quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

ANÁLISE FINAL DA TEMPORADA 2017 - Parte 1

Foto: Getty Images
Com o fim da temporada, chegou o tradicional momento de avaliarmos como foram as equipes e os pilotos.  Nessa primeira parte, começo com as cinco primeiras equipes colocadas no Mundial: Mercedes, Ferrari, Red Bull, Force India e Williams.

MERCEDES

Foto: Autoweek
Lewis Hamilton: Nota 10

Foi a temporada mais cerebral do mais novo tetracampeão da praça. Ainda com a velocidade constante, Hamilton soube administrar melhor os momentos de dificuldade com sua Mercedes do que em relação a outros anos, onde foi campeão (ou não, vide 2007 e ano passado). A primeira metade do ano foi complicada, com alguns problemas de temperatura de pneus e a ascensão inesperada da Ferrari. Entretanto, a segunda metade foi soberba, com poles, vitórias, recordes e a prova de que Lewis soube administrar os momentos de dificuldade, como na Malásia. A temporada mais completa de Lewis, que vem em busca do penta cada vez mais maduro e preparado para lidar com os contratempos que aparecem.

Valtteri Bottas: Nota 8,5

Primeira metade surpreendente. Segunda metade surpreendente também, mas de forma negativa. O finlandês contratado às pressas após a aposentadoria repentina de Nico Rosberg conseguiu fazer mais do que eu imaginava no início do campeonato. Duas poles e duas vitórias, além de andar perto de Hamilton. Um começo promissor, dada as circunstâncias. Entretanto, enquanto Lewis cresceu na reta final, Valtteri decaiu bastante, levando quase cinco décimos do companheiro e incapaz de andar na frente de Vettel na maioria das oportunidades. Confesso que esperava que ele andasse assim o ano todo. O #77 começa o ano mais pressionado do que nunca. Com contrato até o fim da temporada, não faltam alternativas para lhe substituir caso os resultados não apareçam. É bom o Bottas da primeira parte do campeonato voltar. Do contrário, a Williams está de braços abertos outra vez.

FERRARI

Foto: F1 Technical
Sebastian Vettel:  Nota 9

Em termos de pilotagem, talvez tenha sido também a melhor temporada de Vettel, digna de um tetracampeão. Entretanto, o descontrole emocional e erros da equipe na reta final acabaram lhe custando a briga pelo penta no fim do campeonato. Seb fez o que pode. Liderou o campeonato até setembro. Depois, com a evolução da Mercedes, involução da Ferrari e as falhas de confiabilidade, ficou difícil. Depois de um 2016 difícil, o #5 voltou a extrair o máximo que poderia da Ferrari. Fica a esperança para que os italianos sigam evoluindo para o ano que vem. Agora, o desafio é fazer com que o grupo de engenheiros italianos melhore o projeto que começou nas mãos de James Allison, hoje na rival Mercedes.

Kimi Raikkonen: Nota 7,5

Já faz um bom tempo que Raikkonen não deveria estar na F1, ou ao menos em uma equipe grande. Ele claramente não entrega resultados e está sempre aquém do que o carro pode oferecer. Bom, apesar de ser meio contraditório, a verdade é que Kimi até que foi melhor do que em relação ao ano passado, obviamente porque o carro é melhor também. Poderia ter vencido duas corridas: Mônaco (onde foi pole) e Hungria, mas teve que se contentar com o segundo lugar porque a prioridade é Vettel, o que é lógico e compreensível a essa altura da carreira. Nada parece fazer diferença para Raikkonen. Como cada ano que passa eu escrevo que o próximo ano será o seu último, veremos se a Ferrari irá sair da zona de conforto e irá investir em alguém que também tem condições de vencer corridas. O problema é se Vettel irá gostar disso. Bom, o modus operandi dos italianos justificam a quinta temporada de Kimi nesse seu retorno à Ferrari, e se não for ele será outro segundão inexpressivo...

RED BULL

Foto: Red Bull
Daniel Ricciardo: Nota 8

O sorridente australiano é um acumulador de pontos. Não desperdiça nenhuma oportunidade. Foi assim que venceu em Baku. Se na primeira metade ele aplicou uma verdadeira surra em Max na pontuação, a segunda metade foi diferente. O feitiço virou contra o feiticeiro. Sofrendo com a confiabilidade do motor Renault, Ricciardo perdeu inclusive o quarto lugar no campeonato para Raikkonen e teve mais problemas do que Max na temporada. Aliás, Ricciardo teve que ver Verstappen vencer duas vezes com relativa tranquilidade, além de ter perdido nos qualyfings. Diante de um conjunto que ainda não está pronto para brigar pelo título e com um companheiro de equipe jovem, faminto por glórias e com muita moral na Red Bull, Ricciardo terá um ano decisivo pela frente para analisar suas opções. Se com Vettel na Ferrari as portas da Scuderia não chegam a se abrir, resta apenas uma cavada na Mercedes caso deseje deixar os taurinos. Vamos ver até quando o sorrisão fica em seu rosto.

