sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

GRIDS, KIDS E KITS

Foto: MotorSport
É, eu deveria ter feito esse post antes, mas não consegui, apenas agora. Vou tentar ser sucinto.

Primeira parte: Grids

A Liberty está tentando agradar um público que, em sua grande maioria, não assiste F1. É a única justificativa para o fim das grid girls. É evidente que para a esmagadora maioria dos espectadores a presença delas ali não faz diferença nenhuma, até porque muitos (aka eu) ligam a TV e os carros já estão na volta de aquecimento. Isso se restringe aos presentes nos autódromos.

As grid girls ficaram indignadas, é claro. A presença em um evento de porte mundial como uma corrida de F1 pode avalancar carreiras, além de ser um bom pagamento, onde em muitos casos é a fonte de renda para essas garotas custearem seus estudos. Se elas estão lá é porque querem. A Liberty, ao tomar essa medida, tenta impor o que é ou não aceito no mundo do automobilismo e mexe mais uma vez em uma atração do automobilismo.

Não é a coisa mais relevante, mas o acúmulo delas preocupam: novo logo sem ninguém pedir, a polêmica das grid girls e, o pior de tudo, o halo. Isso sim é de matar. Pra ser sincero, esse apetrecho ridículo, aliado a improvável perspectiva de que as forças mudem essa temporada, me fazem estar muito pouco empolgado para o que virá, muito em breve, por aí.

Isso nos leva a próxima atitude cínica da Liberty Media.

Segunda parte: Kids

Foto: CNET

A decisão foi tomada em virtude da repercussão das grid girls, isso é claro. Se pensarmos pelo mesmo raciocínio politicamente correto, posso escrever que essas crianças ficarão expostas o dia todo ao calor, em um ambiente que possui bebidas alcoólicas como patrocinadores e que isso pode influenciá-los a beber no futuro. Ridículo, né?

Segundo trecho publicado pelo Globo Esporte, "As crianças que acompanharão os pilotos serão escolhidas pelas federações locais, por mérito ou sorteio, com a ajuda dos promotores da prova, e precisarão já estarem competindo em karts ou categorias de monopostos. A ideia, dentro do possível, deve ser aplicada nas categorias de base, como a F2 e GP3. Os familiares receberão ingressos para acompanhar a corrida no domingo, com direito a entrada no paddock."

Ou seja: pelo que eu pude entender, as crianças escolhidas já estarão em contato com o mundo do automobilismo, pois estarão competindo. Ou seja, já são crianças que naturalmente gostam do esporte, independente de estar do lado do ídolo ou não. Outra: qual será o critério para que as crianças sejam escolhidas?  Como que a Liberty vai conseguir atrair os jovens com tais medidas, halo, DRS, corridas com disputas falsas, dominância de uma só equipe, etc?

Eles que se virem. Por essas e outras que estou mais empolgado com a Indy.

Terceira parte: Kits

Foto: Blank/Indycar
O novo kit universal da Dallara é baseado no IR-12, introduzido na categoria em 2012. O carro é mais leve que o dos últimos anos, com um total de 66% da pressão aerodinâmica sendo gerada na parte inferior do veículo - um aumento de 19%.

Com isso, espera-se que a turbulência diminua, o que pode facilitar aos pilotos na hora de acompanhar os rivais de perto para realizar as ultrapassagens. E o mais importante: não tem Halo!

Bom, tudo isso para escrever que, de forma até surpreendente, Pietro Fittipaldi assinou com a Dale Coyne para correr 7 das 17 etapas da Indy nesse ano. O campeonato começa dia 11 de março, no circuito de rua de St. Petersburg, na Flórida. A estreia de Pietro será no dia 7 de abril, no oval de Phoenix. Depois, o brasileiro participará das duas provas em Indianápolis, no circuito misto (12 de maio) e no oval da Indy 500 (29 de maio). Revezando o cockpit com o canadense Zachary Claman DeMelo, Pietro ainda disputará as provas do Texas (oval, dia 9/6), Mid Ohio (misto, 29/7), Portland (misto, dia 2/9) e a grande final da temporada no misto de Sonoma, em 16 de setembro.

Na semana passada, Pietro fez alguns testes em um carro da Indy Lights. Dias depois, recebeu o convite de Dale Coyne para fazer outro teste, agora com a Indy. Assim ele foi escolhido para ser um dos companheiros de equipe de Sebastièn Bourdais.

Teremos quatro brasileiros na Indy nessa temporada: Leist e Kanaan na temporada completa e companheiros de A.J. Foyt, enquanto Pietro irá disputar sete etapas e Hélio Castroneves apenas a Indy 500 pela Penske.

Foto: Divulgação
O discurso de Pietro é de que ele segue sonhando com a Fórmula 1. Entretanto, ir para a Indy não é um bom indício, até porque a F1 geralmente não liga para o que acontece fora do circuito europeu. Se fosse, Scott Dixon poderia ter sido piloto da categoria algum dia. Pietro diz que negocia com algumas equipes da F1 para ser piloto reserva ou algo do gênero. Entretanto, a decisão mais acertada seria ter migrado para F2, onde de fato estaria mais próximo da F1. O sobrenome também pesa. Vale ressaltar que Pietro foi campeão regional da Nascar aos 15 anos e migrou para os monopostos. Já possui experiência em ovais e pode se dar bem nas sete experiências que terá na Indy, mas seguirá distante da F1, por mais que o sobrenome ajude.

