segunda-feira, 5 de julho de 2021

CHAMA MAIS ACESA

 

Foto: Motorsport

Uma notícia que pegou muita gente de surpresa foi a rápida renovação de Lewis Hamilton com a Mercedes. Diferentemente do celeuma que só foi finalizado no início, o heptacampeão não só definiu o futuro rapidamente como também está garantido por mais dois anos na categoria, o que também surpreendeu muita gente.

No início do ano, até pela renovação arrastada, muita gente entendeu que Hamilton estava encerrando um ciclo na F1. O que fazer quando chega no topo? Mais poles, mais vitórias e a um título de ser o recordista isolado nesse quesito também. Franco favorito, se Hamilton vence o octa e abandona a F1 seria um acontecimento épico.

Não sabemos se a disputa e a desvantagem na temporada influenciou na decisão da permanência de Hamilton. Há tempos ele diz em entrevistas que deseja fazer outras coisas que gosta, como a moda e a música. Por estar numa posição tão privilegiada, as vezes parece fácil largar tudo, justamente porque não há desafios e é uma rotina cansativa. Muitos compromissos e responsabilidades, até porque Hamilton não é mais apenas um piloto. É um ativista, ícone, ídolo e herói de muitas pessoas que nem precisam assisti-lo com assiduidade.

Esses papos de aposentadoria são complicados. Aprendi a não acreditar. A exceção é Khabib Nurmagomedov. Falando em MMA, enquanto esteve sete anos no topo, Anderson Silva sempre dizia que ia se aposentar na próxima luta porque estava cansado e era um desejo da família. Hoje, aos 46 anos, acabou de vencer no boxe e talvez não demore muito para voltar a lutar. Bastou perder o título que o papo de aposentadoria não foi mais mencionado.

Na F1, exemplos recentes de campeões é o que não faltam. Michael Schumacher, Kimi Raikkonen, Fernando Alonso. Todos, por diferentes motivos, saíram e voltaram, mantendo uma longevidade na categoria. Michael Jordan é outro exemplo que quase todos conhecem, de quem se aposentou duas vezes e voltou duas vezes para o basquete.

Essas pessoas são acostumadas a competir desde pequeno. É o que sabem fazer. Uma vida dedicada a um propósito. Muitos deles não sabem fazer outra coisa. A competição e a repetição vira uma compulsão. É tanto esforço que isso cobra um preço: a exaustão, física e mental. Por mais que se tente parar e dar um tempo, a compulsão e a competitividade de uma vida inteira falam mais alto. Sempre há espaço para uma última tentativa ou a próxima, vencendo ou perdendo.

Talvez Hamilton tenha encontrado em Max Verstappen e a Red Bull a motivação para continuar. 2022 é ano de novo regulamento. Tudo pode mudar e a incerteza mata o ansioso. Como será? Só sabemos se tentar. 

Hamilton, mais do que nunca, jamais esteve tão próximo de perder a hegemonia e a posição no topo. É o leão velho tentando espantar o leão mais jovem e faminto. O medo e o impacto da derrota podem provocar muitas mudanças e entregar a motivação e a vontade que talvez estivesse faltando para Lewis, Toto e a Mercedes.

Não dá para lutar contra a natureza de um competidor compulsivo. Hamilton não precisa provar mais nada a ninguém. Perder ou ganhar mais um título não afeta o legado que conquistou mas sim, o risco de colocar tudo a perder mexe com a vaidade e a mente de uma pessoa, de um esportista. 

A possibilidade da derrota para Max Verstappen é, definitivamente, o deixa a chama de Hamilton mais acesa para competir e continuar na categoria, mesmo sem necessariamente provar mais nada para ninguém ou apenas trabalhar pelo pagamento no final do mês. Que possamos aproveitar enquanto ainda há tempo porque certamente não temos a noção do momento que estamos vivendo na categoria.

Até!

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