terça-feira, 2 de junho de 2020

FELIZ ANO NOVO

Foto: Getty Images
Estava esperando o posicionamento oficial da Fórmula 1 para fazer esse texto. O que era tendência agora é oficial: a Liberty divulgou um calendário provisório de oito corridas para o início da temporada da Fórmula 1. Essas primeiras etapas serão disputadas na Europa. O restante do calendário será anunciado conforme dependendo da situação do covid-19 nos países durante os próximos meses.

O interessante é que teremos corridas duplas na Áustria e na Inglaterra, com uma semana de diferença. Para não repetir o nome do GP, teremos nomenclaturas diferentes e não por isso interessantes: a segunda etapa austríaca será o Grande Prêmio da Estíria e a segunda corrida em Silverstone será o GP Aniversário de 70 anos da Fórmula 1, ou GP 70° Aniversário.

Segue a lista provisória já confirmada:

05 e 12/07 - Áustria e Estíria
19/07 - Hungria
02 e 09/08 - Inglaterra e GP Aniversário 70°
16/08 - Espanha
30/08 - Bélgica
06/09 - Itália

O restante está em observação, mas é bem provável que o calendário se estenda para as Américas e alguns países da Ásia/Oriente Médio, como Bahrein, Abu Dhabi e talvez China/Japão. Uma publicação da Fórmula Money ainda afirma que a corrida em Interlagos, que seria em novembro, seria a única com público, mas obviamente nada pode ser confirmado.

Esse calendário antigo se assemelha com aqueles que eram vigentes até os anos 1960/1970, com corridas quase todas na Europa. O legal desse achatamento forçado do calendário é que, com menos corridas, elas se tornam mais importantes, com mais atrativos para o público. O excesso de corridas torna muitas delas descartáveis por várias razões, seja o traçado ruim, o fuso horário que não ajuda, entre outros. O problema é ter que aturar duas corridas nesse traçado de Silverstone e mais uma corrida na Espanha. Nem o corona é capaz de tirar isso do calendário.

Posto isso, agora realmente é hora de escrever sobre questões importantíssimas, muito mais do que medidas patéticas feitas para agradar millenials e quem não consegue ficar com a bunda na cadeira para assistir uma corrida, mais conhecido como "grid invertido" e "corrida classificatória". É Fórmula 1 ou Super Mario Kart?

Bom, como será a F1 e o automobilismo nesse durante/pós-coronavírus? Algumas respostas já aparecem. Será um período de retração. A F1, como uma categoria que gasta bastante, obviamente vai ter que repensar os gastos. Tiveram que agilizar o tal teto orçamentário para tornar possível a sobrevivência a curto prazo de grande parte das equipes (Williams, Haas, McLaren) e evitar que outras abandonem o barco (Renault).

Muito desse dinheiro das equipes vem dos patrocínios. Como sabemos, nesse mundo corona, o esporte é talvez a última prioridade para gastos. Ou seja: as equipes e toda a musculatura da F1 serão obrigados a viver com menos, ainda mais que, a curto prazo, também não terão o dinheiro das bilheterias pela ausência de público como medida de segurança.

Mesmo diante dessas ações, quem vai estar preparado para esse mundo pós-pandemia? Como garantir que as equipes não irão quebrar a curto/médio-prazo? Isso que estamos falando da Fórmula 1... imagina as outras categorias que têm muito menos dinheiro. A tendência, é claro, que as coisas sejam cada vez mais difíceis para a Indy, Nascar, DTM, WEC e as categorias de base para quem não depende dos pais bilionários injetando dinheiro nas equipes. Sem o investimento, como pilotos "normais" irão conseguir ingressar nessas categorias? O resultado pode ser que tudo fique, no final das contas, ainda mais refém das tais "academias de pilotos", um clubinho fechado que já define muito antes quem pode e quem talvez possa adentrar o universo fantástico da Fórmula 1.

E as montadoras? Renault e McLaren demitiram milhares de funcionários de suas fábricas mas mesmo assim garantiram continuidade, apostando no teto orçamentário e no congelamento de testes. É uma última chance. Se não conseguirem fazer um carro bom, será impossível melhorá-lo a curto-prazo. Eles terão dinheiro e interesse em continuar queimando dinheiro para ficar no meio da tabela? A F1 não se faz só de Mercedes, Ferrari e Red Bull.

Será que a crise causada pelo covid-19 não pode fazer com que a Fórmula 1 volte as origens, onde os gastos eram mais baixos até o final dos anos 1960, sem essa obsessão de ser tão moderna, tecnológica e com extravagâncias tão grandes quanto usar motores caríssimos sem tanta potência e vários jogos de pneus que não são utilizados? Como voltar a utilizar aparatos tecnológicos mais antigos e baratos se a FIA abraçou a sustentabilidade e, como todos sabemos, o automobilismo não é nada sustentável?

Talvez uma quebra ou uma pequena ruptura nesse modus operandi do automobilismo seja um mal necessário para que as categorias possam, no fundo, andar com as próprias pernas, sem que montadoras ou um grupinho fechado determine o que todos devem fazer. Agora, só o tempo para primeiro entendermos o real impacto disso tudo e como isso vai afetar o esporte a motor. Pelo menos a F1 vai estar oficialmente de volta. O ano vai começar. Vamos esperar a F1.

Quando ela chegar, eu vou encher o copo e falar, que o próximo ano seja melhor.

Feliz Ano Novo.

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