De resto, bom carnaval para vocês. Se cuidem. Até!

terça-feira, 30 de janeiro de 2018

FÊNIX ANDARILHA

Foto: Racing Motor Sports
Voltemos dez anos no tempo. Recém saído da McLaren após a guerra travada com Lewis Hamilton e Ron Dennis, Fernando Alonso ainda era considerado o sucessor de Schumacher como o grande nome da categoria, apesar da chegada do jovem Lewis Hamilton ter empolgado a todos (Sebastian Vettel estrearia pela Toro Rosso).

Voltemos para hoje. Uma década depois, o número de títulos do espanhol manteve-se o mesmo. Lewis Hamilton e Sebastian Vettel são os caras, e Max Verstappen apontado como o próximo grande campeão. Vítima de seus próprios erros na carreira, restou ao espanhol sofrer com o motor da Honda em um improvável retorno à McLaren, andando no fim do grid. Ao menos isso serviu para deixar o espanhol mais bem humorado perante aos fãs e a imprensa, melhorando sua imagem.

Com o tri mundial cada vez mais improvável, resta a Alonso o desafio de ser o segundo piloto da história a vencer as três principais corridas do automobilismo: Le Mans, Mônaco (onde já venceu duas vezes) e Indianápolis. A primeira tentativa no oval americano não deu certo, mas não foi ruim. Agora, o desafio é outro: as corridas de longa duração.

Foto: Mundo Deportivo
O ensaio foi realizado no último fim de semana, nas 24 Horas de Daytona, vencida pela equipe do brasileiro Christian Fittipaldi. Com inúmeros problemas mecânicos, restou a Alonso, Lando Norris e Phil Hanson terminar em 38° lugar, 90 voltas atrás dos vencedores. Isso não desanimou o espanhol, que afirmou ter se divertido mais do que nas pistas de F1.

Pois bem, hoje a Toyota Fernando Alonso em sua equipe nessa temporada da WEC. O espanhol irá conciliar o Endurance com a F1, e só irá perder, a princípio, a etapa de Fuji, no Japão, que será realizada no mesmo dia que o Grande Prêmio dos Estados Unidos: 21 de outubro. A prioridade ainda é a F1. O acordo foi costurado graças ao bom relacionamento de Alonso com a equipe de Woking.

Foto: WEC
O espanhol havia feito testes pela equipe japonesa no fim do ano passado, no Bahrein. Ele será companheiro de Sebastièn Buemi e Kazuki Nakajima. O outro carro da Toyota terá Kami Kobayashi, Mike Conway e José Maria López como pilotos. Com a Audi e a Porsche fora da categoria, foi aberto o caminho para a Toyota finalmente vencer em Le Mans pela primeira vez, o que consequentemente também é interessante para Alonso conquistar o segundo objetivo de sua encruzilhada rumo à Tríplice Coroa.

As últimas vezes que campeões mundiais da F1 disputaram Le Mans foram Jacques Villeneuve (2007 e 2008) e Nigel Mansell (2010). Por capricho do destino, talvez se Alonso seguisse o caminho de Schumi, jamais estaria experimentando esses passos por outras categorias. A presença de um nome tão importante, talentoso e carismático em outras corridas é fundamental para mostrar que há muita vida além da F1, onde muitos que primeiramente são irão acompanhar as provas por Alonso podem se tornar fãs da categoria.

Já contando com Daytona, Alonso estará correndo em algum lugar do mundo em metade dos finais de semana do ano. Haja disposição para a Fênix andarilha. Se suas pretensões darão resultado não sabemos, mas que o mundo da velocidade estará seguindo seus passos e acompanhando atentamente sua missão.

sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

O PIONEIRO

Foto: Autoweek
Previamente, escrevi nos primeiros parágrafos desse texto que iria começar o ano escrevendo sobre a decadência da Williams, mas o anúncio havia demorado tanto que seria "forçado" a começar com esse. No entanto, os britânicos trataram de confirmar Sirotkin no dia seguinte, me fazendo perder alguns minutos escrevendo sobre linhas que a partir de então seriam inúteis.

Feito esse registro e sem inspiração para começar o texto de outra forma, vamos ao que interessa.

Daniel Sexton Gurney. Ou simplesmente Dan Gurney. Nascido em Port Jefferson (Ohio) em 13 de abril de 1931, ele faleceu no último domingo (14) aos 86 anos, vítima de complicações relacionadas a pneumonia. Qual a importância dele para o automobilismo? Tentarei explicar.

Antes da velocidade, Gurney serviu por dois anos no exército americano, atuando como mecânico de artilharia  durante a Guerra das Coreias (1950-1953). Sua estreia no automobilismo ocorreu em 1957 quando terminou em segundo a corrida inaugural de Riverside, superando estrelas consolidadas da época como Masten Gregory e Phil Hill (campeão da F1 quatro anos depois, em 1961). 

A primeira corrida. Foto: Pinterest
Gurney chamou a atenção de Luigi Chinetti, importador americano da Ferrari, que deu um assento para o americano em Le Mans no ano seguinte. Em parceria com o compatriota Bruce Kessler, a Ferrari estava na quinta posição na classificação geral até Dan entregar a direção para Bruce, que sofreu um acidente. Essa e outras performances impressionantes lhe renderam um teste para ser piloto da Ferrari na F1, onde fez sua temporada de estreia em 1959.

