEPCIONADO

Foto: Getty Images

Parece até que Zak Brown esperou o meu texto da segunda-feira para expor o que está achando do desempenho de Daniel Ricciardo na McLaren até aqui. O chefão não teve papas na língua e pela primeira vez fez duras críticas públicas ao australiano:

“Lando (Norris), definitivamente, tem uma vantagem. Nós obviamente gostaríamos de ver Daniel (Ricciardo) mais perto de Lando em termos de performance, para termos uma boa disputa interna. Mas Daniel simplesmente não está confortável ainda com o carro. Estamos tentando de tudo. Foi, novamente, um fim de semana decepcionante", disse.

Ricciardo só pontuou na corrida de casa, em Melbourne. Na Espanha, mesmo largando a frente de Norris, chegou em 12°, enquanto o inglês foi o oitavo, mesmo debilitado por uma amidalite.

“Com exceção de Monza e algumas outras corridas, (Ricciardo) não tem cumprido as expectativas dele e as nossas. Penso que tudo que você pode fazer é continuar trabalhando duro como time, manter a comunicação interna e seguir acelerando, esperando que o que não está encaixando no momento, encaixe o quanto antes”, continuou Brown.

Também empresário de Norris, o chefão aproveitou para elogiar o cliente, demonstrando a qualidade do inglês perante a concorrência interna e comparando com os pilotos das principais equipes da F1:

“Acho que isso também aponta o quão bom Lando é. Quando você olha para a diferença entre Leclerc e Sainz, Verstappen e Pérez… penso que Lando é um dos melhores pilotos do mundo no momento e, quando você vê que a distância entre companheiros de equipe existe, é meio que um elogio para ele”, concluiu.

Bem, Zak Brown basicamente repetiu o que eu escrevi no texto. O estranho é fazer isso publicamente, o que deixa uma mensagem potente: a paciência está acabando. Ricciardo custa muito caro para entregar tão pouco. O ultimato público pode ser, de fato, a última oportunidade para o australiano.

TRANSMISSÃO:
27/05 - Treino Livre 1: 9h (Band Sports)
27/05 - Treino Livre 2: 12h (Band Sports)
28/05 - Treino Livre 3: 8h (Band Sports)
28/05 - Classificação: 11h (Band e Band Sports)
29/05 - Corrida: 10h (Band)

quarta-feira, 25 de maio de 2022

O RETORNO DO BICHO PAPÃO?

 

Foto: Getty Images

Depois do segundo pódio de Russell e um ritmo alucinante de Hamilton muito elogiado, o clima de otimismo se instaurou na equipe alemã. Os atuais octacampeões de construtores conseguiram resolver boa parte dos problemas que estavam apresentando até então. Claro, ainda não é o suficiente para alcançar Red Bull e Ferrari, mas o caminho está feito. 

Hamilton foi mais eufórico e Russell mais comedido. No entanto, nesta semana, o inglês falou tranquilamente que, em "três ou quatro corridas", a Mercedes vai começar a brigar por vitórias. É uma estimativa interessante.

Fiquei pensando: será que dá tempo de brigar pelo título? Em seis etapas, a vantagem parece praticamente irreversível nos construtores e nos pilotos para Hamilton. Ainda precisamos considerar que esse número vai aumentar nas próximas três ou quatro corridas antes de onde Russell diz que os alemães estarão prontos para brigar pela vitória, se tudo der certo.

Para Russell, a perspectiva não é tão sonhadora assim. Piloto mais regular do ano e distante de Verstappen e Leclerc, o inglês está "apenas" 36 pontos atrás do holandês. É claro que o número vai aumentar nas próximas "três ou quatro corridas" antes da previsão da Mercedes, mas tanto o holandês quanto o monegasco estão enfrentando problemas de confiabilidade, enquanto os alemães não. Não seria improvável, quem sabe, com um alinhamento das estrelas, que uma quebra de um dos dois permitisse a aproximação de George.

Ainda pensando no melhor dos mundos para a Mercedes, os alemães teriam a metade final da temporada para brigar supostamente em igualdade de condições com os taurinos e os italianos. É claro que os rivais também podem evoluir nas atualizações do carro, mas tudo depende da circunstância, da confiabilidade, da chuva, do erro humano...

Mesmo assim, as possibilidades realísticas são bem pequenas. No entanto, com uma temporada de 22 corridas, é possível pensar em uma larga evolução a ponto de virar tudo. É difícil? É. É quase impossível? Também.