Max Verstappen: Nota 8

O texto é o oposto de Daniel. Isso poderia ser o suficiente, mas como gosto de ocupar linhas, vamos lá. Trata-se de um cara que será campeão mundial, uma hora ou outra. Verstappen teve alguns abandonos que não foram sua culpa, mas houve falhas que sua inexperiência e inconsequência lhe custaram bons pontos. É fácil fazer isso quando se trata de um franco atirador sem estar no melhor carro e/ou sem disputar o título. Para os próximos anos, essas disputas duras (e muitas vezes desproporcionais) na pista podem lhe custar um campeonato, ainda mais se tratando de Daniel Ricciardo como companheiro de equipe. Seu próximo passo para evoluir como piloto é esse. A partir daí, será questão de tempo para que a F1 coroe esse holandês como campeão do mundo.

FORCE INDIA

Foto: Motorsport
Sérgio Pérez: Nota 7,5

Faltou o pódio anual que o mexicano tira da cartola. Todavia, a consistência esteve lá, assim como atitudes deploráveis na disputa interna contra o novato Esteban Ocon. Dinheiro de Carlos Slim versus imposição da Mercedes. Algo era necessário para se impor na liderança da equipe, agora sem Hulkenberg. Os dois passaram do ponto, mas a questão fica pior para Pérez, por ser mais experiente. Deveria ter evitado alguns toques. A crítica é que se mostrou muitas vezes passivo em disputas com outros carros. Com francês mais experiente e habituado a equipe, a batalha interna de Pérez será mais dura no próximo ano. Se ir para a Ferrari é algo quase impossível a essa altura da carreira, o importante é carimbar outra vez o casco do possível futuro piloto da Mercedes.

Esteban Ocon: Nota 7,5

Consistência incrível. Não pontuou em apenas duas vezes. Foi combativo e mostra credenciais de ser um excepcional piloto para as próximas temporadas. Nunca é demais lembrar que já venceu Max Verstappen na World Series em 2014. Espero que tenha aprendido com os erros na disputa com Pérez. A agressividade excessiva pode lhe afastar de uma provável vaga na Mercedes para 2019, talvez. Uma pena que a Force India não tenha mais receitas. Com a competência que possui, ambos os pilotos teriam condições de surpreender ainda mais.

WILLIAMS

Foto: LAT Images
Felipe Massa: Nota 7

Quase perdeu para Stroll. Um resumo simplista e maldoso poderia ser assim. Entretanto, não condiz com a realidade. O brasileiro enfrentou diversos problemas durante a temporada em corridas que estava bem melhor que o canadense e a pontuação final no campeonato é enganosa, dando a entender que foi uma disputa equilibrada. Não. Massa foi mais azarado e até preterido em alguns casos em detrimento do riquinho dono da equipe. Todavia, isso não muda o fato de que a Williams precisa urgentemente de pilotos melhores em sua equipe, e não sei se terá com Robert Kubica com uma mão só em condições questionáveis. Bem, Massa fez o seu papel para alguém que foi chamado de volta. Que seja feliz em seus projetos pessoais.

Lance Stroll: Nota 7

Apesar de não ter credenciais para a F1 e sobretudo para a Williams, não dá para negar que o guri tem sorte. Em menos de dez corridas um pódio inesperado em Baku. Em Monza, no molhado, largou em segundo. São questões pontuais, mas acontecem, e é importante aproveitá-las. Entretanto, o que se viu foi um piloto que queimou etapas para estar na principal categoria do automobilismo e não se mostrou pronto para atingir um nível mínimo de boa pilotagem. É inegável dizer que evoluiu durante a temporada, até porque seria impossível piorar, apesar de algumas corridas vexatórias e constrangedoras. Bom, no fundo a culpa não é de Stroll, mas de quem se sujeita a isso. Pagando bem que mal tem, não é verdade? Não, mas para a Williams sim.

Bom, essa foi a primeira parte da minha importantíssima análise. Concordam? Sim? Não? Sim e não? Comente. A qualquer momento volto com a parte dois dos meus sensatos dois centavos sobre a F1 em 2017. Até!

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