Nas quatro corridas que disputou naquela temporada, acabou conseguindo dois pódios. Em 1960, seis abandonos em sete corridas a bordo de um BRM. No Grande Prêmio da Holanda, seu acidente mais grave: uma falha no sistema de freio lhe custou um braço quebrado,  a morte de um torcedor e o início de uma longa relação de desconfiança com os engenheiros. O incidente também causou uma mudança no seu modo de pilotar: a tendência em utilizar os freios com maior prudência do que os outros pilotos significava que eles duravam mais tempo, o que lhe ajudava em corridas de longa duração. 

Gurney guiando a Testa Rossa em Goodwood, em 1959. Foto: Classic Cars

Acidente na Holanda, em 1960. Foto: F1 History
Gurney também era conhecido por um estilo de condução fluido. Em raras ocasiões, quando o carro enfrentava problemas mecânicos e sentiu que não havia nada a perder, Dan passava a adotar um estilo mais arrojado e arriscado. Para muitos especialistas da época,  eram nessas circunstâncias que o americano apresentava o seu melhor desempenho nas pistas. Um exemplo disso foi quando um pneu furado fez Gurney ficar duas voltas atrás do pelotão na etapa de Riverside na Indy em 1967. Ele tirou a vantagem e venceu com uma ultrapassagem na última volta contra Bobby Unser.

Foto: Pinterest

Com novas regras entrando em vigor para a temporada de 1961, Gurney e Jo Bonnier foram companheiros de equipe na primeira temporada da Porsche na F1, chegando três vezes na segunda posição. Dan quase venceu a corrida de Reims, mas sua relutância em bloquear Giancarlo Baghetti (piloto da Ferrari) permitiu que o italiano o ultrapassasse poucos metros antes da linha de chegada.

No ano seguinte, com uma Porsche melhorada (motor de 8 cilindros), Gurney venceu pela primeira vez na F1, no Grande Prêmio da França, disputado em Rouen-Les-Essarts, a única vitória da montadora na história da categoria. Uma semana depois, ele venceu novamente em uma corrida fora de temporada na casa dos alemães, em Stuttgart. Foi a última temporada da Porsche na categoria. Foi na equipe alemã que Dan conheceu Evi Butz, executiva de relações públicas da montadora. Eles se casaram anos depois.

O único a vencer pela Porsche na F1. Foto: Getty Images

Dan também foi o primeiro piloto contratado por Jack Brabham para correr com ele pela Brabham Racing Organisation. Enquanto Jack foi o responsável pela primeira vitória de seu carro em uma corrida que não valia para o campeonato, coube a Gurney a honra de ser o primeiro a vencer pela Brabham em uma etapa válida para o Mundial em 1964, outra vez em Rouen. Ao todo, Gurvey venceu duas vezes (as duas em 1964) e conquistou 10 pódios (sendo cinco consecutivos em 1965) pela Brabham antes de deixar a escuderia e começar a sua própria equipe. Com a vitória no Grande Prêmio da Bélgica de 1967, Gurney foi o primeiro piloto da história a vencer por três equipes diferentes: Porsche, Brabham e a All-American Racers, de sua propriedade.

Vitória de novo em Rouen, em 1964. Foto: Flat Out


A popularidade de Gurney fez com que a revista americana Car and Driver promovesse a ideia dele concorrer à presidência dos EUA em 1964. A “campanha” foi abortada quando se “descobriu” que Gurney era jovem demais para se candidatar a presidente (tinha 33 anos na época). Entretanto, amigos e fãs ressuscitavam essa ideia a cada quatro anos como brincadeira.

Foto: All American Racers

Adesivo da "campanha". Foto: All American Racers

Dan desenvolveu uma moto chamada “Alligator”, que tinha o assento em uma posição extremamente baixa. Enquanto ele não conseguiu o objetivo de obter o design  licenciado para a fabricação e venda por um fabricante importante de motos, a produção inicial de 36 unidades rapidamente esgotou. Hoje, são itens premiados de colecionadores.

Foto: OddBike
O pioneirismo de Dan Gurney consiste em ser o primeiro piloto da história a vencer na F1 (4 vezes), na Nascar (1963) e na Fórmula Indy (1967). Além disso, Gurney venceu as 24 Horas de Le Mans junto com A.J. Foyt. Não bastasse mais uma vitória em corridas de longa duração (havia vencido as 12 Horas de Sebring em 1959), um gesto do americano entrou para a história.

O segundo a vencer com seu próprio carro. Bélgica, 1967



A vitória em Le Mans, com a parceria de A.J. Foyt. Foto: Pinterest

Tal qual Bellini, capitão do primeiro título mundial da Seleção Brasileira em 1958 que foi o primeiro a erguer a taça como comemoração, Dan Gurney foi o primeiro piloto a estourar o champanhe no pódio. Um gesto simples e banal que, todos sabemos, virou costume do automobilismo.  Além disso, durante sua passagem pela Indy,  Dan foi o primeiro a colocar uma simples extensão de ângulo reto sobre a borda direita superior da asa traseira. O dispositivo, nomeado Gurney flap, aumenta a pressão aerodinâmica e, se bem projetado, impõe apenas um aumento na aerodinâmica.



Um gesto para a história. Foto: Marshall Pruett


Finalizando a série de pioneirismo, Dan foi o primeiro piloto a utilizar um capacete cobrindo toda a face nas corridas de Grande Prêmio, na etapa da Alemanha do mundial de F1 de 1968.

