terça-feira, 12 de maio de 2020

SEM ADEUS

Foto: AP Photo
Para quem está sobrevivendo a pandemia, ela pode ser um período para se fazer pensar e repensar várias questões mundanas que em um dia normal ninguém teria tempo, interesse ou temor em mexer.

Assim como o relacionamento de vários casais acabaram rapidamente com a necessidade de conviver 24 horas nesse confinamento forçado, Ferrari e Vettel decidiram em terminar a relação no final do ano. Nada que surpreenda.

Esse sintoma de fim de relação era bem claro desde que o alemão entrou em uma espiral negativa, em 2018. De lá para cá, a ascensão e boa temporada do protegido Leclerc apenas serviram para acelerar o processo da Ferrari em perceber que não pode gastar tanto dinheiro em alguém que não entrega um resultado condizente a esse pagamento.

Um cansou do outro. A missão em reerguer a Ferrari e tentar copiar os passos do ídolo Schumi deu certo até a página dois. Depois, quando a Ferrari não falhou, Vettel deu pane. É uma despedida sem adeus. Se a temporada começar, vai ser em julho, mas francamente, ninguém se importa muito com isso. É uma distopia pensar no que vai acontecer. Por outro lado, os testes de verão mostraram que esse será mais um ano perdido para os italianos.

Vettel fracassou na Ferrari? Difícil afirmar isso depois de 14 vitórias e ser o terceiro mais vencedor da história da Scuderia. Agora, com certeza vai ficar aquela sensação de que ele entregou menos do que podia ou do que a Ferrari esperava. Convenhamos: Vettel é um bom piloto, mas nada que justifique quatro títulos mundiais. Teve a sorte e competência de estar no momento certo na hora certa. Ademais, Alonso, que saiu brigado com os italianos, sai com a sensação de entrega muito maior porque mesmo com menos equipamento ele batalhou pelos títulos. Vettel não chegou nem perto disso.

O futuro da Ferrari é tornar Leclerc oficialmente o protegido. De contrato renovado até 2024, está nele as fichas para a quebra de uma hegemonia. Assim como a Red Bull, os conservadores italianos entregam essa responsabilidade para um jovem porque, nas últimas vezes que apostou nos medalhões, não deu certo. Ao menos irão gastar bem menos.

Como Leclerc é o protegido, quem virá não irá incomodá-lo. O objetivo é ser um acumulador de pontos,um Albon, um Bottas. Quem se encaixa melhor nisso, tanto enquanto piloto quanto em personalidade? Segundo a imprensa europeia, Carlos Sainz será o escolhido. De chutado da Red Bull pela influência de Verstappen, o espanhol sucessor de Alonso agora pode disputar roda a roda com o rival holandês. Que ironia.

Outro que corre por fora é Giovinazzi, mas esse aí mal mostrou suas credenciais na Alfa Romeo e, além do mais, a Ferrari se mostra muito cética em contratar italianos para a equipe. Os últimos (Badoer e Fisichella) foram em circunstâncias excepcionais. Eu não duvidaria que tirassem da cartola o Mick Schumacher, o Schummi Jr. Está tudo uma loucura.

Leclerc e Sainz. Certamente essa seria a dupla de pilotos mais insossa da história da Ferrari, sem dúvida alguma. Até na penúria dos anos 90 haviam pilotos carismáticos e admirados pelos tifosi, como Jean Alesi e Gerhard Berger. Para uma equipe como a Ferrari ter dois jovens nem tão carismáticos assim e abrir mão de um multicampeão é complicado. Eu apostaria em Ricciardo e até no retorno de Alonso, mas isso certamente nunca vai acontecer.

E Vettel? Bom, daí existe um efeito dominó. A imprensa europeia há semanas divulga que o alemão recebeu sondagens de McLaren e Renault. Se Sainz realmente for pra Ferrari, é caminho livre. Imagina Vettel numa McLaren com o retorno do motor Mercedes. Nostálgico... além do mais, a Renault não parece nem perto de estar estruturada. Por outro lado, Ricciardo pode ir para a equipe inglesa e aí sobraria Vettel para os franceses.

O tetracampeão merece respeito. Pode não estar mais no prime e depender de inúmeras variáveis para extrair o máximo do carro mas ainda assim é superior a no mínimo 80% do grid. Hoje, talvez sem a pressão dos títulos e vitórias que já tanto conquistou, uma nova aventura, liderando uma outra grande escuderia de grife pode ser o início de um desfecho bacana daquele está no top 5 da Fórmula 1 em títulos e vitórias.

Sem adeus, mas convenhamos: é até melhor que seja assim.

Até!

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