Mas estamos falando de quem venceu sete dos últimos oito campeonatos de pilotos (e perdeu em circunstâncias que vocês sabem como) e tem oito títulos de construtores. Red Bull e Ferrari estão atentos, certamente. Não sei vocês, mas eu teria cuidado com o bicho papão.

Até!

segunda-feira, 23 de maio de 2022

ENCURRALADO

 

Foto: Autosport

É estranho criticar alguém que venceu uma corrida na última temporada. É estranho criticar alguém que venceu uma corrida em dobradinha por uma equipe que não vencia na F1 há nove anos e não fazia dobradinha há mais de dez. É estranho, mas é perfeitamente possível.

A estatística fria está ali e não deixa mentir. No entanto, ela não é absoluta. Daniel Ricciardo se encaixa nessa situação. Venceu em Monza numa dobradinha mas em boa parte do ano foi dominado por Lando Norris. A esperança é que o novo regulamento e a melhor ambientação na equipe permitisse um salto no desempenho. 

Não é o que vimos. O australiano segue devendo. 39 a 11 para Norris. A McLaren hoje não tem carro para pódios ou algo do tipo, mas ainda assim Lando conseguiu um terceiro lugar em Ímola. O jovem britânico consegue extrair mais do carro custando muito menos que Ricciardo, que um dia foi considerado um dos futuros protagonistas da categoria.

Antes, o australiano tinha opções. Quando percebeu que Max Verstappen seria o centro do projeto da Red Bull, saiu para buscar o próprio protagonismo. Apostou na Renault. Não deu certo. A McLaren parecia mais promissora. Em dois anos até aqui, uma vitória importante, é claro, mas parece ser uma exceção na regra de Ric até aqui.

Ricciardo é jovem, o ponto não é esse. A questão é: ele custa muito caro para apanhar tanto assim de Norris. Lembrem-se: a McLaren também vive uma espécie de recuperação financeira depois do fiasco com a Honda. Se Ricciardo continuar não entregando resultados condizentes ao faturamento, pode ser que a passagem pelo time de Woking termine no final desse ano.

E aí, o que sobraria para Ricciardo? Quem toparia pagar o que ele recebe? Qual equipe assinaria com ele? A não ser que a percepção do mercado seja diferente. Ricciardo sempre foi visto como alguém com potencial para disputar títulos. "Tirou" Vettel da Red Bull, mas depois perdeu para Kvyat. Superou Max, mas depois foi preterido. Agora, perde para Norris, o que não é nenhum demérito. O problema é como.

O tempo passou para Ricciardo. Se a situação na McLaren não melhorar, o australiano vai estar encurralado. O que vai sobrar para ele na categoria? Talvez assumir a posição de que não vai brigar por títulos. Daqui a pouco, ser alguém que a equipe confie para pontuar e fazer pódio pode ser um caminho mais curto para andar na frente, mas isso seria abdicar do objetivo esportivo. Hoje, Ricciardo tem condições de aspirar algo além do que está fazendo na McLaren? Pois até ali, Norris sempre foi o rosto do futuro desenhado por Zak Brown.

Ricciardo está ficando com as costas na parede. Encurralado.

Até!

domingo, 22 de maio de 2022

REVIRAVOLTA

 

Foto: Manu Fernández/AP

Além da virada do Manchester City que garantiu mais uma Premier League para o time inglês, o final de semana teve um final de semana repleto de alternativas interessantes no GP da Espanha, apesar do final ter sido repetitivo.

Aparentemente, a Ferrari tinha outro ritmo de corrida e menos desgaste de pneus. Charles Leclerc disparava na liderança até que foi traído pelo primeiro problema de confiabilidade da Ferrari no ano: a perda da potência no motor. É difícil imaginar o final, mas a corrida parecia promissora para o monegasco. Graças a isso, a vantagem no Mundial já era e a Ferrari vai precisar remar tudo outra vez para se manter mais competitiva que a Red Bull.

Max teve altos e baixos. Com problemas na asa traseira desde a classificação, saiu da pista sozinho e ficou preso em Russell, tendo que usar os boxes para fazer a ultrapassagem. Além disso, contou com a ajuda do jogo de equipe para superar Pérez, que diante das reviravoltas da corrida parecia que seria o favorito a vencer, mas isso mudou assim que Max se livrou de Russell.

No fim das contas, Max consegue recuperar terreno em uma vitória que lhe deixa na liderança do Mundial pela primeira vez no ano, assim como a Red Bull assumiu a ponta no Mundial de Construtores. A Red Bull tem dois pilotos esse ano. Pérez faz o papel dele de forma perfeita nesse ano. Evoluiu muito. Quando veio para equipe, sabia exatamente onde seria exigido. Claro que é frustrante, mas o mexicano pleitear uma vitória mostra que está sendo muito útil para o time. Tudo feito de forma transparente.