Foto: F1 History

Excetuando as 500 Milhas de Indianápolis disputadas entre 1950 e 1960 e que faziam parte do calendário da F1, Gurney é o segundo americano com mais vitórias na categoria, perdendo apenas para o campeão mundial de 1978 Mario Andretti. No entanto, Dan é o americano com mais pódios (19).

Foto: Motor.es

Pequenos gestos e conquistas que eternizaram Dan Gurvey na história do automobilismo mundial. Um verdadeiro racer, cujo legado é enorme. Sua história e paixão pela velocidade inspiram milhares de jovens pilotos, que nunca se esquecerão de Gurney, mesmo sem saber quem ele é. Basta estourar a champanhe no pódio.

terça-feira, 16 de janeiro de 2018

O QUE SOBROU DA WILLIAMS - Parte 2

Foto: Reprodução
                                                                             PARTE 1

Decidi que o primeiro post do blog no ano seria o anúncio da última vaga disponível na F1 para a temporada. Em dezembro, estava convicto que esse cara seria Kubica. Entretanto, o silêncio da Williams e a ausência de notícias relacionadas fizeram todo mundo assegurar que essa não era a tendência.

E cá estamos nós, aguardando ansiosamente o anúncio oficial de Sergey Sirotkin como companheiro de equipe de Lance Stroll para a Williams em 2018. Um gesto simbólico. Quer dizer, um não, foram cometidos vários gestos pela equipe de Grove nos últimos 15 anos que culminaram em seu retumbante apequenamento moral e técnico.

Conforme apurou o GRANDE PRÊMIO, Robert Kubica era o substituto de Massa. Junto com o polonês, entrariam 6 milhões de euros (R$ 23 milhões) na conta dos ingleses. Entretanto, apesar do contrato assinado, os russos ofereceram € 14 milhões. Diante da incerteza, Kubica e Sirotkin participaram dos testes de Abu Dhabi como um vestibular para quem ficaria com a vaga.

O polonês foi o mais rápido nos long runs, enquanto Sirotkin impressionou na velocidade pura. Isso, aliado ao dinheiro que receberia, obviamente pesou para a escolha da equipe de Grove. Outra vez, Kubica ficou pelo caminho. Como prêmio de consolação, foi contratado como "piloto reserva e de desenvolvimento", o que na prática é nada além do que fazer testes no simulador. Quem pagaria 6 milhões de euros para ficar circulando na fábrica de Grove? Creio que se Sirotkin não mostrar resultados, não é improvável que o polonês dê o ar da graça em algumas corridas de 2018.

O que restou foi a vaga de piloto reserva. Foto: Getty Images
Sergey Sirotkin estava fadado a ser mais uma eterna promessa da F1. Há alguns anos atrás, chegou a ser quase anunciado como piloto da Sauber quando mal tinha completado 18 anos. Sempre com robusto aporte financeiro por trás, foi piloto reserva da equipe suíça e estava na Renault, onde chegou a participar de alguns treinos livres. Em 2017, correu as 24 Horas de Le Mans pela SMP e fez duas corridas na F2. Seu último título foi na F-Abarth Euro, em 2011.

O russo é um piloto que pode mostrar bons resultados, apesar de tudo. Mesmo inexperiente na categoria no sentido de disputar todos os treinos e as corridas, está razoavelmente ambientado a um carro de F1 há mais tempo que Stroll, além de ser melhor que o canadense. Entretanto, sabemos que elementos externos (leia-se a influência de Lawrence) podem (e devem) mostrar o contrário. Em uma equipe estruturada e com um piloto talentoso e experiente no comando, o russo teria melhores condições de se mostrar para todos.

Um novo russo na F1. Foto: Sky Sports
A Williams que todos conhecemos acabou em 2005, com o fim da parceria com a BMW. De lá para cá, vimos um declínio acentuado da tradicional escuderia britânica. Motores Toyota, Cosworth, até o que eu achava que seria o fundo do poço: a prostituição para os petrodólares de Pastor Maldonado, que inacreditavelmente é o responsável pela última vitória da Williams, há quase seis anos.

Apesar da rápida recuperação em 2014 e 2015, com Bottas, Felipe Massa e um novo corpo técnico, a Williams teve nova queda. Nada tão grave quanto o que aconteceu no passado. Pelo contrário. As contratações de Paddy Lowe e Dirk de Beer para desenvolverem o carro dessa temporada davam a impressão de que uma nova reestruturação estava por vir, apesar de Stroll. Com o seu dinheiro, era para se apostar em algum piloto de ponta experiente, em tese. Com a ausência deste, Pascal Wehrlein seria o cara ideal. Jovem, promissor, com duas boas temporadas nos piores carros do grid (Manor e Sauber) e um fato que facilitaria as coisas: ser da academia da Mercedes, que fornece os motores para os britânicos.

Entretanto, é aí que entra a prostituição para a família Stroll. Ingênuo demais o raciocínio do parágrafo anterior. Para quê contratar um piloto melhor que o seu filho? Melhor contratar uma jovem incógnita para tentar se recuperar da derrota para um piloto que saiu da aposentadoria pelas circunstâncias que todos sabemos. O FW41, que tem tudo para ser um carro superior ao seu antecessor, está nas mãos de dois novatos que certamente não irão render o máximo desse bólido. Terei a impressão de que qualquer coisa que ambos fizerem poderia ter sido melhor se houvesse um piloto minimamente bom e competitivo ao volante.

