quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

TEXTOS ESPECIAIS: O homem por trás da tradição

Buenas, pessoal! Primeiro post de 2016 chegando! Enfim, era para eu ter postado um texto na semana passada com alguns dizeres desejando um feliz ano novo e etc, entretanto acabei viajando em cima da hora no dia que está previsto a postagem (terça ou quarta, dependendo do ponto de vista), e então ficamos sem post.

Enfim, ficam os meus votos para vocês e vamos ao que interessa: O texto de hoje foi produzido na época do feriado de 20 de Setembro no Rio Grande do Sul, a Revolução Farroupilha. "Desvendei" quem foi o autor da ideia da criação do parque Harmonia e posteriormente do Acampamento Farroupilha, que tornou-se uma grande tradição entre os gaúchos nessa época do ano. E, acredite, não é algo tão antigo assim:

O HOMEM POR TRÁS DA TRADIÇÃO

Foto: Jornal NH
Que o Acampamento Farroupilha é uma tradição dos gaúchos e um sucesso de público todos nós já sabemos. A edição de 2015, encerrada no último domingo (20), contou com a presença de 1,2 milhão de pessoas no Parque Harmonia, segundo os organizadores. O que muitos não conhecem é a história do Acampamento, quem o idealizou e há quanto tempo existe (menos do que você pode imaginar).

A ideia de criar um local para atividades relacionadas as tradições gaúchas surgiu nos anos 1970 e é de autoria de Curt Zimmermann. Engenheiro agrônomo, passou sua adolescência morando nas proximidades da rua Barão do Amazonas, no bairro Glória, na época uma área com características rurais. Apesar de estar ligado as tradições, só passou a conhecer a fundo a cultura gauchesca e a história do Estado quando começou a falar com o tradicionalista Glaucus Saraiva, em 1971. No mesmo ano, foi convidado a coordenar a execução de um gramado no terreno que envolvia a construção do Galpão Crioulo do Palácio Piratini, idealizado e projetado por Glaucus:

– Conheci nesta ocasião este apaixonado e estudioso gaúcho, que explanava a importância da cultura à nossa tradição, frisando ser necessário que os habitantes desta terra tivessem mais informações sobre o assunto, pelo fato de nossos antepassados terem deixado fartos rastros de bravura, gravados neste solo, caracterizando a história de um povo guerreiro e defensor deste sul desta grandiosa nação – Contou.

Curt, engenheiro da divisão de parques e praças da Secretaria Municipal de Obras e Viação de Porto Alegre (Smov), concluiu a construção do Parque Marinha do Brasil em 1981. No mesmo ano, o secretário RenzoFrancischini pediu que Curt o acompanhasse para conhecer uma área que ficava em frente ao prédio da Smov, que ia da Avenida Ipiranga até a Usina do Gasômetro. Analisando a topografia, concluiu que era possível fazer o aterro para abrigar o novo parque. Ele recebeu todo o apoio com máquinas para fazer o trabalho e materiais da antiga CRT, CEEE e Brigada Militar, além da doação de telhas, capim santa fé, saibro e brita fina. Curt relatou: "A execução desta obra em tempo recorde, foi algo realmente surpreendente, pois não havia verba prevista no orçamento do município para a execução do parque da Harmonia. O aporte financeiro foi mínimo."

Surgia o Parque Porto dos Casais. Mais tarde, o nome foi modificado para a nomenclatura conhecida atualmente, o Parque da Harmonia, por sugestão do então vereador Glênio Peres. Ainda em 1981, o parque já acolhia seus primeiros frequentadores, que faziam churrascos nos quiosques aos finais de semana. O local foi inaugurado oficialmente no dia 4 de setembro de 1982, servindo de parada para os gaúchos que visitavam a Capital durante a Semana Farroupilha. Os frequentadores mais antigos faziam suas gauchadas bebendo e tocando gaita ponto e violão, principalmente nos finais de semana, quando o parque é bastante utilizado por famílias.

Pela obra, Curt Zimmermann recebeu uma placa alusiva do prefeito e foi homenageado com o título de cidadão emérito da Câmara de Vereadores. Ele é contra o uso do Acampamento como palanque político. "Ao cruzares esta porteira, pendura no cabide da humildade teus preconceitos, diferenças e rivalidades, mas, se ainda conservares algum orgulho, que este seja o de ser gaúcho", afirmou.

Nos primeiros anos, não existia exatamente um acampamento, e sim grupos de amigos ou piquetes que ficavam na área da “fazendinha”. Eles cavalgavam até o parque um ou dois dias antes do 20 de setembro e ficavam ali como se fosse uma pousada ou ponto de concentração. Em 1984, a “Fazendinha do Harmonia” passou a ser administrada pela extinta Epatur( empresa pública municipal, responsável pelo turismo na Capital) . Em 1987, o Harmonia recebeu o nome de Parque Maurício Sirotsky Sobrinho e foi realizado oficialmente o 1° Acampamento Farroupilha. Desde então, os acampamentos incorporam CTGs (Centros de Tradições Gaúchas) e DTGs, piquetes e entidades diretamente ligadas à cultura nativista gaúcha. Em 1990, passou a ser cobrado espaço para comércio, quando a entidade 1ª Região Tradicionalista assumiu a coordenação. Em 1997, foram substituídos pelo Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG).

Com o passar dos anos, o número de entidades acampadas no Parque Harmonia aumentou consideravelmente a ponto de ser construída uma praça de alimentação e pontos comerciais, em 2004. Em 2005, acontece a profissionalização da festa, sendo obrigatória a apresentação de projetos culturais por parte das entidades acampadas e contrapartida financeira de todas as organizações comerciais (bancos, redes de comunicação, etc).


Os tradicionalistas têm muito a agradecer Curt Zimmermann. Seu pioneirismo em construir um local para a difusão e concentração da cultura nativista gauchesca mostrou-se muito acertada. Tanto é verdade que todo ano o Acampamento Farroupilha é aguardado ansiosamente pelos gaúchos e “estrangeiros” que desejam conhecer um local recheado de tradições gaúchas na cultura, gastronomia e moda (por que não?). Que venha o Acampamento 2016 com muita costela de chão, vaneirão truco e bombacha.

Até o próximo post, pessoal!



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