A corrida de hoje pode ter sido um ensaio para a Mercedes voltar a brigar pelo pódio. Ele veio hoje outra vez com George Russell, aproveitando mais um erro de Carlos Sainz. Ele segurou as Red Bull o quanto foi possível, mostrando que o ritmo, os pneus e o carro estão melhores e quicando menos. Hamilton, em 2022, está com azar. Foi tocado por Magnussen na largada e fez uma corrida de recuperação fulminante. "Se" estivesse em condições normais, poderia até ter feito pódio. 

No entanto, a corrida de hoje mostra que a Mercedes tem um caminho otimista a seguir. Quem sabe, mais adiante, possa ser uma terceira força no campeonato para tirar pontos de Max e Leclerc? Ah: que pilotaço é George Russell!

A Ferrari só tem um piloto. Carlos Sainz segue errático e muito aquém na disputa. Rodou sozinho e comprometeu a corrida, além de já ter feito uma largada ruim. Só ficou em quarto porque Hamilton teve que economizar combustível no final da corrida. Com contrato de dois anos, o espanhol tem um futuro tranquilo, mas essa péssima impressão no início de ano custou o topo da hierarquia do time. Na Ferrari, a pressão só vai aumentar, então é preciso acabar com essa maré de azar e os erros que anda cometendo.

Bottas foi o melhor do resto, elevando o nível da Alfa Romeo. Ocon regular, Alonso fez uma boa corrida de recuperação, assim como Norris, e Tsunoda superou Gasly nos pontos. O japonês está evoluindo. Ricciardo segue devendo e talvez não tenha mais o que acrescentar na McLaren. Sistematicamente superado por Norris. Mesmo com a atualização, a Aston Martin segue penando e saiu zerada. Mick Schumacher não teve um bom ritmo de corrida e sucumbiu. Também continua zerado no ano.

Em uma corrida cheia de reviravoltas e possibilidades interessantes, o final foi repetitivo. Com o melhor carro até aqui, a Red Bull chega a liderança dos Pilotos e Construtores com potencial de crescimento. A Ferrari precisa reagir e a Mercedes parece apontar na direção certa. O campeonato é longo, apesar de agora termos "só" 22 corridas, pois não vai ter substituto para o GP da Rússia.

Confira a classificação final do GP da Espanha:


Até!

sexta-feira, 20 de maio de 2022

O MESMO SCRIPT?

 

Foto: Lars Baron/Getty Images

F1 na Espanha não costuma ser palco de grandes mistérios e interrogações. Na verdade, os treinos livres de hoje basicamente reforçaram essa impressão.

Novamente a Ferrari está mais rápida nas voltas lançadas e Charles Leclerc liderou os dois treinos. A Red Bull tem dificuldades em aquecer os pneus, mas compensa com o ritmo de corrida.

O que vimos de diferente hoje, supostamente, foi a Mercedes mais próxima dos taurinos e dos italianos. Tanto a Ferrari quanto os alemães trouxeram atualizações contundentes para a Espanha. Russell e Hamilton ficaram mais próximos. O heptacampeão estava visivelmente mais otimista nas entrevistas pós-treino. Russell estava mais cauteloso, mas a verdade é que a Mercedes pode finalmente começar a sonhar em incomodar na disputa entre Max Verstappen e Charles Leclerc.

O meio do pelotão parece a mesma coisa. Uma polêmica do dia foi sobre as atualizações da Aston Martin serem muito semelhantes esteticamente a Red Bull. Quem sabe o time de Vettel finalmente não dê o salto tão esperado desde que virou uma equipe de fábrica?

Tivemos outra novidade: agora é obrigatório os novatos participarem de ao menos dois treinos livres no ano. A Red Bull colocou Juri Vips, o que pode signfiicar que o estoniano está ne frente na hierarquia interna da academia. Nyck De Vries, campeão da F2 e da Fórmula E, ocupou o assento da Williams. Ele também é um dos especulados para substituir Nicholas Latifi, talvez ainda nesse ano. A Alfa Romeo colocou o experiente Robert Kubica, que traz um dos principais patrocínios da equipe.

A princípio, o script pode parecer o mesmo: Ferrari mais rápida, Red Bull mais forte. No entanto, a Mercedes pode ter cara de finalmente, aos poucos, voltar a ganhar protagonismo. Veremos.

Confira os tempos dos treinos livres do GP da Espanha:



Até!