Foto: Motorsport

A pior dupla da história riquíssima da Williams, entregue ao dinheiro como uma Jordan em seus últimos dias ou a Minardi. A diferença é que as duas últimas eram equipes simpáticas, ao contrário do que o pessoal de Grove se tornou. Ah, e aquela cláusula da Martini era uma mentira pelo jeito, pois ambos os pilotos têm menos de 25 anos. Quem irá fazer as propagandas da bebida alcoólica? Kubica?

Talvez esportivamente o ano não seja tão ruim para a Williams. Vai que algum pódio milagroso caia do céu outra vez igual em Baku no ano passado... No entanto, essa é uma decisão significativa para a história da equipe, que reconhece o seu papel de equipe pequena, pagante e que deixou seu legado em um passado que está começando a ficar distante.

Ah, um lembrete: até o fim da semana será publicado um especial sobre Dan Gurney, ícone do automobilismo que faleceu no último domingo (14).

Até!

terça-feira, 19 de dezembro de 2017

FIQUE DE OLHO: LANDO NORRIS

Foto: This Is F1
Olá! O texto de hoje será sobre um jovem piloto reserva da McLaren que vem impressionando a todos com suas performances em outras categorias e também na F1 e tem tudo para ser um dos grandes astros da categoria num futuro próximo: trata-se de Lando Norris, de apenas 18 anos.

Nascido em Bristol no dia 13 de novembro de 1999 (!), o jovem Lando começou a andar de kart aos sete anos. Logo em sua estreia em um grande evento nacional, acabou marcando a pole position. Em 2013, aos 14 anos, foi o campeão do Campeonato Mundial de Kart, no Bahrein.


No ano seguinte, estreou na Ginetta Junior Championship, categoria de acesso a BTCC (campeonato de carros de Turismo do Reino Unido), onde acabou em terceiro na classificação geral e vencedor como Novato do Ano logo em seu primeiro ano fora do kart. Em 2015, Norris assinou contrato com a Carlin para correr na então nova MSA Formula Series, onde foi campeão com impressionantes oito vitórias, dez poles e 15 pódios em 30 corridas. Ele também correu em algumas oportunidades na Fórmula 4 alemã (8 corridas, 1 vitória e 6 pódios) e italiana ( 9 corridas e 1 pódio) pela equipe Mücke Motorsport. 

Campeão da MSA Formula Series em 2015. Foto: FIA Fórmula 4
Em 2016, Norris começou o ano correndo pela M2 Competition na Toyota Racing Series, na Nova Zelândia. Foi campeão com seis vitórias, inclusive no badalado GP da Nova Zelândia, na corrida 3. Lando também participou da Fórmula Renault 2.0 Europeia e NEC Series pela Josef Kaufmann Racing, onde acabou campeão nas duas, com seis vitórias e 11 pódios. Além disso, Norris participou de algumas corridas da Fórmula 3 Britânica, onde venceu quatro corridas em 11 disputadas e terminou em oitavo. Para coroar a temporada, o britânico participou da última etapa da Fórmula 3 Europeia e do conceituado GP de Macau, onde foi o décimo primeiro  com a Carlin.

Com um currículo tão grande em pouco tempo de carreira, era natural chamar a atenção das grandes equipes. Em fevereiro desse ano, Lando foi contratado pela McLaren para ser piloto de sua academia. Nesse ano, correndo pela Carlin desde o início na Fórmula 3 Europeia, Lando Norris sagrou-se campeão com nove vitórias, oito poles e incríveis 20 pódios em 30 corridas. Lando também correu as últimas duas corridas da F2 pela Campos Racing e ficou em segundo no GP de Macau.

Campeão da World Series em 2016. Foto: The Chequered Flag
Para o ano que vem, estava previsto que o britânico corresse pela Prema na F2, a melhor equipe da base. Entretanto, o acordo foi vetado nada mais nada menos do que por Lawrence Stroll, acionista da equipe. Natural que o papai cortasse as asas de quem mostra genuíno talento para não ameaçar os caminhos do filho Lance. Bom, acontece que agora Lando é apadrinhado da McLaren, que lhe arranjou um lugar na Carlin e terá o brasileiro Sérgio Sette Câmara como companheiro de equipe.

O que chamou a atenção da F1 foi que, durante testes de inverno na Hungria, o jovem Lando foi um dos mais rápidos da pista, superando inclusive Stoffel Vandoorne, piloto da equipe de Woking.

Se o garoto continuar conquistando títulos e confirmando as expectativas que foram depositadas depois de vencer quase tudo na base e ter a McLaren como forte apoiadora, é questão de tempo para que o britânico chegue à F1. “Basta” vencer a F2, onde desde já é um dos favoritos, e torcer para a sorte e para o timing. Vai que Alonso se irrite de vez e a parceria com a Renault resulte em fracasso ou Vandoorne sucumba a pressão em sua segunda temporada?

Lando impressionou nos testes pela McLaren na Hungria, em junho. Foto: XP8 Images

Bom, fatalmente Lando chegará a F1 se nada der errado. A questão é quando. Fique de olho. O menino é uma promessa e se você piscar, lá estará ele alinhando no grid com a McLaren em um futuro nada distante.

Até!

segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

ANÁLISE FINAL DA TEMPORADA 2017 - Parte 2

Foto: Getty Images
Fala, galera! Segunda e última parte da análise final da temporada 2017 da F1. Agora, vamos ver como foi o ano das equipes restantes: Renault, Toro Rosso, Haas, McLaren e Sauber.

