Foto: AFP |
Quando foi oficializado o retorno da Renault como escuderia
na F1, lá no distante 2015, eu fiz uma brincadeira entre parênteses (relembre
aqui): até quando? O histórico dos
franceses sempre jogou contra. Por três vezes, eles tinham saído da categoria
como escuderia, mas permaneceram fornecendo motores.
A escuderia mudou de nome já em 2021 para priorizar a marca
de carros esportivos da fábrica, a Alpine. Pois bem, em uma década, o meu
comentário teve uma resposta: mais uma vez, a Renault está de saída da F1.
O surpreendente e impactante agora não é o fato da escuderia
ter saído de cena, como foi nos anos 1980 ou nos anos 2010. Agora, a decisão
abrange também o fato de que os franceses não permanecem sequer como fornecedor
de motor para a nova F1, em 2026. Ano que vem será a despedida, interrompendo
uma tradição ininterrupta desde 1979, mesmo com os nomes batizados de TAG Heuer
ou Mecachrome, por exemplo.
A Renault nunca empolgou, a bem da verdade é essa. Escrevi
diversas vezes na trajetória do blog o quão lenta era a evolução da equipe, que
patinava no meio do grid sem grandes perspectivas. Mudaram diretores, pilotos e
até o presidente do grupo, pois o brasileiro Carlos Ghosn foi preso.
Da dupla experiente com Hulkenberg e Ricciardo, o retorno de
Alonso e a aposta em Ocon e Gasly, a verdade é que os franceses não se
encontraram em nenhum momento, salvo raras exceções como a vitória na Hungria
em 2021, quando Alonso se sacrificou para Ocon brilhar.
A mudança no nome já era um indicativo da impaciência e da
instabilidade costumeira da empresa na categoria com o passar das décadas, sob
a desculpa de fortalecer a marca. Nos últimos anos, a bagunça interna ficou
ainda maior, escancarando a falta de competência em colocar uma equipe de
fábrica como protagonista. Veja bem: até a McLaren, que em 2016 estava em uma
situação lastimável, conseguiu dar a volta por cima e agora é a favorita para
voltar a vencer o Mundial de Construtores.
Enquanto isso, a pá de cal dos franceses foi o golpe duplo:
a saída de Alonso e a preferência de Piastri pela McLaren, lembram? (aqui!)
Na época, estava em dúvidas sobre a decisão do australiano e o tempo mostrou
como ele e Webber tomaram a decisão mais correta da carreira de Oscar.
Bem, aí a Renault perdeu o rumo de vez. Com Gasly chegando
para ser o velho novo rival de Ocon, vimos mais um naufrágio francês em meio a
demissões de profissionais, rearranjos no organograma e a falta de rumo.
Uma vitória em dez anos e correr de sobreaviso. A enésima
despedida da Renault é tão melancólica quanto a década de retorno, que prometeu
muito e entregou abaixo do mínimo.
O futuro? O nome de fábrica vai seguir, provavelmente com o
motor Mercedes. Com Gasly e Doohan de titulares, o futuro não é muito
promissor, salvo algum milagre no regulamento de 2026.
Será que Flavio Briatore transforma a Alpine na nova
Benetton? Existe algum Schumacher ou Alonso dessa vez?
No fim das contas, o retorno da Renault foi pior do que eu
imaginava. Aguardemos como será o enésimo egresso, quando os franceses vão
disputar com os japoneses da Honda quem é que mais pula e volta para a barca
chamada Fórmula 1.
Até!
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