RENAULT

Foto: Motorsport
Nico Hulkenberg: Nota 7,5

Hulk tem sido mais do mesmo: acumulador de pontos. Estreando em um carro inferior ao que estava, chegou a capengar em alguns momentos e praticamente conduziu sozinho a equipe francesa durante os construtores até a chegada de Sainz nas etapas finais. Será um embate interessante entre a juventude espanhola e a experiência alemã em um ambiente francês. A essa altura da carreira, a única coisa que Nico sonha é com um pódio na categoria. Até Stroll conseguiu logo na estreia... seria uma grande sacanagem do destino sair da F1 assim depois de tanto tempo na categoria. Um novo Nick Heidfeld.

Jolyon Palmer: Nota 5,5

Fazia hora extra na F1 nesse ano. Entretanto, sempre fico mal quando um piloto é desligado da equipe antes do final da temporada. Palmer conseguiu essa proeza depois de apenas pontuar em Cingapura e sendo inútil aos franceses na disputa direta com a Toro Rosso pelo sexto lugar nos construtores. Sempre mais lento que Hulk (perdendo em todos os treinos) e cometendo inúmeros erros, claramente se mostrou insuficiente para estar na F1. Que seja feliz em outras categorias.

TORO ROSSO
Foto: Getty Images
Carlos Sainz: Nota 7,5 (correu pela Renault as quatro etapas finais)

Um piloto em constante evolução, entregando o máximo que pôde com uma Toro Rosso que sofre há anos com a falta de melhorias do carro durante o decorrer do ano. Diante de uma forte concorrência na Red Bull, bateu o pé e conseguiu ser emprestado para a Renault ainda esse ano, onde terá um grande duelo contra Hulkenberg. Para a equipe satélite dos taurinos, resta a dúvida: o que será deles com dois pilotos inexperientes e com o fraquíssimo motor Honda? Oremos, já dizia Cláudio Cabral.

Daniil Kvyat – Nota 5

Em dois anos a carreira do russo foi do topo para o pré-sal. As atuações lamentáveis continuaram e não restou outra alternativa para Helmut Marko a não ser demiti-lo por duas oportunidades, agora definitivamente. Confesso que é uma coisa que me intriga até hoje o que aconteceu nesse meio tempo: uma queda técnica, psicológica, as duas. As respostas parecem ao mesmo tempo óbvias e misteriosas. Bom, o melhor para a mente desse jovem russo é respirar outros ares, porque a F1 detonou com seu psicológico.

Pierre Gasly e Brendon Hartley – Sem nota. Disputaram poucas corridas para ser feita uma mínima avaliação.

HAAS

Foto: Essaar
Romain Grosjean – Nota 6,5

O segundo ano da Haas na F1 seria naturalmente complicado. Ainda sem a verba da FIA e com o crescimento das concorrentes, restou superar apenas a McLaren e a Sauber. Depois de um início espetacular na equipe ano passado, Grosjean caiu bruscamente de rendimento. Com um problema aparentemente “incorrigível” nos freios desde então, o francês sofre para conseguir bons resultados. Ainda assim, fez mais pontos que o estreante no time Kevin Magnussen. O francês é um dos raros exemplos atuais da categoria de um piloto mediano que se mantém no circo sem precisar de um forte apoiador, e assim será, batendo, reclamando dos freios e conseguindo raras boas corridas pela frente.

Kevin Magnussen – Nota 6

Ficou mais em evidência por mandar o Hulkenberg o chupar do que qualquer outra coisa. Erros e acidentes evitáveis. Para um piloto que pintou tão bem e cheio de cartaz na McLaren, não foi nada bem. É até compreensível, sendo novo na equipe. Entretanto, não vai confirmar o status de promessa que tinha até quatro anos. Tanto ele quanto Grosjean precisam fazer mais para se manter na Haas nos próximos anos, até porque a Ferrari não vai hesitar em colocar Giovinazzi ou outro piloto da academia da Ferrari.

McLAREN

Foto: Red Bull
Fernando Alonso – Nota 7

Com um motor Honda lamentável, Alonso começou seu plano de conquistar as três principais provas do automobilismo.Foi bem na Indy 500, mas acabou sendo novamente traído pelo motor nipônico. Na F1, sem muito o que fazer, tentou pontuar nas corridas que a McLaren poderia se dar melhor: nos circuitos travados. Entretanto, é inegável admitir que os japoneses evoluíram minimamente seus motores, permitindo bons pontos no Brasil e em Abu Dhabi. O chassi do carro é excelente e evoluiu bastante também, provando que “apenas” falta um motor minimamente competitivo para brigar por melhores posições e até pódios, quem sabe. Com uma nova injeção de ânimo, é a última cartada da Fênix para buscar o tão sonhado (e mais distante do que nunca) tricampeonato.

Stoffel Vandoorne – Nota 7

Tiveram a audácia de criticá-lo na primeira metade do ano, com carro horrível. Já estavam dizendo que era só uma promessa que não ia dar em nada. Tenham um pouco de paciência. Vandoorne melhorou demais no segundo semestre e só foi ultrapassado por Alonso na pontuação na corrida de São Paulo. Diante de um companheiro de equipe tão competitivo e faminto por novas glórias, o desafio do belga ano que vem é se manter próximo de Alonso, com uma provável McLaren mais estruturada, que tenha mais condições de brigar pelo top 10 sem os inúmeros problemas de potência da ex-parceira Honda.

SAUBER

Foto: Motorsport
Pascal Wehrlein – Nota 7

Um ambiente competitivo e cercado de egos, dinheiro e interesses com certeza não é um mundo justo. Pascal sabe bem disso. Em um ano, vai de especulado à Mercedes a chutado da F1. Se pontuar com a Manor e a Sauber não bastam, o que será suficiente para mantê-lo em uma equipe? Ser saco de pancadas? Aí é que entra os interesses e o dinheiro, além da falta de carros. Pascal talvez não seja um superpiloto, mas com toda a certeza ele deveria estar entre os 20. Uma grande injustiça, uma ausência difícil de engolir e que espero que seja corrigida imediatamente.

Marcus Ericsson – Nota 5

Foda-se o resultado, o que vale é ter o patrocinador como (ainda) dono da agora Alfa Romeo Sauber. O bom é que fica a impressão de que será o último ano do sueco, pois a Ferrari deve assumir aos poucos todo o controle da equipe suíça outra vez. Nada pessoa, mas alguém que perdeu para todos os companheiros de equipe em 2014 simplesmente não deveria estar na F1. Ericsson é apenas insuficiente, não bate nem comete tantos erros. É sem sal, sem graça, nem é notado na transmissão. Entretanto, tudo isso será coroado com mais um ano sendo sem sal, sem graça... O bom é que, ao que tudo indica, será a última vez.

Bom, esses foram os meus dois centavos sobre o que aconteceu na F1 nesse ano. Nas próximas semanas teremos outros materiais até o fim do ano. Grande abraço!

Até!


quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

ANÁLISE FINAL DA TEMPORADA 2017 - Parte 1

Foto: Getty Images
Com o fim da temporada, chegou o tradicional momento de avaliarmos como foram as equipes e os pilotos.  Nessa primeira parte, começo com as cinco primeiras equipes colocadas no Mundial: Mercedes, Ferrari, Red Bull, Force India e Williams.

MERCEDES

Foto: Autoweek
Lewis Hamilton: Nota 10

Foi a temporada mais cerebral do mais novo tetracampeão da praça. Ainda com a velocidade constante, Hamilton soube administrar melhor os momentos de dificuldade com sua Mercedes do que em relação a outros anos, onde foi campeão (ou não, vide 2007 e ano passado). A primeira metade do ano foi complicada, com alguns problemas de temperatura de pneus e a ascensão inesperada da Ferrari. Entretanto, a segunda metade foi soberba, com poles, vitórias, recordes e a prova de que Lewis soube administrar os momentos de dificuldade, como na Malásia. A temporada mais completa de Lewis, que vem em busca do penta cada vez mais maduro e preparado para lidar com os contratempos que aparecem.

Valtteri Bottas: Nota 8,5

Primeira metade surpreendente. Segunda metade surpreendente também, mas de forma negativa. O finlandês contratado às pressas após a aposentadoria repentina de Nico Rosberg conseguiu fazer mais do que eu imaginava no início do campeonato. Duas poles e duas vitórias, além de andar perto de Hamilton. Um começo promissor, dada as circunstâncias. Entretanto, enquanto Lewis cresceu na reta final, Valtteri decaiu bastante, levando quase cinco décimos do companheiro e incapaz de andar na frente de Vettel na maioria das oportunidades. Confesso que esperava que ele andasse assim o ano todo. O #77 começa o ano mais pressionado do que nunca. Com contrato até o fim da temporada, não faltam alternativas para lhe substituir caso os resultados não apareçam. É bom o Bottas da primeira parte do campeonato voltar. Do contrário, a Williams está de braços abertos outra vez.

FERRARI

Foto: F1 Technical
Sebastian Vettel:  Nota 9

Em termos de pilotagem, talvez tenha sido também a melhor temporada de Vettel, digna de um tetracampeão. Entretanto, o descontrole emocional e erros da equipe na reta final acabaram lhe custando a briga pelo penta no fim do campeonato. Seb fez o que pode. Liderou o campeonato até setembro. Depois, com a evolução da Mercedes, involução da Ferrari e as falhas de confiabilidade, ficou difícil. Depois de um 2016 difícil, o #5 voltou a extrair o máximo que poderia da Ferrari. Fica a esperança para que os italianos sigam evoluindo para o ano que vem. Agora, o desafio é fazer com que o grupo de engenheiros italianos melhore o projeto que começou nas mãos de James Allison, hoje na rival Mercedes.

Kimi Raikkonen: Nota 7,5

Já faz um bom tempo que Raikkonen não deveria estar na F1, ou ao menos em uma equipe grande. Ele claramente não entrega resultados e está sempre aquém do que o carro pode oferecer. Bom, apesar de ser meio contraditório, a verdade é que Kimi até que foi melhor do que em relação ao ano passado, obviamente porque o carro é melhor também. Poderia ter vencido duas corridas: Mônaco (onde foi pole) e Hungria, mas teve que se contentar com o segundo lugar porque a prioridade é Vettel, o que é lógico e compreensível a essa altura da carreira. Nada parece fazer diferença para Raikkonen. Como cada ano que passa eu escrevo que o próximo ano será o seu último, veremos se a Ferrari irá sair da zona de conforto e irá investir em alguém que também tem condições de vencer corridas. O problema é se Vettel irá gostar disso. Bom, o modus operandi dos italianos justificam a quinta temporada de Kimi nesse seu retorno à Ferrari, e se não for ele será outro segundão inexpressivo...

RED BULL

Foto: Red Bull
Daniel Ricciardo: Nota 8

O sorridente australiano é um acumulador de pontos. Não desperdiça nenhuma oportunidade. Foi assim que venceu em Baku. Se na primeira metade ele aplicou uma verdadeira surra em Max na pontuação, a segunda metade foi diferente. O feitiço virou contra o feiticeiro. Sofrendo com a confiabilidade do motor Renault, Ricciardo perdeu inclusive o quarto lugar no campeonato para Raikkonen e teve mais problemas do que Max na temporada. Aliás, Ricciardo teve que ver Verstappen vencer duas vezes com relativa tranquilidade, além de ter perdido nos qualyfings. Diante de um conjunto que ainda não está pronto para brigar pelo título e com um companheiro de equipe jovem, faminto por glórias e com muita moral na Red Bull, Ricciardo terá um ano decisivo pela frente para analisar suas opções. Se com Vettel na Ferrari as portas da Scuderia não chegam a se abrir, resta apenas uma cavada na Mercedes caso deseje deixar os taurinos. Vamos ver até quando o sorrisão fica em seu rosto.

Max Verstappen: Nota 8

O texto é o oposto de Daniel. Isso poderia ser o suficiente, mas como gosto de ocupar linhas, vamos lá. Trata-se de um cara que será campeão mundial, uma hora ou outra. Verstappen teve alguns abandonos que não foram sua culpa, mas houve falhas que sua inexperiência e inconsequência lhe custaram bons pontos. É fácil fazer isso quando se trata de um franco atirador sem estar no melhor carro e/ou sem disputar o título. Para os próximos anos, essas disputas duras (e muitas vezes desproporcionais) na pista podem lhe custar um campeonato, ainda mais se tratando de Daniel Ricciardo como companheiro de equipe. Seu próximo passo para evoluir como piloto é esse. A partir daí, será questão de tempo para que a F1 coroe esse holandês como campeão do mundo.

FORCE INDIA

Foto: Motorsport
Sérgio Pérez: Nota 7,5

Faltou o pódio anual que o mexicano tira da cartola. Todavia, a consistência esteve lá, assim como atitudes deploráveis na disputa interna contra o novato Esteban Ocon. Dinheiro de Carlos Slim versus imposição da Mercedes. Algo era necessário para se impor na liderança da equipe, agora sem Hulkenberg. Os dois passaram do ponto, mas a questão fica pior para Pérez, por ser mais experiente. Deveria ter evitado alguns toques. A crítica é que se mostrou muitas vezes passivo em disputas com outros carros. Com francês mais experiente e habituado a equipe, a batalha interna de Pérez será mais dura no próximo ano. Se ir para a Ferrari é algo quase impossível a essa altura da carreira, o importante é carimbar outra vez o casco do possível futuro piloto da Mercedes.

Esteban Ocon: Nota 7,5

Consistência incrível. Não pontuou em apenas duas vezes. Foi combativo e mostra credenciais de ser um excepcional piloto para as próximas temporadas. Nunca é demais lembrar que já venceu Max Verstappen na World Series em 2014. Espero que tenha aprendido com os erros na disputa com Pérez. A agressividade excessiva pode lhe afastar de uma provável vaga na Mercedes para 2019, talvez. Uma pena que a Force India não tenha mais receitas. Com a competência que possui, ambos os pilotos teriam condições de surpreender ainda mais.

WILLIAMS

Foto: LAT Images
Felipe Massa: Nota 7

Quase perdeu para Stroll. Um resumo simplista e maldoso poderia ser assim. Entretanto, não condiz com a realidade. O brasileiro enfrentou diversos problemas durante a temporada em corridas que estava bem melhor que o canadense e a pontuação final no campeonato é enganosa, dando a entender que foi uma disputa equilibrada. Não. Massa foi mais azarado e até preterido em alguns casos em detrimento do riquinho dono da equipe. Todavia, isso não muda o fato de que a Williams precisa urgentemente de pilotos melhores em sua equipe, e não sei se terá com Robert Kubica com uma mão só em condições questionáveis. Bem, Massa fez o seu papel para alguém que foi chamado de volta. Que seja feliz em seus projetos pessoais.

Lance Stroll: Nota 7

Apesar de não ter credenciais para a F1 e sobretudo para a Williams, não dá para negar que o guri tem sorte. Em menos de dez corridas um pódio inesperado em Baku. Em Monza, no molhado, largou em segundo. São questões pontuais, mas acontecem, e é importante aproveitá-las. Entretanto, o que se viu foi um piloto que queimou etapas para estar na principal categoria do automobilismo e não se mostrou pronto para atingir um nível mínimo de boa pilotagem. É inegável dizer que evoluiu durante a temporada, até porque seria impossível piorar, apesar de algumas corridas vexatórias e constrangedoras. Bom, no fundo a culpa não é de Stroll, mas de quem se sujeita a isso. Pagando bem que mal tem, não é verdade? Não, mas para a Williams sim.

Bom, essa foi a primeira parte da minha importantíssima análise. Concordam? Sim? Não? Sim e não? Comente. A qualquer momento volto com a parte dois dos meus sensatos dois centavos sobre a F1 em 2017. Até!